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A configuração identitária da enfermeira: percursos, escolhas e decisões de graduandos de enfermagem

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE.

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA. MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS DO CUIDADO EM SAÚDE

EMÍLLIA C. GONÇALVES DOS SANTOS.

A CONFIGURAÇÃO IDENTITÁRIA DA ENFERMEIRA: PERCURSOS, ESCOLHAS E DECISÕES DE GRADUANDOS DE

ENFERMAGEM.

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EMÍLLIA C. GONÇALVES DOS SANTOS.

A CONFIGURAÇÃO IDENTITÁRIA DA ENFERMEIRA: PERCURSOS, ESCOLHAS E DECISÕES DE GRADUANDOS DE

ENFERMAGEM.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Acadêmico de Ciências do Cuidado em Saúde, como requisito para obtenção do título de Mestre - Defesa Final.

Área de Concentração: Cuidado em seu Contexto Sócio-Cultural.

Orientadora: Profa. Pós Doutora Geilsa Soraia Cavalcanti Valente.

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EMÍLLIA C. GONÇALVES DOS SANTOS.

A Configuração Identitária da Enfermeira:

Percursos, Escolhas e Decisões de Graduandos de Enfermagem.

Defesa Final de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde, como requisito para obtenção do título de Mestre.

Aprovado em: 29 de junho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Profa. Dra. Geilsa Soraia C. Valente - Orientadora

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Prof. Dr.Renato Silva de Carvalho – 1° examinador

Faculdade Bezerra de Araújo - FABA

___________________________________________________ Prof. Drª. - Vera Maria Sabóia - 2ª examinador

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Prof. Dr.Enéas Rangel Teixeira- Suplente

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Prof. Dra.Claudia Maria Messias - Suplente

Universidade Castelo Branco

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Dedicatória

À minha mãe Sr

a.

Silvina Gonçalves dos Santos:

Seu amor e suporte incondicional em absolutamente

tudo propiciaram esta vitória que também é sua.

À minha filha Hadassa:

Identidade e destino estão em DEUS!

Ao meu Pai Sr. José Pascoal dos

Santos,

(

in memorian

),

(5)

Agradecimentos especiais.

Ao meu SENHOR e Salvador Jesus Cristo,

Pois que as Suas misericórdias se renovam a cada manhã e grande é a Sua fidelidade! (Lm 3.22).

Obrigada por me permitir recomeçar e alcançar esse sonho. Que o Seu Nome seja glorificado.

Quando as minhas forças se acabam E a minha esperança no Senhor

Parece não resistir

Minh'alma se abate dentro de mim Meu coração começa a se lembrar Daquilo que renova a esperança

As misericórdias do Senhor Não têm fim, grande é o seu amor A cada manhã as misericórdias se renovam.

(A Cada Manhã, Diante do Trono 7). >>>

À minha mãe, Sra. Silvina Gonçalves dos Santos, incansável lutadora. Seu amor não é só de palavras, mas é (dedic)ação.

A Senhora é para mim melhor exemplo de mulher e mãe.

Para que eu pudesse estudar, "fez das tripas, coração" e essa é minha herança. Obrigada por estar sempre à frente de todas as atividades domésticas me deixando livre para

produzir, pesquisar, escrever... Obrigada por todos os cafezinhos que levou pra mim. Obrigada por todas as vezes que cuidou de Hadassa.

Obrigada por todas as vezes que se esqueceu de si para investir em mim e me apoiou sem medir os esforços, obrigada por todas as vezes que me deixou dormir depois de noites em claro.

A senhora nunca me deixou nem quando nas fases de maiores dificuldades. Vou te honrar e amar eternamente.

Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis. Pv 31:10

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À Professora Dra Geilsa Valente.

Por caminhos intrincados a partir de terras lusas nos encontramos e tanto lhe devo. Em sua sensibilidade, a Senhora olhou para mim, me enxergou e me ouviu além do que vivia

na Academia.

Em uma frase a Sra. descreveu o que eu queria pesquisar. Aceitou minhas limitações, lidou com minhas teimosias com paciência e sabedoria. Literalmente me ''pegou pela mão''.

Sua clareza e paz me acalmavam. Sua história pessoal de vida me incentivava. Obrigada por ter me adotado, por ter investido e acreditado em mim, afinal, "a perseverança

vence toda a dificuldade".

Jamais teria concluído este Mestrado sem a sua orientação. Um ''muito obrigada" não expressa a minha eterna gratidão.

>>>

A imortalidade de que se reveste a natureza humana faz o homem sempre presente. Presente pela amizade que conquistou;

Presente pelo exemplo que legou; Sempre presente porque foi Educador

(7)

Agradecimentos

Concluir um Mestrado era um sonho que estava dentro de mim faz muitos anos. As vicissitudes da vida não permitiram que cursasse com êxito anteriormente. Para aprender os movimentos necessários para realização de uma investigação científica precisei desconstruir e formatar meu jeito de fazer pesquisa e esse processo foi conturbado. Graças a DEUS pude contar com pessoas em todos os momentos que de uma forma ou de outra me auxiliaram nessas veredas.

Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei;

Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa. Is 41.10

Por tudo isso, quero deixar registrado meu reconhecimento e agradecimento ás pessoas que contribuíram. Espero lembrar com carinho de cada um de vocês.

Em primeiro lugar, a DEUS, que me ensinou acerca da minha Identidade Nele ao mesmo tempo em que eu investigava a identidade da Enfermeira.

Todo aquele que está em Cristo se tornou nova criação.

As coisas velhas já passaram e uma nova vida teve início, tudo se fez novo! 2 Co 15.17

À minha querida mãe Silvina, Ofereço uma canção:

Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si É sobre saber que, em algum lugar, alguém zela por ti É sobre, desde cedo, aprender a reconhecer a sua voz

É sobre o amor infinito que sempre existiu entre nós É saber que você está comigo

Nos momentos que eu mais preciso pra me acompanhar Então fazer valer a pena

Cada verso daquele poema sobre o que é amar Não é sobre chegar ao topo do mundo e saber que venceu

É ver que você me ajudou a trilhar cada caminho meu É sobre ter abrigo e fazer morada no seu coração E se eu precisar, você sempre irá me estender sua mão

A gente já passou por tudo

Qual seria a graça da vida sem você aqui? Pra ser o meu porto seguro

O presente que a vida me deu logo que eu nasci Não é sobre tudo que o dinheiro é capaz de comprar E sim sobre cada momento que juntas pudemos passar

(8)

Contigo aprendi que o mais importante é ser do que ter E pelo que eu me tornei só tenho a te agradecer

Você me segurou no colo

Sorriu e entendeu realmente o que era amar E eu desde o primeiro dia

Tão pequena, já soube que em ti podia confiar (Trem-bala: Especial Dia das Mães, Ana Vilela)

À minha amada filha Hadassa, olho para você e vejo a misericórdia de DEUS em minha vida. TUDO valeu à pena! Seus olhos, seu sorriso e sua voz me chamando "mamãe"...

Deixo aqui a nossa música:

Assim como mudam as estações Se acaba o frio de um inverno

E se espalham pela vida As flores de uma primavera

Aquele domingo foi assim O Sol pela manhã anunciava Setembro trouxe o perfume que me faltava

Filha, menina escolhida por Deus Pra fazer sorrir a nossa vida Com você os meus dias serão primavera A flor mais bela que Deus plantou em meu jardim

Tão bela, quanto as rosas, preciosa Como um lírio dos vales

Seu nome é forte

Como a flor que resiste ao deserto Seu sorriso em minha memória

Estará sempre guardado Tão bela, preciosa Filha amada do Pai

Bela, tão Bela

Seu nascer transformou minha história (Minha Filha, Minha Flor, PG)

Á minha irmã Helena e meu cunhado Wagner, pelas palavras de incentivo (Cabecinhaaa), pelas impressões de textos e resmas de papel A4, pelo equipamento que me permitiu cumprir com

todas as exigências operacionais do Mestrado.

