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A HOMOGENEIZAÇÃO DO SOUVENIR EM PARATY E SUAS

CONSEQUÊNCIAS

Conforme vimos antes neste trabalho, a homogeneização do souvenir é algo evidente nos principais destinos turísticos do mundo, especialmente nos que possuem características atrativas similares. Em Paraty, então, não seria diferente. Ao caminhar pelo grande comércio de souvenires existente na cidade, seja no Centro Histórico ou na Vila de Trindade, é possível notar a grande quantidade de souvenires industrializados, e também aqueles massificados, sendo vendidos aos visitantes.

A principal fonte que tivemos para identificar as consequências reais desse fenômeno foram as entrevistas realizadas com comerciantes, artesãos e turistas na localidade do campo de estudo. Além disso, também nos utilizamos de pesquisas bibliográficas contidas no referencial teórico aqui presente e em observações empíricas.

Devemos iniciar destacando a grande diferença obsevada entre as lojas de souvenires existentes no Centro Histórico e as na Vila de Trindade. Nas lojas do Centro Histórico, é possível encontrar muito artesanato realmente confeccionado na cidade, por artesãos originais ou residentes em Paraty. Já na Vila de Trindade, esse é um fato raro, uma vez que os produtos industrializados são os principais itens que ali são comercializados.

Ainda que no Centro Histórico da cidade seja possível encontrar bastante artesanato local, notamos que muitos são de fato padronizados, massificados e influenciados por modismos. Ademais, alguns representam, inclusive, a cultura de outras regiões ou cidades brasileiras, culturas que não têm uma ligação direta com a cidade de Paraty.

Figura 7: Ímãs de baianas sendo vendidos em Paraty Fonte: Arquivo pessoal

Figura 8: Sambistas de carnaval sendo vendidos como souvenir em Paraty Fonte: Arquivo pessoal

Nesse contexto, devemos destacar que Paraty possui uma associação de artesãos chamada de AARPA – Associação de Artesãos e Artistas Plásticos de Paraty. Essa entidade é constituída por um grupo de cerca de 30 artesãos, que expõem seu artesanato para a venda em sua sede, chamada de A Casa do Artesão, localizada no Centro Histórico. Jorge, artesão associado à AARPA, afirma que apenas são aceitos na instituição aqueles artesãos e artistas que são originários de Paraty ou que já possuem uma longa história na cidade. Para ele, essa atitude é importante para que o trabalho local possa ser valorizado.

Contudo, Jorge reconhece que a maioria do artesanato confeccionado por esses artesãos não consegue refletir a identidade local, citando também os barquinhos, já mencionados, como os souvenires mais representativos da cidade. Para ele, os próprios artesãos da cidade não se preocupam com esses aspectos, e sim em “ganhar dinheiro”.

Edmilson Gonçalves, que também é associado da AARPA, confirma a declaração de Jorge, acrescentando que os artesãos mais jovens são os que menos se preocupam com os aspectos culturais ligados ao artesanato. Para ele, não enxergam a importância, o valor agregado que esses objetos possuem tanto para

turistas quanto para os próprios artesãos. Já os mais experientes, assim como ele, compreendem o valor cultural das peças que confeccionam, a geração de renda para a comunidade local, a importância da passagem da técnica artesanal para as futuras gerações, além do real desejo dos turistas ao comprarem um artesanato local.

A industrialização do souvenir também é outro ponto que devemos dar importância nesta discussão, uma vez que além da contribuição para um impacto cultural negativo, esse tipo de produto é o que mais afeta economicamente a comunidade local.

Geralmente esse tipo de produto é comprado em lojas atacadistas que ficam localizadas em outra cidade, ou até mesmo outro país. Somando essa situação ao fato de muitos proprietários das lojas de souvenir não residirem na cidade, principalmente as lojas situadas na Vila de Trindade, podemos afirmar que a o efeito multiplicador que o turismo é capaz de gerar para a economia local não é plenamente aproveitado em Paraty.

Em conversa com o artesão e ambulante Aguinaldo, que comercializa souvenires em sua barraquinha localizada em frente à Rua do Comércio, percebemos de perto essa questão, uma vez que ele mesmo afirmou que comprava muitos dos objetos industrializados de um fornecedor peruano, que vive em Ubatuba e, sendo assim, não sabia a origem dos itens, mas acreditava que vinham da China.

