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A evolução da rede de serviços e equipamentos destinadas à população idosa

CAPÍTULO I REVISÃO DA LITERATURA

2. Política Social à luz da perspetiva “Life Course”

3.2. A evolução da rede de serviços e equipamentos destinadas à população idosa

De acordo com dados disponibilizados, no Relatório de 2013 da Carta Social (2013), as respostas sociais do âmbito da Rede de Serviços destinadas às pessoas idosas evidenciam um desenvolvimento notório entre os anos de 2000 e 2013 (47%), traduzindo-se em mais 2300 novas respostas desde 2000 (Anexo I). À semelhança dos anos anteriores, o Serviço de Apoio Domiciliário é a resposta com o maior crescimento (66%) no âmbito deste grupo-alvo, seguindo-se a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI) (55%) e o Centro de Dia (32%). Relativamente à capacidade das respostas para as pessoas idosas tem-se verificado, igualmente, um aumento significativo (53%) desde 2000, refletindo um incremento superior a 95.700 novos lugares, dos quais 52.700 lugares na resposta social de SAD. Esta resposta destaca-se neste conjunto, apresentando um crescimento de 108% entre 2000 e 2013, confirmando a sua importância na prestação de cuidados à população idosa.

De acordo com a Carta Social (2013) é possível verificar a distribuição espacial das respostas sociais por concelho, disseminadas por todo o território continental (Anexo II). Em 2013, do total de concelhos do Continente (278), 227 tinham 10 ou mais respostas em funcionamento dirigidas a esta população. Quanto à natureza jurídica da

entidade proprietária destes equipamentos, a oferta de SAD provém principalmente de entidades não lucrativas, designadamente da rede solidária.

O peso da população com 65 ou mais anos tem aumentado nos últimos anos por todo o território do continente, embora se evidenciem assimetrias entre as regiões do interior e do litoral do país. De destacar, que 11 dos 18 distritos do território continental (a nível concelhio 195 dos 278 concelhos) apresentavam em 2013 um peso de população com 65 ou mais anos superior à média do Continente (20,2%), resultando na procura acrescida de respostas de apoio a este grupo-alvo. Da relação entre a distribuição da oferta de lugares nas respostas dirigidas a esta população e a distribuição da população com ≥65 anos por distrito destaca-se um saldo positivo na maioria dos distritos a favor da oferta (Carta Social, 2013).

A cobertura de respostas sociais dirigidas à população idosa é também analisada na Carta Social (2013), referindo evolução positiva ao longo do período de análise (2006-2013), reflexo do aumento significativo do número de lugares disponíveis nas respostas para esta população. Contudo, atendendo à evolução demográfica e ao agravamento do peso da população ≥65 anos, o crescimento da taxa de cobertura tem decorrido de forma lenta. A taxa de cobertura média das principais respostas para este grupo-alvo situou-se nos 12,6 % em 2013, evidenciando um incremento de 14% por referência a 2006, segundo dados disponibilizados pela Carta Social (2013). A distribuição territorial da cobertura denota alguma assimetria ao longo do território continental. Os concelhos do interior do país registam uma cobertura superior à que é oferecida nos concelhos do litoral, devido sobretudo ao peso mais elevado de idosos em comparação com os restantes grupos populacionais. De realçar é também o facto de em 2013, 179 concelhos em 278, registarem uma taxa de cobertura igual ou superior à média do Continente (12,6%), dos quais 84 apresentaram uma taxa acima dos 20%.

Outro ponto essencial para a compreensão da rede de serviços e equipamentos disponíveis para a população idosa em Portugal é a taxa de utilização das principais respostas sociais para esta população, que tem sofrido uma diminuição, sendo

apontada a situação económica e financeira de algumas famílias, que optam por outras alternativas de apoio a familiares idosos, como a principal causa. Em 2013, a valência ERPI constituía a resposta com maior taxa de utilização (90,1%), seguido pelo Centro de Dia (82,9%) e Centro de Convívio (82,9%). A resposta de SAD, em virtude do elevado ritmo de crescimento da oferta nos últimos anos, não acompanhado pela procura, apresentava a taxa de utilização mais baixa (75,1%) no conjunto destas respostas. A taxa de utilização média das principais respostas para a população idosa em 2013 situou-se nos 78,1%, observando-se alguma assimetria ao longo do território continental. É de salientar, todavia, uma predominância de taxas de utilização baixas nos concelhos do interior do país, devido a um aumento da capacidade não acompanhado pela procura (Carta Social, 2013).

Relativamente ao funcionamento das respostas sociais para as pessoas idosas importa referir o caso dos SAD’s no nosso país. O período de funcionamento desta resposta tem vindo a ser alargado nos últimos anos, verificando-se que em mais de 50% dos equipamentos, por referência a 2013, a resposta já era desenvolvida durante 7 dias por semana, evidenciando assim uma maior oferta de serviços face ao aumento das necessidades dos utentes (Carta Social, 2013). Esta realidade é comum a todas as respostas de SAD, quer da rede lucrativa, quer das redes solidária e pública (entidades não lucrativas). De referir que a modalidade de funcionamento 7 dias por semana coexiste, geralmente, com outras modalidades (só dias úteis, dias úteis + sábado ou só fins de semana), uma vez que as necessidades e o nível de utilização dos serviços varia de utente para utente.

Na Carta Social (2013) são comparadas ainda as características dos utentes de ERPI com as características dos usuários de SAD, referindo quanto aos primeiros, que em 2013, 71% tinha mais de 80 anos, e 47% dos quais tinha 85 ou mais anos, traduzindo uma institucionalização da população idosa em idades já bastante avançadas. Quanto ao género, a proporção de utentes do género feminino acentua-se com o aumento da idade. Relativamente à população utilizadora da resposta SAD é composta igualmente, e maioritariamente, por utentes com 80 ou mais anos (55%), porém os escalões etários abaixo dos 80 anos apresentam em conjunto uma

representação bem mais significativa, por comparação à resposta ERPI, refletindo uma manutenção do idoso no seu espaço habitacional e no seu meio habitual de vida por mais anos. No que diz respeito à distribuição por género dos utentes em SAD, verifica- se a mesma tendência observada na resposta ERPI. Para uma análise mais integrada e completa da Rede de Equipamentos e Serviços dirigida à população idosa no continente, a Carta Social (2013), no seu relatório publicado, analisa o grau de dependência dos utentes das respostas dirigidas à população idosa. Apesar de não fazer referência aos instrumentos que medem o grau de dependência, a Carta Social definiu quatro grupos para distinguir o grau de dependência dos clientes: grandes dependentes, dependentes, parcialmente dependentes e autónomos. O grau de dependência difere de resposta para resposta, em função das idades e das necessidades de apoio desta população. Se por um lado em ERPI, cerca de 80% dos utentes apresenta alguma dependência, este valor desce para os 60% em SAD. Importa referir que, por outro lado, a maioria dos utentes em Centro de Dia são independentes (56%).