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O I NSTITUTO T ERESA V ALSÉ P ANTELLINI

R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS

1.2 Fundação da Congregação Salesiana

Foi justamente a separação da Igreja e Estado que imprimiu a dinâmica na Igreja Católica, pois, livre do controle estatal, poderia criar seu sistema de ensino, gratuito ou não, mas liderado e organizado por ela. No século XIX, surgiram diversas congregações dedicadas à educação escolar, de acordo com Miceli (1988). Entre elas, uma das mais destacadas em todo o mundo, foi a Irmandade Salesiana, nome que Dom Bosco escolheu ao eleger Francisco de Sales como o patrono da ordem religiosa que criou.

Francisco de Sales nasceu em 1567, filho mais velho do Barão de Boisy, da Sabóia (França). Seu nome foi escolhido pelos pais pela devoção dedicada ao Poverello de Assis a quem, na idade adulta, Francisco elegeu como patrono e guia, segundo Ratzinger (2007).

Sua educação foi dada pela sua própria mãe com ajuda de preceptores, antes de ir para Paris, onde fez o curso universitário no Colégio Clemont sob orientação de jesuítas. Estudou retórica, filosofia e teologia. Completados seus estudos em Paris e em Pádua, onde se formou em advocacia, recusou o cargo no Senado de Sabóia.

A contragosto do pai, Francisco dedicou-se à vida religiosa. Ordenado padre, Francisco dedicou-se à evangelização do Chablais, cidade situada na margem sul do lago de Genebra, convertendo calvinistas, considerados pela Igreja, como hereges. Por tal razão, Francisco foi perseguido pelos demais prosélitos de Calvino um contestador da igreja católica e seguidor de Lutero, embora tenha conseguido trazer milhares deles de volta ao seio da igreja. Em 1599, foi nomeado Bispo-coadjutor de Genebra, assumindo, após a morte do titular, a direção dessa diocese, de acordo com Ratzinger, (2007).

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A inspiração do Iluminismo proveio, em parte, do racionalismo de Descartes, Spinoza e Hobbes, mas os verdadeiros fundadores do movimento foram Newton e Locke.

Seu principal livro publicado foi “Introdução à Vida Devota”. Foi amado pela sua bondade e amor ao próximo. Bispo Francisco de Sales faleceu em 28 de dezembro de 1622, tendo sido canonizado em 19 de abril de 1665.

Seguindo este princípio de amor ao próximo como bandeira, a Congregação de Dom Bosco pode ser entendida como uma expressão de serviço no âmbito da Igreja Católica, tendo a educação da juventude como prioridade. Azzi relata que em 1983 comemoraram-se os cem anos da presença salesiana no Brasil, com sua relevância no contexto histórico, pois as ações salesianas sempre tiveram o interesse de cronistas e historiadores que escreveram importantes obras sobre as mesmas, preservando, assim, a sua memória histórica e glorificando seus feitos como formadores da sociedade cristã brasileira.

Dom Bosco fundou diversos oratórios, mas o principal foi o Oratório na Igreja São Francisco de Assis (denominado, posteriormente, de Oratório São Francisco Sales), com grande esforço e sacrifício, onde, durante 16 anos, suas obras evoluíram. Ali foi fundada a Irmandade Salesiana , em homenagem ao Bispo Francisco Sales, o Bispo-Príncipe de Sabóia, uma das maiores figuras da Contra-Reforma católica na França, a quem Dom Bosco seguia os princípios religiosos.Tais oratórios eram locais onde Dom Bosco e demais membros da congregação recebiam os jovens carentes e lhes ensinavam uma profissão, além de proporcionarem um ambiente de apoio as crianças que não tinham onde residir, fazendo todo um trabalho de amparo e educação. Nestes mesmos moldes, as irmãs salesianas do Instituto Teresa Valsé Pantellini, tempos mais tarde, conforme se verá no estudo que se segue faria com as crianças carentes do então Bairro Brasil em Uberlândia

Há várias biografias de Dom Bosco fazendo menção à sua autobiografia: “Memórias do Oratório de São Francisco de Sales de 1815 a 1855”, escrita a pedido do Papa Pio IX em 1858. Porém, Dom Bosco somente começou a escrever suas memórias em 1867 sob a insistência do Papa, que lhe disse: “[...] deixe de lado qualquer ocupação e escreva. Esta vez não é apenas um conselho, mas uma ordem. Não pode compreender por inteiro o bem que disto derivará para seus filhos33.”

