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O I NSTITUTO T ERESA V ALSÉ P ANTELLIN

5.2 A Inspiração Para a Origem do Nome Instituto

A história da fundação do Instituto que leva o nome da Madre (Figura 9, ao lado), tem as mesmas características de dedicação, amor e sacrifícios que marcaram os primeiros passos da jornada de Dom Bosco e de Madre Mazzarello já mencionados anteriormente e da Irmã Teresa Valse, visualizada pela figura ao lado, em suas obras pelos menos favorecidos em todas as partes do mundo onde seus seguidores chegaram. Diante disso, o instituto educacional instalado em Uberlândia acabou prestando uma homenagem a tal irmã adotando seu nome.

Figura 9 - Madre Teresa Valsé Pantellini

Fonte: Do arquivo do Instituto TeresaValsé Pantellini, 1959.

Entretanto, para melhor compreensão do que significa a forma educacional e os valores defendidos pelo Instituto, faz-se necessário, além de se compreender a história de seus antecessores, Dom Bosco e Madre Mazzarelo, já contextualizados, entender também a história daquela em cuja imagem o Instituto se inspirou.

Era o ano de 1848 quando a Guerra da Independência italiana se deu. O jovem José Valsé, inconformado em participar de combates contra outros italianos, deixou a casa dos pais e seguiu para Gênova, fugindo por caminhos de pouco movimento, até alcançar à Suíça. Lá,

dedicou-se ao trabalho braçal junto a Pantellini, outro jovem também sem dinheiro e trabalhador como ele, de quem se tornou amigo. Pantellini adoeceu e, muito fraco, faleceu. José ficou sozinho. Num impulso, resolveu adotar o nome de Valsé Pantellini e, corajosamente, partiu para o Egito, tendo o passaporte com esse novo nome: José Valsé Pantellini.

Estabeleceu-se na cidade do Cairo, onde trabalhou muito e conseguiu ganhar dinheiro que investiu, com sabedoria, na construção de um grande hotel, onde se hospedavam personalidades da elite vindas da Itália, Espanha, Portugal etc. Nunca se esquecia do amigo e nem dos pobres a quem ajudava sempre. Casou-se com Josefina, uma linda jovem de espírito forte. Nasceu seu primeiro filho Ítalo, e três anos depois, em 1878, nasceu Teresa na casa dos avós em Milão.

Teresa cresceu no Egito, admirando as águas do Nilo e as areias do deserto ao lado dos pais. Com a doença do pai, foram forçados a se mudar para Milão, em 1882. Teresinha tinha quatro anos. Todas as noites, o pai acendia a luz de vela em frente à imagem de Nossa Senhora e reunia a família para as preces. Nos passeios, sempre colocava moedas nas mãos de Teresa, recomendando-lhe que nunca se esquecesse das pessoas desfavorecidas.

Em 1883, a família mudou-se para Florença para que Ítalo pudesse estudar. Nasceu mais uma filha do casal em 1885 e se chamou Josefina, como a mãe. Em 20 de Outubro de 1890, Teresa foi para o colégio (Conservatório de Nossa Senhora da Anunciação), conhecido também como “Colina Imperial”, lugar reservado naquele tempo para as meninas nobres, em Florença; na verdade, sua mãe quis afastá-la de casa devido à doença do pai, que poderia morrer a qualquer momento. No dia 27 de outubro, Teresa recebia a triste notícia da morte de seu pai. Teresa tornou-se mais introvertida, séria, pensativa, embora tivesse apenas doze anos.

Não gostava de brincar ou de se divertir. Com a morte do pai, perdeu muito de sua alegria. Fez sua primeira comunhão, com treze anos, no dia 29 de março de 1891 no Colégio Colina Imperial.

