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3 A EMERGENCIA DE UMA AGENDA AMBIENTAL INFLUENCIANDO O

4.4 A INDÚSTRIA DE CALÇADOS NO BRASIL E NO NORDESTE

No Brasil, apesar da concentração de empresas de grande porte estar localizada no estado do Rio Grande do Sul, a produção de calçados vem paulatinamente sendo distribuída em outros Estados. Conforme mostra a Tabela 5, a maioria das empresas está localizada nos Estados do Rio Grande do Sul (35,2) e São Paulo (30,1). Os Estados de Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Ceará, embora apresentem números bem inferiores, também são importantes produtores de calçados.

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TABELA 5

Relação de Empresas e Empregos por Estados Brasileiros - Produtores de Calçados – 2007

ESTADOS EMPRESAS EMPRESA

Por Estado %

EMPPREGO EMPREGO

Por Estado %

Rio Grande do Sul 2.755 35,2 111.966 37,00

Ceará 236 3,0 52.746 17,4 São Paulo 2.354 30,1 52.055 17,2 Bahia 106 1,4 28.134 9,3 Minas Gerais 1.382 17,7 24.770 8,2 Paraíba 111 1,4 12.710 4,2 Santa Catarina 307 3,9 6.880 2,3 Sergipe 15 0,2 3.001 1,0 Paraná 138 1,8 1.999 0,7 Pernambuco 52 0,7 1.653 0,5 Goiás 170 2,2 1.463 0,5

Rio G.do Norte 25 0,3 1.375 0,5

Rio de janeiro 64 0,8 1.323 0,4

Espírito Santo 29 0,4 1.144 0,4

Mato Grosso do Sul 24 0,3 1.116 0,4

Pará 6 0,1 193 0,1 Piauí 11 0,1 99 0,0 Mato Grosso 17 0,2 87 0,0 Alagoas 6 0,1 64 0,0 Distrito Federal 8 0,1 58 0,0 Amazonas 2 0,0 21 0,0 Maranhão 0,1 16 0,0 Tocantins 5 0,1 12 0,0 Rondônia 5 0,0 6 0,0 Roraima 1 0,0 1 0,0 Total 7.830 100 302.892 100 Fonte:Abicalçados, 2008.

O exame da Tabela 5 mostra que o Rio Grande do Sul é o principal Estado produtor de calçados, apresentando a maior quantidade de empresas e também a maior quantidade de empregos no setor calçadista brasileiro. Apesar de pulverizada em diversos municípios, a indústria gaúcha concentra importantes pólos calçadistas, como o do Vale dos Sinos, Vale do Paranhana, Serra Gaúcha e Vale do Taquari.

Em seguida, destaca-se o estado de São Paulo, o segundo maior em quantidade de empresas e o terceiro na geração de empregos do setor.

Na região Nordeste do Brasil, destaca-se o Ceará, ocupando a segunda posição em relação à quantidade de empregos. Esse estado, apesar de ter menor quantidade de empresas do que Minas Gerais apresenta maior quantidade de empregos em relação ao estado mineiro. Sobressai ainda, como maiores empregadores na região Nordeste, além do Ceará e da Bahia, a Paraíba, ocupando a 6ª posição.

A explicação para este comportamento está associada às mudanças que ocorreram no setor devido a alguns fatores. Diante da acirrada competição no mercado interno e externo por linhas de calçados de baixo preço, as indústrias brasileira do setor, das regiões Sul e Sudeste, buscaram regiões com maior vantagem comparativas, principalmente em termos de custo de mão-de-obra59, assim como da redução de frete e prazo de entrega da exportação para os principais mercados internacionais, principalmente Estados Unidos e Europa. Acrescente-se a isso a forte política de atração de investimentos industriais concedidos pelos governos municipais, estaduais e federais.

Dentre as modalidades de incentivo implementadas pelo governo local dessas regiões, na segunda metade da década de 90, destacam-se concessões financeiras diferenciadas, benefícios fiscais e estímulo à infra-estrutura. Os estados mais favorecidos pelos investimentos foram os do Ceará e da Bahia, que possuem estratégias mais agressivas de oferta de incentivos fiscais às empresas ( geralmente grandes empresas do setor calçadista) que almejam ali se instalarem60.

59 Diversos fatores de ordem conjuntural, especificamente a política brasileira de câmbio e juros, juntamente com a evolução dos mercados e a oferta internacional de calçados afetaram a indústria calçadista brasileira nesse período, impondo ao setor, medidas de ajuste defensivo.Uma dessas medidas do setor consistia em deslocar unidades produtivas em direção à região Nordeste brasileira onde devido ao grande contingente de mão-de-obra o custo de produção pudessem ser reduzidos. Para aprofundamento do tema ver: PICCININI (2004); AZEVEDO (2002); COSTA(2001), entre outros.