Por longo tempo, “As Memórias” ficaram guardadas e somente em 1946, o Pe. Eugênio Ceria publicou o livro em sua originalidade, contrariando as determinações de Dom Bosco que afirmara: “Escrevo para os meus caríssimos filhos salesianos, com proibição de dar publicidade a estas coisas, tanto antes como depois de minha morte.”34 Diante das

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Palavras de Dom Bosco transcritas por Pe. Céria (1982, p.05).

investigações de estudiosos, uma personalidade como Dom Bosco jamais permaneceria oculta e, quando conhecida, nunca seria relegada ao esquecimento.

João Melchior Bosco ou Giovanni Melchior Bosco, conhecido como Dom Bosco, nasceu em 1815, em Murialdo35, distrito de Castelnuovo D’Asti36, a 28 km de Turim, no

Piemonte (parte do Reino da Sardenha). Seus pais, Margarida Occhiena e Francisco, eram camponeses. Seu pai morreu quando João Bosco tinha apenas dois anos de idade. Aos nove anos de idade, João Bosco teve um sonho estranho que ele próprio narrou em suas “Memórias”, que Céria (1946: p.18) transcreve e que aqui se encontra de forma resumida:

“Estava numa área extensa brincando com outros garotos que, de forma irreverente, blasfemavam. João chamou-lhes a atenção com vigor. Lançando-se sobre eles dando socos, viu um homem bem vestido com um manto branco cobrindo-lhe o corpo e um rosto luminoso que João não conseguia fitar. Chamando-o pelo nome, ordenou-lhe que ficasse à frente das crianças, dizendo-lhe que: somente com [...] mansidão e caridade [...”] ganharia amigos; deveria antes dar-lhes instruções sobre o ato de pecar e a beleza da virtude.

João argumentou que ele também era apenas um menino pobre e ignorante e que aquela missão era grande demais para sua simplicidade. O homem retrucou que ele deveria transformar aquela missão numa realidade e que, para tanto, ele o ajudaria. Mas Bosco perguntava quem era ele e o homem mostrou-lhe uma belíssima e resplandecente figura feminina, dizendo-lhe que era a sua mãe. Então, todas as demais crianças fugiram e, em seu lugar, surgiram animais como cães, gatos, cabritos etc.

O homem apontou para os animais e lhe disse que aquele seria o seu campo de trabalho e que Bosco deveria ser humilde e forte, para transformar aqueles animais em seus filhos. Bosco viu os animais correrem dóceis atrás do casal que com ele conversava. Estava confuso e a figura feminina colocou a mão em sua cabeça, dizendo-lhe que tudo lhe seria compreensível no momento certo. Então, João acordou”[...]

Contou seu sonho à mãe e irmãos. A mãe lhe disse que talvez, um dia, ele se tornasse sacerdote, embora Bosco não acreditasse nessa possibilidade. No entanto, ele sempre reunia as demais crianças ao seu redor, brincavam juntos, ensinava-lhes o catecismo e rezava com eles. Aprendeu a ler e escrever e, com sua inteligência, lia sozinho sempre que podia, enquanto cuidava das vacas, segundo relata Lages, (s/d).

Aos 11 anos, na Páscoa de 1826, fez sua Primeira Comunhão. Foi preparado pela sua mãe para a ação de graça, mostrando-lhe como aquele dia era sagrado e como ele deveria se comportar durante toda a vida: sendo uma pessoa generosa e crente em Deus. Mas desejava continuar os estudos e, nesse mesmo ano, Pe. Jose Colosso, capelão de Murialdo, ofereceu-se

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Segundo as Memórias de Dom Bosco (1982), ali se encontram os Becchi, que são um conjunto de casas rústicas e cujo nome deve-se à família Becchi que residia no local. Atualmente é conhecido como “Colle Don Bosco”, onde existe uma construção – Instituto Bernardi-Semeria, com a qual Dom Bosco havia sonhado anos antes que lá seria uma grande fundação salesiana, fato que se concretizou muito anos depois.

para lhe dar aulas, percebendo a excelente memória de João Bosco que havia lhe repetido dois sermões quaresmais, sem dificuldades.

