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A instrumentalidade da Forma-do-Lugar

No documento Narrativas de regionalidade (páginas 144-150)

2. Da operatividade da teoria-crítica

2.1. A instrumentalidade da Forma-do-Lugar

―É por isso que eu concebi a minha teoria de um Regionalismo Crítico como um campo de resistência, e nas passagens que se seguem tentei elaborar essa teoria em termos de foci concebida como pontos de oposição. Estes pontos parecem paralelos, em algum grau, com o confronto entre civilização e cultura aludido por Ricoeur.‖529

528 Conceito de Ostranenie ( странение) – traduzido para a língua portuguesa por ‗desfamiliarização‘, ‗estramento‘, ‗distanciamento‘, entre outros termos – foi definido pelo teórico literário formalista russo Victor Shklovsky (1893-1984) no trabalho “ skusstvo kak priem” (―A Arte como processo‖), de 1917. Cf. SHKLOVSKY, Victor - A arte como processo. In: AAVV - Teoria da Literatura - Textos de Formalistas Russos, Vol. 1, Lisboa, Edições 70, p. 75, 1999.

529 Tradução nossa. No original: ―This is why I have conceived of my theory of a Critical Regionalism as a field of resistance, and in the passages that follow I have attempted to elaborate this theory in terms of foci conceived as points of opposition.

Notório desde os seus primeiros textos da década de oitenta do século passado, Frampton estabelece pares dialécticos 530 recorrendo, para isso, à seguinte metodologia531: o primeiro vocábulo ou expressão de cada par remete, grosso

modo, para aspectos informados em redor da história e da tradição; o segundo

vocábulo ou expressão, oximoro do anterior, genericamente remete para aspectos equivalentes hodiernos ou ‗modernos‘. Nesse sentido, torna-se pertinente fazer o seguinte resumo: Tradição-Moderno; Cultura-Civilização; Lugar-Espaço; Natural-Artificial; Arquitectónico-Cenográfico; Topografia-Tipologia; Táctil- Visual; Mito-Realidade. Porém, advirta-se que os pontos dispostos em pares de oposição e consequente tensão, não devem ser compreendidos como meros pólos com cargas positivas ou negativas, ou seja, a efectividade desses pontos reside na leitura da força de tensão criada pelo quasi-processo de justaposição dos referidos vocábulos ou expressões. A ambicionada operatividade – da teoria-crítica à sua praticabilidade e vice-versa – do dito Regionalismo emergirá, em grande parte, dessa justaposição estabelecida pelas séries de pares dialécticos. Segundo a tese de Chao-Ching Fu essas dialécticas podem dividir-se em: ―conceptuais‖ e ―tácticas‖. As dialécticas conceptuais compreendem o núcleo teórico e quando se juntam com o núcleo ‗prático‘ – as dialécticas tácticas – dão origem ao quadro completo que constitui o Regionalismo Crítico.532 Concordando que esse ―quadro‖ patenteia a operatividade da teoria-crítica de Frampton importa, antes de mais, afirmar que das tensões originadas pelo dinamismo particular do processo entre tais dialécticas emergirá a Forma-do-Lugar. Na sequência do observado no capítulo anterior, a Forma-do-Lugar revela-se533 como expressão

These points seem to parallel, to some degree, the confrontation between civilization and culture alluded to by Ricoeur.‖ FRAMPTON, Kenneth - Place-Form and Cultural Identity. In: Thakara, John (ed.) - Design After Modernism. Nova Iorque: Thames and Hudson, 1988, p. 57. Grifos no original.

530 Refira-se que a estratégia crítica no uso de pares dialécticos foi igualmente utilizado à data por Pallasmaa no âmbito da relação entre Regionalismo e Arquitectura. Considere-se o artigo – originário de uma palestra organizada pela Revista Skala em Copenhaga sobre a tradição nórdica (Março de 1988) – em muito alinhado com as preposições de Lefaivre, Tzonis e Frampton: PALLASMAA, Juhani - Tradition andModernity: The Feasibility of Regional Architecture in PostModern Society. In: The Architectural Review, Maio de 1988. Londres: EMAP Publishing Limited, pp. 26-34.