Ao meu irmão Júlio César e sua família, se você não tivesse pagado para mim a inscrição no concurso, eu não poderia ter participado da seleção para o Mestrado. Obrigada também pelas

impressões de artigos e palavras de força.

Obrigada aos amigos mais chegados do Mestrado, com os quais partilhei experiências e ansiedades: Luciano Godinho, Graziela Sckoralick, Fernanda Dantas, Bianca Campos,

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Diomédia Teixeira, Sônia Paiva (PPGCBM) e Boaz Avellar (PPGCCV), Allan Peixoto

(UFRJ-Macaé), Marina Izu (PACCS), por todas as contribuições. Todos os membros do Núcleo de Pesquisa Educação, Trabalho e Saúde em Enfermagem – NUPETSE, pelas trocas de experiências

nos nossos encontros.

Pois o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. Salmos 30:5b

Celebro também com Verônica Santos (Vê), obrigada por todas as orações e agradeço ao SENHOR DEUS nosso reencontro.

Obrigada a Yasmin Saba, incansável na formatação de textos e artigos, excelente acadêmica, que tem se tornado amiga. Faço votos de longa parceria!

Às irmãs Larissa Madeira e Marcelle Escamília, da Igreja Evangélica Videira que tinham sempre palavras e ações de apoio, além das orações.

Ás minhas primas Ana Lúcia Pascoal e Maria de Fátima Pascoal que em qualquer tempo que nos encontrávamos tinham palavras de esperança e estímulo. Igualmente ao meu primo Carlos

Alberto, por ter também ouvidos para ouvir.

A todos os amigos e amigas que deixei em Manaus (em especial Edilce Nascimento e

Priscilla Mendes) e em Portugal (em especial Sonia Sousa, que me enviou o livro do Referencial

teórico!) sei que vocês se alegram comigo!

Ao "Bira", que me conhece desde criança e a toda a sua equipe da Copiadora Pérola de

Niterói: valeu por todas as cópias e impressões, pela tolerância, pela torcida e pela força! À coordenação de Pós-Graduação da EEAAC (PACCS) e a todos

da Secretaria, em especial a Ana Paula, Fernanda e Luciana sempre extremamente solícitas. À Dra Luciana Barizon Luchesi (USP-EERP), pesquisadora sobre a Identidade da Enfermeira, que gentilmente respondeu meus e-mails e permitiu uso do Questionário Multimensional

oriundo de sua tese

Á todos os meus ex-Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, pelo compartilhar de tantos dias e noites nos plantões ao longo da minha vida como Enfermeira Assistencial em ambiente

hospitalar, em especial à Aldenora Santana e Luciena Braga, profissionais exemplares e amigas, apesar da distância física que nos separa.

A todos os meus alunos e ex-alunos, os de nível médio, especialmente Priscila Prado e os do nível superior, nomeadamente Caroline Brelaz ( e todos os da UFAM)

pelo engrandecimento pessoal, profissional e até espiritual proporcionado nas nossas trocas de

experiências por meio do ensino de Enfermagem.E finalmente, aos acadêmicos de Enfermagem da EEAAC-UFF do quinto período em 2017-1

Por fim, mas não menos importante... Aos Professores e Professoras da UFF:

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Agradeço com respeito e admiração aos Professores que me auxiliaram nesse processo. Nas aulas e fora delas, nas escadas e corredores. Sendo ou não responsáveis diretos pela minha orientação, inúmeras vezes me esclareceram e me indicavam o norte, me encorajavam.

Á Dra Geilsa Valente, minha orientadora, exemplo a ser seguida, a quem, sem dúvida, devo a possibilidade de evolução acadêmica

Ao Dr. Enéas Rangel, primeiro com quem tive contato na UFF, quando nem se quer conhecia qualquer professor. Foi decisivo ao longo da minha jornada. Ouviu-me nas minhas ansiedades e me ajudou quando os obstáculos eram grandes demais. Participou da minha banca de

defesa de projeto e sou grata por tudo que me ensinou, aconselhou e intercedeu por mim. À Dra Ana Abrahão, pois sua honestidade permitiu que eu seguisse meu caminho com

coerência em relação ao que realmente queria pesquisar. À Dra Donizete Daher e Dra Beatriz Guitton, minhas inspirações!

Suas pesquisas me introduziram e me instigaram ao universo da Identidade Social e Profissional e foram referências por muito tempo.

Às Dras Cláudia Messias e Renata Jabour, que com tanto respeito e carinho participaram da

minha banca de defesa de projeto e que colaboraram imensamente para a construção do arcabouço da dissertação.

À Dra Vera Sabóia, professora hors concours, tantas vezes me ajudou a delinear e a

organizar o pensamento. Partilhou comigo vivências externas à universidade, me estimulou e animou muitas vezes. Colaborou decisivamente na Defesa de Qualificação juntamente com o Dr.

Renato Carvalho, para o qual homenagem é extensiva e sou muito grata.

Às Dras Cristina Lavoyer e Hellen Ferreira, por todas as trocas sobre minhas idéias e pretensões de estudos.

Aos Drs. Mauro Leonardo, pelo interesse de ouvir meus raciocínios filosóficos, seara totalmente nova para mim e Audrey Vidal, pela sua disponibilidade e desprendimento em permitir

que coletasse os dados com os acadêmicos em sua aula.

Às Dras Christina Villela e Nathália Galito, do Instituto Biomédico da UFF, por me acolher, escutar, ensinar e valorizar as Ciências de Enfermagem.

A todos (as) vocês, minha eterna gratidão e admiração. >>>

A educação não deve ter como resultado a mera aquisição individual de técnicas e competências especializadas para serem vendidas no mercado de trabalho.

Educar implica mais que isso,

pois envolve o desenvolvimento do senso-crítico e a capacidade de interação social, num contexto dinâmico e conflituoso.

Assim, a educação deve permitir ao cidadão viver e aprender, saber por que se vive e porque se aprende,

em um movimento totalizante.

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Quando o SENHOR libertou seus filhos do cativeiro

e os trouxe de volta a Sião, nossa vida parecia como um sonho! Ríamos e cantávamos sem parar, de tanta alegria! E muitas nações, por toda a terra, reconheciam: “Grandes coisas o SENHOR fez por eles!” É verdade! O SENHOR fez grandes coisas por nós, e por isso estamos alegres!

Oh SENHOR, encha novamente a nossa vida de bênçãos, como as chuvas do inverno

enchem os riachos secos do deserto.

Quem planta as sementes chorando, colherá os frutos com cantos de alegria. Quem sai com a cesta de sementes chorando enquanto lança a semente

voltará carregado de feixes, cantando de alegria!

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Gonçalves dos Santos EC. A Configuração Identitária da Enfermeira: Percursos,

Escolhas e Decisões de Graduandos de Enfermagem [dissertação]. Rio de Janeiro,

Niterói: Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - Universidade Federal Fluminense. 2018. 140 págs.

