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A Estrutura Urbana: A sociedade na sua relação com o espaço

1.2. CONTEXTO BRASILEIRO

2.1.7. A Estrutura Urbana: A sociedade na sua relação com o espaço

Conforme item anterior, o marco inicial do povoado de Santa Maria acontece com o acampamento da 2º Subdivisão Demarcadora. Para Romeu Beltrão (1979) duzentas pessoas faziam parte da Subdivisão quando essa acampou no sítio aonde veio a se desenvolver a cidade de Santa Maria.

O acampamento militar que deu origem ao povoado foi erguido em sítio elevado e junto a um divisor de águas. Ao que tudo indica, foi levantado de forma disciplinada, regular e organizada, como mandava a tradição. Na parte alta e plana do terreno, foi definida uma espécie de praça; junto a este descampado, foi escolhido um local para a construção da capela; e, partindo do centro da praça, seguindo o espigão norte-sul, foi demarcada uma via, onde os povoadores armaram os seus primitivos ranchos. (BELTRÂO, 1979, p.64)

Após a partida do acampamento da Subdivisão, acontece o segundo marco de ocupação territorial: o estabelecimento de outro acampamento, dessa vez indígena, nas proximidades do núcleo inicial. De 1801 a 1803, Santa Maria recebeu cerca de cinqüenta famílias guaranis, oriundas das missões jesuíticas, indo estabelecer-se na Rua Ipiranga. Já nos primeiros anos do século XIX, percebe-se a presença de dois núcleos de origens distintas e que foram responsáveis pela configuração inicial da estrutura urbana do insipiente povoado, o núcleo de origem portuguesa e o núcleo de origem indígena.

Com o estabelecimento dos dois núcleos populacionais ocorreu um desenvolvimento natural da Rua do Acampamento, no sentido de interligá-los. No mesmo período, a população da localidade aumentou, de maneira que, em 1804, foi criado o Oratório de Santa Maria. Entre os anos de 1848 e 1849, o engenheiro alemão Johann Martin Buff elaborou a Planta da Freguesia de Santa Maria, documento de absoluta relevância para o estudo e compreensão da evolução urbana da cidade. Nesse mapa pode-se verificar que a freguesia apresentava apenas sete ruas no sentido leste-oeste e quatro no sentido norte-sul. O povoado se desenvolvia a partir da Praça da Igreja (Saldanha Marinho), de onde partiam as seguintes vias: (1) a São Paulo (do Acampamento), até encontrar a, mais tarde, denominada Sanga do Hospital – entre as atuais ruas José Bonifácio e José Gaspar Martins; (2) a da Igreja (Venâncio Aires), até cruzar com um pequeno curso d’água, quando recebia o nome de Estrada para o Passo da Areia e que se constitui o principal acesso da cidade pela parte oeste da estrutura urbana; (3) a do Comércio ou Pacífica (Dr. Bozano); A rua (4) Rafael Pinto (Av. Rio Branco) – apresenta-se mais larga que as demais, com duas quadras a oeste da estrutura urbana e uma quadra única a leste, sendo esta, aparentemente, já traçada e/ou delimitada por uma porção de terra até encontrar-se com um curso d’água a norte (Arroio Cadena) e a leste (Arroio Itaimbé) e que, mais tarde, irá efetivamente se consolidar como a grande avenida da cidade. Esta via apresenta-se pouco desenvolvida e despovoada neste período. Paralelas a Rua da Igreja, existiam apenas duas

ruas, ambas contidas pelo curso d’água já citado: a que foi denominada (5) dos Andradas, e que iniciava na Rio Branco; e (6) a dos Guararapes (Silva Jardim), que iniciava na Floriano Peixoto.

Percebe-se, claramente, após estas considerações sobre a cidade à inter-relação de dois núcleos com características organizacionais diferenciadas: a instalação do acampamento militar português em contraposição ao aldeamento do grupo indígena.

Figura 18. 1. Registro da malha urbana da cidade como se imaginava que esta em 1801, quando da retirada do Acampamento Militar do núcleo povoado de Santa Maria. Nele, verifica-se o arruamento linear onde se estabeleceu o acampamento, atual Rua do Acampamento, o largo final, onde se localizava a capela do acampamento e a Rua Pacífica, atual Dr. Bozano. 2. Malha urbana da cidade em 1819, onde se verifica em acréscimo ao mapa anterior a abertura do início da Avenida Rio Branco, então General Rafael Pinto, e a Rua da Igreja, atual Venâncio Aires. Aparece à primeira ligação com a Aldeia indígena, via que mais tarde dará origem a Avenida Presidente Vargas. 3.Estrutura urbana em 1835, onde se percebe a atual Avenida Rio Branco estendida ao norte e a estrada da Aldeia consolidada. 4. Configuração urbana no princípio deste período, em 1858. Percebe-se uma bem definida região central e se nota o sentido de crescimento, a oeste, pelas atuais ruas Andradas e Silva Jardim, que na época se definiam, a Rua da Aldeia, também se desenvolve em sentido oeste. Na região norte, a Avenida Rio Branco não possui maior desenvolvimento além do constatado no período anterior. 5. O mapa de 1885 é de grande relevância para a compreensão da origem da área de estudo. Apresenta a Avenida Rio Branco estendida até o local da Estação Férrea, a qual já se apresenta configurada com seu Largo. Percebe-se, também, uma via tortuosa, que se constitui na Rua Itararé e tem sua origem na Rio Branco, provavelmente a Rua 13 de Maio. Fonte: BELTRÃO, Romeu. Cronologia Histórica de Santa Maria e do extinto município de São Martinho. Vol I (1787- 1930). Livraria Editora Pallotti. 1958.

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Figura 19. Mapa da cidade de Santa Maria elaborado por Saturnino de Brito em 1918. Os grandes eixos de comunicação projetados acompanham o leito dos cursos d’água. Uma extensa avenida segue pelo Itaimbé.

Fonte: BELÉM, João. História do município de Santa Maria (1797-1933). Santa Maria. Edições UFSM. 1989.

Figura 20. Planta da cidade de Santa Maria do início da década de 1930. A planta mostra apenas a região mais urbanizada. As regiões periféricas a leste da Rua Benjamim Constant e ao norte do trecho urbano da ferrovia, que já estavam loteadas e relativamente povoadas, foram excluídas.

Fonte: BELÉM, João. História do município de Santa Maria (1797-1933). Santa Maria. Edições UFSM. 1989.