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A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul

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Capítulo III. Os atores sociais e as disputas envolvidas na cultura do tabaco

3.3. A representação dos agricultores na Cadeia Produtiva do Tabaco

3.3.2. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul

Em 1965 foi reconhecida a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG). Após a sua fundação, de acordo com Da Ros (2006), a FETAG passou por várias fases. A primeira foi marcada pelo esforço em torno da educação rural; aí surgiram os Institutos de Educação Rural (para rapazes) e as Escolas de Educação

Familiar (para moças). Neste período as reivindicações da FETAG passavam por questões relativas à produtividade, preços, legislação do trabalho e previdência social, apresentavam princípios de um projeto de Reforma Agrária e organização da sociedade que se diferenciava do MASTER pelo conservadorismo (DA ROS, 2006).

Na segunda fase, que basicamente compreendeu a década de 1970, foi visível a preocupação da federação em demonstrar apoio ao governo, nesse sentido seu lema passou ser “Reivindicar com dignidade e cooperar com lealdade”. Esta fase trouxe como novidade a prestação de serviços de previdência pelos sindicatos dos trabalhadores rurais, devido a convênios entre a federação e o governo, com isso cresceu o número de associados, assim como, a estrutura dos sindicatos e da federação. O atrativo para a filiação e fundação de novos sindicatos passou a ser a acessibilidade à serviços previdenciários. Com tal argumento o número de sindicatos filiados passou de 141 no ano de 1971, para 212 no ano de 1977 (DA ROS, 2006).

A terceira fase da entidade, que vai do início da década de 1980 até meados da seguinte, foi marcada pela emergência de lutas sociais radicalizadas, que não se comportaram no sindicalismo rural oficial. Tais lutas foram realizadas por agricultores sem terra, agricultores atingidos por barragens, por mulheres trabalhadoras rurais. Além disso, os serviços de saúde oferecidos pelo FUNRURAL43, em decorrência da crise

econômica, entraram em crise gerando uma série de protestos no meio rural. Tal contexto fez com que uma série de mudanças na atuação da FETAG acontecessem. Deste modo, a entidade, por exemplo, passou a se concentrar nas lutas por melhoria de serviços médicos e previdenciários; a relação com o governo também se tornou mais conturbada, críticas mais duras à falta de qualidade de serviços passaram a ser realizadas.

A quarta fase da história da FETAG se iniciou em meados da década de 1990. Neste momento a entidade definiu a agricultura familiar como seu público-alvo e a CONTAG se unificou com a Central Única dos Trabalhadores. Os temas priorizados seguiram sendo a política agrícola e previdência social rural (DA ROS, 2006).

Atualmente a FETAG compreende 349 sindicatos filiados, divididos em 22 regionais sindicais. Sua presença é forte nos municípios onde a agricultura com base na

43O Funrural é o Fundo de Assistência do Trabalhador Rural ou Contribuição Social Rural é uma contribuição social destinada a custear a seguridade (INSS) geral Foi criado com a Lei n° 4.214, de 2 de março de 1963. Informações obtidas em www.previdencia.gov.br.

mão-de-obra familiar é predominante. É importante mencionar que a FETAG disputa espaço com o MPA e com a FETRAF. Em relação ao Estado, o posicionamento da entidade variou de acordo com as conjunturas políticas, sendo pouco crítico durante a ditadura militar. Cabe mencionar que historicamente a FETAG prioriza formas de ação estritamente legais, como a expedição de ofícios aos órgãos de governo, para o encaminhamento de suas reivindicações. Outra característica é uma estrutura organizativa com grande centralização de poder nas mãos do presidente, tal característica é mantida nos sindicatos filiados (DA ROS, 2006).

A FETAG é uma das organizações que reivindica a representação dos agricultores no Rio Grande do Sul e participa dos debates sobre a atividade em nível nacional, em conjunto com as representações da CONTAG de Santa Catarina e Paraná. É ela, por meio de um de seus dirigentes, que representa a CONTAG na Câmara Setorial do Tabaco, além disso, é uma das entidades que, anualmente, elabora estudos a respeito do custo de produção dos agricultores. Estes estudos são utilizados como base para as negociações de preços do tabaco produzido pelos agricultores. “Nós temos um processo constituído há 22

anos, aonde que há 22 anos nós já tínhamos atividades em discussão nesse setor. E passou-se a ter há 2 anos atrás também uma negociação com o setor industrial”

(Dirigente da FETAG/CONTAG, 2010).

