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A Função de Risco no Grupo BES

No documento RELATÓRIO E CONTAS 2009 (páginas 87-91)

A Função de Gestão de Risco identifica, avalia, acompanha e controla todos os riscos materialmente relevantes a que cada instituição do Grupo BES se encontra sujeita, tanto interna como externamente, de modo a que os mesmos se mantenham controlados e, dessa forma, não afectem a situação financeira do Grupo BES. Contribui igualmente para os objectivos de criação de valor através do aperfeiçoamento de ferramentas de apoio à estruturação, pricing e decisão de operações, bem como do desenvolvimento de técnicas de avaliação de performance e de optimização da base de capital.

As competências da Função de Gestão de Risco são desempenhadas de forma independente face às restantes áreas funcionais do Grupo BES.

O controlo e a gestão eficiente dos riscos têm vindo a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento equilibrado e sustentado do Grupo BES. Para além de contribuírem para a optimização do binómio rendibilidade/risco das várias linhas de negócio asseguram, também, a manutenção de um perfil de risco conservador ao nível da solvabilidade, do provisionamento e da liquidez.

A definição do perfil de risco é efectuada ao nível do Grupo BES sendo responsabilidade da Comissão Executiva do Espirito Santo Investment assegurar o seu cumprimento e controle, garantindo que para tal o Banco detêm as competências e os recursos necessários à prossecução dos objectivos traçados.

A nível operacional as equipas de análise e controle de risco do Espírito Santo Investment trabalham de uma forma integrada e em consonância com o Departamento de Risco Global (“DRG”) do BES que centraliza a função de Risco do Grupo BES, quer ao nível da actividade doméstica, quer ao nível da actividade internacional, abrangendo os diversos tipos de risco: crédito, mercado, liquidez, taxa de juro, de balanço e operacional.

Dentro desse relacionamento a função de Gestão de Risco ao nível da banca de investimento assenta nos seguintes princípios básicos:

• Avaliação contínua e permanente do risco;

• Estabelecimento de limites de tolerância tendo em conta a Solvência e a maximização do binómio retorno/risco; • Análise, Quantificação, Controlo e Monitorização de risco por entidades independentes das áreas de negócio; • Utilização de diversas metodologias, nomeadamente ratings internos e externos, estes últimos fornecidos pelas

principais agências de rating internacionais, VaR e análises de sensibilidade e de posições;

• Análise das especificidades dos mercados onde as suas diversas unidades de negócio estão implantadas, bem como as características dos seus portfolios (negociação, investimento ou de detenção até à maturidade).

O controlo e supervisão de risco é efectuado pela Comissão Executiva do Espírito Santo Investment, que delega no Comité de Politicas de Risco e no Conselho de Crédito e Riscos (CCR) a definição das normas e procedimentos conducentes da actividade e a aprovação das operações, e no Comité de Activos e Passivos (ALCO) a definição e o acompanhamento das políticas de gestão de balanço e de liquidez.

Basileia II

O Grupo BES posicionou-se uma vez mais como líder de mercado ao assumir-se como o primeiro e único Grupo português a ser certificado pelo Banco de Portugal para utilizar o método das Notações Internas, sem estimativas próprias de perda dado o incumprimento e factores de conversão (método IRB Foundation), no cálculo de requisitos mínimos de fundos próprios para cobertura do risco de crédito. É de salientar que esta certificação foi realizada num contexto económico depressivo, facto que confirma a razoabilidade e o conservadorismo dos parâmetros usados. Durante 2009 o Grupo BES foi também certificado pelo Banco de Portugal para utilizar o método Standard (TSA) no cálculo de requisitos mínimos de fundos próprios para cobertura do risco operacional.

RELATÓRIO E CONTAS 2009

As referidas certificações foram obtidas em Abril de 2009, com referência a 31 de Março de 2009, inclusive.

O Grupo BES não só dispõe das melhores práticas internacionais relativamente à gestão de risco, como também tem implementado uma cultura sensível ao risco disseminada por toda a organização, que aplica as ferramentas na gestão diária do negócio.

Esta etapa de sucesso foi o culminar de um plano de investimento significativo levado a cabo pelo Grupo BES na melhoria dos seus modelos, processos e sistemas de gestão do risco.

