• Nenhum resultado encontrado

A família Dal-Col e a criação do grupo Pais Educadores

No documento Ensino domiciliar (homeschooling) no Brasil (páginas 159-162)

Análise de alguns aspectos que podem contribuir para a escolha da modalidade do ensino domiciliar no Brasil

JANEIRO A NOVEMBRO DE

5.3 A família Dal-Col e a criação do grupo Pais Educadores

A família Dal-Col, residente em Itaúna, Minas Gerais, é também composta por quatro integrantes: o pai, a mãe e duas filhas: AL, 5 anos e J, 3 anos. A família tinha conhecimento sobre o

homeschooling e já antes de as meninas nascerem haviam optado

pelo ensino autodirigido.

Antes de as filhas nascerem, nós já tínhamos um contexto sobre o

homeschooling e o interesse em adotar essa modalidade.

23 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário (RE) 888.815, Rio Grande do Sul,

Relator: Min. Roberto Barroso, publicado em 4/06/2015. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=8678529. Acesso em 7/02/2017.

160 | Ensino domiciliar (homeschooling) no Brasil

Participamos de evento com Alexandre Magno e Cleber Nunes (palestrantes de homeschooling), ratificando ainda mais a nossa

opção. A educação contínua se dá com as duas filhas, desde a gravidez da minha esposa, colocando música para elas ouvirem na barriga da mãe, por exemplo.24

A rotina de estudos das filhas ocorre o tempo todo. Há uma orientação didática, através do Projeto Buriti Mirim25, da Editora Moderna, mas o processo ensino-aprendizagem constitui uma prática dialética em que todos aprendem e ensinam, apoiados nas demandas que vão surgindo.

AL utiliza o material didático do Projeto Buriti Mirim, da Editora Moderna, desde os três anos e este ano vai começar com a coleção Mais Cores26, da editora Positivo, indicação de famílias homeschoolers e de pesquisa própria. A nossa aplicação prática

envolve vinte e quatro horas por dia. Um dia desses, ao dormir, vimos um vagalume e perguntei para AL: “filha, vagalume funciona com bateria ou se liga na tomada?”, ao que AL foi pesquisar no outro dia, ou seja, o processo é contínuo e integral. Com J, utilizamos uma linguagem mais apropriada, para que elas sejam sujeitas desse processo ensino-aprendizagem.

A família não responde a processo judicial por causa da escolha da modalidade do ensino em casa e só consegue enxergar vantagens no método utilizado. Os integrantes destacam a dinâmica da educação continuada, que, esclarecem, não ocorre somente em casa, mas em qualquer ambiente social, fazendo que a criança esteja sempre ativa nesse aprendizado.

24 Entrevista semiestruturada com a família Dal-col, realizada na residência da família Marques

Soares, no dia 8 de fevereiro de 2017, Apêndice D, p. 146.

25 “A coleção Buriti Mirim procura abarcar as ideias contemporâneas de educação, as atuais

demandas dos professores, a formação desses professores e o papel da família como parceira do processo educacional, assim como a especificidade da Educação Infantil, a criança pequena e seu pensamento, considerando todos esses importantes aspectos e dialogando com eles”. Disponível em: http://www.moderna.com.br/buriti-mirim/. Acesso em 13 de fevereiro de 2017.

26 Disponível em: http://www.editorapositivo.com.br/livros-didaticos/mais-cores-educacao-

Cláudio Márcio Bernardes | 161 Não vimos desvantagem alguma, pois não consigo conceber o ingresso delas numa escola regular. As vantagens são muitas, algumas delas: 1) fortalecimento e qualidade dos nossos vínculos familiares; 2) possibilidade de um desenvolvimento de uma forma saudável e proporcional a idade delas; 3) diversidade de socialização, pois o fato de estarmos juntos facilita o processo de ensino-aprendizagem. Um dia desses, eu estava com minha filha e vimos uma freira e, apesar de termos outra orientação de fé, conversamos sobre o fato de ela ter feito uma opção de dedicação religiosa de toda a sua vida e levei a minha filha para lhe dar um abraço, mostrando-lhe honra e respeito aos mais velhos; 4) num sistema tradicional de ensino, a criança é condicionada a aprender somente daquela maneira e naquele momento. A modalidade é extremamente contínua, fazendo com que a criança esteja sempre ativa nesse aprendizado, não sendo tolhida.27

O processo de socialização dos filhos com as demais pessoas ocorre cotidianamente. Há uma interação social com outras famílias de apoio, principalmente com o Grupo Pais Educadores,

de Itaúna (MG), com o objetivo de integrar as famílias que já tinham adotado o homeschooling (atualmente são cinco famílias

que fazem parte do Grupo). Há uma frequência mensal de encontros com as pessoas participantes, com quem cotidianamente vão se comunicando e interagindo. Todos os dias, de segunda a sexta-feira, após o almoço, a mãe das crianças-aprendizes faz a mediação do processo ensino-aprendizagem, utilizando-se do material didático e outras fontes, como televisão, internet, através de vídeos com aulas de inglês e outros conteúdos. Não há uma monitoria entre os grupos, mas sim um intercâmbio constante e troca de materiais e de experiências.

No nosso caso, estamos bastante envolvidos com outras famílias de apoio com base na interação social. Há aproximadamente um ano, criamos o Grupo Pais Educadores, com o objetivo de

27 Entrevista semiestruturada com a família Dal-col, realizada na residência da família Marques

162 | Ensino domiciliar (homeschooling) no Brasil

integrar as famílias que já tinham adotado o homeschooling. Há

uma frequência mensal de encontros e cotidianamente vamos comunicando e interagindo entre nós e entre as outras pessoas. A nossa ação envolve dedicação 24 horas por dia, mas há uma rotina de estudo. Todos os dias, de segunda a sexta-feira, após o almoço, minha esposa faz a mediação do processo ensino- aprendizagem, utilizando-se do material didático e outras fontes, como televisão, internet, através de vídeos com aulas de inglês e outros conteúdos. Todo material é previamente consultado por nós. Não há uma monitoria entre os grupos, mas há uma interação constante e troca de materiais e de experiências.28

Quanto à pergunta se a família se arrependeu da escolha

pelo homeschooling, a resposta foi peremptória: “De forma

alguma, não há razão para arrependimento. Todos os motivos sinalizam para a continuidade”.

5.4 O ensino em casa e o fortalecimento dos laços familiares,

No documento Ensino domiciliar (homeschooling) no Brasil (páginas 159-162)