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A fragilidade no campo da informação, comunicação e divulgação 112

As categorias de informação e comunição contribuem para a dinâmica de uma rede, auxiliando na interpretação da intensidade, ou não, dos laços que permeiam a noção de capital social. São analisados os meios pelos quais os atores recebem e geram as informações e fazem circular os seus conhecimentos e as suas inovações, permitindo a existência de trocas entre eles.

Buscamos identificar de que forma as pessoas acessam, ou não, as informações e, ainda, averiguar quais são as fontes de informações disponíveis. Identificamos nos relatos que muitos gestores municipais da região desconhecem as políticas públicas do governo do estado, como, por exemplo, as políticas de fomento para APL, sendo que a grande maioria dos gestores públicos foi alertada pelos atores que lideraram, naquele momento, o processo de reconhecimento do APL de Turismo. As informações estão na internet, nos jornais, nas rádios comunitárias, cabe aos atores buscá-las e fazer circular por seus pares e possíveis interessados.

Outro aspecto identificado foi a precariedade de encontrar informações integradas, de estratégias de comunicação que apresentem uma articulação entre os municípios e a região, originando a falta de uma promoção regional integrada.

Muitas das informações não se têm que esperar que caíssem do céu, é papel da gente estar sempre correndo atrás, e a gente tá sempre se interando das políticas públicas e justamente em muitas reuniões que eu tive no interior. O pessoal não conhece a política industrial do estado, não sabem o que é um APL, não conhecem as políticas que permeiam tanto o governo estadual quanto o governo federal. (Representante da ADESM).

O acesso às informações está mais fácil por um contexto mundial, talvez as pessoas não saibam aonde procurar, a própria ADESM tem um site com dados de Santa Maria e região. Um dos objetivos do APL é de se ter um portal, onde lá se tivesse os dados e todos os eventos da cidade, isso talvez seja importante, mas acho que não se tem dificuldade no acesso às informações, se as pessoas tiverem disposição pra procurar as informações estão disponíveis. Até porque o nome de Santa Maria, devido aos últimos acontecimentos, as pessoas associam, em qualquer lugar que tu vai, as pessoas têm uma referência [...] (Representante do SEBRAE).

Eu acredito que a gente teria que dar um passo maior, senão acaba ficando tudo concentrado em um município e na secretaria de turismo do município polo, hoje a gente acaba participando de vários eventos na área de turismo e um município leva todos os outros. Mas as informações via internet, que as informações estejam conectadas umas as outras, eu acredito que a gente tem uma deficiência muito grande, tanto que a gente tem uma deficiência em promoção regional. Esse movimento que sempre foi puxado pelo município de Santa Maria de também promover os outros municípios e a região por vezes não é suficiente, a gente

precisaria de mais esforço para promover a região em conjunto. (Representante do Fórum Regional de Turismo).

Na visão de Albagli e Maciel “nessas interações locais, desenvolve-se um conhecimento coletivo, o qual é diferenciado e desigualmente distribuído, podendo ou não constituir importante fonte de dinamismo para aquele ambiente” (ALBAGLI; MACIEL, 2004, p. 11). Porém, esse conhecimento coletivo não é simplesmente a soma de conhecimento de indivíduos e organizações, mas sim é o resultado de sinergias geradas pelos vários tipos de interações, inclusive na sua interseção com a circulação globalizada de informação e conhecimento. Ou seja, é preciso que as informações sejam processadas para gerar conhecimento, que circule entre os atores e isso não foi identificado nas falas dos entrevistados, não há interações representativas explicitadas que façam com que as informações exerçam esse papel de coletividade.

Todavia, destacamos que um dos empresários das agroindústrias apontou a participação do mesmo em feiras e exposições promocionais como estratégia de divulgação, ele participa de uma rede de agroindústrias familiares, incorporada à marca “Sabor Gaúcho”, e, dessa forma, divulga o seu empreendimento no Estado do RS e em outros estados brasileiros, e, por conseguinte, divulga a região da Quarta Colônia. Tais ações espelham uma estratégia em rede, mesmo que sejam com outros pares do mesmo setor das agroindústrias de outros territórios, mas que já denota uma mudança de um trabalho individualizado para uma incipiente ação coletiva.

