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CAPITULO II – Desenvolvimento

2.5. A identidade social e profissional do Enfermeiro

A tônica da identidade social ou profissional é multifacetada em qualquer do campo de saber. A interação entre um sujeito com outros em uma sociedade é repleta de variáveis e por isso dizemos que a identidade é um processo dinâmico, mutável e é composta por valores, crenças e representações que possuímos e que diferem de um indivíduo para o outro e de um grupo para outro.

Especificamente na Enfermagem, o debate sobre a construção da identidade profissional do enfermeiro emerge dos processos históricos que a prática do cuidado atravessou. A esse respeito, discorre Carrijo (2012):

Compreender as variações da identidade da enfermeira sofridas ao longo do tempo é retomar o percurso desde a pré- profissionalização à era moderna, destacando os momentos mais significativos e as marcas deixadas para que hoje se discuta qual a identidade ou as identidades do enfermeiro na pós-modernidade. De maneira geral, identidade é aquilo que identifica uma pessoa, é como o sujeito se percebe ou se reconhece como tal e como é percebido ou reconhecido pelos outros sujeitos que interagem com ele. Podemos dizer que o que identifica uma pessoa ultrapassa características físicas e biológicas e avança para características sociais, culturais e profissionais as quais compõem um sujeito que interage com outros em uma sociedade.

Assim, observa-se que imagem profissional destina-nos à própria identidade profissional, numa entrelaçada rede de significados inerentes àquela profissão. A imagem profissional da enfermeira se unifica na própria representação da identidade profissional, que é em si um fenômeno histórico e logo, socio-político.

Ao longo das décadas vários estudos têm sido publicados acerca da identidade da Enfermeira ora com mais ênfase, ora de forma mais discreta. Entretanto, é um tema transversal a todas as especialidades de Enfermagem e apesar disso pode-se observar uma evolução e transformação do cerne dessas preocupações, conforme se constata na cronologia das investigações a seguir.

Um estudo que utilizou o método quanti-qualitativo foi realizado na Universidade Federal de Sergipe com ingressantes e egressos do curso de Enfermagem, no período de 1992 a 2002 e revelou que o motivo principal da escolha pela Enfermagem foi que esta facilitou a entrada dos estudantes na Universidade, sendo 42,3% dos casos. Em se tratando da identificação com a profissão, 46,15% ocorreu no início das disciplinas profissionalizantes “já que o ser enfermeiro começa a se delinear com a disciplina Fundamentos de Enfermagem”. Em relação ao futuro da profissão, 80% das respostas foram positivas ao retratar o campo de trabalho e remuneração (CARDOSO, MATOS, VIEIRA, 2003, p. 643).

Souza Júnior et al. (2003, p. 453), retratam que a Enfermagem foi ampliando espaço aos poucos ao longo do caminho e “hoje no “mundo do trabalho” passa-se a exigir do profissional Enfermeiro determinadas qualidades, essenciais ao contexto sociocultural e filosófico de um novo tempo”. Esse estudo demonstrou que a escolha da profissão, em primeiro lugar, foi a medicina, porém, quando os candidatos não conseguiram ser aprovados no vestibular, optaram pela Enfermagem. Essa pesquisa ainda referiu-se quanto ao futuro da profissão, na qual evidenciou que a Enfermagem vem ganhando maior autonomia e reconhecimento.

O processo de (re) construção da identidade do enfermeiro no cotidiano de trabalho foi outro aspecto problematizado por Netto e Ramos (2004), em um hospital público, em Cuiabá - Mato Grosso. Os resultados do estudo foram importantes para demonstrar o processo de construção da identidade do enfermeiro.

Bellaguarda et al. (2011, p. 182) comentam sobre a identidade profissional da enfermeira:

A identidade profissional da enfermeira está intimamente ligada ao contexto em que se desenvolve a atividade específica e a quem é

desenvolvida, mas também o que resulta dessa atividade, desse trabalho. Assim também a identidade desse profissional se reconfigura a partir da consciência do indivíduo que da profissão usufrui como agente e/ou como requerente de seus benefícios.

Uma pesquisa foi realizada por Kemmer e Silva (2007a) e teve como propósito aprofundar a compreensão das representações sociais sobre o Enfermeiro e a Enfermagem por alunos do ensino médio no âmbito da escolha profissional. Os jovens ao atingirem a idade de escolha de uma profissão, vivenciam um momento crítico. Muitos escolhem uma profissão baseada na representação social da profissão e também, mediante as suas experiências de vida, tanto no âmbito familiar quanto no coletivo.