RESUMO

A presente pesquisa de Mestrado Acadêmico encontra-se inserida no Núcleo de Pesquisa em Trabalho, Saúde e Educação – NUPETSE. Acredita-se que o Processo de Enfermagem é o melhor instrumento para desenvolver e consolidar a identidade profissional. Objetivo Geral: Compreender as implicações da imagem da Enfermagem pela sociedade no processo de decisão profissional. Específicos: Caracterizar o perfil dos graduandos de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense; Descrever a concepção dos graduandos de Enfermagem quanto ás influências da configuração identitária da profissão. Analisar como a identidade social da Enfermagem influencia no processo de decisão profissional.

Metodologia: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, exploratório-descritiva, de

campo. Teve como participantes 25 graduandos de Enfermagem do quinto período. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado um roteiro semi-estruturado e realizada a análise temática de conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Etica da Faculdade de Medicina da UFF e recebeu número de CAAE 66917517.5.0000.5243 e parecer 2.066.847. Claude Dubar foi eleito para referencial teórico, pois investiga as Identidades Profissionais e a Sociologia do Trabalho, desvelando variações das formas identitárias profissionais, que aportam nas relações de trabalho e nas relações sociais. Resultados e

discussão: foram elaboradas quatro categorias temáticas que emergiram dos discursos, por

meio de 117 unidades de registro: 1- O ser enfermeiro: identidade para si. Categoria 2- A opção pela Enfermagem: caminhos e descaminhos da escolha profissional. Categoria 3- A reação da família/amigos: identidade para o outro. Categoria 4- Projetando o futuro profissional. Além disso, foram construídas quatro unidades de contexto, as quais sumarizaram as ideologias predominantes oriundas dos discursos dos acadêmicos, quais sejam: 1-O cuidado e o cuidar. 2-As vicissitudes do percurso às carreiras valorizadas. 3-Da aceitação e orgulho à negação e preconceito. 4-Os nexos da Enfermagem: status, salários, jornadas e áreas de atuação. Conclusão: Os graduandos trazem consigo interpretações do que é ser enfermeiro, a partir de suas vivências e experiências, consubstanciadas com o que a sociedade pensa a respeito da figura do enfermeiro. A escolha pela Enfermagem se dá por inúmeros caminhos, que se interligam e tornaram a Enfermagem parte fundamental da vida desses estudantes. A multifatoriedade percebida neste estudo encontrou respaldo na literatura cientifica e apuram-se paradigmas da Enfermagem historicamente alicerçados, veiculados e condensados nas abstrações sociais.

Descritores: identidade própria, autoimagem, papel do profissional de Enfermagem, papel

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Gonçalves dos Santos, EC. The Nursing Identity Configuration: Journey, Choices and

Decisions of Nursing Graduates [dissertation]. Rio de Janeiro, Niterói: Aurora Afonso

Costa Nursing School - Fluminense Federal University. 2018.140 pags.

ABSTRACT.

Objective: This study aim to understand implications of Nursing image by society in the student´s decision-making process. Identify the students' conception of the influences of the identity configuration of the profession. Analyze how the conception about the social identity of Nursing has repercussions in the academic´s professional decision process. Methods: qualitative, exploratory-descriptive. Subjects: Nursing students. Theoretical reference: Sociologist Claude Dubar. Instrument: semi-structured questionnaire. Data analysis: thematic analysis of content. Results: thematic categories: 1- Being a nurse: identity for yourself. 2- The option for Nursing: the journey and paths of professional choose. 3 - The reaction of family and friends to Nursing: identity for the other. 4 - Designing the professional future. Conclusions: Students interpretations of what it is to be a nurse come from life's experiences and society´s thinking about that figure. The choice for Nursing takes place through innumerable interrelated paths and has variables, establishing paradigms and allegories of Nursing historically grounded, conveyed and condensed in social abstractions.

(15)

SUMÁRIO

CAPITULO I – Introdução ... 15

1.1.Questão norteadora e objetivos ... 18

1.2. Justificativa e relevância ... 18

1.3. Estado da Arte ... 19

1.4. Contribuições ... 25

CAPITULO II – Desenvolvimento ... 27

2.1. Referencial Teórico e Conceitual ... 27

2.2. O ensino superior em Enfermagem e História das identidades sociológicas ... 31

2.3. Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) na formação do Enfermeiro ... 40

2.4. A prática profissional do Enfermeiro: aspectos históricos e sociais ... 45

2.5. A identidade social e profissional do Enfermeiro ... 48

CAPITULO III – Metodologia... 60

3.1.Cenário da pesquisa... 60

3.2.Aspectos Éticos ... 61

3.3.Análise dos dados ... 62

CAPITULO IV - Resultados e Discussão ... 65

4.1. Caracterização dos participantes do estudo... 65

4.2. A Análise do Conteúdo dos Achados ... 90

CAPITULO V – Considerações finais ... 118

REFERÊNCIAS ... 123

(16)

CAPITULO I - INTRODUÇÃO.

O Senhor Soberano é a minha força; Ele faz os meus pés como os do cervo; Ele me habilita a andar em lugares altos. Habacuque 3:19 >>> É na medida em que lutamos para transformar a realidade

que a entendemos. "E é na medida em que melhor a entendemos, que mais lutamos para transformá-la. Michel Löry

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A motivação para realização deste estudo tem sua gênese nas minhas vivências desde graduanda de Enfermagem, onde percebia indefinida a pessoa da Enfermeira1. Nesse período, estive diante de situações de processo ensino-aprendizagem em que não se evidenciavam somente questões de currículo e conteúdo, mas sim, relações e ocorrências em que percebia a mim e a Enfermagem como um todo, como sujeitos a juízos de valor, pré-conceitos e discriminações.

Percebia que os conteúdos da maioria das unidades curriculares consideradas básicas, geralmente pertencentes ao Instituto Biomédico eram ministrados de forma superficial e rapidamente, cujos docentes estimulavam nos acadêmicos a repetição mecânica de saberes que deveriam ser compreendidos e sem qualquer tipo de relação clara com as Ciências de Enfermagem. Observava que havia certo desinteresse dos professores do Instituto Biomédico em lecionar para os graduandos de Enfermagem e quando algum colega realizava indagações, no sentido de ampliar o que estes docentes estavam ensinando, as respostas eram vagas, imprecisas ou simplesmente réplicas que caracterizavam a impressão de que tais professores não consideravam que fossem necessárias explicações aprofundadas de conhecimentos biológicos para os acadêmicos de Enfermagem.

Acredito que as contradições da prática profissional que permeiam o pensar/fazer, a teoria/prática e o cuidar/administrar, não são explicitadas nem enfrentadas durante o processo de formação o que reforça a divisão técnica e social do trabalho e favorece a crise de identidade. Na minha percepção da época, aqueles professores não investiam nesse alunado porque viam a Enfermagem como uma profissão menor, desprovida de prestígio e valor social. Os professores desconheciam a identidade da Enfermagem e do Enfermeiro. Na maior parte das situações os próprios estudantes também. Quando passei por experiências relativamente a ser monitora em disciplinas básicas, era vista com estranheza por alguns acadêmicos da área da saúde e até indignação quando estavam frente a uma graduanda de Enfermagem em laboratórios de Microbiologia, Genética e Anatomia.

Ao questionar discrepâncias e metodologias aplicadas no ensino e avaliação de graduandos de Enfermagem em Patologia e Anatomia no que se refere a assertivas de meu

1

De acordo com a nomenclatura do Conselho Internacional de Enfermeiras (CIE) se utiliza o termo "enfermeira" de forma genérica para referir-se a todos os profissionais de Enfermagem de nível superior independentemente do sexo.

