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MERCADO DE CAPITAIS – RENDA VARIÁVEL

No documento RELATÓRIO E CONTAS 2009 (páginas 49-55)

Enquadramento de Mercado

Após um princípio de ano pouco animador, o ano de 2009 acabou por ficar marcado por uma forte recuperação dos mercados a partir de 9 de Março (data em que a generalidade dos mercados atingiram mínimos). As medidas expansionistas implementadas pelos bancos centrais com forte injecção de liquidez no sistema, o aumento da confiança dos investidores, com os mercados de trabalho e imobiliário a darem sinais de estabilização, a continuação da melhoria do mercado de crédito, e os resultados das empresas melhores que o esperado, traduziram-se num maior afluxo de capital para o mercado accionista e na subida dos principais índices.

Em temos de valorização anual, muitos foram os índices que atingiram níveis máximos. O PSI20 registou o maior ganho dos últimos 12 anos e os mercados europeus tiveram a melhor performance anual da última década. O mercado brasileiro teve um desempenho notável, com o índice Bovespa a registar uma valorização superior a 80% em 2009, constituindo um dos melhores desempenhos a nível mundial.

Performance dos principais Índices Bolsistas em 2009

18,8% 19,0% 21,1% 22,1% 22,3% 23,5% 23,8% 29,8% 33,5% 33,5% 43,9% 82,7% Dow Jones Nikkei DJ EuroStoxx 50 FTSE 100 CAC 40 S&P 500 DAX IBEX 35 WIG 20 PSI20 Nasdaq Bovespa

Fonte: Bloomberg (valorização em moeda local)

Em termos de mercado primário, registou-se um montante de ofertas de acções e equity linked a nível global de aproximadamente USD 858 mil milhões, o que representou um crescimento de 36% face ao período homólogo do ano anterior, num ano dominado por operações de aumento de capital, que representaram mais de dois terços do volume, com um grande peso de empresas do sector financeiro. A actividade global de IPOs totalizou USD 114 mil milhões, o que representou um acréscimo de 20% face a 2008.

A tendência na região EMEA (Europe, Middle East & Africa) no que se refere aos aumentos de capital foi semelhante à verificada a nível global, atingindo um montante de USD 139,2 mil milhões, um dos valores mais elevados de que há memória. Já no que se refere a operações de IPO, o montante registado foi o mais baixo desde 2003, esperando-se num entanto um incremento significativo deste tipo de operações em 2010. Já as emissões de convertíveis mais do que duplicaram em 2009 face ao ano anterior.

No Brasil, verificou-se uma reabertura do mercado de renda variável através da realização de diversas ofertas de acções, algumas das quais de grande dimensão, como o IPO da Visanet e o IPO do Banco Santander (Brasil), duas das maiores ofertas do ano a nível mundial.

RELATÓRIO E CONTAS 2009

Mercado Primário – Renda Variável

Península Ibérica

Em Portugal, a actividade de mercado primário de acções em 2009 limitou-se a operações de aumento de capital. De entre as operações realizadas destacou-se o aumento de capital do Banco Espírito Santo, no montante de EUR 1.200 milhões. O Espírito Santo Investment actuou como Coordenador Global e Bookrunner nesta operação, que foi concluída com grande sucesso.

Em termos de Ofertas Públicas de Aquisição, o Banco liderou as OPAs lançadas pela Ongoing Media sobre a Media Capital e pela Companhia Siderúrgica Nacional sobre a CIMPOR.

Em Espanha, as ofertas de acções mais relevantes foram igualmente operações de aumento de capital, destacando-se a actuação do Espírito Santo Investment como Sole Placing Agent do Aumento de Capital da Dinamia, no montante de EUR 39,9 milhões.

Brasil

O ano de 2009 foi marcado pela recuperação da economia brasileira, que ocorreu de forma mais acentuada a partir do segundo semestre, apesar da crise financeira internacional. Este desempenho teve um reflexo directo no comportamento do mercado, verificando-se uma valorização de 82,7% do Índice Bovespa, a estabilização da moeda em patamares semelhantes ao praticados até Setembro de 2008, e a estabilização das taxas de juros de curto prazo em patamares historicamente baixos de 8,75% a.a.

O mercado de capitais primário brasileiro voltou a mostrar um grande dinamismo, com a recuperação do mercado accionista para patamares de preço pré-crise a reactivar o apetite dos investidores por novos títulos. O mercado absorveu BRL 45,75 mil milhões em novas acções, com 32 transacções entre IPOs e operações de Follow-on. Apesar deste montante ser superior em cerca de 30% ao realizado em 2008, apenas cinco novas empresas entraram no mercado, verificando-se uma forte concentração num reduzido número de transacções de elevado montante, de que é exemplo a emissão de novas acções do Banco Santander (Brasil), no valor de BRL 14,1 mil milhões.

