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A internet como meio promotor da democracia e do desenvolvimento

e da democracia da atualidade Kimberly Farias Monteiro

7.4 A internet como meio promotor da democracia e do desenvolvimento

pois, através da sua inserção na sociedade torna-se possível efetivar a igualdade de direitos e oportunidades, por homens e mulheres.

Desse modo, os movimentos feministas e ecofeminsta mostram-se como modelos de Democracia e Desenvolvimento na atualidade, conforme será abordado no capítulo seguinte.

7.4 A internet como meio promotor da democracia e do desenvolvimento

Através dos movimentos sociais apresentados, pode-se ver que a era digital e, nesse caso, a Internet, pode ser um dos meios promotores da democracia, visto que proporciona inserção entre comunidades distintas e compartilhamento de informações na reivindicação por direitos.

Assim, o acesso a informação e a possibilidade de

comunicação são pressupostos da teoria democrática

contemporânea e a Internet, por propiciar a participação da população, pode promover a democracia de modos distintos como, por exemplo, por meio dos movimentos sociais que se originam e propagam através das redes.

Segundo argumenta Torrano (2015):

na democracia, é natural que muitas leis promulgadas pelas grandes assembleias de representantes do povo não cristalizem aquilo que ‘’ você, ou seu’’ grupo intelectual, pensa ser justo ou socialmente adequado. Em contextos permeados por radical pluralismo de concepções de bem e pela eficácia sociológica do direito de participação política universal e igualitário, nada garante que as escolhas públicas realizadas por parlamentares eleitos sigam uma linha ética ou filosófica pré-determinada.

Desse modo, justifica-se a necessidade da criação dos movimentos sociais na busca pela concretização de direitos que, por vezes, embora sejam determinados através das leis, não são aplicados da forma como deveriam, fazendo com que a população se una em prol de seus objetivos, fazendo em grande maioria das vezes, através do ambiente virtual.

A ideia de democracia foi concebida na Grécia antiga há mais de 2.400 anos e decorre da pólis, na qual uma grande parte dos cidadãos gregos participavam das decisões políticas. Esse modelo é diferente dos modelos de democracia contemporânea, visto que contemplava apenas os homens livres. (ARLINDO FILHO, 2016)

Segundo afirma Norberto Bobbio:

Na democracia moderna, o soberano não é o povo, mas são todos os cidadãos. O povo é uma abstração, cômoda, mas também, como já dissemos, falaciosa; os indivíduos, com seus defeitos e seus interesses, são uma realidade. Não é por acaso que como fundamento das democracias modernas estão as Declarações dos Direitos do Homem e do Cidadão, desconhecidas da democracia

dos antigos. A democracia moderna repousa em uma concepção individualista da sociedade. (BOBBIO, 2000)

Dentre os filósofos que contribuíram para o avanço da teoria democrática na contemporaneidade está Robert Alan Dahl, filosofo e cientista político que desenvolveu o conceito de poliarquia e viveu entre os anos de 1915 a 2014. Para ele, o poder deveria ser descentralizado, sendo que nenhum grupo social deveria preponderar sobre outro.

Robert Dahl analisa a existência de pressupostos que tornam possível a presença de democracia em uma sociedade. Segundo Filho (2016), esses pressupostos são: liberalização, que diz respeito ao processo de ampliação das oportunidades de contestação; inclusão, referente ao processo de ampliação das atividades de participação; democratização, que é a conjugação desses dois processos – liberalização e inclusão.

De acordo com Dahl outro requisito que pressupõe a democracia é que os cidadãos devem ser detentores de oportunidades plenas quanto à exteriorização e formulação de preferências, bem como a sociedade deve ter o menor nível possível de desigualdade. (ARLINDO FILHO, 2016)

Em suma, conforme Dahl (2012) descreve em uma das suas obras:

a democracia é instrumento da liberdade de três maneiras: [...] Certos tipos de direitos/ liberdades e oportunidades são essenciais para o processo democrático em si, esses direitos, liberdades e oportunidades necessariamente devem existir enquanto existir o processo. Isso inclui o direito à livre expressão, à organização política, à oposição, às eleições justas e livres e assim por diante [...] a democracia tende a proporcionar um território mais extenso de liberdade pessoal que qualquer outro regime poderia prometer”

Nesse sentido, sua percepção acerca da democracia coaduna com os movimentos sociais, que se originam por redes virtuais,

presentes na atualidade, visto que, o maior objetivo é a igualdade por direitos e, principalmente, a igualdade entre gênero, e por conceder aos cidadãos a possibilidade de lutar por esses direitos de forma pacífica e inovadora os movimentos sociais promovem a democracia.

Castells (2013) relaciona os movimentos sociais que se propagam no ambiente virtual:

Esses movimentos sociais em rede são novos tipos de movimento democrático – de movimentos que estão reconstruindo a esfera pública no espaço de autonomia constituído em torno da interação entre localidades e redes da internet, fazendo experiências com as tomadas de decisão com base em assembleias e reconstituindo a confiança com alicerce da interação humana. Eles reconhecem os princípios que se anunciaram com as revoluções libertárias do Iluminismo, embora distingam permanente traição desses princípios, a começar pela negação original da cidadania plena para mulheres, minorias e povos colonizados. Eles enfatizam as contradições entre uma democracia baseada no cidadão e uma cidade à venda pelo lance mais alto. Afirmam seu direito de começar tudo de novo. Começar do começo, após chegar ao limite da autodestruição graças a nossas instituições atuais. Ou assim acreditam os atores desses movimentos, cujas palavras apenas tomei de empréstimo. O legado dos movimentos sociais em rede terá sido afirmar a possibilidade de reaprender a conviver. Na verdadeira democracia.

