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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.1. O Estágio Profissional na FADEUP

Segundo o Regulamento da Unidade Curricular do Estágio Profissional1 (EP), o estágio está inserido no plano de estudos do 2º Ciclo conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário e integra duas componentes, a Prática de Ensino Supervisionada (PES) e o Relatório de Estágio Profissional.

De acordo com Iza e Neto (2015), os estágios curriculares ou a PES, podem ser encarados como espaços privilegiados de articulação entre a teoria e a prática, o que, sem dúvida, foi extremamente construtivo. São também momentos dedicados ao diálogo e à superação de objetivos e dificuldades (Sérgio, 2014) . Aprendi lições que a faculdade não ensina, assim como a faculdade me ensinou conteúdos que nunca iria aprender na escola. Saber ouvir e procurar compreender opiniões diferentes, saber estar em frente a uma turma conforme o ciclo de ensino foram algumas das vivências centrais que o estágio me deu e que irão ser retratadas ao longo deste documento.

De acordo com as respetivas Normas Orientadoras2, o EP contempla três áreas de desempenho: Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem, Participação na Escola e Relações com a Comunidade e Desenvolvimento Profissional.

O domínio da Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem pressupõe a elaboração de diversas estratégias de intervenção, nas diferentes áreas de atuação do professor, tais como a elaboração de diversos documentos, a realização e concretização dos diferentes níveis de planeamento e a avaliação do ensino dos respeitos alunos. Esta foi uma das áreas onde senti que evoluí mais e em que o núcleo de estágio assumiu um papel preponderante. Neste domínio a articulação entre a prática e a teoria foi constante, e, ao longo do ano, documentos como o Modelo de Estrutura de Conhecimento e as Grelhas de Avaliação, sofreram alterações brutais. Estas

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2 Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de

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alterações decorreram na minha perceção acerca da importância dos documentos, e elevaram a minha capacidade de os construir de uma forma muito mais ajustada à realidade. O que começou por ser um verdadeiro “bicho de sete cabeças” com pouca utilidade, terminou sendo um instrumento essencial no planeamento das aulas e realização das avaliações.

No que concerne à relação do Estudante-Estagiário (EE) com a escola e com a comunidade envolvente, compete ao mesmo promover o sucesso educativo e reforçar do papel da Educação Física (EF) no meio educativo. De facto, a oportunidade de conhecer todo o ambiente escolar, com o olhar de professor foi fundamental neste processo de formação (Marcon et al., 2012). Este é um domínio que, na minha opinião, marca significativamente a formação inicial do EE. Tal como afirma Cunha (2007), o comportamento dos docentes de EF é determinado pela cultura vigente em torno da mesma, em cada contexto. Por este motivo, acredito que os ideais e práticas presentes na escola onde foi realizado o EP será, durante algum tempo, tido como uma referência até que me seja possível conhecer novas e diferentes realidades. Neste domínio, participei ao longo de todo o ano no Desporto Escolar (DE), na modalidade de natação, estando presente em diversas competições. Além do DE, estabeleci alguns contactos com Diretora de Turma da minha turma residente e compreendi que este é um elemento fundamental na melhoria de resultados da turma e ainda na mediação do contacto entre a escola e os pais. Ainda nesta área, enquanto núcleo de estágio, estivemos presentes na dinamização do Corta-Mato Escolar e promovemos uma atividade desportiva “Fit Day” (anexo 2).

A última área de desempenho refere-se à evolução pessoal e profissional do EE, onde a reflexão e a investigação com vista à melhoria da prática, assumem um papel preponderante. Neste sentido, Batista e Queirós (2013) afirmam que o EE deve, para além de adquirir conhecimentos e competências, ser estimulado à reflexão critica. Em linha com as autoras, esta posição critica e construtiva irá dotar o futuro professor de capacidades que vão muito além do “saber fazer”, entre as quais destaco o saber “como?” e “porquê?”. Para além do desenvolvimento e melhoria destas capacidades,

considero que a PES passa, também, por aprender a ouvir e a aceitar algumas sugestões que, na maioria das vezes, não fazem sentido para o próprio EE (Queirós, 2017). Neste âmbito, Nóvoa (2009) refere que o registo de algumas práticas marcantes, assim como a reflexão acerca das mesmas, são elementos fulcrais para o processo de formação de um professor. Neste domínio também senti melhorias substanciais, resultando numa evolução gradual ao longo de todo o ano letivo. O estudo de Investigação-Ação, cuja temática foi a avaliação para aprendizagem em educação física, foi um elemento central à melhoria da reflexão.

Obviamente que o processo de aprender a ensinar não decorre exclusivamente de opiniões e sugestões de outrem, pois, tal como reforçam Gomes et al. (2014), o mesmo é altamente influenciado pelas caraterísticas pessoais do EE. O Estágio Curricular exige que o EE tenha a sua própria contribuição no seu processo (Marcon et al., 2012). Destaco assim, alguma “luta” entre aceitar sugestões e seguir as próprias crenças e intuições, procurando a conciliação entre ideais e experiências pessoais e sugestões ou correções. No seguinte excerto é possível verificar o momento em se deu uma das alterações ao nível da conceção de uma boa aula de EF:

“Esta aula alterou um pouco a minha conceção de uma boa aula, principalmente em dois aspetos:

Não há problema nenhum em investir tempo na transmissão de informação, no questionamento ou até mesmo na negociação com os alunos, porque quando olharmos para a aula vamos ver um ambiente muito mais organizado, alunos mais envolvidos e motivados e ainda ter um sentimento de “missão cumprida” muito maior. (...)” – Reflexão semanal nº 26, 21 de março de 2019