O coordenador da Comissão Estadual de Fumo da FETAG/CONTAG em entrevista concedida no dia 16 de julho de 2010 na cidade de Porto Alegre/RS, explica o que é a comissão de fumo da FETAG/CONTAG e a atuação da entidade na cadeia produtiva do tabaco no Estado do Rio Grande do Sul:

Nós temos essa comissão estadual que está distribuída nas regiões produtoras com representantes de cada regional e nós nos reunimos ordinariamente pra debater esse tema. Não só na questão da renda, que é o preço, negociação e essas coisas todas, mas tudo aquilo que envolve essa cadeia, até porque nós temos um número muito grande de produtores, agricultores familiares, principalmente, envolvidos. Nós temos aproximadamente 100 mil agricultores no Rio Grande do Sul que a sua economia depende desse setor, do segmento de produção de fumo, não são exclusivamente produtores de fumos mas faz parte da sua renda, essa atividade. Portanto é uma atividade que nós temos o compromisso de fazer um trabalho em função da representatividade que tem essa economia para esses produtores dessas regiões produtoras de fumo (Dirigente da FETAG/CONTAG, /2010).

centralidade à busca por maior renda para o agricultor, o que implica em contrariar os interesses das empresas fumageiras. No entanto é visível uma ampliação no foco de atuação da entidade:

É uma disputa sim de interesses econômicos, o setor industrial não poderia ser diferente, ele olha o seu lado, ele quer ganhar dinheiro com isso. Nenhum industrial, nenhum cidadão bota dinheiro pra perder, e principalmente quem faz comércio. Então nós temos consciência disso, o embate da questão de lutar pela remuneração digna do produtor é a principal bandeira nossa, foi, é e vai continuar sendo.

Só que nós também temos uma outra preocupação. Até porque se a gente pensa que esses produtores deverão deixar de produzir fumo para produzir uma outra atividade, a nossa preocupação é o que eles vão fazer. Nós temos inclusive embate com o próprio governo (…). Até agora ninguém conseguiu achar uma mágica de chegar numa propriedade que planta fumo e dizer: “Plantem comida que você vai ter a mesma renda.” E ai é que tá o grande desafio (Dirigente da FETAG/CONTAG, 2010).

Além da ampliação do foco da entidade visando à defesa da atividade, o dirigente da FETAG/CONTAG destaca a existência de uma nova linha de atuação assumida pela mesma, onde é central a preocupação com a saúde dos agricultores e com a menor utilização de agrotóxicos:

A outra questão: nós temos batido muito na questão de fumo livre, limpo. Que as indústrias pesquisem fórmulas de usar menos agrotóxicos, menos veneno (...).

Então esse é um campo também que nós também lutamos porque nós também queremos preservar a saúde do nosso agricultor. Não adianta ganhar dinheiro se é pra você estragar a saúde, todo mundo sabe disso.

E aí é que vem o grande debate, nesse campo de que exista cuidados com a cultura, exista por parte do setor industrial também uma orientação, porque a orientação técnica é por conta inclusive do setor industrial. Que essa orientação seja de fato uma orientação que preserve a pessoa e que a atividade seja uma atividade para fazer o bem àqueles que produzem tabaco e não fazer o mal pra eles. Então eu acho que esse é um caminho que a FETAG tem olhado muito e principalmente nos últimos anos (Dirigente da FETAG/CONTAG, 2010). Antes de analisar alguns elementos das falas descritas acima, é necessário trazermos mais alguns trechos da entrevista com o dirigente da FETAG/CONTAG, onde ele descreve a trajetória, estratégia, atuação e relação da FETAG com o setor industrial fumageiro:

Primeiramente foi uma negociação muito de embate contra a questão de preço, nós tivemos grandes embates com ocupações de indústria, derrubada de

portões, enfim, uma guerra, podemos assim dizer, pra convencer o setor industrial que o produtor de fumo tinha que receber uma remuneração digna.

