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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.2 A inserção da tecnologia da informação

Teixeira afirma que organizações tradicionalistas não creem que fatores externos, como tendências comportamentais, econômicas, de mercado e da concorrência, possam afetar significativamente seus negócios. Acreditam que fazer um “bom papel”, ter um retorno esperado e alcançar seus objetivos já basta. Porém, a empresa estudada afirma ser tradicional e estar aberta a discussões, além de buscar sempre algo para melhorar seus métodos.

Podemos identificar, na confrontação da cultura da empresa em estudo, a mudança do seu slogan, que, de “Diocesano, tradicionalmente moderno”, passa a ser “Diocesano, tradicionalmente inovador”. Segundo o dicionário Houaiss, ser moderno é estar relativo à época em que se vive. E para o Diocesano isso não bastava. Por isso, mudaram para inovação, que não é apenas a criação de um novo mercado, mas também a remodelagem de um produto já existente. Na verdade, é um novo produto, uma melhora num processo com consequente reflexo positivo nos custos e, como resultado, um aprimoramento na capacidade de competir. No colégio, o conceito de inovação faz parte do dia a dia do aluno, como nas aulas de robótica, no auditório 3D, no material pedagógico e na jornada ampliada no turno complementar. Foi inovando que o colégio teve o melhor desempenho nos vestibulares e olimpíadas.

Segundo Robbins (2009), as características da cultura são: inovação e propensão a riscos, o grau em que os funcionários são estimulados a serem inovadores e assumir riscos. E

por isso, inovando e correndo riscos que, segundo Schumpeter (1982), o comportamento empreendedor, com a introdução e ampliação de inovações tecnológicas e organizacionais nas empresas, constitui um fator essencial para as transformações na esfera econômica e seu desenvolvimento. Como verificamos na imagem a seguir, toda a sua preocupação é mostrar que segue sua linha tradicional de ensino, porém sem deixar de lado as tecnologias e inovações.

Imagem 02: Folders sobre Tradição e Inovação

Fontes: Dados da pesquisa

A equipe de mídia demonstra nas redes sociais, nos folders e em todos os outros veículos de comunicação o seu ponto de vista com relação a tradição e modernidade. O foco é sempre que ambos podem seguir juntos e que a presença de um não anula a presença do outro. Como no folder acima, que enfatiza “No Diocesano, tradição e inovação andam juntas!”. Em seguida, imagens que comprovam isso: alunos fazendo uso de equipamentos modernos, mas também utilizando jogos e livros antigos que ajudam no seu desenvolvimento.

A organização em estudo começou a fazer uso de tecnologias educacionais, contratou professores renomados, inovou no ideário pedagógico, porém fez questão de manter a tradição religiosa, permaneceu estimulando a prática de esportes e manteve o foco nos resultados dos vestibulares. E foi através de panfletos, como mostra a imagem abaixo, que a empresa passou para o seu público a sua forma de trabalho. Sempre fazendo questão de enfatizar a sua missão é de “Formar seus alunos através da excelência na educação, alunos solidários, competentes,

dinâmicos, imbuídos dos valores cristãos, capazes de converter informações em conhecimentos e comprometidos com a transformação da sociedade.” Tavares (1993, p. 58) confirma “com isto, criam para a empresa ou organização uma identidade reconhecível, no conjunto geral do ambiente de negócios, e nos mercados, bem como entre as pessoas que compartilham de seus limites internos. A empresa estudada sempre faz questão de enfatizar sua identidade de tradição e verificamos isso na imagem a seguir:

Imagem 03: Tradição e Inovação

Fonte: Dados da pesquisa

A organização procura mostrar ao público sua arquitetura e sua metodologia moderna em meio à tradicionalidade, por meio do uso de equipamentos digitais, salas como retroprojetores e climatizadas, além de aulas com equipamentos em 3D no auditório. Esses são alguns dos artefatos utilizados pela instituição.

Já a meta do Diocesano e seus valores éticos estão baseados na formação de seus alunos, não só na ciência e suas aplicações, mas também na formação de alunos capazes de converter informações em conhecimento e comprometidos com a transformação da sociedade. Mesmo com essas mudanças sua missão, visão e valores permaneceram intactos. Essas mudanças interferiram apenas no planejamento didático escolar.

Com relação às cerimônias e rituais, a empresa em estudo promove a entrega de prêmios e medalhas aos seus alunos, e para os funcionários, jantares em datas comemorativas e sorteios de prêmios. Essas atitudes exprimem simbolicamente valores e prioridades organizacionais. Segundo Deal e Kennedy (1990), feitas corretamente, as cerimônias mantêm valores, crenças e heróis em alta nos corações e mentes dos trabalhadores.

