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A relação entre a educação profissional e tecnológica das redes federal e

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3. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

3.2. A Educação Profissional e as LDB's

3.2.5. A relação entre a educação profissional e tecnológica das redes federal e

Sabemos que apesar de algumas iniciativas anteriores, a educação profissional no Brasil começa a ser pensada de forma orgânica com a Proclamação da República. De acordo com Kunze (2009, p. 11), a organização de um sistema educacional no Brasil‘estava inserida no rol das soluções viáveis ao encaminhamento da expansão e

44 modernização do país’, condizentes com as ‘ideias de governabilidade democrática, descentralização política, industrialização e outras’, do novo regime republicano. Segundo Soares (2003), neste período a ideia de profissionalização passa a fazer parte das discussões, mas foi o ano de 1909 que marcou o início do ensino técnico profissional no país, com a criação das Escolas Aprendizes e Artífices (EAA’s), por meio do decreto nº 7.566, de 23 de setembro. Kunze (2009, p. 15-16), destaca que:

De um jeito ou de outro, para a administração federal, a educação daquela “gente” era considerada um dos caminhos propícios para se promover o progresso do país, enquanto expressão do crescimento ordenado da vida urbana, sem “vadiagem” ou proliferação de idéias contrárias ao novo regime. Um progresso voltado à constituição da força de trabalho, ao desenvolvimento do trabalho, ao controle técnico cada vez maior sobre o processo produtivo e sobre a natureza, à intensificação das transações comerciais financeiras, entre outros. Neste sentido, a criação daquelas escolas estaria corroborando para tal propósito.

Sem contradizer as análises críticas que hoje fazemos à evidente dualidade da legislação que criou as primeiras instituições federais de educação profissional, deve-se reconhecer que, no contexto da época:

A criação das Escolas de Aprendizes Artífices e do ensino agrícola evidenciou um grande passo ao redirecionamento da educação profissional no país, pois ampliou o seu horizonte de atuação para atender necessidades emergentes dos empreendimentos nos campos da agricultura e da indústria. (MOURA, 2007, p. 11)

Com esse entendimento, era de responsabilidade da união a criação da rede de escolas e, ainda, instalá-las em edifícios próprios disponíveis nos estados ou em outros cedidos pelos governos locais no caso de não possuí-los. A concretização do projeto de educação profissional do governo federal foi tratada como assunto de prioridade nacional pelos governos estaduais, conforme destaca Kunze (2009, p. 18):

Tal agilização na instalação das escolas em tempo recorde demonstrou que a concretização do projeto de educação profissional do governo federal foi tratada como assunto de prioridade nacional pelos governos estaduais.

Enfim, a autora afirma que a instalação dessa rede federal de ensino profissional e tecnológico foi o marco inicial do processo de escolarização do ensino profissional no regime republicano e significou a efetivação da primeira política nacional dessa modalidade de ensino do mesmo regime de governo.

Vimos que ao longo do século XX, a rede federal de educação profissional foi lenta e progressivamente se expandindo, nos estados da federação, a partir da sua matriz inicial – as primeiras escolas de aprendizes. Quase 100 anos depois, um amplo processo de expansão marcou a comemoração do centenário da rede federal de educação profissional, quando em 29 de dezembro de 2008, 31 Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET's), 75 unidades descentralizadas de ensino (UNED's), 39 escolas agrotécnicas, 07 escolas técnicas federais e 08 escolas vinculadas a universidades deixaram de existir para formar os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. A rede federal de educação profissional e tecnológica faz para da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), conforme o Art. 13 do Decreto nº 7.690, de 2 de março de 2012. Atualmente são 38 Institutos Federais presentes em todos estados, oferecendo cursos de qualificação, ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas.

45 No caso da rede de educação profissional do Estado do Rio de Janeiro, é importante destacar que desde sua criação em 1997 teve como referência a rede de educação profissional tecnológica federal, a qual possui os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, oferecendo formação com a Educação de Jovens e Adultos (EJA), formação de professores, ensino médio, ensino técnico nas mais variadas áreas e que nem sempre são áreas afins, formação em diferentes áreas profissionais. Isso mostra a complexidade da instituição de ensino da rede federal, além de ser considerada também como referência em qualidade do ensino.

A partir de 2006, a FAETEC sofre influência da rede federal, por ser também uma rede de educação profissional e tecnológica, pois, foi criada para atender a educação tecnológica do Rio de Janeiro. Então, a rede de educação profissional do Rio de Janeiro, do ponto de vista legal, não se diferencia da rede federal, a não ser pela oferta dos cursos, pois a legislação que regulamenta a educação profissional e tecnológica é nacional, ou seja, se aplica tanto para a rede federal, quanto para a estadual. Cabe destacar que algumas especificidades estaduais e regionais vão influenciar o currículo do curso, mas sem contrariar a legislação, pois ela que é para todos os níveis educacionais. Assim, a legislação que regulamenta a educação profissional e tecnológica nas redes federal e estadual são: a) LDB; b) Diretrizes Curriculares do Ensino Técnico; c) Referenciais Curriculares; d) As portarias de criação dos cursos.

No caso da FAETEC, inferimos que a tendência da rede, por meio dos Centros de Formação, Institutos de Formação Profissional entre outros, é a de aderir às configurações que estão estabelecidas na legislação nacional, pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC).

No capítulo seguinte, apresentamos os dados da pesquisa, analisamos a legislação que normatiza o funcionamento da FAETEC e detalhamos como a instituição se estrutura, e de como a gestão democrática é interpretada e praticada do ponto de vista organizacional.

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