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próprio aprendizado, fui posta em prova mais de uma vez, tornando evidente para mim que a sujeição dos discentes de Enfermagem era esperada por esses professores.

Na Residência em Enfermagem Clínico-Cirúrgica e como enfermeira plantonista em hospital público, inserida nas problemáticas do Sistema de Saúde e na docência, percebi que havia discursos semelhantes à experiência que havia tido. Repetidamente os estudantes e enfermeiros referiam sentimentos de inferioridade e discriminação que influenciavam em sua motivação para estudar, crescer, desenvolver e permanecer na Enfermagem.

O desenvolvimento da Enfermagem ao longo dos anos no Brasil percorre uma trajetória de lutas por espaço e reconhecimento profissional. Muitas foram e ainda são as dificuldades enfrentadas pela profissão, no que tange à construção de um saber específico, que confira cientificidade às suas ações e visibilidade social. Nas últimas décadas, as Ciências de Enfermagem expandiram-se significativamente, tanto na sua esfera de atuação, quanto no que tange as oportunidades profissionais. No entanto, apesar de haver evoluído expressivamente com a constituição multirregional de diversos cursos de pós-graduação na modalidade stricto sensu e sua prática seja vital para as instituições de saúde, a profissão ainda é pouco valorizada.

Ao debruçar-me inicialmente nos estudos sobre identidade da Enfermeira, me foram inspiradoras as investigações de Daher (2000) e Oliveira (2002), as autoras me trouxeram a percepção de que ao longo do processo de formação da Enfermeira, percorre-se uma trajetória vincada por momentos bastante singulares. O estudante quando chega a Faculdade de Enfermagem alberga categorias apreendidas em diferentes instituições sociais onde preliminarmente foram desenvolvidas. O estigma em relação à Enfermagem e em relação à Enfermeira é social e familiar e os estudantes chegam a Escola com os mais variados estereótipos sobre esta profissão.

Observa-se que num primeiro momento, no Ciclo Básico, os estudantes convivem num ambiente onde a maioria dos seus professores e monitores não são enfermeiros, num ambiente tomado por discriminações que reforçam e atualizam tais estereótipos. Entretanto, no momento em que o graduando passa ao ciclo profissional, depara-se com um ambiente onde se procura combater todos os modelos previamente expostos. Nessa fase, passa pela experiência que Foucault (2015, p.75) denomina de “disciplinarização de mentes e corpos”.

Na Faculdade de Enfermagem o graduando torna-se Enfermeiro, resultando na aquisição de habilidades técnicas, científicas e características morais. Há certa ''inculcação de hábitos'', conforme termo cunhado por Bordieu (2015), a qual se faz presente nessa fase

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de formação, por meio de aulas, palestras, cerimônias e rituais, originando um Modelo Vocacional.

As investigações sobre o processo de construção de identidade profissional, de acordo com Oliveira (2006), precisam envolver, simultaneamente, uma reflexão cuidadosa sobre o lugar do indivíduo, no contexto dos movimentos sociais, segundo o enfoque político e cultural, entendido como o espaço de relações de poder. Do ponto de vista sociológico, podemos considerar que toda e qualquer identidade é construída socialmente.

De acordo com Oguisso e Freitas (2015), a trajetória da Enfermagem trás consigo diversos estigmas e preconceitos, que são reforçados pelo fato de que, além de ser uma profissão de desempenho eminentemente manual, carrega, ainda, a fragilidade de, em todos os tempos, ter sido exercida por mulheres, sendo considerada, portanto, como um trabalho socialmente desvalorizado.

Apresenta pertinência o supramencionado, visto que o cuidar do ser humano enquanto um dos condicionantes da manutenção da vida, sempre pertenceu às mulheres, desde as eras pré-patriarcais, até o momento atual, pois estas eram identificadas à natureza, com a sua manutenção e recuperação, portanto, o cuidar devia pertencer a quem incorporasse em si a própria natureza (AMORIM e PORTO, 2012).

O mundo social imprime nos sujeitos um modo de ser e de estar no mundo e este é diferenciado para homens e mulheres e ao analisar os sistemas de ensino, é apontado que a escola produz e inculca habitus específicos, propiciando aos que estão direta ou indiretamente a ela ligados, esquemas particulares de pensamento e de ação, que serão adotados em campos diferentes (BOURDIEU, 2015). Desta feita, infere-se que a sociedade imprime ou inculca na mulher um conjunto de valores, que lhe confere um desempenho específico.

Assim, diante da problematização apresentada, tem-se como objeto de estudo “a influência da identidade social da Enfermagem na escolha profissional”.

1.1 Questão norteadora e objetivos.

Questão Norteadora:

 Como a concepção da imagem da Enfermagem pela sociedade repercute na decisão profissional?

(20)

 Compreender as implicações da imagem da Enfermagem pela sociedade no processo de decisão profissional.

Objetivos específicos:

 Caracterizar o perfil sócio-demográfico dos graduandos de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF)

 Descrever a concepção dos graduandos de Enfermagem quanto ás influências da configuração identitária da profissão.

 Analisar como a identidade social da Enfermagem influencia no processo de decisão profissional.

1.2. Justificativa

Para fundamentar a justificativa, foi realizado preliminarmente um levantamento on line no Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem - CEPEn, criado em 17 de julho de 1971 e destinado a incentivar o desenvolvimento e a divulgação da pesquisa em Enfermagem, organizar e preservar documentos históricos da profissão. Possui, em seu acervo, o maior banco de teses e dissertações na área de Enfermagem no Brasil. Buscando no arco temporal de 2001 a 2014 foi constatado que o total de pesquisas publicadas nesse período foi de 7.369. Dessas, 11 apresentavam o termo “identidade” em seu título. Três utilizavam o referencial teórico proposto nesta investigação.

A relevância dessa investigação decorre das recorrências presentes em periódicos acerca do estudo desta temática, demonstrando constituir-se uma discussão atual. Nestes termos, faz-se necessário repensar as constituições identitárias da Enfermagem que repercutem na formação da identidade profissional do Enfermeiro. Além disso, é prioridade na agenda brasileira de pesquisa a formação dos profissionais de saúde em consonância com as exigências da atualidade, advindas com as Diretrizes Curriculares Brasileiras de 2001.

O ensino em Enfermagem é fortemente relacionado à formação da identidade profissional e social do Enfermeiro, de acordo com Daher (2000). Assim, a contribuição desta pesquisa é ser um instrumento para reconhecimento das forças presentes nos processos de ensino e como colaboração para construção de um currículo de Enfermagem

(21)

em conformidade com as necessidades reais, buscando, em longo prazo, uma melhor inserção da Enfermagem na Universidade e na sociedade.

1.3. Estado da Arte.

A metodologia para tal compreendeu um levantamento na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), em específico as bases LILACS e BDENF, compreendendo artigos completos publicados entre 2006 e 2016 e o Portal de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Além disso, foi examinada a base PubMed na qual foram selecionados resumos de artigos de língua inglesa. Inicialmente a proposta de recorte abarcava de 2012 a 2016, porém, após levantamento preliminar, a diminuta amostra de artigos publicados fez me incrementar o arco temporal para dez anos ao invés de cinco.