João Bosco manifestou o desejo de seguir carreira religiosa e o Padre Colosso deu-lhe aulas de latim. A mãe, para protegê-lo das impertinências de seu irmão mais velho, resolveu mandá-lo para o sítio da família de Luiz Moglia, perto de Moncucco, que, a princípio, mostraram-se resistentes com a vinda do garoto, mas o aceitaram, pois João Bosco cuidaria das vacas dali em diante. Como era um jovem de bons costumes e muito simpático, conquistou facilmente as graças da família. À noite, após o trabalho, Bosco lia a gramática latina e o catecismo, conforme Lages, (s/d).

Pe. Colosso, no entanto, não negligenciava os estudos de João Bosco. Assim que seu tempo tornou-se mais amplo, o Padre o levou para morar com ele, continuando a dar-lhe aulas de latim. Sua morte em 1830 foi uma grande perda para Bosco que, com 15 anos, começou a freqüentar a escola pública de Castelnuovo, um tanto distante de sua casa, distância mais sentida durante o rigoroso inverno da região. Mais uma vez, para facilitar-lhe a vida, sua mãe Margarida conseguiu sua hospedagem na casa do alfaiate João Roberto, com quem Bosco aprendeu o oficio e a arte de cantar.

Em suas “Memórias”, Dom Bosco descreve as orientações recebidas de Pe. Valimberti, seus sábios conselhos e os convites para que ele o auxiliasse nas missas. Foi sempre tratado com especial atenção pelos professores, pois havia uma grande diferença de idade entre ele e os demais alunos que eram bem mais jovens. João Bosco foi um aluno exemplar e, graças a isto, sua promoção de uma série escolar para a outra, ocorria em poucos meses.

Durante os quatro anos em que estudou em Chieri, João Bosco fundou e liderou uma organização juvenil que foi celebrizada com o nome de Sociedade da Alegria, onde os alunos se reuniam para a realização das tarefas escolares, além de ouvir histórias e participar de brincadeiras agradáveis ou dos bate-papos. Segundo Lages (s/d), era uma sociedade regulamentada por dois artigos: 1)Todo membro da Sociedade deveria evitar conversas ou ações contrárias ao procedimento de um bom cristão; 2) Que deveria cumprir com rigor seus deveres escolares e religiosos.

Assim, João Bosco mantinha-se longe de garotos de mau comportamento da escola e buscava reunir também os garotos nas ruas para levá-los à sua Sociedade da Alegria, iniciando uma pastoreação que seria, em sua vida, uma missão. Desta forma, atraía mais jovens, até mesmo aos desordeiros que passavam a freqüentar suas reuniões, a quem João

Bosco orientava e ajudava nas tarefas escolares, na religiosidade, cultivando e estimulando a alegria e bons hábitos.

[...] é bom lembrar que naqueles tempos a religião formava parte fundamental da educação. Um professor, que mesmo por brincadeira pronunciasse uma palavra indecorosa ou irreligiosa, era imediatamente destituído do cargo. Se assim acontecia com professores, imaginai a severidade que se usava com os alunos indisciplinados ou escandalosos! [...] Todos deviam receber os santos sacramentos e [...] quem não houvesse cumprindo esse dever não era admitido nos exames do fim do ano, mesmo que fosse dos melhores no estudo [...]37.

Neste comentário de Dom Bosco, percebe-se a importância da Igreja e sua ascendência sobre a Educação escolar, o severo disciplinamento que impunha o respeito e a docilidade ao alunado na escola e no lar. Era convidado a dar aulas particulares em casa de alunos com dificuldades escolares e a organizar entretenimentos, ganhando, desta forma, o suficiente para sua manutenção em roupas e materiais escolares. Em Murialdo, também foi formada uma Sociedade da Alegria, não por João Bosco, mas pela comunidade jovem local que seguia os mesmos conceitos e procedimentos da sociedade fundada por João Bosco em Chieri.

Dominando diversas habilidades artísticas, tais como instrumentos musicais, canto, teatro e práticas esportivas como a malha, saltos, corridas e truques do ilusionismo que impressionavam os jovens, além de estar sempre entre os primeiros nos estudos, João Bosco era um jovem com força física superior a de outros jovens e sempre defendia os colegas mais fracos, de acordo com Lages, (s/d).

Pensado em ingressar num convento, escolheu participar da Ordem Franciscana. João Bosco encaminhou seu pedido à ordem em 1834 e foi aceito, após ter feito um exame de vocação em Turim. Aconselhando-se com o Pe. Miguel Antonio Cinzano, tio de seu amigo Comollo, decidiu acatar-lhe a opinião. Assim, preparou-se para a vestidura clerical em Chieri, desistindo de entrar no convento franciscano. Em visita à sua cidade natal nas férias, João Bosco substituiu as antigas brincadeiras de saltimbanco, pelo estudo e evangelização de seus companheiros que o tratavam com respeito e admiração.