531 Na maior parte dos seus textos, à exceção, por exemplo, do texto: FRAMPTON, Kenneth - Ten Points on an architecture of Regionalism: A Provisional Polemic. In: AAVV - Center, Center for the Study of American Architecture (The University of Texas, Austin) New Regionalism, vol. 3. Nova Iorque: Rizzoli Intemational Publications, 1987, pp. 20-27.

532 FU, Chao-Ching - REGIONAL HERITAGE AND ARCHITECTURE – a critical regionalist approach
to a new architecture for Taiwan. Ph.D. Thesis Edimburgo: University of Edimburgo, 1990, p. 205. Disponível em:

https://www.era.lib.ed.ac.uk/handle/1842/8372 Acesso em: 23 de Out. 2012.

533 Refira-se que, embora não muito divulgada, a expressão ―Forma-do-Lugar‖ proposta por Frampton foi interpretada de diferentes, mas relativamente próximas, perspectivas. Crê-se que essa diferenciação junto de alguns investigadores deve-se ao facto de, conforme referido, Frampton cruzar diversas disciplinas e diversos autores para a descrever. Da Filosofia, à Teoria Política, cruzando, entre outras disciplinas, com a Geografia, ―Forma-do-Lugar‖ é nesta investigação entendida como, de modo genérico, a matriz para o entendimento do Regionalismo Crítico em Frampton.

síntese que (re)concilia tais dialécticas. ‗Resistente‘ e ‗circunscrita‘ – entre outras particularidades – a Forma-do-Lugar é, em termos gerais, a síntese resultante do

quasi-processo de justaposição entre ‗formas‘, quer do universal, quer do

particular. Em termos específicos, a Forma-do-Lugar é a síntese consequente da dialéctica vivencial humana com uma envolvente do processo de interlocução crítica entre as formas particulares ou culturais (próprias de Região), e as demais hodiernas formas universais. Consequentemente, para além de ser ‗resistente‘ e ‗circunscrita‘ é, igualmente, ‗maleável‘ e ‗não circunscrita‘. Em suma, recuperando a taxionomia de Fu, a Forma-do-Lugar é a expressão inteligível do conjunto das dialécticas ―conceptuais‖ e ―tácticas‖ propostas por Frampton. Portanto, se assim entendida, a ‗forma‘ da Forma-do-Lugar é sempre distinta. Reforçando a sua condição reflexiva, a Forma-do-Lugar é variável, pois depende primeiramente dos constituintes em consideração de um particular – neste caso, à particularidade de uma Região – e, sequencialmente, depende tal-qualmente dos constituintes actuais de cariz universal. Grosso modo, a Forma-do-Lugar apreendida como uma configuração mutável em função da ‗realidade‘ a considerar, possibilita um renovado entendimento do aparato teórico-crítico do Regionalismo de Frampton.

Nos denominados ―pontos para uma Arquitectura de Resistência 534 , originalmente agrupados em seis, Frampton esclarece que o Regionalismo Crítico é orientado por determinadas características comuns. Contudo, no que se refere aos exemplos mencionados na literatura da especialidade – relativamente aos arquitectos e suas obras –, tais características nem sempre estão presentes. Resumindo, essas características podem ser agrupadas da seguinte forma535: (1) Cultura e Civilização; (2) A ascensão e queda do ―Avant-Garde‖; (3) Regionalismo Crítico e Cultura Mundial; (4) A Resistência da Forma-do-Lugar; (5) Cultura versus Natureza: Topografia, Contexto, Clima, Luz e Forma- Tectónica; (6) Visual versus Táctil 536 . Ao longo das últimas décadas, principalmente durante os anos oitenta e noventa do século passado, Frampton adicionou outras quatro. Inicialmente – após uma renomeação e revisão –

534 FRAMPTON, Kenneth - Towards a Critical Regionalism: Six Points for an Architecture of Resistance. In: FOSTER, Hal (ed.) - The Anti Aesthetic. Essays on Postmodern Culture, Washington: Bay Press, 1983, pp. 16-30.

