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A FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS FRENTE À

4 A FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS NO BRASIL

4.3 A FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS FRENTE À

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) sob a coordenação de Ozaki (2000 apud NASCIMENTO, 2009, p. 165-166) publicou Negociar la fexibilidad, conceituando emprego flexível como:

Toda forma de trabalho que não seja a tempo completo e não tenha duração indefinida incluindo o tempo parcial, o temporário, que corresponde ao nosso contrato a prazo determinado, o eventual ou intermitente, o emprego para qualificação profissional, como a aprendizagem e o contrato estacional, que é o nosso contrato de trabalho sazonal ou para atividade transitória, como a hoteleira em determinadas épocas do ano, para concluir que diversos fatores contribuem para a variação média da antiguidade no emprego e não apenas a forma de contratação, dentre os quais o sexo, idade, a capacitação do trabalhador, as políticas de aproveitamento dos recursos humanos das empresas e mostrando que os empregos de larga duração não foram afetados com a supressão das leis sobre a estabilidade. Assinala a vinculação da remuneração ao rendimento, a anualização do tempo de trabalho e novos métodos para compensar as horas extraordinárias, mostrando que muitos países esforçam-se para reduzir os custos da remuneração dessas horas preferindo compensá-las com tempo livre, ou seja, o nosso sistema de compensação de horas. Observa que o contrato individual de trabalho não deve ser o melhor método para flexibilizar, sendo mais adequadas, para esse fim, a lei e as convenções coletivas de trabalho. Destaca que os sindicatos, diante de uma postura inicial contrária e defensiva diante da flexibilização, numa época constante redução de filiados e de debilitação do poder sindical, reconsideram essa política e, embora mantivessem restrições, hoje procuram conciliar suas estratégias dando-se conta de que em nível macroeconômico devem

aumentar a produtividade e a competitividades das empresas aceitando, no lugar das funções tradicionais, novos métodos de mercado, inclusive com um novo entorno decorrente da descentralização das negociações coletivas, diante da nova realidade do impacto do desemprego.

Para concluir Ozaki (2000 apud NASCIMENTO, 2009, p. 166) demonstra:

A negociação coletiva, ao permitir que os trabalhadores e empresários alcancem de forma conjunta uma solução viável – em vez de que o empregador decida unilateralmente o que é melhor para a organização –, pode dar aos trabalhadores um sentido de compromisso a respeito do processo da transformação e estabelecer uma relação de confiança que conduza a melhores relações de trabalho entre ambas as partes.

A OIT através da Convenção nº. 154, já ratificada pelo Brasil, elucida como devem ser feitas e incentivadas as negociações coletivas. Dentre as cláusulas dessa Convenção, realçamos as seguintes:

Art. 2º - Para efeito da presente convenção, a expressão “negociação coletiva” compreende todas as negociações que tenham lugar entre, de uma parte, um empregador, um grupo de empregadores ou uma organização ou várias organizações de empregadores e, de outra parte, uma ou várias organizações de trabalhares, com o fim de: a) fixar as condições de trabalho e emprego, ou; b) regular as relações entre empregadores e trabalhadores, ou; c) regular as relações entre os empregadores ou suas organizações e uma ou várias organizações de trabalhadores, ou alcançar todos estes objetivos de uma só vez.

Art. 5º- 1. Medidas condizentes com as condições nacionais serão tomadas para promover a negociação coletiva. 2. Os objetivos referidos no Parágrafo 1 deste Artigo serão os seguintes: a) a negociação coletiva deve estar ao alcance de todos os empregadores e de todos os grupos de trabalhadores nos ramos de atividade cobertos por esta Convenção; b) a negociação coletiva deve ser progressivamente estendida a todas as matérias cobertas pelas alíneas a, b e c do Artigo 2º desta Convenção; c) o estabelecimento de normas de procedimento, acordadas entre organizações de empregadores e de trabalhadores, deve ser estimulado; d) a negociação coletiva não deve ser prejudicada por falta de normas que rejam o procedimento a ser usado ou pela inadequação ou impropriedade dessas normas; e) órgãos e procedimentos para a solução de disputas trabalhistas devem ser concebidos para contribuir para a promoção da negociação coletiva. (BRASIL, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2009).

Destacamos, também, a Convenção da nº. 98 da OIT, também ratificada pelo Brasil, a qual determina o direito de sindicalização e negociação coletiva dos trabalhadores. Os principiais artigos desta convenção são:

Artigo 1- 1. Os trabalhadores gozarão de adequada proteção contra atos de discriminação com relação a seu emprego. 2. Essa proteção aplicar-se-á especialmente a atos que visem: a) sujeitar o emprego de um trabalhador à condição de que não se filie a um sindicato ou deixe de ser membro de um sindicato; b) causar a demissão de um trabalhador ou prejudicá-lo de outra

maneira por sua filiação a um sindicato ou por sua participação em atividades sindicais fora das horas de trabalho ou, com o consentimento do empregador, durante o horário de trabalho. Artigo 2- 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores gozarão de adequada proteção contra atos de ingerência de umas nas outras, ou por agentes ou membros de umas nas outras, na sua constituição, funcionamento e administração. 2. Serão principalmente considerados atos de ingerência, nos termos deste Artigo, promover a constituição de organizações de trabalhadores dominadas por organizações de empregadores ou manter organizações de trabalhadores com recursos financeiros ou de outra espécie, com o objetivo de sujeitar essas organizações ao controle de empregadores ou de organizações de empregadores. Artigo 3- Mecanismos apropriados às condições nacionais serão criados, se necessário, para assegurar o respeito do direito de sindicalização definido nos artigos anteriores. Artigo 4- Medidas apropriadas às condições nacionais serão tomadas, se necessário, para estimular e promover o pleno desenvolvimento e utilização de mecanismos de negociação voluntária entre empregadores ou organizações de empregadores e organizações de trabalhadores, com o objetivo de regular, mediante acordos coletivos, termos e condições de emprego. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2009).

Feita a análise do tópico em questão passemos para o item da posição doutrinária e jurisprudencial sobre flexibilização das normas trabalhista no Brasil na concepção de alguns doutrinadores.

4.4 A POSIÇÃO DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL DA FLEXIBILIZAÇÃO DAS

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