O Espírito Santo Investment participou como Co-Manager nos IPOs de acções ordinárias e preferenciais do Banco Santander (Brasil), e de acções ordinárias da Visanet, no valor de BRL 8,4 mil milhões. Adicionalmente, o Banco actuou como Co-Manager nas operações de Follow-on de acções ordinárias da CCR do Brasil (BRL 1,26 mil milhões) e da EDP do Brasil (BRL 441 milhões). Estes números demonstram a forte participação do Banco nas operações de Mercado de Capitais brasileiro, estando presente nos negócios mais expressivos do mercado, que representaram 53% do volume de acções distribuídas.

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Mercado Secundário – Renda Variável

Península Ibérica

Apesar da forte recuperação dos mercados durante o ano de 2009 e do excelente desempenho dos índices português e espanhol no contexto europeu, os volumes de transacção no mercado ibérico mantiveram-se muito inferiores aos verificados no período homólogo, tanto na Bolsa de Lisboa (Euronext Lisbon) como na Bolsa de Madrid. Embora esta quebra nos volumes se tenha atenuado ao longo do ano, os volumes transaccionados em 2009 reflectiram quedas de 43% no mercado português e 28% no mercado espanhol, traduzindo-se numa quebra de 29% a nível ibérico.

Os volumes intermediados pelo Espírito Santo Investment apresentaram reduções muito inferiores à do mercado: 3% a nível ibérico, 1% na Bolsa espanhola e 22% na Bolsa portuguesa, reflectindo-se no incremento da quota de mercado do Banco em ambos os mercados.

O Banco viu a sua posição de liderança em Portugal reforçada com o aumento da sua quota de mercado de 11,7% em 2008 para 15,9% em 2009, e alcançou a 3ª posição no ranking das corretoras em Espanha, com uma quota de mercado de 7,6% (5,6% em 2008). É de realçar que nos primeiros 10 operadores da Bolsa de Madrid estão incluídos os principais bancos espanhóis e alguns dos grandes bancos globais, e que a Euronext Lisbon conta com mais de 60 operadores, muitos dos quais estrangeiros de grande projecção internacional.

A aposta num serviço de qualidade, diferenciado e, sobretudo, a diversificação da base de Clientes revelaram-se particularmente importantes numa conjuntura de mercado mais desfavorável. Em 2009, o Banco continuou a investir na melhoria de serviço nas áreas de vendas e research, intensificou a actividade comercial junto de Clientes particulares e iniciou a distribuição do produto de “Equities Ibérico” nos Estados Unidos da América através da sucursal em Nova Iorque da E.S. Financial Services, Inc.

Por último, importa destacar o forte desenvolvimento da actividade de DMA (Direct Market Access), que se tem revelado de grande importância na actual conjuntura dos mercados.

Ranking Euronext Lisbon 2009 Ranking Bolsa de Madrid 2009

Ranking Broker Quota

1 Banco Espírito Santo de Investimento 15,9%

2 Banco Português de Investimento 7,9% 3 Banco Millennium BCP 7,8% 4 Credit Suisse Securities 6,1% 5 Caixa - Banco de Investimento 4,5%

6 Morgan Stanley 4,4%

7 UBS Limited 4,2%

8 Goldman Sachs 3,4%

9 Merril Lynch 3,3%

10 Banco Santander Negócios Portugal 3,1% Fonte: Euronext Lisbon.

Ranking Broker Quota

1 Banco Bilbao Vizcaya Argentaria 14,9% 2 Santander Investment Bolsa 8,3%

3 Banco Espírito Santo de Investimento 7,6%

4 Société Générale Suc. España 7,2% 5 Ahorro Corp.Financiera 6,3%

6 Morgan Stanley 4,0%

7 Non Disclosed Broker 3,8%

8 Merrill Lynch 3,8%

9 Credit Suisse Securities 3,5%

10 Deutsche Securities 3,5%

RELATÓRIO E CONTAS 2009

Brasil

Os volumes transaccionados no mercado brasileiro acompanharam a tendência de recuperação e o fluxo de investimento estrangeiro no mercado accionista brasileiro atingiu o montante de BRL 20.6bn no ano.

O Espírito Santo Investment, através da sua participada BES Securities, subiu 12 posições lugares no ranking Bovespa em 2009, alcançando a 30ª posição no final do ano. O volume médio diário intermediado pela BES Securities atingiu BRL 100 milhões, um aumento de 400% face a 2008, resultante do desenvolvimento das novas áreas de negócio DMA e Clubes de Investimento constituídas durante 2008.

Em 2010, o mercado accionista brasileiro deverá apresentar uma valorização, embora mais moderada do que a verificada em 2009, suportada pela evolução positiva dos resultados das empresas e por um crescimento do PIB previsto de cerca de 5%.

Polónia

O ano de 2009 foi de crescimento da actividade de corretagem do Espírito Santo Investment na Polónia, tendo os volumes intermediados pelo Banco aumentado de forma significativa. O Banco continuou a alargar a sua base de Clientes, afirmando-se como um dos principais interlocutores de Clientes institucionais internacionais e intensificando a sua actividade juntos dos principais Clientes institucionais domésticos.

A segunda metade de 2009 ficou marcada pelo ressurgimento da actividade de mercado de capitais primário, com a concretização de operações de dimensão relevante com origem no programa de privatizações do Estado polaco. Esta dinâmica, que seguramente se irá acentuar durante o ano de 2010, demonstra o bom momento da economia polaca e reforça a aposta estratégica do Espírito Santo Investment na Polónia e na Europa Central e de Leste.

