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A partir do estabelecimento inicial do 7º Regimento de Infantaria, criado em 1908, outras instituições militares se formaram na cidade. O estabelecimento dos militares em Santa Maria se deve não somente ao seu desenvolvimento social, político, econômico ou cultural, mas também a posição estratégica ocupada no centro do Rio Grande do Sul.

[...] sendo o Rio Grande do Sul um estado de fronteira com outros países, necessária se torna à defesa do país o devido posicionamento em suas terras das forças militares, sendo Santa Maria vista como uma localidade em potencial para centralizar as atividades, por ser ponto eqüidistante de ação e comunicação, em casos de urgência para a defesa da soberania. (BELÉM, 1993, p.145).

Nas décadas de 1930 e de 1940 aparece na estrutura urbana da cidade de Santa Maria a demarcação de grandes instituições militares: o referido 7º Regimento de Infantaria, o 1º Batalhão do 2º Regimento de Cavalaria Transportada e o 5º Regimento de Artilharia Montada. Além das instituições federais, estabeleceu-se também o 1º Regimento de Cavalaria da Brigada Militar do Estado em meados da década de 1950. Com todas estas instituições estabelecidas, o contingente militar aumentou consideravelmente na cidade. Os militares já superavam o contingente de ferroviários nessa data e, numa população aproximada de 80 mil habitantes eram responsáveis por 5%, ou seja, quatro mil militares em contraposição aos três mil ferroviários. Segundo Bolzan (2006, p.97)

A década de 50 também foi decisiva para a criação do Campo de Instrução de Santa Maria em 1956, localizado na área do antigo Parque de Aviação, a sudoeste da cidade. Uma área específica para a realização de manobras militares, afastada da zona urbana e cujo terreno lhe é favorável. A área em questão foi desapropriada pelo governo federal para fins militares constituindo-se em mais de 5000 hectares de terra. Esta determinação federal impôs ao espaço geográfico de Santa Maria uma nova reorganização espacial com respeito à expansão urbana, uma vez que, essa área institucional não pode ser ocupada pela urbanização. Ao mesmo tempo em que a instalação de diversas unidades militares neste local ao longo do tempo proporcionou o avanço de bairros periféricos ao redor das mesmas, também redirecionou a expansão urbana em outras

direções, mais para o oeste e sul da cidade. Outro fator decisivo nesse período de tempo que influenciou no processo de urbanização foi à construção da Base Aérea de Santa Maria (BASM), por determinação geopolítica, durante o contexto da Segunda Grande Guerra, cuja área, bem afastada da cidade situa-se a leste da mesma.

Aproveitando-se a infra-estrutura já existente, deu-se início a urbanização no setor leste da cidade, sendo este um dos que apresentou maior crescimento a partir da implementação da Base Aérea de Santa Maria e mais tarde da Universidade Federal de Santa Maria. Desta forma, o espaço militar federal em Santa Maria passa a se organizar, conforme a autora (ibidem, 2006, p.97) em dois setores básicos, um a leste, movimentado pela aeronáutica e outro a oeste e sudoeste dinamizado pelo exército. A partir de então a expansão urbana da cidade orienta-se no sentido leste - oeste, impulsionada, entre outros fatores, pelas instituições federais representadas pelo exército, aeronáutica e pela universidade, na década posterior. Conforme Bolfe, (1997, p.71):

A Base Aérea de Santa Maria veio contribuir para a evolução da mancha urbana e no desenvolvimento econômico da área e da cidade como um todo, atraindo uma população, que aos poucos foi estabelecendo residências, estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, centros financeiros, indústrias, rede de alimentos, de entretenimento, entre outros. Todo esse processo girou em função da universidade e também da base aérea, tornando esta área “a maior área expandida no vetor leste com aproximadamente 15,36 km quadrados, ou seja, 73,00 %, o que representa 48 % do total da mancha urbana, que aumentou em mais de meio século”.

No período de tempo que segue até o início do século XXI, a cidade de Santa Maria apresenta-se com grandes áreas ocupadas pelo avanço da urbanização e também pelas áreas militares somando-se as do exército e da aeronáutica - tanto em quartéis como em condomínios ou áreas de lazer. A presença militar em Santa Maria, já se encontra bastante consolidada no espaço geográfico da cidade, bem como na vida urbana de seus habitantes. O trânsito de militares nas ruas, no comércio, nas escolas e demais locais públicos tornou-se parte do cotidiano dos santa-marienses assim como, suas atividades militares na cidade e região. Sendo assim a população de militares e seus familiares representam uma parcela significativa em Santa

Maria, que contribui para o crescimento desse setor secundário, bem como para o desenvolvimento da indústria da construção civil e do mercado imobiliário. Esse contingente é acrescido de outros extratos, com a população de estudantes, funcionários públicos, aposentados e reservistas, pois muitos militares acabam por adotar Santa Maria para viver, pela característica de alta concentração de elementos das forças armadas e suas famílias e também pela qualidade de vida propiciada nesse local. Nesse sentido, observa-se que a construção civil tem crescido a cada dia para atender a demanda dessa população, bem como as empresas corretoras de imóveis, entre os quais se destacam aqueles situados no centro ou nos bairros próximos a ele, devido a sua acessibilidade a serviços como; transporte, escolas, lazer, saúde, alimentação, infra-estrutura. O grande número de militares favorece também outros segmentos econômicos como o setor educacional, com cursos preparatórios específicos para a área militar, além de reforçar a demanda pelas escolas públicas e privadas do ensino básico e superior.

Figura 29. Em detalhe no mapa, as áreas militares da cidade de Santa Maria. Escala Gráfica Fonte: http://www.santamaria.rs.gov.br/