A seleção dos artigos foi feita por meio da relação nominal com a temática identidade profissional e social e pela presença de pelo menos um dos descritores relacionados à temática central desta investigação: identidade própria, autoimagem, papel do profissional de Enfermagem, papel do enfermeiro, escolha da profissão, educação em Enfermagem, educação superior, estudantes de Enfermagem, comunicação, opinião pública, atitude, história da Enfermagem. Dos artigos selecionados, 48 foram encontrados na BVS utilizando-se os descritores acima e em português com a opção de texto completo. Do total dessa busca, foram utilizados 11 artigos.

Na base de dados da PubMed foi realizado um levantamento utilizando-se os seguintes descritores: self-concept, ethnography; interprofessional working; first year experience; nurse education; social media; student engagement; student transition, professional identity in nursing, professional pride, educator; identity crisis; professional; nurse role, medical-nursing boundary; professional boundaries. Foram localizados 15 artigos e optou-se pelo uso de sete deles.

O Portal de Teses e Dissertações da CAPES foi identicamente examinado por meio de palavras de busca “identidade, social, profissional, enfermeira, enfermeiro, Enfermagem” no período acima o retorno da informação foi de 7346 investigações. Foram utilizados os seguintes refinamentos: área Enfermagem, área de avaliação: Enfermagem, área de concentração: Enfermagem (todas as 35 elencadas no sistema), programa: Enfermagem. Assim, obteve-se o número de 3870 pesquisas, sendo selecionadas duas dissertações e três teses diretamente relacionadas à temática.

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Dos periódicos analisados, o com maior percentual de artigos sobre a identidade profissional/social da enfermeira foi a Revista Brasileira de Enfermagem, o órgão oficial de publicação da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). É o mais antigo periódico da Enfermagem brasileira e sua missão é divulgar a produção científica das diferentes áreas do saber que sejam do interesse da Enfermagem. Tal periódico contribui para a amostra com três artigos (27,7%).

A seguir, a Revista Latino Americana (EERP-USP) de Enfermagem e a Acta Paulista (EPE-UNIFESP), com dois (13,3%) artigos cada. As demais revistas cientificas, como Texto e Contexto em Enfermagem, Revista da Escola de Enfermagem da USP, Revista da Escola de Enfermagem da UERJ e Nursing aparecem com um artigo cada (36,6 %) da produção na área de busca desta revisão. Quanto às dissertações e teses, também se observa preponderância de publicações paulistas, posto que das quatro investigações, três pertenciam a USP e uma a ENSP-FIOCRUZ.

No que se refere às bases de dados, a maior parte das publicações foi localizada no LILACS (9; 60%). Em seguida, a Base de Dados de Enfermagem, BDENF (2).

Sobre o foco de análise das pesquisas antepostas, constatou-se que dos 11 artigos em língua portuguesa, cinco (45,4%) referem-se a pesquisar o processo de construção, percepção ou significado da identidade da Enfermagem ou do enfermeiro. Se incluir nesta análise os trabalhos acadêmicos (dissertações ou teses), este valor absoluto sobe para seis, entretanto, com o aumento quali-quantitativo dos trabalhos, o valor relativo seria de 40% referentes às pesquisas em torno do cerne identidade Enfermagem/enfermeiro.

Três (27,7%) artigos apresentaram como objetivo compreender como se processam as representações sociais da Enfermagem/enfermeiro frente a estudantes do ensino médio, profissionais de comunicação e profissionais de Enfermagem negros. Nas pesquisas elencadas dois trabalhos tiveram como núcleo a construção ou validação de instrumento / questionário para aplicação em alunos de ensino médio, sendo que um desses artigos é oriundo de uma das teses escolhidas. Em última instância, um artigo e uma dissertação realizaram investigações acerca do perfil sócio demográfico dos alunos de Enfermagem. Finalmente, uma tese versa sobre a relação da disciplina História da Enfermagem e a formação da identidade do enfermeiro.

Os objetivos explicitados nos artigos revisados demonstram que foram sistematizados de maneira a fazer surgir às características descritivas e explicativas de seus resultados. Os objetivos tratavam de “compreender o processo de construção da identidade das enfermeiras...; descrever e analisar as imagens profissionais presentes nas

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representações sociais de enfermeiros...”, características que certificam, nos artigos revisados, que o conhecimento da identidade profissional da enfermeira está ainda muito centrado na explicação de fatos e eventos que marcam o construído pela história da Enfermagem como profissão.

Assim, constata-se que existe maior quantidade de pesquisas sobre a percepção dos alunos (seja de ensino médio ou superior) sobre a identidade da Enfermagem/enfermeiro, contudo menor número de pesquisas que construam e validem instrumentos efetivos para esta análise. Igualmente não foram encontradas pesquisas em bases de dados fidedignas que demonstrem a percepção dos professores não-enfermeiros e outros profissionais de saúde sobre a profissão e a carreira de Enfermagem, o que poderia influenciar no tipo de ensino oferecido aos acadêmicos de Enfermagem. Outra lacuna importante refere-se a pesquisas nas quais se desenvolvam estratégias efetivas para promoção social da imagem coerente da enfermeira, compatível à importância para a humanidade.

No que se refere ao delineamento metodológico nove dos estudos (60%) utilizaram abordagem qualitativa, um (6,6%) quantitativa e dois quali-quantitativa. Uma pesquisa caracteriza-se como instrumental e dois estudos especificaram utilização de abordagem histórica. Bastante relevante uma vez que diverge da revisão de Bellaguarda et al. (2011), o qual relata que “[...] o estudo da identidade da enfermeira se centra na abordagem histórica. Traz à tona a incipiência de discussões práticas da identidade da profissional enfermeira para um delineamento mais operacional das possibilidades do “ser” enfermeira na atualidade.”

Desta feita, apesar de evidenciarem-se nesta amostra cinco investigações de natureza descritiva e duas exploratórias enquanto diagnóstico situacional em diversos cenários, já se mostra preocupação em quantificar, validar e instrumentalizar constructos para intervenções, no que se refere à identidade da enfermeira, nesses mesmos cenários.

A determinação de um referencial teórico ou conceitual aparece em seis (40%) das produções estudadas. Trata-se de ponto relevante a ser discutido nas apresentações de trabalhos científicos, posto que a consistência epistemológica e o rigor metodológico são considerados requisitos de qualidade das pesquisas. São elencados pelos autores: multirreferencial (1), representações sociais (3), Foucault (1) e Da Silva e Ribeiro Filho e Pasquali (1). Nesse sentido o corpus revisado apresenta como método de análise de dados as seguintes abordagens: análise de conteúdo (um; 6,6%), seguida pela análise de teoria fundamentada nos dados (seis; 40%) e discurso do sujeito coletivo (dois; 13,3%).