Como soubemos, muitos moradores locais acabaram vendendo suas residências no Centro Histórico ou nas suas proximidades para pessoas vindas de outras localidades. Atualmente, essas construções aumentaram significativamente seu valor. Com o valor elevado por conta do turismo em alta na região, a maioria dos artesãos locais não possuem recursos para montar suas próprias lojas de souvenires na cidade, ficando a mercê do interesse dos proprietários desse comércio turístico em seus produtos.

Entretanto, muitas vezes o artesanato local é mais caro do que o souvenir industrializado, que tem origem em lugares bem mais distantes. O artesão precisa comprar ferramentas, materiais e leva um tempo muito maior para produzir um bem do que uma máquina, que produz em série. Esse fato faz com que o artesanato

fique menos competitivo em relação ao produto industrializado aos olhos do proprietário das lojas de souvenires. Além disso, também existem aqueles artesãos que residem em local de difícil acesso – como é o caso dos pescadores do Saco do Mamanguá – o que encarece e dificulta o transporte do produto para a comercialização.

Ainda, segundo Edmilson, a AARPA não recebe nenhum apoio e/ou incentivo proveniente do setor público. Não existe nenhum programa do governo que conscientize os artesãos mais jovens sobre a importância da autenticidade do artesanato para o turismo e para a comunidade local. Inclusive, o local onde sua sede funciona é alugado com os recursos dos trinta associados. A única instituição que, segundo Edmilson, promove algum tipo de incentivo à AARPA é o Instituto Estrada Real12, que inclusive foi a fonte de ligação entre ele e a cidade de Paraty.

Na Vila de Trindade, a situação é ainda mais evidente. Dificilmente são encontrados itens do artesanato local sendo vendidos em alguma loja de souvenir. Foram visitadas três lojas de souvenir na vila e em todas elas as funcionárias afirmaram que os proprietários eram paulistas e não viviam em Paraty. Nenhuma das funcionárias soube indicar um produto que refletisse a identidade de Paraty, pois a grande maioria dos objetos era de produtos industrializados, que também não eram comprados na cidade.

Ao conversar com um casal de turistas que visitava uma dessas lojas, eles afirmaram sentir falta de um produto que fosse de fato característico de Trindade. No entanto, apesar de darem preferência para souvenires mais autênticos, confirmaram ter comprado “lembrancinhas” para eles e para familiares como uma forma de concretizar a experiência.

Assim, notamos que o turismo não vem se desenvolvendo de maneira plenamente sustentável dentro do contexto do comércio turístico de Paraty, uma vez que os benefícios que o fenômeno turístico deveria estar gerando para a

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O Instituto Estrada Real (IER) é uma entidade sem fins lucrativos criada em 1999 pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Tem a finalidade de estimular o turismo, valorizar o patrimônio histórico-cultural e revitalizar o entorno da Estrada Real, contribuindo para o desenvolvimento sustentável dos municípios da Estrada Real. Disponível em: http://www.estradareal.org.br. Acesso em 06 dez. 2012.

comunidade local estão sendo barrados pela falta de um planejamento adequado que conscientize tanto a comunidade local quanto os empreendedores.

Dessa forma, notamos que o “modismo” vem afetando profundamente os artesãos que vivem em Paraty. O artesanato está cada vez mais padronizado e influenciado por técnicas comuns de diferentes partes do Brasil, o que ocasiona uma produção homogeneizada, sem riqueza e autenticidade cultural. Ademais, notamos que os próprios artesãos não percebem ou entendem a situação atual e, muito menos, suas consequências.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho expusemos a relevância e significação do souvenir, um produto cultural que, se olhado superficialmente, pode parecer um produto simples como qualquer outro comercializado no mercado. No entanto, aqui apresentamos os bastidores da produção e comercialização desses objetos, deixando evidente sua importância dentro do sistema turístico e sua notória contribuição para o desenvolvimento de um turismo sustentável.

As transformações por que a sociedade passou nos últimos séculos foram rápidas e intensas, afetando diretamente o estilo de vida dos indivíduos, seus pensamentos, convicções e identidades. A industrialização viabilizou o que antes parecia impossível, as cidades cresceram, a urbanização se tornou evidente e os meios de transporte e comunicação evoluíram. O ritmo de vida se acelerou em grande parte do mundo. A globalização derrubou as fronteiras territoriais, democratizou o acesso à informação, fortaleceu o capitalismo e acentuou as desigualdades sociais entre os povos.

O turismo foi viabilizado como atividade econômica e ganhou ainda mais importância como um fenômeno capaz de promover o intercâmbio cultural. O interesse das pessoas pela realização de viagens mais autênticas aumentou e, cada vez mais, há uma tentativa de se inserir na realidade do “outro”, de vivenciar uma experiência exótica.