Os participantes desse estudo acreditam que o enfermeiro não necessita de curso superior e que trabalha exclusivamente na área hospitalar. Vale pontuar que há destaque na questão do gênero, onde os alunos apontam a profissão como majoritariamente feminina. Assim, “a motivação da escolha profissional sofre grande influência dos amigos e familiares” (KEMMER, SILVA, 2007a, p. 129).

Kemmer e Silva, ainda em 2007(b), realizaram um estudo no qual buscavam compreender as representações sociais sobre o enfermeiro e a Enfermagem por profissionais de comunicação, uma vez que estes são intermediários na codificação das representações imagéticas e textuais sobre a sociedade. Obtiveram-se ponderações impactantes: os profissionais de comunicação desconhecem os campos de atuação, mercado de trabalho e categorização profissional da Enfermagem; Apontam estratégia para a construção de uma imagem mais coerente do enfermeiro e da Enfermagem: 1) a exposição da profissão primeiramente perante a própria mídia e 2) através da mídia, para o alcance da população.

Campos e Oguisso (2008, p. 893) relatam que a identidade de um indivíduo é caracterizada pelas especificações individuais. Desenvolveram um estudo que pretendera contribuir para a reflexão em torno das representações da identidade profissional da Enfermagem brasileira. Para tanto, recupera o tema a partir de imagens construídas sobre a noção de identidade, profissionalização da Enfermagem e os negros no Brasil por meio de Análise histórica e documental.

Luchesi et al. (2009) discutiram sobre a imagem social da Enfermagem. Nesse estudo, foram utilizados dois questionários aplicados aos estudantes de ensino médio. Dentre as profissões (Medicina, Direito, Engenharia, Odontologia, Administração, Psicologia, Fisioterapia, Enfermagem, Computação, Farmácia, Letras, Fonoaudiologia,

Serviço Social e Nutrição), a medicina despontou como a mais procurada das profissões dessa área e a Enfermagem apareceu em 8º lugar. Dentre as conclusões da investigação, vislumbrou-se que a informação correta é eficiente na redução de pré-juízos e estereótipos negativos, sendo este tipo de trabalho válido como veículo de divulgação da profissão.

Spindola, Martins e Francisco (2009) compararam o perfil socioeconômico e fatores que interferem na opção pela Enfermagem dos alunos de duas instituições de ensino no município do Rio de Janeiro. O estudo evidenciou que nas duas instituições de ensino o conjunto amostral é composto, em sua maioria, por adultos jovens, femininos, solteiras, sem filhos, pertencentes às classes B e C que buscam a Enfermagem por sua afinidade/inserção na área de saúde. Em suas experiências em atividades de extensão junto a estudantes do ensino médio, divulgam a profissão do enfermeiro e suas competências em escolas públicas no Rio de Janeiro. Há carência de informações sobre a Enfermagem e destacam a importância de suas ações para o esclarecimento dos jovens e incentivar a opção pela carreira.

Se os estudantes de ensino médio desconhecem as funções do enfermeiro, ao chegarem ao ensino superior, em geral não é diferente. Sales, Gregório e Andrade (2010) analisaram a percepção dos estudantes de Enfermagem durante o curso das disciplinas básicas da graduação de Enfermagem e concluíram que os acadêmicos de Enfermagem têm dificuldades de elaborar um conceito efetivo sobre o que é ser enfermeiro.

Luchesi e Mendes (2010) avaliaram a percepção de alunos do ensino médio sobre a Enfermagem. Os resultados mostraram que mundialmente há uma desatualização da imagem da Enfermagem e que mudanças na configuração do mercado de trabalho já estão exercendo influência nos estudantes de ensino médio. Ações diretivas devem ser estabelecidas a fim de que a Enfermagem tenha sua imagem social atualizada e o profissional sinta-se reconhecido pelo valorizado trabalho que presta.

Em 2011, Spindola et al, descreveram o significado da profissão para estudantes do primeiro período do curso de graduação em Enfermagem. O enfermeiro é visto como o profissional que cuida da saúde e associado à imagem de dedicação e responsabilidade. As atividades de assistência e administração são vinculadas à prática médica, denotando falta de autonomia da profissão.