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Título Autores Objeto/ Objetivo

Método Considerações Finais

Repositório Periódico Ano 01 - A passagem pelos espelhos: a construção da identidade profissional da enfermeira. Oliveira. Construção da identidade profissional da enfermeira em três momentos denominado s passagens pelos espelhos: antes, durante e após a universidade . Abordagem qualitativa. A análise foi feita à luz da multi-referencialidad e e das representaçõ es sociais. A construção da identidade profissional da enfermeira é um processo dinâmico que desloca seu eixo principal para a auto identificação. LILACS Texto Contexto em Enferm. 2006 02- Como escolher o que não se conhece? Um estudo da imagem do enfermeiro por alunos do ensino médio. Kemmer e Paes da Silva. Aprofundar a compreensão das representaçõ es sociais sobre o Enfermeiro e a Enfermagem por alunos do ensino médio. Natureza qualitativa baseado na Teoria das Representaçõ es Sociais de Moscovici. Para análise utilizou-se o Discurso do Sujeito Coletivo O adolescente vê o Enfermeiro como profissão de apoio, somente inserido no contexto curativo e hospitalar. Tal imagem permanece inalterada. LILACS Acta paulista 2007 03- A visibilidade do enfermeiro segundo a percepção dos profissionai s de comunicaçã o. Kemmer e Paes da Silva Compreende r as representaçõ es sociais sobre o enfermeiro e a Enfermagem por profissionais de comunicação , uma vez que estes são intermediári os na codificação das representaçõ es imagéticas e textuais sobre a sociedade. Estudo de corte qualitativo, baseado na teoria das representaçõ es sociais de Moscovici Profissionais de comunicação desconhecem os campos de atuação, mercado de trabalho e categorização profissional da Enfermagem; Apontam estratégia para a construção de uma imagem mais coerente do enfermeiro e da Enfermagem. LILACS Rev.Latino-am. Enfermage m 2007 04 - Elaboração de instrumento para análise da imagem do enfermeiro frente a Luchesi, Mendes, Shiniyas hiki e Júnior. Validação de constructo referente a instrumento de coleta de dados para analisar percepção de alunos do Estudo quantitativo descritivo piloto, que apoiará futura validação do constructo. Aponta para a hipótese, entre outras, Está ocorrendo uma atualização da imagem social do Enfermeiro junto a população. BDENF Rev.Esc.Enf erm. USP. 2008

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alunos do ensino médio. terceiro ano do ensino médio acerca da Enfermagem . 05 – Enfermage m como opção: perfil de graduandos de duas instituições de ensino. Spindola ; Martins; Francisc o Comparar o perfil socioeconôm ico e fatores que interferem na opção pela Enfermagem dos alunos de duas instituições de ensino no município do Rio de Janeiro. Estudo descritivo-exploratório. Nas duas instituições de ensino o conjunto amostral é composto, em sua maioria, por adultos jovens, femininos, solteiras, sem filhos, pertencentes às classes B e C que buscam a Enfermagem por sua afinidade/inserção na área de saúde. LILACS Rev.Bras. Enferm. 2008 06 - Imagem do enfermeiro segundo a visão de alunos do ensino médio: desenvolvim ento de questionári o multidimens ional. Luciana Barizon Luchesi Desenvolver um Questionário Multidimens ional para Imagem Social do Enfermeiro (QMISE) a fim de estudar a imagem da profissão segundo a visão de estudantes do ensino médio. Investigação de instrumentaç ão onde se processa a construção e validação de um instrumento formal quantitativo. A maioria dos estudantes manifesta a valorização do cuidado. O fator autonomia não obteve consenso entre os estudantes e a maioria classificou o médico como o coordenador do trabalho. O índice de desinteresse pela profissão não obteve diferenças entre homens e mulheres. Portal teses/dissert ações da USP Tese EERP-USP 2008 07 - A Escola de Enfermage m da Universidad e de São Paulo e a reconfigura ção da identidade profissional da Enfermage m brasileira. Campos; Oguisso. Reflexão em torno das representaçõ es da identidade da Enfermagem por meio de imagens sobre a Enfermagem oriundas dos primeiros enfermeiros negros do Brasil. Análise histórica e documental. A EE - USP propiciou a inclusão de negras/os na Enfermagem redimensionando a identidade da Enfermagem brasileira. LILACS Rev.Bras. Enferm. 2008 08 - Acadêmicos de Enfermage m, Nutrição e Fisioterapia : a escolha profissional. Ojeda; Creutzbe rg; Feoli; Melo; Corbelli ni Analisar regimes de verdade que permeiam a escolha profissional da Enfermagem , fisioterapia e nutrição. Estudo descritivo e qualitativa, com calouros.Col eta de dados realizada com grupos focais, avaliados Os discursos assinalam que o conhecimento científico adquire status nas relações de poder entre as diferentes profissões e a sociedade. LILACS Rev.Latino-am.Enferma gem 2009

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pela análise de discurso, sob o olhar de Foucault. 09 - Questionári o multidimens ional para análise da imagem do enfermeiro Luchesi e Mendes, Construir questionário multidimensi onal para avaliar a percepção de alunos do ensino médio sobre a Enfermagem e validar o questionário. Estudo quanti-qualitativo. Referencial teórico-metodológic o: Da Silva e Ribeiro-Filho e Pasquali. A mudança na configuração do mercado de trabalho já está exercendo influência nos estudantes de ensino médio. Ações diretivas devem ser estabelecidas a fim de que a Enfermagem tenha sua imagem social atualizada e o profissional sinta-se reconhecido. LILACS Acta Paulista 2010 10 - O que é ser enfermeiro? Uma visão dos alunos do ciclo básico. Sales; Gregório ; Andrade. Analisar a percepção dos estudantes do ciclo básico da graduação de Enfermagem sobre o que é ser enfermeiro. Abordagem qualitativa com análise narrativa de conteúdo. Os estudantes têm dificuldades de elaborar um conceito efetivo sobre o que é ser enfermeiro. BDENF Nursing 2010 11- Significado da profissão para alunos que ingressam na graduação em Enfermage m. Spindola ; Santiago ; Martins; Francisc o Descrever o significado da profissão para estudantes do primeiro período do curso de graduação em Enfermagem . Estudo descritivo com abordagem qualitativa. Enfermeiro visto profissional que cuida da saúde e associado à imagem de dedicação e responsabilidade. Relacionam as atividades de assistência e administração vinculadas à prática médica denotando falta de autonomia da profissão. LILACS Rev.Bras. Enferm. 2011 12 - Uma antiga profissão do futuro: percepções de enfermeiros sobre sua formação e inserção profissional Lilian dos Santos Carvalho Analisar a relação formação-prática do enfermeiro frente às Diretrizes Curriculares. Pesquisa bibliográfica e empírica. Para sistematizaçã o dos dados foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. As mudanças atuais não representam rupturas, mas ampliação dos modos de ver as práticas em saúde. A identidade profissional desvelou-se com representações distintas sobre seu passado e expectativas imprecisas pro futuro. Há busca constante de definição da identidade do enfermeiro. Portal CAPES Dissertação - ENSP FIOCRUZ 2011 13 - O ensino de história da Enfermage Alessand ra Rosa Carrijo Discutir o lugar da disciplina História da Abordagem qualitativa e utilização do método de Declínio da importância da disciplina no desenvolvimento Portal teses/dissert ações da USP. Tese EE-USP 2012

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m: formação inicial e identidade profissional. Enfermagem na construção de competência s na graduação da EEUSP e seu contributo para a identidade da profissão de Enfermagem . pesquisa histórica, compreendid o pelas etapas de coleta, organização e avaliação crítica dos dados. histórico da formação na EEUSP. 14 - Identidade profissional percebida por acadêmicos de Enfermage m: da atuação ao reconhecim ento e valorização. Beck, Prestes, Silva, Tavares e Prochno w Conhecer como os acadêmicos de um curso de Enfermagem percebem a identidade profissional do enfermeiro. Pesquisa Descritiva E Qualitativa, com elaboração de questões abertas para confecção do questionário e Quantitativo quanto aos procediment os de mensuração das respostas fechadas. Os acadêmicos pesquisados percebiam que o enfermeiro atua em diferentes cenários, com competências específicas e portanto deve ser reconhecido e valorizado. LILACS Rev.Enferm . UERJ 2014 15 - Identidades e escolhas profissionai s na perspectiva de graduandos de Enfermage m Thaís Araújo da Silva Mapear e discutir o perfil sócio demográfico do alunado matriculado no curso de Enfermagem da Instituição Superior de Ensino Privado, do Município de São Paulo. Trata-se de um estudo de natureza histórico-social, qualitativa e exploratória, pautado no método da História Oral Temática. Na constante luta pelo reconhecimento e construção de uma identidade profissional, o enfermeiro passa continuamente pela busca de uma imagem, que possa corresponder com seus anseios e conferir-lhe direitos, autonomia e respeito. Portal teses/dissert ações da USP Dissertação EE-USP 2016

Fonte: Dados da pesquisa, Niterói, 2017 1.4 Contribuições.