Tinha doze anos ainda quando, consagrou-se ao Senhor. Nunca se esqueceu de sua promessa e sentiu-se atraída pela vida religiosa. Durante as férias de verão, Teresa, seu irmão Ítalo, Zequinha e sua mãe foram para a Suíça; enquanto os turistas descansavam ou se divertiam, Teresa não se esquecia das pessoas mais humildes e sempre oferecia ajuda. Acordava bem cedo diariamente para assistir às missas às cinco horas da manhã.

Assim, começou a se dedicar às crianças pobres, dando-lhes carinho, amizade e ensinando-as a amar a Deus. Entretanto, após as férias de verão, Teresa retornou ao colégio, mas sua saúde piorava, com anemia e dores de cabeça. Nesta mesma ocasião, sua mãe decidiu

mudar-se para Roma, e colocou, a ela e à irmã, em um colégio feminino, enquanto Ítalo ia para a Universidade.

No entanto, Teresa foi aconselhada a voltar para casa devido à anemia que a enfraquecia. Mesmo assim, estudava piano, francês, alemão e pintura, e nunca deixava de fazer suas orações, dedicando-se à caridade. Seu grande amigo e confessor era o Pe. Radini Tadeschi, futuro Bispo de Bérgamo, a quem confiava seus pensamentos.

Em 24 de Novembro de 1889 sua mãe morreu em seus braços e nos de Ítalo. Após conseguir um bom internato para sua irmã, Teresa escreveu para seu irmão sobre sua decisão de se tornar filha de Maria Auxiliadora. Recusou o pedido de casamento do Príncipe Máximo Lancillotti e decidiu-se pela vida religiosa. Seu irmão se opôs, dizendo-lhe que deveria procurar uma irmandade religiosa onde estivessem filhas de famílias tradicionais e abastadas, pois ela nunca poderia rebaixar-se a viver entre pobres.

Mas, a morte da mãe fez com que Teresa decidisse sua própria vida, dedicando-se à vida religiosa e à caridade. O irmão compreendeu e ela pediu a Dom Marengo, diretor geral das Filhas de Maria Auxiliadora, para que a aceitasse na irmandade, mesmo sabendo que as Irmãs levavam uma vida de sacrifícios e trabalho. Assim, com vinte e três anos (em 1901), Teresa tornou-se noviça, passando a viver num casebre, mas muito feliz como o eram as demais Irmãs salesianas, cuidando de duzentas jovens e ajudando-as a praticar os princípios de higiene, religiosidade e educação.

As irmãs sabiam da frágil saúde que tinha Teresa, por isso preparavam-lhe pratos melhores, com alimentos mais fortes e saborosos. Teresa não aceitava os privilégios e sempre trocava seu prato de sopa diferente com outra irmã.

Durante a faxina de sua casa, limpava tudo com humildade e alegria. Suas colegas às vezes diziam que ela nunca tinha feito tal serviço; Teresa então respondia: “- Não me parece que existam tarefas importantes e tarefas humildes. Tudo depende do amor com que desempenhamos. Todo trabalho é honroso diante de Deus.” (TEXTO RETIRADO DE DOCUMENTOS ARQUIVADOS PELO INSTITUTO -1959. )

As irmãs sentiam a dedicação de Teresa. Ela dava aulas para as meninas pobres, catequeses e gostava muito de dar balas para quem acertasse a resposta da pergunta que fazia. No oratório colocava a serviço seus dons artísticos e musicais e preparava festas para ocasiões especiais. Este modelo de dedicação e carisma com os mais desfavorecidos também fazia parte dos métodos empreendidos pelas irmãs nos oratórios festivos realizados aqui em Uberlândia, conforme a descrição da entrevista de irmã Elza e Pe. Henrique descrita nas linhas abaixo:

