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A Gestão Democrática e a Educação Profissional no Documento Base do

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3. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

3.2. A Educação Profissional e as LDB's

3.2.4. A Gestão Democrática e a Educação Profissional no Documento Base do

Após analisarmos a trajetória da educação profissional no Brasil, focalizando a rede federal e a legislação nacional, em especial a LDB e o PNE, julgamos importante nos debruçar sobre o que o Plano Estadual de Educação do Rio de Janeiro aborda sobre a educação profissional sobre a gestão democrática, tendo em vista que focalizamos neste trabalho uma instituição estadual de educação profissional.

Em 18 de dezembro de 2009, o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral sancionou Plano Estadual de Educação (PEE), por meio da Lei nº 5.597 de 18 de dezembro de 2009, onde apresenta diretrizes para a Educação Básica, Profissional, Superior, Formação e Valorização dos Profissionais da Educação, Financiamento da Educação e um acompanhamento do PEE (RIO DE JANEIRO, 2009). Além disso, o plano apresenta temas específicos como a educação especial, educação indígena e funcionamento da educação dentro de sistemas prisionais. O PNE determina que

os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou adequar os planos já

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aprovados em lei, em consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo de 1(um) ano contado da publicação da referida Lei. (BRASIL, 2014)

Para que o PEE atenda às recomendações do PNE, o governador do Rio de Janeiro, por meio de um Comissão Técnica iniciou em 2014 os procedimentos para a adequação do antigo plano e em 2015, a Secretaria de Estado de Educação, juntamente com a assessoria da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino SASE/MEC, apresentou uma minuta Documento Base do PEE/RJ.

Com relação à gestão democrática, a minuta do PEE apresenta 12 estratégias acerca desta questão, dentre as quais destacamos as seguintes:

19.6 Estimular a implementação e efetivação da gestão democrática, manutenção e melhoria das condições de funcionamento das escolas, estimulando a participação da comunidade escolar por meio das Associações de Apoio à Escola, Conselhos Escolares e Grêmios Estudantis.

19.9 Implementar ações que garantam a elaboração do PPP e do PA com a participação da comunidade escolar, com objetivos e metas que tenham por base diagnósticos e dados estatísticos oficiais.

19.10 Favorecer processos de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino. (RIO DE JANEIRO, 2015

Podemos observar que a minuta do documento base do PEE propõe importantes ações que consideramos como princípios e indicadores da gestão democrática, como: implantação de conselhos escolares, autonomia pedagógica e administrativa, participação da comunidade escolar na elaboração do PPP entre outros.

A minuta do documento base do PEE incorporou os princípios da gestão democrática, entretanto, a Resolução nº 5.109 de 30 de maio de 2014 da Secretaria de Estado de Educação, considera,entre outras coisas, o conselho escolar como órgão consultivo, ou seja, o conselho escolar não delibera, não possui, de fato, poder de decisão. Isso pode ser verificado no artigo 2 da referida resolução, "o Conselho Escolar é um órgão colegiado com funções consultiva, propositiva, mobilizadora e fiscalizadora no âmbito da Gestão Escolar" (RIO DE JANEIRO, 2014).Cabe destacar que o fato da função deliberativa não estar contemplada nessa legislação nos fornece um elemento importante sobre a interpretação que o Governo e a Secretaria Estadual de Educação realizam sobre a concepção de ‘gestão democrática’ e o papel dos órgãos colegiados no âmbito escolar.

Com relação à educação profissional, a meta 11 do PNE discorre sobre a educação profissional e fala em "triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos cinquenta por cento da expansão no segmento público"e apresenta14 estratégias para alcançar esta meta. Destacamos a estratégia "11.2: Fomentar a expansão da oferta de educação profissional técnica de nível médio nas redes públicas estaduais de ensino". Esta estratégia aponta para a necessidade de um maior investimento para a educação profissional nos estados.Isso mostra que os Estados têm uma grande tarefa e responsabilidade perante ao PNE e devem garantir a expansão da educação profissional em suas localidades.

43 Em consonância com o PNE, o PEE diz que irá "ampliar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e da expansão no segmento público, em pelo menos 50% (cinquenta por cento), respeitando os arranjos produtivos locais" (RIO DE JANEIRO, 2014). Podemos observar que o PEE fala em ampliar e não em triplicar como é determinado no PNE e não defina o quanto será ampliado. Observamos também que o PEE não explica sua concepção de ‘respeitando os arranjos produtivos locais’, isto é, o PEE não explicita oque significa essa expressão.

A seguir apresentamos três das 19 estratégias do PEE para atender a meta que discute a educação profissional no estado.

11.12 Priorizar a contração de professores, através de concurso público para a educação profissional técnica em nível médio na Rede Estadual de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, garantindo formação continuada aos docentes que atendem este segmento;

11.13 Elaborar, a partir da publicação deste Plano, uma política de contratos temporários para profissionais de educação de formação inicial e continuada ou qualificação profissional para atender demandas temporárias das diferentes regiões do estado, definindo a forma legal e operacional do processo de seleção para fins de contratação

11.19 Assegurar, a partir da publicação deste Plano, uma política estadual de educação Profissional contínua e vinculada a uma política de geração de emprego e renda, como estratégia ao desenvolvimento sustentável do estado do Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2014). Percebemos que a estratégia 11.12 discorre sobre dar prioridade à contratação de professores por meio de concurso público, entretanto, a estratégia 11.13 propõe uma política de contratos temporários para profissionais de educação, mas não define quais categorias serão contempladas e ao mesmo tempo, caminha na contramão da estratégia 11.12, abrindo brechas para o seu descumprimento.

A estratégia 11.19 explicita que a educação profissional será garantida por uma política de geração de emprego e renda para alcançar o desenvolvimento do estado, mas não define como isso ocorrerá. Podemos inferir que na minuta do documento base do PEE do Estado do Rio de Janeiro podemos ver que algumas conquistas foram efetuadas, garantindo avanços, mas persistem muitas indefinições sobre o real significado de algumas metas e abundam contradições. Entretanto, como este é um processo que ainda está em construção, acreditamos que a participação dos movimentos sociais, especificamente de professores e estudantes, aliados aos demais movimentos sociais do campo educacional, podem produzir um resultado exitoso no que tange a garantir os direitos constitucionais a educação básica e a educação profissional, assegurados pela LDB e o atual Plano Nacional de Educação.

3.2.5. A relação entre a educação profissional e tecnológica das redes

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