Conforme aduz Pierre Lévy (2002) as grandes democracias integram milhões de pessoas de diferentes lugares, ultrapassando fronteiras, não reunindo mais apenas os cidadãos da mesma cidade. Assim os novos métodos de comunicação fazem parte da democracia na atualidade.

De outro modo, Mouffe (1996) afirma ser necessária a transformação na identidade de grupos democráticos que reúnem- se por um ideal, devendo-se aprofundar a revolução democrática:

Se, na realidade, a tarefa da democracia radical consiste e aprofundar a revolução democrática e ligar várias lutas democráticas, tal tarefa requer a criação de novas posições de

sujeito que permitirão, por exemplo, a articulação comum do anti- racismo, do anti-sexismo e do anticapitalismo. Estas lutas não convergém espontaneamente e para estabelecer equivalências democráticas será necessário um novo «senso comum», que transforme a identidade de grupos diferentes, de forma que as exigências de cada grupo possam ser articuladas com as dos outros, segundo o princípio da equivalência democrática. Porque não se trata de estabelecer uma mera aliança entre determinados interesses, mas de modificar realmente a própria identidade destas forças.

Contudo, Mouffe assim como Dahl trabalham a ideia de uma democracia baseada na igualdade, sendo que, as desigualdades devem existir em menor número possível dentro de uma sociedade, para que se consiga alcançar a verdadeira ideia de democracia, principalmente, na atualidade.

Assim, devido ao fato de os movimentos sociais surgirem de uma insatisfação de segmentos da sociedade, causado, na maioria das vezes, pela opressão dos grupos sociais desprivilegiados, segundo Sturza (2008), a democracia assume posição de grande dimensão na sociedade contemporânea, já que vivemos em uma única sociedade e que os eventos que ocorrem em qualquer parte do mundo afetam toda a sua estrutura de funcionamento.

Nesse sentido, o ambiente virtual está promovendo a democracia, pelo fato de proporcionar às pessoas a comunicação e a interação com diferentes grupos sociais que, por vezes, objetivam alcançar a concretização dos mesmos direitos e a igualdade desses, como é o caso dos movimentos Não me Kahlo e Vamos Juntas? apresentados como modelos de manifestação que originaram-se na Internet, a fim de reivindicar por igualdade e de evitar que as mulheres ao saírem sozinhas nas ruas sofressem com abusos ou ataques por parte do sexo masculino.

Assim, pode-se concluir que a Internet e, consequentemente, as redes sociais são meios capazes de efetivar e promover a democracia na atualidade, fazendo com que as pessoas e, principalmente, as mulheres, no caso do presente artigo, possam

conquistar a igualdade entre direitos, inclusive, a igualdade entre gênero que é reivindicada pelas mulheres desde muitos anos e que lhe és negada, principalmente, devido à forte inserção da cultura patriarcal na sociedade.

Ademais, por permitir o acesso e participação das mulheres na luta pelos seus direitos e pela proteção do meio ambiente, apresenta- se como meio promotor do desenvolvimento, pois oportuniza e assegura a inclusão das mulheres nos espaços de tomada de decisões na sociedade, valorizando as mulheres como um fim em si mesmas e não como mero instrumento para o fim de outros.

7.5 Conclusão

Diante do exposto, é cediço que vivemos na era digital, onde a Internet ganhou o maior espaço e relevância na vida de milhões de pessoas, com a disseminação do seu uso na sociedade e que, apesar dos diferentes níveis de renda entre os países, tornou-se necessidade entre a população mundial.

Assim, através desse mecanismo as pessoas encontraram formas de comunicarem-se em prol da reivindicação de seus direitos, originando movimentos sociais, os quais foram propagados pela Internet, e propiciaram a integração entre pessoas de diferentes perfis, em diferentes lugares do mundo. A Internet e os movimentos sociais se unem na busca pela concretização de um objetivo, tornam possível que as causas pelas quais trabalham tornem-se cenários ao alcance das pessoas comum, que possuam o devido acesso.

Nesse sentido, o ambiente virtual está promovendo a democracia, pelo fato de proporcionar às pessoas a comunicação e a interação com diferentes grupos sociais que, por vezes, objetivam alcançar a concretização dos mesmos direitos e a igualdade desses, como é o caso dos movimentos Não me Kahlo e Vamos Juntas? apresentados como modelos de manifestação que originaram-se na Internet, a fim de reivindicar por igualdade e de evitar que as

mulheres ao saírem sozinhas nas ruas sofressem com abusos ou ataques por parte do sexo masculino.

Assim, pode-se concluir que a Internet e, consequentemente, as redes sociais são meios capazes de efetivar e promover a democracia na atualidade, fazendo com que as pessoas e, principalmente, as mulheres, no caso do presente artigo, possam conquistar a igualdade entre direitos, inclusive, a igualdade entre gênero que é reivindicada pelas mulheres desde muitos anos e que lhe és negada, principalmente, devido à forte inserção da cultura patriarcal na sociedade.

Ademais, os movimentos sociais também são meios promotores do Desenvolvimento, visto que, oportunizam e asseguram a inclusão das mulheres nos espaços de tomada de decisões na sociedade, valorizando as mulheres como um fim em si mesmas e não como mero instrumento para o fim de outros objetivos.

Referências

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