Os graduandos percebem que o enfermeiro atua em diferentes cenários, com competências específicas e deve ser reconhecido e valorizado (BECK et al., 2014).

No que tange ás teses e dissertações, Luchesi (2008) desenvolveu um Questionário Multidimensional para Imagem Social do Enfermeiro (QMISE) a fim de estudar a imagem

da profissão segundo a visão de estudantes do ensino médio. A maioria dos estudantes manifesta a valorização do cuidado mostrando coerência com o bom posicionamento da Enfermagem no ranking de status social, entretanto o fator autonomia não obteve consenso entre os estudantes e a maioria classificou o médico como o coordenador do trabalho.

Carrijo (2012) discutiu o lugar da disciplina História da Enfermagem na construção de competências na graduação em Enfermagem e concluiu que a perspectiva apontada neste estudo sugere um declínio da importância da disciplina no desenvolvimento histórico da formação. As colocações discutidas nessa tese consideram que disciplinas como a História da Enfermagem permitem que o profissional construa sua identidade profissional e mobilize suas competências pautando-as em ações éticas, humanistas em prol do outro e de si próprio, bem como em prol da profissão, do reconhecimento e autonomia profissionais almejados e possíveis de serem conquistados.

Silva (2016) evidencia que, na constante luta pelo reconhecimento e construção de uma identidade profissional, o enfermeiro passa continuamente pela busca de uma imagem, que possa corresponder com seus anseios e conferir-lhe direitos, autonomia e respeito.

Assim, as investigações nacionais destacam a busca constante de definição da identidade do enfermeiro apontando assim a permanência dessa questão. A Enfermagem é prática anacrônica, com muitas representações sobre seu passado e expectativas imprecisas para o futuro.

A coleção internacional se mostrou bastante diversa do tema identidade como é estudado no Brasil. Em estudo australiano realizado por Johnson et al. (2012), expressa-se que a orientação conceitual da identidade profissional é consequência lógica do desenvolvimento do autoconceito, centrando-se na carreira e no seu significado, onde expressa-se que o autoconceito e a identidade profissional do enfermeiro estão incorporados um ao outro, pois o primeiro é atribuído à percepção de quem somos, que inclui auto definição e autoconsciência. Nessa perspectiva, os autores apontam que a identidade profissional se constrói levando em conta as interações sociais e as relações:

A identidade profissional das enfermeiras se desenvolve através das suas vidas, desde antes de adentrar no ensino superior em Enfermagem, perpassa períodos de graduação, experiência clinica e continua progressivamente ao longo de toda sua carreira. A educação superior é, no entanto, um período-chave pois é o momento no qual os alunos obtem conhecimentos e habilidades que determinam os enfermeiros enquanto profissionais de saúde, tornando-os distintos de pessoas leigas. Recomenda-se a realização de estudos longitudinais desde o nível de estudantes até graduados, utilizando instrumentos conceitualmente

procedentes e psicometricamente comprovados, os quais sejam capazes de detectar as sutis mudanças na construção da identidade ao longo do tempo. É necessária uma investigação empírica mais aprofundada sobre os conceitos teóricos que sublinham a identidade profissional e fatores que influenciam mudanças nessa importante constructo na Enfermagem. Em última análise, a relevância prática de tal pesquisa reside no potencial que ela oferece para melhorar o apoio à carreira de Enfermagem e melhorar as políticas de força de trabalho.

Uma investigação realizada com parteiras eslovenas apresenta similaridades com os processos identitários da Enfermagem brasileira a partir do fato de que descreve as imagens das parteiras sobre o sua identidade, autoconceito e status profissional. Optamos por considerar este estudo em nossa análise pelo fato de parteiras constituírem-se, no Brasil, como integrantes da classe profissional de Enfermagem, de acordo com a lei número 7.498/86, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem.