Isso foi um período muito longo, uma história longa. (…) Nos últimos anos, em função de mudanças que houveram no cenário da fumicultura (…), que vêm sendo preocupantes para a humanidade, que é a questão do que

causa o fumo para o fumante, nós tivemos tido um outro momento nessa

história aqui. Principalmente porque nós temos a consciência de que esses

produtores que estão produzindo fumo, eles não estão fazendo isso porque querem ser ruins, porque não querem produzir uma coisa boa. Eles estão

fazendo isso porque é o que tem pra eles fazer. É uma atividade que

realmente se implantou há mais de 100 anos aqui no Rio Grande do Sul e na região sul porque ela (…) se adaptou à nossa realidade, (…) pela questão de mão de obra, pela questão, inclusive, do setor industrial ter apostado nesta

nossa região Sul do Brasil. Então essa é a função de que a entidade FETAG (…) se viu, inclusive, na obrigação de fazer. Se nós temos aqui hoje 100 mil

famílias, no cenário de 376 mil famílias, é uma quantidade muito grande para nós dizermos assim “Esse povo não tem importância”. Então por isso que a

FETAG está realmente dentro desse processo sempre no intuito de que quem planta fumo, planta para fazer o bem, e fazendo o bem assim ele tem renda. E se tem 100 mil famílias fazendo isso, elas não tão sendo obrigadas, elas tão fazendo isso porque eles percebem que nesta atividade eles conseguem ter uma renda do que em outra atividade se fosse o caso, senão eles não estariam fazendo isso (Dirigente da FETAG/CONTAG,

2010 – ênfase nossa).

Com os trechos da entrevista descritos acima buscamos compreender como se dá a atuação da FETAG/CONTAG na cadeia produtiva do tabaco. Primeiramente percebemos que a entidade avalia como legítima a atuação das empresas, sua busca por maiores lucros e, com isto, vê como necessário “o embate pela remuneração digna do

produtor”. Para além desse embate, observamos em trechos do depoimento descrito

acima que a entidade vê as grandes fumageiras como fundamentais no desenvolvimento da fumicultura no Brasil, considera que a atividade é tão importante, em grande medida, “pelo setor industrial ter apostado na nossa região Sul do Brasil” (Dirigente da FETAG/CONTAG, 2010).

Com o exposto acima, é possível constatar que a atuação da FETAG, quando se trata de relações com as empresas, não se restringe à negociações de preço, muito menos à relações de embate. Antes, são relações de diálogo, onde, para a entidade de representação dos agricultores, as empresas são fundamentais na resolução dos problemas da fumicultura. Podemos pensar, até mesmo, em uma visão de co-responsabilidade, onde as empresas e a FETAG contribuíram e contribuem para o desenvolvimento e resolução dos problemas da atividade. Neste processo, na interpretação da entidade, os agricultores é que saem ganhando, tendo em vista que a atividade fumageira é a mais rentável da

agricultura para as regiões fumageiras e para os pequenos agricultores.

Além de possuir uma relação próxima com as empresas para a resolução de problemas da fumicultura, a FETAG as vê como parceiras na resolução de um problema maior, o controle do tabaco. Assim, de acordo com o dirigente da FETAG/CONTAG, primeiramente existia o embate pelo preço, mas hoje, devido ao que ele chama de cenário da fumicultura, se referindo ao maior controle dos produtos derivados do tabaco, existe o que ele denomina de “outro momento na história”. Esta referência a outro momento na história da atuação da FETAG diz respeito à associação recente da entidade com as demais entidades que defendem o cultivo e a integração produtiva do tabaco, estando entre elas as empresas fumageiras, na tentativa de impedir que a CQCT fosse aprovada, associação esta que ainda está em vigor, tendo em vista a forma com que a entidade vê as iniciativas de combate aos produtos derivados do tabaco.