Essas características, por sua vez, refletem-se nos desejos de consumo do sujeito pós-moderno, que valoriza a subjetividade contida no ato de consumir um bem ou serviço. A materialidade dos produtos não vem mais desacompanhada da imaterialidade, que pode dar a um mesmo objeto incontáveis significações, dependendo do olhar de cada um que o consome. A individualidade pós-moderna impulsionou a personalização de produtos e serviços.

Diante de tantas mudanças, coube-nos aqui destacar a homogeneização do souvenir, que é apenas uma pequena consequência da globalização, típica da sociedade pós-moderna. A partir disso, levantamos algumas hipóteses em relação ao modo como esse fato vem afetando principalmente a comunidade local dos

destinos turísiticos, buscando comprová-las com a pesquisa de campo realizada na cidade de Paraty.

No entanto, devemos enfatizar que não se espera defender uma visão “purista” em relação ao que seria o “verdadeiro” artesanato, que se transforma em souvenir vendido aos turistas. Entendemos que o turismo é um fenômeno múltiplo, híbrido e complexo, que reflete as misturas identitárias.

A importância das mudanças sociais ao longo do tempo e o enriquecimento provocado pela miscigenação cultural são evidentes. A globalização possibilitou que mais informações pudessem ser trocadas entre os indivíduos, incentivando ainda mais a curiosidade de conhecer de perto a cultura alheia. Assim, o respeito entre diferentes povos vem aumentando cada vez mais.

Apesar disso, foi fundamental destacar que mesmo “havendo lugar para todos”13

, é importante haver lugar para a continuidade tradicional, sob pena de o lugar perder sua alma, suas peculiares características, que dão a ele a condição de ser único, e, a seus moradores, o sentimento de pertencimento.

A partir disso, observamos que a padronização do souvenir afeta a comunidade local não apenas socialmente e culturalmente, mas também economicamente, provocando consequências abrangentes para os moradores locais e para todos os atores sociais envolvidos. Devemos destacar que o resultado desse fenômeno é intensificado quando se tratam de destinos menos desenvolvidos, especialmente nos casos em que o turismo se configura como a principal atividade econômica.

Para que a geração de renda e o aumento da qualidade de vida da comunidade local melhorem com o turismo, faz-se necessário que toda a cadeia produtiva envolvida esteja conscientizada a respeito do efeito multiplicador da atividade. O fato de muitos empreendedores locais comprarem os produtos a serem comercializados em outras cidades e não estabelecerem residência na localidade faz com que grande parte da renda gerada não fique onde o turismo é praticado.

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Por isso, esta problemática deve ser levada em consideração quando o planejamento turístico for realizado, de modo que possam ser pensadas ações que viabilizem a participação da comunidade local como protagonista na produção e/ou comercialização de souvenir aos turistas.

Além disso, é importante que haja uma conscientização e apoio, por meio do poder público, aos artesãos locais, de modo que possam compreender efetivamente a representatividade dos itens de artesanato frente ao destino turístico. Assim, talvez ocorresse a diminuição da produção massificada e a compra de souvenires industrializados de fora, aumentando a renda que circula no lugar e preservando a identidade local por meio do artesanato.

Muitas vezes, o planejamento contempla apenas ações empreendedoras superficiais, que não levam em consideração as características específicas de cada destino e seus residentes. Então, o resultado alcançado acaba não sendo satisfatório e o destino pode, inclusive, entrar na fase de declínio, sem conseguir se recuperar da perda causada.

Dessa forma, este trabalho pretendeu fazer uma análise crítica a respeito da homogeneização dos souvenires, que, apesar de parecer um fato de pouca relevância para o amplo ambiente turístico, é reflexo do contexto social em que vivemos atualmente, e pode desestabilizar todo o sistema turístico de um destino. Tal olhar sobre essa problemática é fundamental para o desenvolvimento sustentável da localidade receptora, não apenas dentro do contexto do consumo de souvenires, mas também dentro de todas as outras atividades econômicas de que o turismo se utiliza.

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APÊNDICE

Fotografias da pesquisa de campo em Paraty-RJ:

Entrevista com o artesão Edmilson

Loja de souvenir que comercializa artesanatos indígenas vindos do Nordeste

Souvenir homogeneizado sendo comercializado na Vila de Trindade

Indígenas comercializando seus produtos nas calçadas do Centro Histórico

Barco de madeira confeccionado pela comunidade de pescadores do Saco do Mamanguá

Doce produzido em Paraty

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