Gestão de Activos

Portugal

O ano de 2009 acabou por se revelar um excelente ano para a actividade de Gestão de Activos do Espírito Santo Investment em Portugal. Março marcou o momento de viragem: de um clima de profundo pessimismo que vigorava e se vinha aprofundando desde o final de 2007 acabou por nascer uma das mais fortes recuperações dos mercados accionistas desde os anos 30.

Depois de em 2008 ter conseguido proteger de forma bastante eficaz os patrimónios em gestão, o bom aproveitamento deste movimento de recuperação permitiu ao Banco atingir, a vários níveis, um desempenho muito positivo em 2009:

Ao nível dos Activos sob Gestão, que registaram um crescimento de 42%, acabando o ano nos EUR 260

milhões. Este movimento reflectiu, como se tinha anteriormente antecipado, um reconhecimento pelo bom desempenho relativo de 2008, agora premiado num ambiente de menor risco contextual;

Ao nível da performance das carteiras dos Clientes, que terminaram o ano com uma valorização efectiva de 16,7%. De realçar dois aspectos nesta performance: por um lado esta constitui a melhor performance anual desde o início da nossa actividade em 2002; e por outro lado, e como consequência, foi suficiente para anular todos os prejuízos infligidos pela crise e assim colocar os patrimónios geridos no seu melhor nível de sempre, em termos de rendibilidade;

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Mereceram ainda particular destaque na actividade de Gestão de Activos em 2009:

A continuação da excelente colaboração com as redes comerciais do Grupo BES, concretamente com o Private

Banking do Banco Espírito Santo e com o Banco BEST;

A constituição do fundo de investimento ES Trading Fund pela ESAF, em Agosto, do qual o Banco é advisor. O arranque da distribuição deste Fundo permitiu angariar clientes em Espanha e na Suíça e EUR 20 milhões de activosem 2009.

Depois de atingidos os objectivos de crescimento assumidos para 2009, o Banco volta a definir metas ambiciosas para esta área de negócio em 2010. Tendo como objectivo central a internacionalização da actividade de gestão de activos, o Banco procurará também aprofundar a penetração no segmento de clientes institucionais sem descurar naturalmente as excelentes relações existentes com as redes comerciais do Grupo BES em Portugal.

Brasil

A actividade de Gestão de Activos do Espírito Santo Investment no Brasil, desenvolvida através da subsidiária BESAF - BES Activos Financeiros, ficou marcada por dois aspectos relevantes em 2009:

Reestruturação da sociedade, com a alteração nos processos operacionais, nas metodologias e na tecnologia, ao nível das áreas de Investimentos, Comercial e Middle-Office, tendo como objectivo reposicionar a BESAF para um modelo de negócio fundamentado na relação com clientes distribuidores;

Retoma da actividade comercial dentro dos novos parâmetros de actuação, com o objectivo de recuperar os

volumes de Activos sob Gestão, muito penalizados em 2008. Neste processo, a BESAF multiplicou as iniciativas junto de distribuidores de activos e alargou a base de distribuidores potenciais, tendo desenvolvido ainda um conjunto de acções para captação directa de clientes corporate, institucionais e top private.

No âmbito da estratégia mencionada, a BESAF promoveu ainda uma reestruturação na oferta de fundos abertos, assim como uma revisão no pricing praticado nos segmentos de fundos exclusivos e de fundos abertos.

A BESAF terminou 2009 com 30 fundos de investimento e BRL 821,5 milhões de Activos sob Gestão, um acréscimo de BRL 378 milhões (+85,1%) face a 2008. O segmento de fundos exclusivos concentra 64% dos activos sob gestão, estando os restantes 36% em fundos abertos.

Durante 2009, foram constituídos / incorporados 18 fundos novos (15 exclusivos e 3 abertos), foram descontinuados 4 fundos abertos por fusão e extinto 1 fundo aberto off-shore.

Para 2010, é expectável que se assista a um crescimento mais significativo da produção na indústria de Asset

Management brasileira (crescimento estimado de 2009 inferior a 10%). O elevado ritmo de crescimento da economia

e taxas de juro mais baixas dos que as registadas historicamente potenciam uma retoma mais forte da produção, nomeadamente de produtos de maior valor acrescentado, como sejam os fundos multimercado e de acções.

Os objectivos estratégicos da BESAF para 2010 incluem:

Continuar a aumentar de forma significativa o valor dos Activos sob Gestão;

Aprofundar a relação com a base de distribuidores no mercado local, permitindo aumentar o número de

comercializadores activos;

Aumentar a quota de produtos BESAF na força de distribuição do Grupo BES no Brasil, nomeadamente pelo

reforço do envolvimento com a unidade de wealth management;

Aprofundar os objectivos de comercialização de “produto asset Brasil” junto das redes comerciais do Grupo Espírito Santo com dimensão crítica, nomeadamente em Portugal, Espanha e Suíça.

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No documento RELATÓRIO E CONTAS 2009 (páginas 49-55)