535 FRAMPTON, Kenneth - Modern Architecture: A Critical History. 2ª edição Londres: Thames & Hudson, 1985, p. 327. 536 Ibidem, loc. cit., pp. 16-30.

corrigiu-as para sete, até alcançar um total de dez537. De todas as revisões dos ditos pares dialécticos, interessa agora recuperar e sintetizar os últimos, datados de 1987. Em ―Ten Points on an architecture of Regionalism: A Provisional

Polemic‖, Frampton refere que lhe aprazia instituir algo, organizado em torno de

dez pontos, que pudesse ser denominado de ‗manifesto especulativo‘. Esses pontos seriam debatidos amplamente, até conquistar-se qualquer tipo de ‗terreno‘ confiável em que a prática de Arquitectura – ainda que de forma marginal – pudesse ser acossada.538

Dos dez pontos539, evidenciem-se540 aqueles que concorrem para a pretendida evidenciação de dispositivos instrumentais críticos directamente relacionáveis com a expressão da Arquitectura. Sem esquecer o aparato teórico-crítico de Frampton, interessa sintetizar e firmar os pontos verificáveis numa prática ou expressão arquitectónica, num pensamento projectual de Arquitectura. Neste sentido, pode afirmar-se que o Regionalismo Crítico é regional quando se foca em elementos característicos de um sítio, nomeadamente, a topografia – vista como uma matriz tridimensional, à qual a estrutura se molda e a variação da luz local que incide sobre essa estrutura.541 O conceito de ―topografia‖, enquanto grafia exacta e minuciosa de uma morfologia542, comporta as geometrias concretas consideradas de um modo lato. Assim, o conjunto de circunstâncias imposto pelo meio físico natural ou artificial, tais como, o relevo e os limites, comportam – em conformidade com as asserções de Frampton543 – uma dimensão conceptual e pode ser considerada, também uma ‗forma‘544. A topografia declara

537 Destaque-se, então, os sete pontos em FRAMPTON, Kenneth - Modern Architecture: A Critical History. 2ª edição Londres: Thames & Hudson, 1985, p. 327 e os dez pontos em FRAMPTON, Kenneth - Ten Points on an architecture of Regionalism: A Provisional Polemic. In: AAVV - Center, Center for the Study of American Architecture (The University of Texas, Austin) New Regionalism, vol. 3. Nova Iorque: Rizzoli Intemational Publications, 1987, pp. 20-27.

538 FRAMPTON, Kenneth [1987] - Ten Points on an architecture of Regionalism: A Provisional Polemic. In: CANIZARO, Vincent B. (ed.) - Architectural Regionalism – Collected writings on place, Identity, Modernity, and Tradition. Princeton: Princeton Architectural Press, 2007, p. 378.

539 Os pontos enunciados por Frampton são: ―Point 1: Critical Regionalism and the Vernacular Form‖; ―Point 2: The Modern Movement‖; ―Point 3: The Myth and the Reality of the Region‖; ―Point 4: Information And Experience‖; ―Point 5: Space/Place‖; ―Point 6: Typology/Topography‖; ―Point 7: Architectonic/Scenographic‖; ―Point 8: Artificial/Natural‖; ―Point 9: Visual/Tactile‖; ―Point 10: Post-Modernism and Regionalism: A Summation‖. Cf. Ibidem, loc. cit., pp. 20-27. 540 Os restantes pontos (cf. nota de rodapé anterior) são, em grande parte, um resumo do abordado nos capítulos anteriores. 541 Ibidem, loc. cit., p. 327.

542 Em síntese, retenha-se topografia como a descrição – grapho ( γράυω) – de um sítio, lugar ou, a uma outra escala, Região – topos (τόπος). Primeiramente enquanto instância física, refira-se que a noção de topografia aqui considerada incorpora, igualmente, vestígios imateriais, tais como, indícios de ocupações humanas, marcas de acontecimentos históricos – por outras palavras, registos de uma cultura particular.

543 Considere-se, a título de exemplo, o ―Point 6: Typology/Topography‖ em FRAMPTON, Kenneth [1987] - Ten Points on an architecture of Regionalism: A Provisional Polemic. In: CANIZARO, Vincent B. (ed.) - Architectural Regionalism – Collected writings on place, Identity, Modernity, and Tradition. Princeton: Princeton Architectural Press, 2007, p. 382. 544 Cf. capítulo anterior.

uma configuração convencionada de sistemas de relações diversas, entre os quais se incluem: sistemas ou estruturas geomorfológicas, históricas e culturais. Considerando, então, essa dimensão conceptual, a topografia pode ser entendida como suporte, matéria e estrutura comum ao processo projectual em Arquitectura545.