A classe das parteiras supracitada enfrenta vários obstáculos devido ao seu desenvolvimento histórico, similarmente às veredas da Enfermagem brasileira. A fim de desenvolver uma identidade profissional específica para as parteiras, o conteúdo e a estrutura da educação devem ser analisados e alterados a fim de melhorar a socialização e o profissionalismo porque o ensino superior está relacionado com o profissionalismo e grande parte das parteiras desse país possui formação secundária (MIVŠEK et al., 2015)

Em Portugal, a primeira experiência clínica é descrita como um processo de tomada de consciência da identidade profissional, das competências desenvolvidas (e a desenvolver) do processo de aprendizagem, das emoções e sentimentos envolvendo a experiência. O ensino clínico, parte essencial da formação em Enfermagem, expõe desde cedo o estudante à realidade dos cuidados e da profissão. O movimento de descoberta da identidade profissional passa pela expectativa de realizar ações que possam contribuir para ajudar as pessoas (...) podem ajudar as pessoas através da relação que estabelecem, pela sua tomada de consciência de que alguns enfermeiros não agem numa perspectiva cuidadora e pela confirmação e reforço da decisão de virem a ser enfermeiros (CABETE et al., 2016)

A questão da identidade da Enfermagem apresenta tamanha relevância que se desenvolveu um teste fundamentado na identidade profissional de Enfermagem bem como seus valores éticos-profissionais. Por meio de mudança legislativa educacional tornou-se

obrigatório no Reino Unido que as Instituições de Ensino Superior (IES) forneçam uma pré-qualificação aos candidatos à educação superior em saúde e particularmente, na Enfermagem, teste designado como “The Nurse Match”, em versão brasileira aproximada seria um “Enf-Teste”. A finalidade foi garantir que apenas os candidatos com perfil adequado à identidade profissional sejam aceitos para a educação superior em Enfermagem. Assim, no Reino Unido, o simples propósito de optar por seguir a carreira Enfermagem parece não ser suficiente para deflagrar os preliminares de um processo de desenvolvimento identitário da enfermeira (MAZHINDU et al.,2016).

A pesquisa de Liberati (2016), pesquisadora italiana, é relacionada ao conhecimento das fronteiras de atuação do médico e do enfermeiro desnuda sua natureza contextual e flexível adicionando nuances à dicotomia “imprecisão de limites / fortalecimento de limites Há uma tênue fronteira na prática clínica entre a Enfermagem e a Medicina, e por vezes tais práticas substituem-se, cruzam-se e separam-se em termos de identidades profissionais. Constatou-se que a amplitude desse limiar varia de acordo com as configurações de prestação de cuidados, referindo-se a um "contexto de negociação", ou seja, as características do ambiente social e organizacional que afetam diretamente a assistência. E adjuntamente, afetam a imagem e a identidade da enfermeira. Os fatores citados os quais interferem nessa divisa foram o nível de consciência dos pacientes, o tipo de abordagem clínica adotada pelos enfermeiros e médicos e o estado de agudização das doenças.

Ferguson et al. (2016), na Austrália estudaram a percepção e experiências dos estudantes de Enfermagem em seu primeiro ano de curso quanto a formação da identidade profissional da Enfermeira por meio da utilização de internet e mídias sociais como recurso de apoio para a transição e o envolvimento dos alunos no ensino superior. Demonstrou-se a importância dessas mídias no sentido de complementar a aprendizagem e suporte informal entre pares, incrementando relacionamentos e construindo a identidade profissional da enfermeira.

Um estudo norueguês, de Sneltvedt e Bondas (2016) investigou a presença de orgulho profissional em enfermeiras recém-formadas que desenvolviam suas atividades na rede municipal de saúde e observou que a percepção de seu valor e honra no desenvolvimento de suas atividades assistenciais pode interferir na permanência ou não de tais enfermeiras nesses serviços de saúde. A primeira atribuição profissional da enfermeira recém-graduada também pode ser um período crítico que macula seu sentido de amor-

proprio enquanto enfermeira e pode determinar impacto sobre os pacientes sob seus cuidados. Mágoas oriundas dessa fase podem prejudicar sua identidade profissional e a prestação de cuidados de Enfermagem.

Na Holanda, enfermeiros são inegavelmente profissionais de saúde essenciais e possuem formação educacional extensa. No entanto, a população nem sempre valoriza as habilidades e competências que os enfermeiros adquiriram por meio dos processos formativos, atualizações, pesquisa, extensão e inovação. Surpreendente no que se refere à similaridade às problemáticas brasileiras relativamente a questões relacionadas à imagem pública, auto-conceito e identidade profissional, revelou-se uma sociedade alheia à educação e profissionalismo da Enfermagem e que a Enfermagem era vista como uma profissão de pouco prestígio e parca autonomia, subordinada aos médicos, não requerendo formação acadêmica.