Relativamente às contribuições, esse estudo poderá clarear, para os professores, as concepções dos acadêmicos quanto à Enfermagem, que por sua vez podem servir de subsídios para reflexões sobre o labor da docência quanto ao ensino superior em Enfermagem. Ademais, o fortalecimento do Núcleo de Pesquisa em Trabalho, Saúde e Educação – NUPETSE, onde este estudo encontra-se vinculado.

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No que tange a prática assistencial, os resultados desse estudo poderão contribuir não somente para os professores, mas também para os enfermeiros, no que tange à reflexão quanto à práxis de Enfermagem, no sentido de procurar desenvolver nos formandos de Enfermagem, perfis ativos, críticos e reflexivos, em vista de uma Enfermagem com autonomia e reconhecimento social.

CAPITULO II –

Eu sou a videira;

vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto;

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João 15.5

2.1. Referencial Teórico e Conceitual

A partir da década de 1930, com cenário a Segunda Grande Guerra e derivada às mudanças na economia, das condições sociais e das políticas, foram surgindo novos grupos profissionais. Atrelado às questões da identidade foram desenvolvidos estudos sobre as profissões que passaram a ser objeto de estudo da Sociologia, denominado Sociologia das Profissões (RODRIGUES, 2012). Tais investigações centradas nas questões das identidades desenvolveram-se a partir da década de 1970 possuindo como pano de fundo a crise econômica mundial. Assim, a abordagem das Identidades passou a ser identificada como Contemporânea. Concomitantemente, houve um desenvolvimento da disciplina da Sociologia das Profissões, ocorrendo uma dicotomia com os ideais do funcionalismo e do interacionismo simbólico, surgindo desta forma, novas abordagens de análise relativas à identidade e às profissões que antecederam a essa década (RODRIGUES, 2012).

Assim, como referencial teórico deste estudo, elegeu-se Claude Dubar, que foi docente de Sociologia na Universidade de Versailles. Dentre suas obras destacam-se: “Analyser lês entretiens biographiques, Sociologie dês professions; La Crise des identités”, as quais têm sido bastante elencadas por estudiosos em diversos campos do saber, em especial na área de ciências sociais.

O autor investigara as Identidades Profissionais e a Sociologia do Trabalho, desvelando as variações das formas identitárias profissionais, que aportam nas relações de trabalho e nas relações sociais e explana que as identidades profissionais são modificadas ao longo da trajetória de vida (SILVA, 2016).

Dubar (2009) explica a diferença de abordagens interacionistas (do Interacionismo Simbólico) e funcionalistas (do Funcionalismo) que são duas categorias que tratam das Profissões e suas definições. Assim, o interacionismo simbólico trata da relação entre o profissional e seu cliente, cujo termo profissão se traduz em prestígio. Traz, ainda, a divisão do trabalho visando não haver segregação do conjunto de atividades na qual a

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profissão se insere. Afirma ainda que o Funcionalismo retrata que a profissão só pode ser válida a partir da competência técnica, necessitando-se assim, ter um código de ética que regule o exercício da profissão.

Conforme refere Dubar (2005, p. 136) Identidade é o “resultado a um só tempo estável e provisório, individual e coletivo, subjetivo e objetivo, que, conjuntamente, constroem os indivíduos e definem as instituições”. A identidade é desenvolvida na infância pelo processo de socialização familiar e posteriormente, na escola. É nessa relação de troca de experiências, vivências e exemplos que a criança vai aprendendo e entendendo a ser humano, relacionando as características humanas ao seu modo de vida Dubar (2009) demonstra que o caminho para chegar às formas das identidades, é necessário compreender as representações ativas, ou seja, através dos discursos dos indivíduos sobre suas relações sociais. Essas representações ativas podem ser analisadas através das seguintes dimensões: Da interação do indivíduo com o sistema ao qual ele está inserido; da relação com o futuro; do modo como ele descreve e vivencia uma situação.

O autor explica que a identidade está interligada a dois conjuntos diferentes: o Essencialismo e o Nominalista (também chamada de existencialista). O primeiro refere-se à essência original do indivíduo, que não refere-se pode mudar, são as chamadas “realidades em si”, por partir do princípio de que a identidade permanece intacta ao longo da vida. Esse processo se agrupa na forma comunitária, cuja crença se supõe na “existência de agrupamentos chamados “comunidades”, consideradas como sistemas de lugares e nomes pré-atribuídos aos indivíduos e que se reproduzem de modo idêntico através das gerações”. Aqui cada indivíduo é identificado como ser pertencente ao grupo/comunidade, como por exemplo, as culturas, nações, corporações, etnias, entre outros. Desse modo, a identidade está atrelada ao essencialismo, e a concepção de si e de outrem se ligam à identidade do grupo (DUBAR, 2009).

O nominalista defende a ideia de que a identidade é mutável e que depende do contexto no qual o indivíduo está inserido e que pode variar na trajetória histórica. Está inserido na forma denominada Societárias onde esta se atrela na transmutação e provisória identificação, baseada na escolha pessoal e não nas designações herdadas. É neste ponto de vista (nominalista) que Dubar se atém ao retratar a identidade (SILVA, 2016).

Considera-se o conjunto nominalista particularmente importante para o processo de decisão profissional da Enfermagem:

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Nesse movimento de interação com diversos meios ou grupos no que rege ao conjunto nominalista, ocorrem os processos biográficos que se traduzem na identidade para si (definição de si). Nessa conjuntura, a identidade para si está apoiada nas identidades herdadas, porém passa a sofrer mutações com a entrada no mercado de trabalho. Esse período é estabelecido na transição da adolescência para a vida adulta e que permitem a desenvoltura dos processos relacionais (identidade para o outro/rotulagem por outrem) (DUBAR, 2009).

Nessa perspectiva, os espaços de formação, trabalho e emprego são extensões que fazem parte da trajetória de vida dos indivíduos e que permitem legitimar a identidade social que, conseguintemente, desenvolve uma identidade profissional.

O quadro a seguir sintetiza o modelo proposto por Dubar (2005), cujas análises dos processos de identificação confluem na composição identitária:

Quadro 2: Quadro sinóptico categorial referente à Análise de Identidade, segundo Dubar

PROCESSO RELACIONAL PROCESSO BIOGRÁFICO

Identidade para o outro Identidade para si

Atos de atribuição Atos de pertencimento “que tipo de “que tipo de homem (ou de mulher) homem (ou de mulher) você quer ser”

você é”

Identidade social virtual Identidade social real Transação objetiva Transação subjetiva Transação objetiva (Identidades Transação subjetiva (Identidades atribuídas/propostas; Identidades herdadas; Identidades visadas)

assumidas/incorporadas

IDENTIDADE SOCIAL MARCADA PELA DUALIDADE Fonte: SILVA, 2016.

