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A implantação e o desenvolvimento da Internet no Brasil

CAPÍTULO I A SOCIEDADE INFORMATIZADA DO SÉCULO XXI E A

1.2. A evolução da Internet no Brasil e no mundo: progressos e problemas

1.2.3. A implantação e o desenvolvimento da Internet no Brasil

Como se verifica dos conceitos embrionários até aqui emitidos, os problemas potenciais são enormes. No entanto, estima-se que, como o fenômeno Internet no Brasil é recente26, os problemas tenderão a ser minimizados. Evidentemente, não se pode desprezar que a Rede Internet, para o seu perfeito funcionamento, depende da conectividade e da infra-estrutura das Empresas de Telecomunicações (Concessionárias, Permissionárias e/ou Autorizatárias do Poder Público), do "hardware" (computadores e modens) dos provedores e seus usuários, bem como dos "softwares" instalados em todas os equipamentos envolvidos: provedores, teles, usuários, etc.

Do mesmo modo que a Internet surgiu e se consolidou no universo, no Brasil também sua implantação e desenvolvimento ocorreram de forma muito rápida. O ano de 1988 é considerado pelos estudiosos como o marco zero da Internet no País. A iniciativa pioneira de se buscar acesso à Rede coube a FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo, ligada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, ainda hoje um dos organismos mais respeitados nessa área.

No primeiro ano de funcionamento, os responsáveis pelos setores técnicos passaram a utilizar a Bitnet (Because is Time to Network), que permitia apenas a retirada de arquivos e correio eletrônico, embora fosse uma das redes de maior amplitude à época.

Em 1991, uma linha internacional foi conectada à FAPESP para que fosse liberado o acesso Internet a instituições educacionais, fundações de pesquisa, entidades sem fins lucrativos e órgãos governamentais, que passaram a participar de fóruns

26 Os Provedores dos Serviços Internet, no Brasil, passaram a atuar em meados da última década e os

de debates, acessar bases de dados nacionais e internacionais, supercomputadores de outros países e transferir arquivos e softwares.

Com o aumento da conexão da FAPESP para 9,600 bps, tem início o transporte de tráfego IP, além de Decnet e Bitnet. Esta foi realmente a primeira conexão à Internet realizada no Brasil. Desde então, a FAPESP encarregou-se da administração do domínio ‘’br’’ e da distribuição dos números IP em todo o País.

No ano seguinte muitas redes regionais foram desenvolvidas em vários estados do Brasil para facilitar uma estrutura nacional para a comunicação de dados. O Alternex passou a ser o primeiro serviço de Rede de computadores fora da comunidade acadêmica a oferecer todos os serviços na internet no Brasil. A primeira conexão de 64 kbps a longa distância estabelecida entre São Paulo e Porto Alegre não demorou muito a se realizar.

A partir daí teve início a criação de centenas de páginas Web, com metade delas na USP (cerca de 500 Páginas). Os BBSs já ofereciam serviços de e-mail e acesso à Rede de mensagens mas, nem a Embratel, nem o Ministério das Comunicações facilitavam as iniciativas dos provedores privados.

Em 1992, com a criação da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, organizou-se o acesso à Infovia com a criação de um

backbone - tronco principal da Rede - estabelecendo pontos de presença nas capitais e

operando os nós da Rede no País.

Uma portaria conjunta dos Ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia – Portaria n.º 13 - publicada no dia 1.º de junho de 1995, criou a figura do provedor de acesso privado, liberando a operação comercial da Rede no Brasil.

As estatísticas que datam de 1999 indicavam que cerca de 250 mil servidores Internet estavam em atividade no Brasil àquela época, muitos deles conectando- se a outras instituições, a exemplo do site eu.ansp.Br, da Fapesp, que agregava mais de 700 entidades de pesquisa e ensino, entre governamentais e não-governamentais.

A Internet no Brasil continuou crescendo: o número de usuários e provedores aumentou rapidamente, principalmente com a venda de assinaturas para acesso

à Internet. Várias centenas de provedores novos e incontáveis sites em língua portuguesa na Rede, além da entrega, pela primeira vez, das declarações do imposto de renda via Internet, deram o novo tom do que viria mais adiante.

Em 1998, um brasileiro inventou o acesso à Internet via ondas de rádio e o número de internautas no Brasil já ultrapassava 1,8 milhão. O provedor paulistano

Internetcom lança nesse mesmo ano o ZipMail, serviço de e-mail gratuito via web e o

Tribunal Superior Eleitoral, em parceria com 11 sites de notícias brasileiros, divulga na Internet os resultados das apurações das eleições em tempo real. Os sites têm recorde de acessos. A America Online anuncia sua entrada no Brasil.

É impressionante como o número de internautas já ultrapassava a marca dos 2,5 milhões no ano seguinte, estando esse número hoje próximo dos oito milhões, como veremos a seguir.