Foi o próprio Pe. Miguel quem benzeu sua batina e procedeu a vestidura. Esta era a abertura de um portal para o seminário. A partir de então, João Bosco prescreveu seus próprios conceitos e propósitos de uma vida mais isolada da convivência social, resguardando-se das coisas mundanas e que ele seguiria por toda a sua vida ativa, deixando-os como herança para seus “filhos”. Em 1835, tornou-se seminarista e em 1841 sacerdote, tornando-se Dom Bosco para o mundo, comenta Céria, (1982).

37 Foi o próprio João Bosco quem escreveu estas palavras em suas “Memórias” transcritas por Céria (1982: p.

Ainda em 1841, entrou para o Colégio Eclesiástico de São Francisco de Assis, em Turim, para complementar os estudos teológicos. Foi ali que conheceu o jovem Bartolomeu Garelli, seu primeiro aluno de catecismo dominical, ao qual se juntaram diversos outros, principalmente adultos que haviam cumprido pena judicial e a quem Dom Bosco ajudava conseguindo-lhes emprego e dando-lhe assistência constante.

Segundo Santos (2000), em 1841, quando João Bosco tomou a defesa de um jovem que foi expulso com pancadas de cabo de vassoura pelo sacristão por não saber ajudar na missa, deu inicio aos seus oratórios festivos passando a atender a toda aquela camada social composta por desfavorecidos que viviam em condições desumanas. Tais oratórios tinham por objetivos atender a classe juvenil mais pobre e abandonada, sendo uma escola de instrução religiosa- cristã e de prática religiosa, oni-compreensiva (não era escola com horários fixos), ambiente de alegria e de liberdade, cujo principal vinculo era a amorevolezza ou carinho.

Dom Bosco dedicou esforços para a consolidação, enquanto o número de adeptos crescia. Dom Bosco freqüentava as prisões e conquistava os rapazes encarcerados para que, quando libertos do cativeiro, fizessem parte do Oratório. Durante cinco anos (1841 e 1846), aquele foi um Oratório ambulante, com reuniões sendo realizadas em diferentes lugares. Através de todos os seus sonhos38, Dom Bosco recebeu a mensagem sempre relativa à sua missão: cuidar de jovens desamparados e construir aquele que seria o Oratório Salesiano, segundo Lages, (s/d).

Em 1846, conseguiu Dom Bosco ter a sua primeira sede fixa - um celeiro cedido pelo Sr. Pinardi, um morador de Valdocco, que logo foi transformado em Capela, com um prado ao lado que servia como campo de jogos. Dom Bosco trabalhou incansavelmente, dia e noite até se estabelecer com sua mãe Margarida na casa de três cômodos do Sr. Pinardi, ao lado da capela que seria, futuramente, a célula fundamental da obra salesiana.

A casa alugada do Sr. Pinardi e posteriormente comprada por Dom Bosco, transformou-se em Oratório, formando-se o seminário diocesano por mais de 20 anos. No final de 1848, ocorrências políticas obrigaram o Papa Pio IX a fugir de Roma e se refugiar em Gaeta, tendo sido ajudado financeiramente pelo Oratório de Dom Bosco e pela população local.

Em 1852, segundo as Memórias de Dom Bosco publicadas por Céria, Dom Bosco teve a felicidade de ver consagrada a Igreja de São Francisco de Salles. As publicações

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Dom Bosco teve seis sonhos que foram, para ele, revelações. Dom Bosco relata detalhadamente em suas “Memórias”., transcritas por Céria (1982). Esses sonhos eram interpretados como orientações espirituais as quais seguiu durante toda a sua vida eclesiástica. .

periódicas “Leituras Católicas” que tiveram, como objetivo, a divulgação dos princípios fundamentais do catolicismo, foram iniciadas em 1853. Esta iniciativa de Dom Bosco deveu- se à emancipação do judaísmo e do protestantismo que faziam propaganda dos novos conceitos religiosos; desta forma, Dom Bosco acreditava estar reforçando a fé católica em seus adeptos, num momento em que as autoridades locais consentiam na liberdade de crenças religiosas.