60 Entre as empresas de grande porte que estabeleceram unidades na Região Nordeste, destacam-se: Grendene, Azaléia, dakota Romarim, Via Uno, Paquetá, Piccadilly, Bibi, Agabe, entre outras.

Frente a essas medidas, o estado do Ceará apresenta uma performance expressiva tanto na sua participação no emprego no setor (Tabela 5) quanto nas vendas externas, conforme mostra a Tabelas 6.

TABELA 6

Exportação Brasileira de Calçados por Estados em pares e em US$ em 2007

ESTADOS PARES

(milhões)

US$

(milhões)

Rio Grande do Sul 69.814.388 1.215.224.318

Ceará 51.711.507 299.880.154 São Paulo 15.990.920 201.601.311 Paraíba 20.318.746 52.748.548 Minas Gerais 1.856.348 17.339.463 Santa Catarina 881.880 9.026.589 Bahia 6.568.595 79.760.353 Outros 9.458.392 36.169.633 Total 177.000.000 1.912.000.000 Fonte: Abicalçados, 2008

As exportações brasileiras de calçados estão bastante concentradas no Rio Grande de Sul, que ficou com 39,4% da produção do país em 2007, enquanto o Ceará e Paraíba produzem 29,2% e 11,5% das exportações, respectivamente (Gráfico 1).

11,5% 9,0% 3,8% 29,2% 39,4% 0,5% 0,5% 0,7% 1,0%3,7% 0,7% P araíba S ão P aulo P ernambuc o B ahia Minas G erais S ergipe S anta C atarina P araná C eará R io G rande do S ul O utros

GRÁFICO 1 - Exportação Brasileira de Calçados (em pares) por Estados

Pode-se constatar, pelos dados da Tabela 7, que em 2001 o Rio Grande do Sul detinha 70,75% das exportações brasileiras de calçados em pares e 81,52% em US$. Em segundo lugar está o Estado do Ceará, responsável por 12,97% em pares e 6,58% em US$, seguido pelo estado de São Paulo, respondendo por 10,09% e 8,23%, respectivamente. Quanto ao estado da Paraíba, este aparece na sexta posição no ranking dos estados brasileiros (ver Tabela 5).

TABELA 7

Exportação Brasileira de Calçados por Estados em pares e em US$ em 2001

Estados Pares (milhões) US$

(milhões)

Rio Grande do Sul 121.210.485 1.318.312.742

Ceará 22.223.840 106.432.061 São Paulo 17.289.735 133.094.486 Paraíba 4.278.773 26.613.567 Minas Gerais 2.346.494 11.644.940 Santa Catarina 1.295.213 6.754.460 Bahia 1.292.913 8.858.328 Outros 1.392.107 4.955.913 Total 171.329.560 1.615.201.863 Fonte: Abicalçados, 2001.

É importante destacar que no ano de 2007 (Tabela 6), em decorrência das mudanças que ocorreram no cenário econômico mundial, houve alterações na estrutura produtiva e exportadora de calçados no Brasil. O Rio Grande Sul apresenta redução nas exportações em pares de 2001 para 2007 em torno de 31,33%, ao passo que a participação do Ceará apresentou o maior índice de crescimento no setor (29,21% em 2007). Conforme visto anteriormente, as políticas de incentivos fiscais são responsáveis por esses resultados, isto é, pelo movimento de relocalização, ocorrido na década de 90, onde diversas empresas migraram do Sul e Sudeste para o Nordeste em busca da mão-de-obra barata e menor tributação, aumentando sua competitividade com os maiores produtores mundiais de calçados.

Na Paraíba, o setor coureiro-calçadista vem se consolidando como um grande indutor no desenvolvimento do Estado, por sua capacidade produtiva instalada. O Estado da Paraíba conta com um centro produtivo de calçados relevante, visto ser o maior Pólo produtor de sandálias sintéticas do país, com mais de 185 milhões de pares anos (Pesquisa de Campo, 2008). A produção de calçados no Estado da Paraíba concentra-se principalmente nos municípios de João Pessoa (região metropolitana), Campina Grande e Patos.

Segundo a ABICALÇADOS (2008), na Paraíba existem mais de 400 microempresas informais fabricantes de calçados, e mais 111 empresas do setor formal, distribuídas nas diversas cidades pólos do Estado que geram mais de 12 mil empregos na região, o que corresponde a 4,20 % dos empregos gerados nesta indústria.

Quanto aos dados de exportação na Paraíba entre os anos de 2001 e 2007, sua importância relativa aumenta, tendo em vista que se observou nesse período um aumento da participação do Estado, no total do país, de 2,5% para 11,47%. Esta participação gerou uma receita superior a US$ 52 milhões para o setor, números que colocam o Estado da Paraíba como o quarto maior exportador brasileiro (Tabela 6 ).