Resgatando novamente o ponto quinto ―Cultura Versus Natureza: Topografia, Contexto, Clima, luz e Forma-Tectónica‖546, considera-se que o

―Regionalismo Crítico envolve necessariamente uma relação dialéctica mais directa com a natureza do que com o abstracto – as tradições formais possibilitadas pela

avant-garde da arquitectura moderna. É evidente que a tendência de tabula rasa da

modernização favorece a utilização optimizada dos equipamentos de movimentação de terra na medida em que algo totalmente plano é considerado como a matriz mais económica sobre a qual se predica a racionalização da construção. Aqui, encontra-se, novamente, em termos concretos, a oposição fundamental entre civilização universal e cultura autóctone. O arrasamento de uma topografia irregular em algo nivelado é claramente um gesto tecnocrático que aspira a uma condição de ‗não-lugar‘547 absoluto, enquanto que o terraceamento do mesmo lugar, capaz de receber um edifício construído em forma de socalcos é um compromisso evidente com o acto de "cultivar" o lugar.‖ 548

Nesse sentido:

―[c]laramente tal modo de contemplação e acção aproxima-se novamente da etimologia de Heidegger549; ao mesmo tempo, evoca o método aludido pelo

arquitecto suíço Mario Botta com a expressão "a construção do sítio". É possível argumentar que, neste último caso, a cultura específica da região – ou seja, a sua história, num sentido geológico e, igualmente, agrícola – torna-se primeiramente inscrito na forma e, consequentemente, no processo de realização do trabalho. Essa inscrição, que emerge da "justaposição" do edifício no sítio, possui muitos níveis de significado, pois tem a capacidade de incorporar, na forma construída, a pré-história

545 Sobre esse entendimento de topografia, enquanto um dos suportes primeiros ao pensamento projectual em Arquitectura, vejam-se os recentes trabalhos, sobre a relação entre as disciplinas de Arquitectura e de Paisagismo, de David

Leatherbarrow. ―Topography is the topic (theme, framework, place) they hold in common. It not only grounds fortheir contribution to contemporary culture. The task of landscape architecture and architecture, as topographical arts, is to provide the prosaic patterns of our lives with durable dimension and beautiful expression.‖ LEATHERBARROW, David - Topographical Stories: Studies in landscape and architecture. Pennsylvania: University of Pennsylvania Press, 2004, p. 1. Cf. igualmente: LEATHERBARROW, David - Uncommon Ground: Architecture, technology and topography. Cambridge: The MIT Press, 2000.

546 Tradução nossa. No original: ―5. Culture Versus Nature: Topography, Context, Climate, Light and Tectonic Form‖ FRAMPTON, Kenneth - Towards a Critical Regionalism: Six Points for an Architecture of Resistance. In: FOSTER, Hal

(ed.) - The Anti Aesthetic. Essays on Postmodern Culture, Washington: Bay Press, 1983, pp. 26-28.

547 Leia-se ―nao-lugar‖ como tradução de placelessness. Embora matricialmente idênticos, não se confunda directamente com o conceito de ―non-lieux‖ de Marc Augé; sobre esse conceito, considere-se: AUGÉ, Marc - Non-lieux, Introduction à une Anthropologie de la Surmodernité. Paris: La Librairie du XXe Siècle, Seuil, 1992.

548 Tradução nossa. No original: ―Critical Regionalism necessarily involves a more directly dialectical relation with nature than the more abstract, formal traditions of modern avant-garde architecture allow. It is self-evident that the tabula rasa tendency of modernization favors the optimum use of earth-moving equipment inasmuch as a totally flat datum is regarded as the most economic matrix upon which to predicate the rationalization of construction. Here again, one touches in concrete terms this fundamental opposition between universal civilization and autochthonous culture. The bulldozing of an irregular topography into a flat site is clearly a technocratic gesture which aspires to a condition of absolute placelessness, whereas the terracing of the same site to receive the stepped form of a building is an engagement in the act of "cultivating" the site.‖ Ibidem, loc. cit., p. 26

do lugar, o seu passado arqueológico, o cultivo posterior e a sua transformação ao longo dos tempos. Através desta estratificação intrasítio as idiossincrasias do lugar encontram a sua expressão, sem cair em sentimentalismos.‖550