Dom Bosco iniciou a construção da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora em 1864, um “[...] esplêndido templo que Dom Bosco antevira em sonhos”, que foi consagrado em 1868, onde Dom Bosco entregou crucifixos aos dez primeiros missionários salesianos que vieram para a América do Sul (LAGES, s/d: p.28).

O que se percebe como fenomenal na vida de Dom Bosco, são seus atos que marcaram todas as etapas de sua história, pois, sem possuir nenhum bem material, conseguia tudo o que precisava graças à solidariedade dos que o rodeavam, desde os professores e personalidades eclesiásticas, até as pessoas da comunidade, conseguindo continuar uma obra que progredia sempre junto aos jovens carentes.

Seguindo os passos dos ensinamentos de Dom Bosco, as irmãs que se instalaram em Uberlândia adotando os mesmos princípios assistencialistas de seu fundador, conseguiram desde o início também conquistar o apoio solidário da comunidade local que pelas palavras de Irmã Nilda Sampaio Dias39, que segue, aborda bem como se dava tal processo de participação social:

[...] a comunidade local era muito pobre mas ajudava a gente em tudo[...] até com comida [...] mas tinha as pessoas que tinha posses como o dono das fábricas de bala, Imperial e Erlan, donos de casa de material de construção[...] [...] sempre ajudavam com alguma coisa[...] [...] sempre digo a comunidade de Uberlândia é muito ordeira e solidária[...] (22/02/2008)

Na realidade, João Bosco desejava criar e organizar uma associação religiosa, mas a situação política da Itália e a luta pela separação entre o Estado e Igreja, não lhe permitiram tal realização. Assim, seguindo os conselhos do Ministro Ratazzi, João Bosco propôs a organização de uma sociedade de cidadãos dedicados às ações educativas realizadas, tradicionalmente, pelos oratórios. Essa associação, formada por leigos de um lado e prosélitos do outro, foi considerada como uma associação civil pelo Estado e como uma associação religiosa pela Igreja, com o consentimento do Papa Pio IX. Estava, pois, formada a Sociedade

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Irmã-Nilda Sampaio Dias, nascida em 1933, natural de Campos dos Goitacazes no Estado do Rio de Janeiro, foi professora de Matemática, História e Coordenadora dos Estudos e Ensino entre 1965 a 1966; depois, retornou como Diretora do Instituto entre os anos de 1969 a 1970.

São Francisco de Sales, a Congregação Irmãos Salesianos, com adeptos cujos primeiros votos religiosos aconteceram em 1862, envolvendo castidade, pobreza e obediência, conforme relato de Bosco, (2002).

No ano seguinte, os salesianos passaram a se dedicar também aos colégios e escolas católicas para jovens do sexo masculino, para as quais a demanda crescia como consequência da divisão entre o Estado e a Igreja. A ordem, nascida com os objetivos voltados para os jovens, foi, a princípio, apenas para o sexo masculino; porém, na obra de Dom Bosco, em nenhum momento é citada a questão das relações de gênero, pois a Irmandade Salesiana feminina nasceu do seu coração.

O fundador da Irmandade Salesiana feminina foi Dom Bosco e sua co-fundadora Maria Domingas Mazzarello. A história de Maria Domingas Mazzarello é um relato de dedicação e esforço paralelo ao que foi vivido por Dom Bosco. Ao Norte da Itália, em Mornese, na região de Monferrato, nasceu Maria Domingas Mazzarello no dia 09 de maio de 1837, filha de José Mazzarello e de Maria Madalena Calcagno. Foi a primeira de 10 filhos.

Mornese é uma região que possui terra forte, árida, onde se cultivava o trigo e os vinhedos entre pinheiros e pequenos bosques, habitada por famílias profundamente cristãs e apegadas às tradições que formavam, sobretudo, personalidades fortes em sua fé, na honestidade, no trabalho e na prática da caridade. Aos oito anos de idade, Maria Mazzarello deixou o lar para acompanhar um casal sem filhos, cujos hábitos mais importantes resumiam- se às visitas à igreja e às orações, vivência que foi uma experiência importante para sua formação cristã.

Alguns meses depois, Maín, apelido de Maria Mazzarello, voltou para a casa dos pais, auxiliando no cuidado aos irmãos menores e nos afazeres do lar. Aos 13 anos, já ajudava seu pai na cultura dos vinhedos. Sua mãe, expansiva e alegre, manteve a família unida,