A personalidade individual é formada progressivamente pela cultura a partir do momento em que o indivíduo se sente pertencente àquela sociedade, lembrando que a realidade social é diversificada, portanto, não pode ser vista em uma única dimensão Assim, a identidade não se pressupõe, obrigatoriamente, como fruto do mundo social. (DUBAR, 2005).

O processo identitário da Enfermagem é histórico e, portanto, dinâmico (SILVA, 2016). Os indivíduos, principalmente os mais jovens que se encontram em fase de decisão pela carreira que desejam seguir, aspiram a profissionalização, no sentido de que necessitam escolher uma profissão que exista uma graduação para tal formação, aspirando a um verdadeiro ofício reconhecido. Ao escolher uma profissão, os indivíduos relacionam seu modo de viver, suas experiências individuais e sociais, bem

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como sua identidade pessoal quanto à identidade profissional pré-concebida face à sua escolha profissional (DUBAR, 2011).

Dubar (2005) revela que a identidade profissional faz parte de um grupo que agrega indivíduos que integram esse meio e que representam o papel do profissional de acordo com as características do conjunto historicamente construído. Esse conjunto, por sua vez, envolve múltiplas identidades, ou seja, características do coletivo, da organização, individual e social.

Denomina-se as identidades para si como identidades sociais reais e a identidade para o outro como identidades sociais virtuais. Para que não ocorra uma discrepância entre as identidades virtuais com as identidades reais, emergem estratégias que possibilitam estreitar essas duas configurações e podem ser adotados dois métodos. Um é denominado como transação externa / objetiva e tem como objetivo ajustar essa diferença entre a identidade para si e a identidade para o outro (indivíduo e o outro); e as transações internas/subjetivas que tem como objetivo manter as identidades herdadas, mas com intuito de construir uma nova identidade no futuro (outro e o indivíduo), que neste ponto, é caracterizada como identidades visadas (DUBAR, 2005).

Esta dualidade, aonde os papéis vão se definindo, juntamente com a aceitação do papel que deverá ser desempenhado, ocorre de forma não linear, pois é produzido de forma dinâmica, haja vista que esse processo é construído socialmente e há situações em que o indivíduo pode se recusar a aceitar uma identificação por outra pessoa (DUBAR, 2009).

A personalidade individual é formada progressivamente pela cultura a partir do momento em que o indivíduo se sente pertencente àquela sociedade, lembrando que a realidade social é diversificada, portanto, não pode ser vista em uma única dimensão Assim, a identidade não se pressupõe, obrigatoriamente, como fruto do mundo social. (DUBAR, 2005).

Neste contexto, acredita-se que a escolha do referencial teórico coaduna com o objeto proposto neste estudo.

2.2. O ensino superior em Enfermagem no Brasil e História das identidades sociológicas.

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No Brasil, a primeira Escola de Enfermagem foi criada para atender inicialmente aos hospitais civis e militares e posteriormente, às atividades de saúde pública. Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, no Rio de Janeiro, junto ao Hospital Nacional de Alienados do Ministério dos Negócios do Interior. Esta escola é de fato a primeira escola de Enfermagem brasileira, e foi criada pelo Decreto Federal 791, de 27 de setembro de 1890, e denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, pertencendo à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.

Silva (2016) afirma que a criação dessa escola seguiu o modelo médico francês, do Dr. Bourneville, o qual tinha escolas de Enfermagem na França, no século XIX, como o ensino de Enfermagem na Escola Salpêtrière. Com isso, denota-se o interesse médico em se criar uma instituição para a formação de enfermeiros e enfermeiras para o Hospício Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, capital da República, no final do século XIX, considerando-se a grave crise instaurada naquela instituição nosocomial, entre médicos (psiquiatras) e religiosas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, resultando na saída dessas últimas do Hospício referido.

Com isso, abriu-se a possibilidade de “importação” de um grupo de enfermeiras francesas, formadas em escolas de Enfermagem naquele país. Os médicos viam assegurada a assistência aos doentes internados naquele Hospício, e também garantiam a disciplina, a subserviência e a obediência dos trabalhadores da área de Enfermagem aos interesses e comandos médicos da época.

Nessa época, o modelo de formação profissional era em conformidade com os modelos das Escolas de Salpetrière na França, com duração de dois anos e a proposta curricular era composta de conteúdo básico para aquela época e com visão tipicamente curativa (GEOVANINI et al., 2010, p. 33).

No crepúsculo do século XIX e o alvorecer do século XX foram assinalados por crescimento populacional importante e premente necessidade da urbanização das metrópoles especificamente a zona portuária no Rio de Janeiro e São Paulo. Com o modelo capitalista de produção tornando-se hegemônico e com a descoberta das Américas, as viagens com finalidades econômicas passaram a ser cotidiano ordinário entre nações. Entretanto, as permutas oriundas destas viagens trouxeram também proliferação das doenças não só aos tripulantes, mas a população regional, fazendo com que a saúde constituísse problema de ordem econômica e social (SOUZA, 2014).

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Oguisso e Freitas (2015, p. 101) referem que o serviço de inspeção de saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro configurava-se como porta de entrada das doenças infecciosas (malária, febre amarela e peste) e existia desde 1828. Contudo, a organização vigente demonstrava descontinuidade, deficiência e quase inexistência de repercussão sobre o controle das doenças, ao contrário, estas se alastravam, chegando a uma situação de verdadeira calamidade pública.

Devido a esse cenário, por entender a prevalência destas doenças como epidemias, na reforma de Oswaldo Cruz, critérios bastante específicos foram desenvolvidos para monitoração e controle destas doenças. Posteriormente, com a reforma de Carlos Chagas (1920), com a necessidade de reorganizar o modelo atual de assistência, criou-se o Departamento Nacional de Saúde Pública, órgão que se tornou referência normativa e executiva as atividades de saúde pública no Brasil (KLETEMBERG, 2004, apud SOUZA, 2014).

De acordo com Oguisso e Freitas (2015), a comitiva das Enfermeiras norte-americanas chegou ao Brasil em setembro de 1921. Estava encarregada de estudar a situação da Enfermagem no Brasil e apresentar ao Governo brasileiro recomendações para o programa a ser adotado. Além disso, a organizar e chefiar um serviço de Enfermagem. A Enfermeira Ethel Parsons manteve-se no Brasil por dez anos (1921-1931) e por seu intermédio foi aprovado o Decreto n° 20.109, de 15 de junho de 1931, que regulou o ensino de Enfermagem até a vinda da Lei n° 2.604/55.

É importante destacar pontos fulcrais para a oficialização deste decreto: que para o exercício da profissão, se exige um preparo técnico condizente com os novos padrões estabelecidos e a incorporação da Escola Anna Nery a Universidade do Brasil. Em 1922, chegaram ao Brasil mais 13 Enfermeiras norte-americanas, sete para os serviços de Saúde Pública e seis para a Escola. Para a direção da Escola foi nomeada a Enfermeira Clara Louise Kienminger. Nesse momento, foi fundada a Escola de Enfermagem do Departamento Nacional de Saúde Pública, ulteriormente Escola de Enfermeiras Anna Néry e hoje Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (SOUZA, 2014).

Na década de 40, a Escola Anna Nery foi incorporada à Universidade do Brasil e em 1949, o Projeto de lei 775 controlou a expansão das escolas e exigiu que a educação em Enfermagem fosse ministrada nos centros universitários. A referida década se destacou pela consolidação da industrialização e pelo surgimento de grandes hospitais e as políticas educacionais de saúde sofreram os reflexos desse momento histórico. Um das

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