Evidencie-se, igualmente, associando-o com o anterior, um outro ponto de Frampton: ―Tipologia/Topografia‖551. O autor afirma que ambos os conceitos, influenciam directamente o pensamento projectual do arquitecto e, consequentemente, o seu resultado, isto é, a obra construída. Tipologia é um conceito que pertence quer a Civilização, quer a Cultura552, ou seja, reflecte a evolução cultural dos homens na medida em que eles se confrontam com o sítio e se adaptam ao lugar criado. Na síntese de Frampton, por derivar dos tipos sugeridos pela École Polytechnique e pela École des Beaux-Arts, a noção de tipologia tornou-se relativamente universal – dominando, igualmente, a expressão arquitectónica do ― he nternational tyle”. ―Eles eram em grelha, em matrizes racionais, capazes de admitir uma ampla gama de programas institucionais e eram aplicáveis a quase qualquer sítio regular.‖553 Topografia, por outro lado, é específica do sítio – e a uma outra escala, de Região – por narrar. A aparência física concreta do seu enraizamento, em contraponto com os tipos acolhidos do movimento Arts and Crafts foram culturalmente fundamentados na história real e/ou mítica de um lugar específico. Eram complicados, supletivos e programaticamente determinados.554 Desse modo, Frampton conclui que a oposição dialéctica entre tipologia e topografia definirá e estabelecerá os aspectos ecológicos, climatológicos e simbólicos intrínsecos à Forma-do-Lugar555.

Os dois ―pontos‖ agora analisados são exemplares para a confirmação da tensão originada pelo particular dinamismo resultante do processo dialéctico entre oposições binárias. Pautados em torno de topografia, os ditos pontos carecem

550 Tradução nossa. No original: ―Clearly such a mode of beholding and acting brings one close once again to Heidegger's etymology; at the same time, it evokes the method alluded to by the Swiss architect Mario Botta as "building the site". It is possible to argue that in this last instance the specific culture of the region – that is to say, its history in both a geological and agricultural sense – becomes inscribed into the form and realization of the work. This inscription, which arises out of "in-laying" the building into the site, has many levels of significance, for it has a capacity to embody, in built form, the prehistory of the place, its archeological past and its subsequent cultivation and transformation across time. Through this layering into the site the idiosyncrasies of place find their expression without falling into sentimentality.‖ Ibidem, loc. cit. 551 ―Point 6: Typology/Topography‖ em FRAMPTON, Kenneth [1987] - Ten Points on an architecture of Regionalism: A

Provisional Polemic. In: CANIZARO, Vincent B. (ed.) - Architectural Regionalism – Collected writings on place, Identity, Modernity, and Tradition. Princeton: Princeton Architectural Press, 2007, p. 382.

552 Ibidem, loc. cit.

553 Tradução nossa. No original: ―They were gridded, rational matrices, capable of admitting a wide range of instituicional programs and were applicable to almost any regular site.‖ Ibidem, loc. cit.

554 Ibidem, loc. cit. 555 Ibidem, loc. cit.

ainda de outros556 para completar, em traços gerais, as ―dialécticas tácticas‖557 da teoria-crítica de Frampton. Resumindo, para além de topografia, o autor reconhece igualmente a vitalidade da tradição construtiva de uma Região, nomeadamente, a sua efectividade face às particularidades da luz e das condições climatéricas como premissas passíveis de guiar o processo de projecto. Portanto, entre uma geomorfologia e uma ―cultura tectónica‖558, a tríade topografia, luz e clima torna-se igualmente matricial, reforçando um contínuo procedimento reflexivo e, consequentemente, inclusivo (e nunca impositivo) diante uma ‗realidade‘ particular.

Torna-se agora possível declarar que o processo intrínseco das oposições dialécticas propostas por Frampton – do qual emerge a Forma-do-Lugar –, aproxima-se do que Regionalidade comporta559. De facto, a Forma-do-Lugar declara-se como receptáculo primeiro das manifestações de Regionalidade por ser apta a coligir os constituintes operantes consequentes do processo próprio das dialécticas ―conceptuais‖ e ―tácticas‖560. Assim, resultante desse mecanismo instaurado na e pela Forma-do-Lugar, torna-se possível traçar relatos síntese que, ao serem continuamente interpretados, ajustarão uma narrativa das manifestações e das práticas de Regionalidade.

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