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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A INOVAÇÃO E O PROCESSO DE INOVAÇÃO

A inovação vem ganhando notoriedade e despertando vários estudos há muito tempo. Uma das razões para isso se deve ao fato de que as empresas vêm percebendo que a competência em inovação afeta a sua capacidade competitiva (GLASSMAN, 2009). No entanto, o interesse acadêmico sobre estudos de inovação é relativamente recente (a partir dos anos 60). Estevão e Shima (2015) argumentam que, no início do século XX, um dos poucos autores que discursava sobre a inovação como uma força dinâmica que causava transformação contínua das estruturas sociais, institucionais e econômicas e, por conseguinte, conduzia o desenvolvimento econômico foi Schumpeter nos livros “The theory of economic development (1912) e “Capitalism, Socialism and Democracy” (1942).

Por certo tempo, essas foram as únicas fontes de pesquisa para inovação, porém com enfoque em inovação tecnológica e, ao longo do tempo, com o surgimento de novas áreas de investigação envolvendo a inovação, o volume de publicações aumentou e surgiram muitas referências em todo o mundo para a produção acadêmica na área de inovação.

Essa combinação de diferentes conjuntos de conhecimentos produzidos pelas pesquisas fez com que novas possibilidades de investigações surgissem. Tidd e Bessant (2015) citam que a inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito delas, visto que a inovação é um processo baseado no conhecimento.

Em relação à inovação ser um processo, ressalta-se que para sobreviver e prosperar, as empresas precisam incorporar novos processos e mecanismos para descobrir as principais tecnologias e tendências de consumo e responder a elas através de novas áreas de crescimento.

Mesmo sendo frequentemente associada às questões tecnológicas, a inovação tem seu entendimento e aplicação em várias áreas, pois estimula o crescimento sustentável em mercados altamente competitivos (BANERJEE, 2014).

O mesmo autor, ao tratar sobre o processo de inovação, ressalta que o driver fundamental está no fator humano e que a existência da disparidade em inovação está na qualidade do capital humano, ligada às atividades de inovações realizadas. Outros fatores, tais como tecnologia e capital, também influenciam o processo de inovação, no entanto, devem estar correlacionadas diretamente com o fator humano.

Takahashi e Takahashi (2011) citam que a inovação diz respeito a mudanças e novidades. As mudanças estão relacionadas ao que a organização oferece (produtos/serviço) ou pode estar relacionada ao modo como a empresa faz (processo). Já as novidades se referem aos níveis de magnitude: incremental, radical, disrupção e novos valores.

Como se pode perceber, a inovação é uma atividade complexa em que há a interação de diversos componentes.

Devido ao fato de haver variações sobre o conceito de inovação, o que segundo Trott (2008) pode gerar algumas vertentes de entendimento, optou-se, para esta tese, seguir a definição do Manual de Oslo, que é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria.

Segundo o manual, a inovação por ser conceituada como sendo: [...] a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. (OECD, 2005, p. 46) Afuah (2003) e Trott (2008) descrevem que, devido à inovação estar associada à possibilidade de fazer algo novo, que pode ou não ter retorno, ela necessita ser gerenciada, pois assim é possível ter meios de lidar com as incertezas. Entende-se por incerteza “a diferença entre a quantidade de informações necessárias para executar a tarefa e a

quantidade de informações que a organização possui” (GAUBINGER et al, 2014).

Embora a incerteza seja inerente a todo processo de inovação, pode-se entender que dependendo da quantidade de informações que já se possui, diferentes graus de incerteza podem ser distinguidos.

Segundo os autores Gaubinger et al. (2015), as empresas cujas atividades de desenvolvimento ocorrem de acordo com um processo de inovação dividido em fases facilmente identificáveis, estas são significativamente mais bem-sucedidas do que aquelas que não procedem dessa forma. Isso vem a confirmar que a inovação é mais do que conceber novas ideias. Ao se tratar a inovação como um processo central da organização, destaca-se que ela incorpora as atividades de gerenciamento e tomada de decisões nos níveis individual e organizacional, no qual as empresas executam suas tarefas diárias, enfrentando riscos e investindo tempo e dinheiro (FERREIRA et al., 2015). Edquist e Hommen (1999) já definiam a inovação como sendo um processo que relaciona as capacidades e recursos diversos. E os autores Stefanovitzs e Nagano (2013) reforçam a afirmação que a inovação deve ser vista como um processo e não de forma isolada, pois o caráter processual explicita a necessidade de se concatenar de forma estruturada as várias atividades e áreas envolvidas nesse desafio.

Além de todas essas afirmações, reforça-se nos escritos a importância de existir um contexto organizacional que suporte e promova a atividade inovadora, auxiliando nas relações entre as áreas e desenvolvendo um conjunto de práticas e rotinas que potencializem e acelerem a execução da atividade inovadora.

Sobre a relação do conceito inovação com o tema da tese, destaca-se as afirmações dos autores Vaghely e Julien (2010), que dizem que há uma estreita relação entre a criação de conhecimento, a inovação e a identificação de oportunidade (NOTEBOOM, 2000 e WARD, 2004). Os autores também ressaltam que é o conhecimento que alavanca a inovação e a identificação de oportunidades, suportando a tomada de decisões (VAGHELY e JULIEN, 2007).

Ressalta-se também as afirmações dos autores Flint (2002) e Hüsig & Kohn (2003), que dizem que um melhor resultado para o processo de inovação obtém-se com um FEI estruturado, composto por um conjunto de atividades e relacionamentos predefinidos. Segundo os autores, isso se justifica pelo fato de grande parte da literatura alegar que a parte inicial do processo de inovação é fuzzy, isto é, nebuloso, não claro. Nesses contextos, em que é difícil prever e planejar, requer-se processos

mais estruturados e disciplinados para obtenção de novas oportunidades e ideias (BREM e VOIGT, 2009).