[...] nós sempre temos na Congregação o oratório [...] O oratório quer dizer, a gente acolhe aquelas crianças no sábado e nos domingos para catequese, preparar para eucaristia, na primeira comunhão, preparava pra crisma, para batismo[...] E naquele dia tinha muito brinquedo. Procurava dar brinquedo pras crianças brincarem [...] tinha bola, peteca [...]então tinha muita atividade pras crianças e tinha o momento então de recreação e o momento celestial de catequese. Ensinava pra criança quem é Deus, ensina o catecismo [...] então tinha esse conhecimento da religião. [...] aqueles que não fizeram primeira comunhão, então a gente preparava pra primeira comunhão [...] Isso era nós irmãs, as irmãs todas que iam pra sala dar, então algumas, como tinha catequismo na paróquia [...].viam também ajudar aqui as irmãs...pegava a turminha [...] cada uma pegava a turminha de criança pra ensinar catequese [...] funcionava nos Domingos á tarde[...] uma vez foi de manhã. Mas geralmente era à tarde porque de manhã a gente tinha a missa fora [...] então chegava muito tarde, então pegava sempre à tarde depois do almoço. Então abria o portão, entrava as crianças, muitas crianças[...] Geralmente quem participava, era muita alunas que não vinham que moravam mais longe, quem participava mesmo era as crianças do bairro. [...] Geralmente a gente tinha lanche pra dar pras crianças depois ... sempre era o pãozinho [...] Pãozinho com refresco. Sempre era assim [...] É uma rosca, um pão doce [...] comprava aquele pão doce, chamava Marta [...] Marta Rocha [...] Comprava aquela rosca ou então pão doce ai dentro do pão as vezes punha as vezes um salame ou passava manteiga. [...] então as crianças sempre não saiam sem tomar algum lanche. (IRMÃ ELZA LIMA GOMES, 22/10/2007)

[...]o oratório festivo tem o fim de tirar os rapazes da rua, com o oratório a gente abre as portas, o oratório é como dizia, é a paróquia, talvez seja pro aluno[...] é o pátio onde ele faz amizade, convivência com os colegas[...]é o ambiente onde, é a segunda casa dele, onde ele se sente bem, convive com os Salesianos, com o pessoal todos que trabalha com eles, com os colegas.[...]tem os esportes, tem as diversões, tem a formação moral, a parte religiosa se eles são católicos, respeitando a fé dos outros e mais a parte moral que recebem e passa o dia assim, à vontade, além das premiações que tem pela freqüência, pelo comportamento, por isso que vão ser feitas durante todo ano, além da premiação geral para a meninada, pra rapaziada, [ ...] é divino tirar um jovem, um rapaz da rua[...]dá pra ele uma boa diversão, um bom ambiente de família, de amizade e convivência [...] (PADRE HENRIQUE RIBEIRO DE BRITO (22/02/2008)).

Em 1902, Teresa pronunciou seus votos de castidade, de pobreza e de obediência em Piemonte, na Casa-Mãe de Nizza Monferrato, onde havia vivido Madre Mazzarelo. Ela e suas companheiras receberam do padre Bonanni uma oficina com maquinários e clientela em Lungara. Era uma escola profissional com corte, costura, bordado, lavanderia e engomaria; Irmã Teresa levou para lá as jovens mais pobres do Oratório.

No dia três de Agosto de 1903, Teresa fez a sua primeira profissão de fé. Alguns anos mais tarde, sua saúde começou a enfraquecer devido ao trabalho e à sua dedicação. Irmã Teresa teve a permissão da madre para voltar a Piemonte para se recuperar e fazer um retiro.

Ficou assustada quando teve a primeira tosse, ou seja, a primeira hemoptise e dores nas costas. Sua palidez havia chamado à atenção das companheiras, e o médico confirmara a doença. Deveria parar de trabalhar.

Em Maio de 1907, as Irmãs a enviaram para Turim, onde poderia receber melhor tratamento, mas ela pressentia que sua vida era muito curta. Alguns dias depois (em 03 de Setembro de 1907), Irmã Teresa Valsé morreu, dizendo que Dom Bosco e Maria Auxiliadora a chamavam e que precisava obedecer. Irmã tinha apenas 39 anos de idade quando morreu.