Assim, a imagem pública real da Enfermagem é diversa e incongruente tendo sido parcialmente auto-criada por enfermeiras devido à sua invisibilidade e à sua falta de discurso e marketing coletivo. Há implicações importantes para a Enfermagem, pois é premente que os enfermeiros se dediquem mais para comunicar o seu profissionalismo ao público. A rede mundial de computadores deve ser utilizada eficazmente, seja por meio de sites de compartilhamento de vídeos enviados pelos usuários através da internet (YouTube) ou ferramentas de mídias sociais ( sistemas projetados para possibilitar a interação social a partir do compartilhamento e da criação colaborativa de informação nos mais diversos formatos, não apenas redes sociais, mas também blogs, wikis e sites de compartilhamento) que podem ser usadas para mostrar ao público o que estes profissionais realmente fazem (TEN HOEVE et al., 2014).

No sentido de apoiar a construção social da identidade do enfermeiro que atua especificamente com Educação em Saúde (Nurse Educator), sugeriu-se que as Associações de Prática podem contribuir para a construção da identidade social e profissional do enfermeiro a contar do momento em que há domínio de saberes e inserção do profissional na comunidade local. Assim, a construção da identidade se dá a partir da interação com seus colegas por meio de compartilhamento de experiências de trabalho e de forma narrativa e reflexiva. Uma Comunidade de Prática envolve membros mutuamente envolvidos em esclarecer, definir e alterar práticas de áreas afins com propósito único, usando repertórios metodológicos comuns, linguagem, comportamentos e tecnologias. Esses relacionamentos interpessoais que alinham com teorias sociais construtivistas

determinam identidade que é constituída e não simplesmente herdada (WOODS et al., 2016).

No período de 05 a 08 de junho de 2018, em Florianópolis-SC aconteceu o 16º Seminário Nacional de Diretrizes para a Educação em Enfermagem (SENADEn) e o 13º Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem (SINADEn), ocorridos sob os auspícios da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), cujo tema central, fora “Diretrizes Curriculares Nacionais, Formação Profissional e Sistematização da Assistência de Enfermagem”. Os participantes do evento redigiram a Carta de Florianópolis, aprovada por aclamação na sessão plenária de encerramento do evento. A mesma possui algumas recomendações para várias entidades.

Para o Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Conselhos de Educação e Saúde (Nacional, Estaduais e Distrito Federal), Secretarias Estaduais de Educação e Saúde, foi recomendado:

 Reestruturar os modelos de atenção em saúde, promovendo a incorporação do Processo de Enfermagem como eixo fundante e estruturante do cuidado de Enfermagem.

 Garantir as condições de pessoal, métodos e instrumentos que permitam a implantação efetiva do Processo de Enfermagem, com uso de linguagem específica da profissão.

Para as instituições de ensino, foi recomendado:

 Fortalecer, no processo formativo, a identidade profissional, a autonomia, a participação, o diálogo, o engajamento político, crítico, reflexivo e a liderança dos futuros egressos.

E para a ABEn:

 Criar uma rede de informações com dados alimentados pelas instituições educacionais, de pesquisa e de serviços de saúde para a divulgação de experiências positivas na aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem e do Processo de Enfermagem.

 Estimular a organização e implantação de Comissões Permanentes de Sistematização da Assistência de Enfermagem nas Seções e Núcleos da ABEn, de modo a favorecer a incorporação do Processo de Enfermagem e a utilização dos resultados de Enfermagem como indicadores da qualidade de atenção.

Assim, no que se refere à natureza da disciplina, há saberes e fazeres, isto é, conhecimentos e atividades que são exclusivas do enfermeiro. E, portanto, constituem-se uma mais-valia no que se refere á construção do cerne da sua identidade profissional (ALFARO-LEFEVRE, 2014). Sendo a Enfermagem conhecimento, faz se premente apresentar status e corpo de doutrina, o qual possua bases epistemológicas sustentadas por meio dos critérios que a própria Teoria do Conhecimento define como Origem, Estrutura, Métodos e Validade do conhecimento. O saber/fazer relativamente ao Processo de Enfermagem pode compor-se como um assento gnosiológico para a Ciência de Enfermagem (SANTOS et al.,2017).

Assim, é fundamental o aprofundamento sobre a consulta de Enfermagem e o Processo de Enfermagem. A Consulta de Enfermagem encontra-se em plena vigência

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