Quando questionados sobre as formas de divulgação de seus produtos e serviços, os informantes, na sua maioria, responderam que utilizam a estratégia do “boca a boca” como a forma mais expressiva, sendo que alguns utilizam a internet, rádio, jornal e propaganda na televisão.

Nossa maior divulgação é pessoalmente... O pessoal mesmo que vai... boca a boca. É o pessoal que vem e gosta e leva o cartãozinho e indica... A gente investiu muito pouco nesses anos todos em propaganda [...]. (Empresário BY).

[...] porque, assim, é, desde 1998, então a gente já fez um nome também. Então, vem muitos clientes que ligam, a gente participa de muitas feiras, né. A gente participa de feiras no Brasil [...] a gente faz todo sábado no projeto “esperança e cooesperança”, todo mês tem uma semana na 24 horas, em Santa Maria [...] a gente fez a Festa da Uva, nós estamos na Expo direto, em Não-me-Toque, na Expointer, nós temos a Senafra em Brasília [...] (Empresário CX).

Estamos planejando um site novo [...] A divulgação que eu faço hoje é muito pouca, é pelo facebook, [...] eu só lancei a data e o programa e não fiz mais nada, a caminhada por si só se vende, porque um passa pro outro [...] (Empresário DN).

Tem propaganda na TV, rádio, jornal, internet, front page, o boca a boca faz a grande diferença, é melhor que muito comercial por ai, comercial é caro e então a gente vai divulgando no corpo a corpo [...] (Empresário GT).

Nós começamos aqui, nosso comércio foi de boca em boca, nós não fizemos propaganda, não botamos em televisão, em nada. (Empresário IR).

Por enquanto somente no boca a boca. A logomarca, eu ganhei de uma vizinha nossa que tinha um conhecido que trabalha na parte de designer. Agora estou participando de um projeto da universidade e vão fazer toda identidade visual das agroindústrias, estou esperando isso para dar uma remodelada, fazer um rótulo mais profissional, placa de localização, dentre outras coisas necessárias. Na verdade, nem precisaria de folder, pois é um produto que se vende por si só. (Empresário JG).

Uso jornal todos os finais de semana, tenho no caderno mix todos os sábados, pois a edição é sábado e domingo, já usei rádio na temporada passada e cheguei a usar TV por assinatura, TV Santa Maria. (Empresário LO)

[...] a divulgação está acontecendo algo natural. Lá em 1994, 95, primeiro trabalho, também baseado junto com a UNIFRA, e a Cacism de Santa Maria [...] e com isso nós mostramos a Quarta Colônia em Porto Alegre, em Caxias do Sul. E agora com o avanço também da questão do turismo religioso, nós não precisamos fazer muita propaganda, surgiu muito ao natural. E a curiosidade de conhecer a Quarta Colônia, foi muito grande. [...] Então, isso é um trabalho que se faz conjunto. Entre os municípios, um município divulga o outro. Então, quando você quer saber o que é que tem lá no outro município [...] (Político A – São João do Polêsine).

Quanto à promoção do destino Quarta Colônia, a divulgação institucional/pública, o Político AF, de São João do Polêsine, faz referência às ações promocionais feitas desde o princípio da existência do CONDESUS, citando a divulgação em eventos promocionais na região metropolitana, em parceria com a UNIFRA e CACISM, estando, naquele momento, a Quarta Colônia integrada com a Câmara de Indústria e Comércio de Santa Maria e com o Centro Universitário Franciscano – UNIFRA em virtude do Fórum Regional de Turismo que sempre foi coordenado pelo Cursos de Turismo desta instituição de ensino superior, uma interação que envolve a microrregião e as instituições da cidade polo, Santa Maria.