Ainda é muito presente para a entidade, de acordo com a argumentação de seu dirigente, uma possível tentativa de proibição do cultivo do tabaco, o que fica visível quando o mesmo afirma que não pode dizer para uma parcela importante de agricultores que eles não “têm importância”. Assim, é este o motivo que leva a entidade a continuar na luta pela manutenção da atividade fumageira. Tal argumentação é expressa quando seu dirigente afirma que “por isso que a FETAG está realmente dentro desse processo sempre

no intuito de que quem planta fumo, planta para fazer o bem, e fazendo o bem assim ele tem renda”. Nota-se, com o depoimento do dirigente da FETAG/CONTAG, que a

entidade reconhece os malefícios gerados pelos produtos derivados do tabaco, por isso, o mesmo desenvolve uma argumentação que responde às principais críticas ao sistema de produção desenvolvido na fumicultura, que, por sua vez, pode ser percebida quando o entrevistado afirma que “se tem 100 mil famílias fazendo isso, elas não tão sendo

obrigadas”. Esta argumentação pode ser interpretada como uma contraposição ao

argumento que trata os fumicultores como dependentes das empresas.

Já relatamos que o dirigente da FETAG/CONTAG afirma que o foco da entidade foi ampliado e agora ela busca, além de maior renda, uma menor utilização de agrotóxicos. Assim é importante mencionar que a utilização dos agrotóxicos na lavoura de tabaco é muito questionada pelos antitabagistas. Desta maneira, esta ampliação no foco de atuação pode ser encarada como uma resposta às críticas antitabagistas e como

uma tentativa de mostrar à sociedade que os problemas da lavoura de tabaco podem ser resolvidos. Mas, a contraposição de argumentos daqueles que questionam o tabaco e sua forma de cultivo é buscada no argumento da rentabilidade da cultura. Já presente nos depoimento dos dirigentes do SINDITABACO e da FARSUL/CNA o argumento surge aqui quando o dirigente da FETAG/CONTAG afirma que “até agora ninguém conseguiu

achar uma mágica de chegar numa propriedade que planta fumo” e dizer: “Plantem comida que você vai ter a mesma renda”. Desta forma, a argumentação segue a linha que

induz o seguinte raciocínio: todos os problemas citados como existentes na atividade fumageira realmente existem e podem ser resolvidos, entretanto, nenhuma atividade é capaz de gerar a rentabilidade produzida pela fumicultura para os agricultores, quando existir alguma, pode-se pensar em abandonar o cultivo.

Tratando-se da CQCT, a posição da entidade é bastante cautelosa, na medida em que o interlocutor reconhece os malefícios do cigarro, ao mesmo tempo em que avalia como necessária a atividade fumageira, como uma forma de manutenção das famílias fumicultoras no meio rural. Neste sentido, o dirigente utiliza uma argumentação que gera uma dicotomia entre tal controle e a manutenção destas famílias, e sugere que a sociedade prioriza, de maneira excessiva, os grupos que tratam do tema pelo viés da saúde e, pelo contrário, não dá a devida atenção para a atividade, naquilo que ela proporciona – muitos impostos e empregos. Diante disso, o dirigente da FETAG/CONTAG, chega a sugerir que o Brasil deve permitir ou incentivar a produção de tabaco, tendo em vista o destino do produto, onde mais de 85% da produção é exportada:

Acho que a Convenção Quadro tem que se preocupar sim é com as duas questões: como é que vai diminuir o efeito maligno do cigarro e como é que vai fazer que quem produza essa atividade não seja expulso da atividade. Eu acho que tem a grande função de fazer as duas coisas e quando o Brasil fez esse debate, foi um debate muito bem feito, essa questão de preservar a parte de quem produz foi colocada dentro das resoluções. O que preocupa as vezes é que um lado começa a falar sozinho, (…). O grande feito que nós podemos fazer disso é (...) preservar aqueles que precisam produzir o fumo e preservar também aqueles que precisa cuidar da sua saúde. Esse é um grande compromisso da Convenção Quadro no mundo inteiro. Eu volto a dizer que o grande perigo disso é quando em algum momento isso, a gente só põe na

balança um lado da história, ai a gente ta prejudicando os outros sem saber o que ta fazendo.

agora nós estamos produzindo fumo pro mundo, só 14% do fumo produzido no Brasil é consumido no Brasil, 86% quem fuma não são os brasileiros, são outras regiões do mundo. Então se nós deixar de produzir alguém vai produzir fumo pra esse povo. Então porque que nós vamos prejudicar o nosso produtor para dar a oportunidade pra outros continentes produzir? (Dirigente da FETAG/CONTAG, 2010 – ênfase nossa).