A referida certificação para utilização do método IRB Foundation abrangeu para além do BES Sede e a Sucursal do BES em Londres também o Espirito Santo Investment.

A utilização deste método será alargado ainda a diversas entidades e portfolios do Grupo BES ao longo dos próximos anos através de um plano de Roll-Out em curso desde Junho de 2009 de modo a garantir que: i) serão atingidos níveis de cobertura de rating elevados (>95%) nos portfolios IRB, quer nas entidades já certificadas, quer nas entidades candidatas a certificação (incluídas no plano de Roll-Out), ii) serão realizados Use-Tests, comprovando a utilização das ferramentas de risco na originação, acompanhamento, pricing, provisionamento, reporte e gestão estratégica e iii) existirá uma validação e actualização contínua dos modelos de risco.

•ES Plc •SFE •BES NY •BES Cayman •ES Bank •Leasing (Corp) •BAC

•BES Espanha •BES Vénétie •BES Oriente •Factoring

Entidades a candidatar:

Datas de Referência da Candidatura

Junho 2009 Dezembro 2009 Maio 2010 Dezembro 2010 Junho 2011

• Criação de uma unidade de risco independente (DRG) • Implementação dos primeiros modelos de risco • Primeira implementação do modelo de RAROC Principais actividades • Melhoria das Metodologias de Gestão do Risco • Data Management e IT • Introdução de medidas de risco nas decisões de crédito Certificação pelo Banco de Portugal: • do Método IRB para Risco de Crédito • do Método TSA para Risco Operacional Projecto Basileia II Principais realizações • Desenvolvimento de Modelos Internos de aferição de risco • Criação da estrutura de Risco Operacional • Melhoria do Cálculo de Capital

• Alterações nas infra- estruturas IT • Alterações no processo de crédito, incluindo originação, pricing e monitorização Plano de Roll-Out 2000 2004 2008 Mar2009

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ICAAP – Internal Capital Adequacy Assessment Process

Para além da perspectiva regulamentar, o Grupo BES e neste caso particular o Espirito Santo Investment recorre também a uma visão económica dos seus riscos e dos recursos financeiros disponíveis (“Risk Taking Capacity” ou RTC) para o exercício de auto-avaliação da adequação de capital interno previsto no Pilar II de Basileia II e no Aviso 15/2007 do Banco de Portugal.

A visão económica dos riscos e da RTC é estimada quer numa perspectiva de continuidade de negócio, onde o Espirito Santo Investment pretende ter capacidade financeira para absorver perdas sem necessidade de alteração da sua estratégia de negócio, quer numa perspectiva de liquidação, através da qual se pretende salvaguardar a capacidade de reembolso da dívida sénior.

As duas ópticas de avaliação da adequação de capital utilizam diferentes níveis de confiança na estimação dos riscos e diferentes conceitos dos recursos financeiros disponíveis para fazer face a esses riscos, em linha com o apetite de risco definido ao nível do Espírito Santo Investment.

Para a quantificação dos riscos, foram desenvolvidos ao nível do Grupo BES vários modelos de capital económico que estimam a perda máxima potencial para o período de um ano com base num nível de confiança predefinido. Estes modelos abrangem os vários tipos de risco a que o Grupo BES está exposto, dos quais salientamos o risco de crédito, risco de mercado (carteira de trading e carteira bancária), risco imobiliário, risco do fundo de pensões, risco operacional, risco reputacional, risco liquidez e risco de estratégia e de negócio.

O cálculo dos requisitos de capital económico para os últimos três riscos é efectuado através de testes de esforço (Stress-Tests).

O valor dos requisitos de capital económico de cada risco é agregado tendo em conta os efeitos de diversificação inter-riscos. Paralelamente ao cálculo dos requisitos de capital económico, são efectuados testes de esforço aos principais factores de risco para identificar eventuais fragilidades ou riscos não capturados pelos modelos internos. A análise da adequação de capital no final de cada ano é complementada com a evolução prevista para os requisitos de capital (riscos) e os recursos financeiros disponíveis para o prazo de 3 anos, quer no cenário base do planeamento, quer num cenário de agravamento adicional da conjuntura macroeconómica.