Segundo dados recentes do IBOPE27, no mês de março de 2002, o tempo médio de acesso domiciliar ultrapassou nove horas/mês pela primeira vez desde que o Ibope eRatings começou a atuar no Brasil. A Nielsen NetRatings, parceira do Ibope eRatings, mede o acesso à internet em mais de 21 países além do Brasil. Através de uma tecnologia única, Nielsen//NetRatings é capaz de medir o comportamento dos usuários, bem como a atividade publicitária online, e fornecer dados precisos e amplos sobre a Internet mundial.

Outra novidade relatada pela pesquisa foi o aumento do número de internautas ativos para 7.222.085. É a primeira vez no Brasil que o número de usuários domésticos ativos (que acessaram a web pelo menos uma vez nos últimos 30 dias) superam os sete milhões. A exemplo dos meses anteriores, o uso da internet voltou a crescer nos domicílios brasileiros. De acordo com o Ibope eRatings, 7.222.085 brasileiros utilizaram a web em suas residências em março, um aumento de 9,25% em relação ao mês anterior. E o tempo de uso também aumentou: foram em média 9h01min, contra 8h13min em fevereiro desse ano.

27 IBOPE, 5. ª Pesquisa Internet Brasil, 2001/2002. Disponível em: http://www.ibope,com.br. Acesso em: 12

Analisando a referida pesquisa, o diretor de Serviços de Análise do IBOPE-eRatings, Marcelo Coutinho, afirma: "Em termos de acesso doméstico, já passamos

mais tempo surfando que ingleses e alemães. Já temos mais usuários ativos que a Espanha e estamos nos aproximando da França. É lógico que estamos falando de usuários com poder de compra bastante diferente, mas ainda assim é um bom indicador para um país que só privatizou seu sistema telefônico em 1997”.

A trajetória ascendente, em termos do número de horas de uso, tem se verificado mesmo durante períodos em que tradicionalmente ocorre uma pequena diminuição no acesso doméstico, como nos meses de dezembro e janeiro. Quando verificamos o resultado apresentado pela referida pesquisa nos últimos 12 meses, os brasileiros com acesso no domicílio navegaram 7h31m., proporcionando um crescimento em termos de tempo de uso de 19,9% em um ano.

Na mesma pesquisa, o IBOPE constata que não houve modificações entre as 10 propriedades da WEB mais visitadas, entre elas o UOL, o IG, o YAHOO! E o BLOBO.COM. O UOL continua na liderança com 5,154 milhão de usuários únicos, seguido do iG (4,541 milhões), do Yahoo! (3,774 milhões) e do Globo.com (3,769 milhões). Em seguida, ficaram o Terra (3,022 milhões), o MSN (2,897 milhões), AOL (2,242 milhões), Microsoft (2,178 milhões), CJB (1,572 milhões) e Starmedia (1,291 milhões).

Mesmo sem alterações significativas, caiu a diferença de audiência entre o UOL e o iG: em fevereiro, a diferença era de 11,86% e, em março, passou a ser 8,38%. Tanto o iG quando Yahoo! e Globo.com expandiram sua presença na internet em relação a outras propriedades.

Já, quando o assunto é domínios, pode-se observar algumas trocas de posição a partir da 5ª colocação. Os dados a seguir apresentados dizem respeito ao que foi pesquisado nos meses de Fevereiro e Março de 2002.

Após a divulgação dos primeiros números sobre medição de audiência e monitoração da Internet no Brasil, já se pode, mesmo de modo embrionário, fazer alguns comentários mais abalizados sobre a aceitação desse novo meio de comunicação no país. Todos os dados levantados sobre a Internet, no Brasil e no Mundo, carecem ainda de uma comprovação mais efetiva, mas, pela seriedade do IBOPE, fica mais confiável a base de dados.

O levantamento feito pelo IBOPE-eRatings.com apurou que o número de usuários domésticos ativos superaram os sete milhões, constatando também que em setembro de 2001, havia 14 milhões de brasileiros com acesso à Internet. Este número engloba todas as pessoas que acessam a Rede, seja no trabalho, em cyber cafés, faculdades, bibliotecas, etc. Já o número de Internautas domiciliares, os que têm usam computador com acesso à Internet em casa, foi de 9,8 milhões. Os dados divulgados pelo IBOPE eRatings.com sobre o perfil dos usuários refere-se aos Internautas domiciliares.

Os institutos de pesquisas têm objetivos e metodologias diferentes para analisar pesquisas desse porte. O IVC, por exemplo, realiza auditorias em sites e portais filiados. Já o IBOPE eRatings.com está focado no usuário e no seu comportamento na Internet, mas há diferenças importantes na metodologia de cada empresa. Uma delas está na amostra. O IBOPE eRatings.com trabalha com uma amostra representativa de todo o Brasil, considerando áreas urbanas e rurais, enquanto outros institutos trabalham com uma amostra de alcance geográfico regional.

Com o serviço Nielsen//NetRatings, as empresas têm acesso a relatórios mensais com as seguintes informações: métricas básicas (que inclui, por

exemplo, audiência, page views, alcance, tempo de conexão por pessoa); perfil sócio- demográfico dos Internautas e atividades publicitárias (como audiência e click por banner).