É visível, no depoimento apresentado acima, a grande preocupação da entidade com a CQCT. Para a FETAG as discussões em curso, após a ratificação do tratado, podem ainda prejudicar a produção de tabaco, por isso o seu dirigente faz várias referências à “não levar em consideração somente um lado”. No mesmo sentido, no depoimento do dirigente surge um argumento já presenciado com as entrevistas da FARSUL e do SINDITABACO: a busca por desqualificar aqueles que promovem uma discussão contrária a deles. Este elemento surge no momento em que o entrevistado afirma que quando se coloca “só um lado da história a gente está prejudicando os outros

sem saber o que tá fazendo”. Sugere, com isso, que os favoráveis ao controle do tabaco

não consideram a problemática que tal controle pode causar aos agricultores.

Tendo em vista as discussões realizadas para a ratificação do tratado pelo Brasil, o dirigente da FETAG/CONTAG, classifica como positiva a maneira com que foram conduzidos os debates. Além disso, coloca a FETAG como um ator fundamental para a aprovação da CQCT nos termos atuais, onde o governo deixa claro que não criará nenhum empecilho à atividade. Assim, afirma que a entidade era inicialmente contrária ao tratado, visto que corriam boatos de uma proibição do cultivo de tabaco em território brasileiro:

(…) quando o Brasil fez esse debate, foi um debate muito bem feito, essa questão de preservar a parte de quem produz ela foi colocada dentro das resoluções.

A FETAG se envolveu bastante nesse período. Fizemos mobilização e chamamos senadores, chamamos os deputados e ministros e fomos assim

atores de um grande movimento naquele momento, que a preocupação que

vinha justamente era (…) de que acabasse com o fumo de uma hora pra outra que era o que vinha muito assim por boatos na época né. Depois que a gente

conheceu melhor esse instrumento todo (...) e de fato foi importante aquilo que se construiu dentro desse processo.

Veio umas coisas (...) por parte de muitos que iam se colocando como quem conhecia diziam assim: “Vai acabar, daqui a cinco anos ninguém planta

fumo”, e talvez tenha sido isso que mexeu com o produtor de fumo, fez se

mobilizar e buscar dentro dessa Convenção algo que pudesse não o deixar totalmente desprotegido.

levado essa posição dos agricultores, talvez a Convenção Quadro tivesse assinado cláusulas de que iria realmente proibir a plantação de fumo no Brasil. Seria um caos na verdade, isso pelo menos a gente segurou esse

processo, (…) mesmo que tenha outro viés que nos preocupa, realmente nos preocupa, nós estamos assim nessas nossas discussões debatendo bastante esse processo porque, não proíbe mas cria algumas coisas (Dirigente da FETAG/CONTAG, 2010 – ênfase nossa).

É visível que a FETAG ficou satisfeita com o processo de discussão e vê como uma vitória a cláusula interpretativa da CQCT, anexada pelo Brasil. Entretanto, também torna-se notável uma preocupação por parte da entidade, com as discussões atuais do tratado e onde tais discussões poderão levar, por isso quando refere-se ao tratado o dirigente diz que o mesmo não proibi o cultivo mas “cria algumas coisas”.

Ao considerarmos os depoimentos dos dirigentes da AFUBRA e FARSUL torna- se evidente que a referência a “cria algumas coisas” é expressa tendo em vista os vários mecanismos que visam à diminuição do consumo de cigarro. Assim, para o entrevistado: “A Convenção Quadro não proíbe plantar, e a tributação continua nesse galopante é

possível né que a gente tenha problemas de renda. E tendo problemas de renda o produtor não vai plantar fumo”. Neste momento é expresso um posicionamento de

extrema importância, tendo em vista que anteriormente vimos que o dirigente da FETAG/CONTAG relata que o problema da CQCT visar diminuir o consumo do tabaco é que os agricultores fumicultores serão expulsos de uma atividade com alta rentabilidade

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