Foram identificados na nossa pesquisa os heróis organizacionais que podem ser visualizados como aqueles indivíduos que desempenham papéis que personificam o sistema de valores e até mesmo definem o conceito de sucesso da organização que, no caso do Diocesano, são os padres que compõem a diretoria.

A organização tem seu próprio modo de fazer as coisas, que são suas normas, as quais devem ser seguidas pelos funcionários e professores. E foi constatado que existem no Colégio horários a ser seguidos e exigência de fardamento completo, não só por parte dos trabalhadores, como dos alunos que ali estudam.

Houve mudança na forma de planejamento dos eventos organizados pelo colégio, que passou a utilizar métodos mais inovadores, utilizando equipamentos tecnológicos e envolvendo mais os alunos. Como por exemplo as “famosas” Feiras de Ciências, que passaram a ser chamada de Bienais. O formato e o método utilizado passaram a ser mais interativos, mostrando a busca do colégio tradicionalista por artefatos mais inovadores. Tavares afirma que uma sequência de comportamentos rigidamente prescritos, envolvendo símbolos, transmite uma conduta social melhor.

Objetivo da empresa para esses eventos é “Levar o alunado à reflexão do conhecimento de suas origens como brasileiro, organizando e respeitando as diversas culturas e fortalecendo a democracia”, além de “Abrir espaço para que as crianças e adolescentes possam manifestar- se através de linguagens variadas”. E essas informações constam no panfleto de divulgação do evento.

Imagem 04: Mudança de foco nos eventos

Fonte: Dados da pesquisa

Outra questão é a utilização de artefatos tecnológicos, como o sistema de agendas de sala online, na qual é colocado no “Portal do aluno” tudo aquilo que se passou durante o dia na sala, permitindo ao aluno que faltou acompanhar o que foi tratado naquele dia. Outra forma tecnológica a que os alunos têm acesso são as videoaulas, não deixando de lado o tradicional método de ensinamento entre o professor e aluno em sala. Estas são apenas para complementar o que foi passado em sala de aula. A página em uma rede social e o site institucional também começaram a receber uma atenção a mais. Foi contratada uma funcionária para que se pudesse atualizar e divulgar quase que instantaneamente o que se acontece no colégio. Fora as equipes de mídia e divulgação, que são terceirizadas e dão suporte em grandes eventos que acontecem durante o ano. Barnu (2010) acrescenta que inovar cria vantagens que possibilitam oportunidades reais de fortalecimento de uma empresa no seu mercado. E foi pensando nisso que a empresa estudada incrementou com o site e a página na rede social para alcançar mais público e poder mostrar o que se passa no colégio.

Imagem 05: Agenda on-line

Fonte: Dados da pesquisa

Imagem 06: Página da rede social

Imagem 07: Site institucional

Fonte: Dados da pesquisa

O ponto mais alto alcançado pelo colégio e também o que mais teve resistência foi a inclusão do livro digital. Conforme afirma Chiavenato (2005, p. 165), “A cultura é difícil de mudar, principalmente em um nível mais profundo, com valores e pressuposições básicas.” O livro facilita o manuseio dos alunos e pode ser acessado facilmente em qualquer lugar. Porém, encontrou-se resistência por parte de alguns funcionários e professores, pelo fato de estarem “enrijecidos” pela antiga forma e por não terem sido treinados e capacitados para lidar com esse novo aparato tecnológico. A escolha de determinadas tecnologias e a recusa de outras não se baseiam em critérios puramente econômicos ou racionais, mas sim nas crenças e interesses dos diversos grupos e setores estratégicos (FEENBERG, 1999).

Freitas (1991), afirma que, quando existe uma relação direta entre organizações e seus heróis, há uma propensão de sucesso. Porém não foi o que aconteceu. Não se teve uma relação nem comunicação entre as partes, causando ainda mais conflitos pela aquisição desse aparato tecnológico.

Mesmo depois de dois anos da implementação do livro digital, ainda se constatam problemas, principalmente por conta da rejeição por parte dos funcionários, pois tiveram de

lidar com algo para a qual não foram treinados, além de acumularem função sem receber nada em troca. Não houve um incentivo nem treinamento para tal atividade.

Imagem 08: Livro digital

Fonte: Dados da pesquisa

Após analisados os dados obtidos na pesquisa, veremos na próxima sessão quais a conclusões encontradas e o que foi identificado na cultura da empresa. Em seguida, as sugestões para futuras pesquisas nesse segmento.

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