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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.8 A tecnologia na educação

1.8.3 Os softwares educativos

1.8.3.1 A escolha de um software

A escolha de um software deve levar em consideração sempre os objetivos de aprendizagem pretendidos e a forma como ele será inserido na prática, no desenvolvimento das potencialidades do estudante. Essa escolha requer ainda do professor que suas escolhas convirjam com os objetivos a serem alcançados na construção da aprendizagem pretendida e que, nesse processo, redimensiona os

softwares que apenas objetivam testar o conhecimento e estabelece a opção por

softwares que procurem favorecer o estudante a interagir com o programa de maneira a construir o conhecimento (SILVA, 2006).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1997, p. 47) enfatizam:

Quanto aos softwares educacionais é fundamental que o professor aprenda a escolhê-los em função dos objetivos que pretende atingir e de sua própria concepção de conhecimento e de aprendizagem, distinguindo

os que se prestam mais a um trabalho dirigido para testar conhecimentos dos que procuram levar o estudante a interagir com o programa de forma a construir conhecimento.

É indispensável que o software atenda às singularidades dos estudantes, principalmente em se tratando do estudante com deficiência, no sentido de responder com a adequação curricular necessária do conteúdo a ser aprendido. Sendo assim, o papel do professor é fundamental, não só na escolha dos softwares a serem utilizados, mas também na elaboração de um plano de trabalho que vise a sua interação com o estudante, que funcione como facilitador na mediação com o computador, visando responder às suas demandas educacionais.

A escolha de um software deve ocorrer levando em conta a relação deste com o que se está ensinando, portanto, é fundamental que o professor reconheça sua própria prática, e o seu trabalho em sala de aula. Os

softwares devem estimular o raciocínio e motivar a criança para querer

aprender e, para tal, precisam ser concebidos segundo uma teoria sobre como o indivíduo aprende, apropria-se e constrói seu conhecimento [...] o material selecionado deve permitir à criança construir o conhecimento, em um contexto delimitado por uma série de atividades lúdico-pedagógicas embasados no seu interesse e curiosidade (WERNER, 2008, p. 51). Ressalta-se então a necessidade da formação do professor, para que possa ser capaz de considerar os critérios necessários na escolha de um software visando atender o processo de construção do conhecimento. De acordo com Valente (1999):

A formação do professor deve prover condições para que ele construa conhecimento sobre as técnicas computacionais, entenda por que e como integrar o computador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Essa prática possibilita a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de problemas específicos do interesse de cada estudante. Finalmente, deve-se criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência vivida durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus estudantes e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir (VALENTE, 1999, p. 14). Gladcheff, Zuffi e Silva (2001) em pesquisa realizada sobre a avaliação da qualidade de softwares educacionais de matemática, publicada nos Anais do Congresso

da Sociedade Brasileira de Computação elencam uma série de aspectos que devem ser

Quadro 2 – Aspectos a serem considerados para a escolha de um software

Aspectos Técnicos

a) Documentação de Usuário/Manual do Usuário (Impresso ou on-line):

* instruções corretas e de fácil compreensão para instalação e desinstalação do produto;

* todas as funções e/ou atividades que o software executa devem estar descritas na documentação, de maneira simples e compreensível;

* a documentação não deve possuir erros gramaticais;

* os termos utilizados devem estar no mesmo idioma que os usados na interface do produto e as mensagens devem ser explicadas.

b) Software:

* os requisitos necessários de hardware e software devem ser compatíveis com os requisitos do computador a ser utilizado e com os softwares nele instalados;

* deve ser de fácil instalação e desinstalação;

* as funções disponíveis devem ser suficientes para realizarem as tarefas pelas quais o produto se propõe e quando são ativadas, devem executar exatamente o que é esperado;

* caso o professor julgue necessário, o software deve possuir recursos para acesso seletivo, como senhas, e não deve apresentar falhas;

* o produtor deve fornecer suporte técnico e manutenção do produto. Aspectos Pedagógicos Gerais

O professor/educador poderá observar as seguintes questões: a) Quanto aos objetivos:

* especificar os objetivos que pretende alcançar em relação à Matemática, utilizando o produto como ferramenta de auxílio (após sua avaliação, deve refletir se os objetivos poderão ser alcançados e se encaixam-se com as propostas pedagógicas da escola);

* verificar se o software possui “pelo menos” um dos itens: Projeto ou Manual Pedagógico/Plano de Ensino/Proposta Educacional;

* se o software explora o conhecimento matemático dentro da realidade do estudante, a fim de ele compreenda a Matemática como parte de sua vida cotidiana;

* se o software valoriza a troca de experiências entre os estudantes e o trabalho cooperativo; * verificar se o software valoriza diferentes formas e compreensão na resolução de situações- problema por parte do estudante;

* se expõe situações onde a criança valoriza e usa a linguagem Matemática para expressar-se com clareza e precisão;

* se o software valoriza o progresso pessoal do estudante e do grupo. b) Quanto à usabilidade:

* verificar se o tipo de interface é adequada à faixa etária a que o software se destina; * se as representações das funções são de fácil reconhecimento e utilização;

* se as orientações dadas pelo software sobre sua utilização são claras e fáceis de serem entendidas; * se a quantidade de informação em cada tela é apropriada à faixa etária a que se destina o software, se é homogênea, de fácil leitura e não possui erros;

* se o software possui saídas claras de emergência, para que o estudante possa deixar um estado não desejado, quando escolheu erroneamente uma função, sem que o fluxo do diálogo e sua continuidade sejam prejudicados;

* se a animação, o som, as cores e outras mídias são utilizadas com equilíbrio, evitando poluição “sonora” e/ou “visual”;

* se a interface possui “sistema de ajuda” e permite que o estudante recorra a ele em qualquer tela que se encontre.

c) Quanto aos conceitos:

* verificar se os conceitos matemáticos que pretende trabalhar com seus estudantes estão disponíveis no software.

* refletir sobre a possibilidade dos conceitos matemáticos trabalhados pelo software serem relacionados com outros conceitos da Matemática e/ou de outras disciplinas;

* refletir sobre a possibilidade de o software vir a ser utilizado dentro de uma abordagem com temas transversais;

* verificar se a forma de abordagem é compatível com as concepções do professor.

Embora possa parecer muito técnico para o professor, é fundamental observar todos pontos citados, antes da escolha de um software a ser utilizado com os estudantes. Assim como na escolha de um livro didático, para a escolha de um software como recurso de apoio o professor deve estar atento a todos os aspectos, desde a acessibilidade às informações até a sua adequação aos conteúdos a serem estudados.