Solvabilidade

Em 31 de Dezembro de 2009 o rácio Tier I atingiu 9%, (acima dos mínimos exigidos pelo Banco de Portugal), o que reflecte o reforço dos níveis de solvabilidade do Espirito Santo Investment em consequência do aumento de capital concretizado em finais de Junho no montante de 110 milhões de euros.

Milhares de Euros

2008 2009

Variáveis Basileia II Basileia II

Standard (IRB)

Activos de risco equivalente A 3.944.710 4.840.081

Banking Book 3.115.841 3.564.310

Trading Book 499.220 914.790

Risco de liquidação - 204

Risco operacional 329.649 360.777

Fundos Próprios Totais B 325.586 527.543

Fundos Próprios de base C 255.686 435.716

Fundos Próprios Complementares e Deduções 69.900 91.827

Rácio de Solvabilidade B/A 8,3% 10,9%

Activos de Risco e Capitais Elegíveis

(Banco de Portugal)

RELATÓRIO E CONTAS 2009

Fundos Próprios

Os fundos próprios de base registaram um acréscimo de 180 milhões de euros atingindo 435,7 milhões de euros em 31 de Dezembro de 2009, a que corresponde a um crescimento de cerca de 70%. Neste aumento, assume particular relevância o aumento de capital que permitiu um encaixe de 110 milhões de euros, bem como a política de auto financiamento pela via da retenção de parte dos resultados e, ainda, a recuperação nas reservas de reavaliação.

Por outro lado, os fundos próprios complementares aumentaram em cerca de 21,9 milhões de euros, essencialmente devido à redução das deduções a esta componente (Tier II) por alienação de participação detida pelo Banco numa entidade financeira sedeada no estrangeiro.

Activos Ponderados pelo Risco

Em 31 de Dezembro de 2009, os Activos Ponderados pelo Risco atingiram 4.840,1 milhões de euros, sendo 3.564,3 milhões de euros (74% do total) provenientes do Risco de Crédito e Contraparte, 914,8 milhões de euros de Risco de Mercado e 360,8 milhões de Risco Operacional.

Risco de Crédito e Contraparte

Como referido anteriormente, o Espirito Santo Investment utiliza a abordagem baseada no Método das Notações internas (Internal Ratings Based - IRB) para tratamento das exposições sujeitas a risco de crédito, em conformidade com as regras dispostas no Anexo IV do Aviso do Banco de Portugal n.º 5/2007.

Milhares de Euros

Activos Ponderados Ponderador

pelo Risco de Risco

Instituições 401.552 22% Empresas 2.705.508 75% Carteira de retalho 2.039 73% Acções 165.438 7% Outros 289.773 62% Total 3.564.310 41%

Por class e de risco

Activos ponderados pelo risco

Fonte: Espírito Santo Investment

No que diz respeito à decomposição dos Activos Ponderados pelo Risco por classes de risco destaca-se o segmento de Empresas que contribui em 75% do total dos activos ponderados pelo risco, em linha com a preponderância que este segmento representa na actividade desenvolvida pelo Espirito Santo Investment bem como pelo Grupo BES.

Risco de Mercado

Os requisitos de capital de Risco de Mercado são calculados com base no método padrão

A 31 de Dezembro de 2009, os requisitos em termos de Activos Ponderados pelo Risco ascenderam a 914,8 milhões de euros sendo o Risco de Taxa de Juro/Instrumentos de Dívida (risco geral e específico) e Risco Cambial os principais contribuintes.

- 85 - Milhares de Euros 2008 2009 Variação Instrumentos de Divida Risco Específico 42.117 200.386 158.269 Risco Geral 325.807 484.807 159.000 Títulos de Capital Risco Específico 9.864 33.813 23.949 Risco Geral 23.025 25.800 2.775 Risco Cambial 98.407 169.984 71.577 Total 499.220 914.790 415.570

Variação Anual dos Activos Ponderados pelo Risco

Fonte: Espírito Santo Investment

O aumento anual dos requisitos deveu-se essencialmente à variação verificada nos Instrumentos de Divida, e mais especificamente pelo aumento nas carteiras de Obrigações e Derivados.

No documento RELATÓRIO E CONTAS 2009 (páginas 87-91)