• Nenhum resultado encontrado

A LDBEN de 1961 e o Plano Nacional de Educação

No documento Download/Open (páginas 45-48)

3. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

3.2. A Educação Profissional e as LDB's

3.2.1. A LDBEN de 1961 e o Plano Nacional de Educação

Conforme determinava a Constituição de 1946, a partir de 1948 começam os trabalhos para se elaborara primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A

33 elaboração dessa lei foi bastante conturbada, com disputas acirradas entre os ideais democráticos e os conservadores, de um lado as forças conservadoras do antigo regime aliadas aos educadores católicos e aos donos de escolas particulares e do outro, as propostas dos liberais democráticos. As discussões, assim como a longa e acidentada tramitação do projeto de lei, refletia o conflito ideológico instaurado na política brasileira na década de 1950. A escola pública e seus ideias democratizantes e republicanos era severamente atacada pelos representantes dos ideais conservadores e interesses privatistas. Segundo Soares (2003), em 1959, formou um movimento chamado de Campanha em Defesa da Escola Pública, representado por lideres do movimento dos pioneiros, intelectuais, estudantes e lideres sindicais.

Somente em 1961, após 13 anos de longa e tumultuada tramitação, foi promulgada a Lei nº 4.024, primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), bastante defasada em relação as demandas de um Brasil que mudara significativamente nesse período. Conforme destaca Valle (2015), foi por meio dessa lei que foi instituído o Conselho Federal de Educação (CFE), no qual foram estabelecidos os sistemas estaduais de ensino que, por meio deste, foi possível a criação dos Conselhos Estaduais de Educação (CEE's).

Apesar da campanha em defesa da escola pública, a LDB de 1961 representa a vitória do setor privado sobre os movimentos dos educadores que, sem muito sucesso,

"tentaram, desde o Manifesto de 32, passando pela Campanha em Defesa da Escola Pública e pelo Manifesto dos Educadores de 1959, instituir uma política educacional que privilegiasse a educação pública, laica e democrática" (SOARES, 2003, p. 62).

Apesar disso, a LDB de 1961 traz uma conquista para o ensino técnico industrial, pois garante o direito a equivalência aos demais cursos secundários, possibilitando, inclusive, ingressar em qualquer curso do ensino superior, e não apenas os anteriormente permitidos.

Em 12 de março de 1953, a Lei nº 1.821, conhecida como a Lei da

Equivalência , regulamentada através do Decreto nº 34.330 de 21 de

outubro de 1953, ampliou as medidas estabelecidas pela Lei anterior, permitindo aos concluintes dos cursos técnicos (agrícola, industrial e comercial), a possibilidade de continuar estudos acadêmicos nos níveis superiores, relacionados com a habilitação técnica obtida, e desde que, além das exigências comuns dos exames vestibulares, prestassem exames de adaptação das disciplinas não estudadas naqueles cursos (ou seja, as disciplinas do secundário). (SOARES, 2003, p. 54)

Podemos observar que por meio da equivalência, o acesso ao ensino superior era apresentado como uma pseudo democratização do ensino, pois ela não acontecia de forma efetiva, conforme destaca Soares (2003), as dificuldades de acesso ao ensino superior por parte dos ex-alunos de cursos profissionalizantes, eram impostas pela própria legislação e que, na maioria dos casos, esse mecanismo não chegou a ser incorporado na prática escolar e, ainda, a equivalência não conseguiu romper com o caráter dualista do sistema educacional do Brasil.

Ainda em 1961, cumprindo as recomendações da LDB deste mesmo ano, foi elaborado o primeiro Plano Nacional de Educação (PNE), que procurou traçar metas e estabelecer normas para aplicação dos recursos referentes aos Fundos do Ensino Primário, do Ensino Médio e do Ensino Superior,para um período de 10 anos(BRASIL,

34 2016). O atraso de três décadas na elaboração da LDB e do PNE, previstos desde a Constituição de 1934, e apenas aprovados em 1961,a par dos reverses políticos, demonstra a dificuldade do campo educacional chegar a um consenso sobre as questões referentes a educação brasileira. Com o advento do Golpe Militar em 1964, e da instauração de uma ditadura no pais, tanto a LDB quanto o PNE não foram efetivamente implantados.

A ideia de Plano Nacional de Educação surgiu com o chamado movimento da escola nova, defendido pelos chamados pioneiros da educação, nos anos de 1920 – 1930. Estes profissionais da educação denunciavam a falta de organização do ensino e clamavam por diretrizes para a educação nacional no famoso Manifesto dos Pioneiros (1932), numa busca por influenciar o Governo Vargas na direção da construção de uma sistema nacional de educação. Mais especificamente, foi no Artigo 150 da Constituição Federal de 1934 que encontramos a primeira referência do PNE. Listamos abaixo alguns itens que consideramos importantes destacar acerca do referido artigo da Constituição, não efetivados, visto que a mesma foi revogada em 1937. (BRASIL, 1934).

 Fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do país;

 Determinar as condições de reconhecimento oficial dos estabelecimentos de ensino secundário e complementar deste e dos institutos de ensino superior, exercendo sobre eles a necessária fiscalização;

 Organizar e manter, nos Territórios, sistemas educativos apropriados aos mesmos.

A instauração do Regime Militar, em 1964, que impõem uma clara mudança de orientação na política educacional, com a não aplicação da LDB e do PNE aprovados, é um marco na progressiva diminuição da qualidade da educação no momento em que se ampliavam as demandas por maior acesso a escolarização no pais, em um cenário de acelerada urbanização e industrialização.

A partir da década de 1960, mais especificamente, em 1964 a formação profissional passa a assumir um importante papel dentro do sistema capitalista. O golpe militar de 1964, passa a adotar uma nova lógica de administração pública ligada a racionalidade militar e a ligação entre a educação e o mercado de trabalho, ou seja, o crescimento da economia e a expectativa do desenvolvimento industrial exigiam uma demanda de trabalhadores qualificados, especialmente em nível técnico. Um exemplo disso, foi o Fórum organizado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), em 1968, no Rio de Janeiro, intitulado “A educação que nos convém”, que objetivou dar apoio ao regime militar e, ainda, participar diretamente da busca por soluções referentes à crise da educação brasileira como: a) métodos da educação brasileira; b) estrutura do sistema educacional; c) educação e desenvolvimento econômico; d) questões relacionadas com a universidade, seu financiamento e sua vinculação com as empresas.

Neste período, a atuação do Estado foi no sentido de ser o detentor do saber e do poder, não existia a participação da sociedade civil, atendia, prioritariamente, aos interesses dos setores produtivos. O maior interesse do Estado naquele período foi usar um discurso de aumento da oferta de trabalho, contribuindo para o progresso da nação, disfarçando seus reais objetivos que eram o controle das tensões sociais.

35 A necessidade de reformular a educação básica, para atender aos interesses do mercado e do Estado brasileiro em tempos de restrição da democracia, no regime militar, foi promulgada, em 1971, a Lei 5.692, que dava um novo formato ao ensino de primeiro e segundo graus.

No documento Download/Open (páginas 45-48)