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A sociedade em rede: da história à atualidade

e da democracia da atualidade Kimberly Farias Monteiro

7.2 A sociedade em rede: da história à atualidade

Na era digital, onde a Internet ganhou o maior espaço e relevância na vida de milhões de pessoas, o seu usou disseminou-se na sociedade e, apesar dos diferentes níveis de renda entre os países, a Internet tornou-se uma necessidade entre a população ao redor do mundo.

Porém, apesar da Internet ser vista por muitos como um meio utilizado para descomplicar a comunicação entre as pessoas e a busca e alcance rápidos de informações, muito se critica a sua utilização exagerada e o abandono da afetividade por parte das pessoas que deixaram de lado o convívio pessoal e adaptaram-se ao modo “online” de vida. O processo de troca de comunicação foi facilitado pela Internet e seus diferentes meios e, assim, a revolução da tecnologia ocasionou mudanças nas esferas econômicas, políticas, sociais e culturais.

A criação e desenvolvimento da Internet foram consequências de uma fusão de estratégia militar, grande cooperação cientifica, iniciativa tecnológica e inovação contracultural (CASTELLS, 2003).

A internet originou-se na década de 1960, na época da Guerra Fria, quando dois blocos antagônicos exerciam fortes influencias no mundo, através de pesquisas militares da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DARPA). A criação deu-se com o intuito de que informações valiosas não fossem destruídas pelos soviéticos em caso de guerra nuclear. Uma das subdivisões desse departamento criou a rede ARPANET, que segundo Castells (2002) “tornou-se a base de uma rede de comunicação horizontal global composta de milhares de redes de computadores”.

A ARPANET, primeira rede de computadores, começou a funcionar em 1969 e estava aberta aos centros de pesquisa que colaboravam com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Até os anos setenta continuava a ser um meio de uso restrito por parte de militares, os quais controlavam a rede e impossibilitavam o uso para outras finalidades. Mas, com o tempo, tornou-se difícil separar quando o uso era destinado as pesquisas militares e quando envolvia conversas pessoais.

Assim, a partir dos anos 80, tornou-se uma rede mundial, através da qual as pessoas poderiam se conectar de qualquer lugar do mundo, a fim de buscar e compartilhar as mais diversas informações. (CALAZANS; LIMA, 2013)

Em 1989, se deu o início da rede no Brasil, através da criação da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), criada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com o objetivo de implantar a Internet em ambiente acadêmico. Uma das tarefas da Rede Nacional de Pesquisa era propagar o uso da Internet e seus serviços na rede acadêmica. Posteriormente, em 1995, a Internet deixou de ser apenas utilizada em ambiente acadêmico, sendo realizada a abertura da Internet comercial, com a liberação de um BackBone – termo utilizado para identificar a rede principal onde passam os dados de todos os clientes que acessam a Internet – lançado pela Embratel. (CALAZANS; LIMA, 2013)

No ano de 1991, Tim Berners-Lee criou a World Wide Web, popularmente conhecida como WWW, da fusão de estudos entre a Internet e hipermídia, que possibilitou a criação de sites visualmente mais atrativos, tornando possível uma navegação mais moderna. Conforme Leão (2001):

A WWW, nascida em 1991, corresponde à parte da Internet construída a partir de princípios do hipertexto. A Web baseia-se numa interface gráfica e permite o acesso a dados diversos (textos, músicas, sons, animações, filmes, etc.) através de um simples “clicar” no mouse.

Assim, o uso da internet passou a se propagar entre os países ao redor do mundo. Segundo Gosciola (2003):

No início da Web, em 1995, 44 milhões de pessoas utilizavam a Internet. Em 1998, contava com 142 milhões de usuários. Ao final de 1999, entre mais de 6 bilhões de habitantes, os usuários de Internet somavam 259 milhões, concentrados principalmente nos Estados Unidos com 110,8 milhões, no Japão com 18,2 milhões, no Reino Unido com 14 milhões, no Canadá com 13,3 milhões, na Alemanha com 12,3 milhões; no Brasil com 6,8 milhões; na China com 6,3 milhões; e na Coréia do Sul com 5,7 milhões – todos conhecedores de como se comunicar em ambientes hipermidiáticos.

O número de acesso à internet no Brasil tem se mostrado em crescimento constante. De acordo com a primeira edição da pesquisa F/Radar realizada e publicada pela F/NAZCA no ano de 2007, o número de brasileiros com acesso à Internet cresceu 1,5 % entre os anos de 2001 a 2006, passando de 20 milhões para 49 milhões de usuários (F/NAZCA, 2007). Em 2008 o percentual de brasileiros com posse de banda larga era de 12%, aumentando em 31% no ano de 2011 (F/NAZCA, 2011).

Desse modo, através do alcance e do uso da Internet, cada vez mais disseminado na população mundial, as pessoas encontraram formas de comunicarem-se em prol da reivindicação de seus direitos. Assim movimentos sociais foram originados e propagados através da Internet, propiciando a integração entre pessoas de diferentes perfis, em diferentes lugares do mundo.

O modelo de inserção virtual através do compartilhamento de dados e a criação de laços sociais, atualmente, predomina entre as pessoas do mundo todo.

Esse tipo de ambiente virtual, voltado para a produção de conteúdo pessoal, se popularizou a partir de 2004, com a criação de sites como Orkut, Facebook e posteriormente o Youtube. No ano de 2006 o Facebook, até então restrito para membros da faculdade de Harvard, foi liberado para o público em geral (CALAZANS; LIMA, 2013).

As redes sociais tornaram-se espaços que permitem a luta por direitos sem o medo da repressão ou da censura, fazendo com que as pessoas exprimam seus anseios e desejos com mais facilidade, na busca por uma transformação. Castells (1999) discorreu sobre a sociedade em rede:

Rede é um conjunto de nós interconectados. No é o ponto no qual a curva se entrecorta. Concretamente o que um nó é depende do tipo de redes concretas de que falamos. [...] São sistemas de televisão, estúdios de entretenimento, meios de comunicação gráfica, equipes para cobertura jornalística e equipamentos moveis gerando, transmitindo e recebendo sinais na rede global da nova mídia no âmago da expressão cultural e da opinião pública, na era da informação.

Conforme Guedes (2013) menciona quando a Internet e os Movimentos Sociais se unem na busca pela concretização de um objetivo, tornam possível que as causas pelas quais trabalham tornem-se cenários ao alcance das pessoas comum, que possuam o devido acesso. A luta e a concretização por direitos similares, seja em prol de causas sociais, culturais ou étnicos, atinge o sucesso quando os indivíduos se unem seriamente, nesse caso de forma virtual, em função dos objetivos propostos (GUEDES, 2013).

Segundo Guedes (2013) os movimentos sociais estão cada vez mais fortes devido ao alcance da Internet e das redes sociais. Os grupos montam suas páginas e promovem seus eventos para grupos de interesses.

Nesse sentido, o Facebook, criado em 2004, é um dos meios

de inserção virtual mais populares no Brasil. Em 1º de janeiro de

2012, a rede social possuía 35 milhões de usuários no Brasil, sendo

que em 31 de dezembro de 2012 passou para 65 milhões. Esse

modelo de inserção social permite às pessoas fácil comunicação, fazendo com que números consideráveis unam-se em prol de objetivos comuns e reivindicação de direitos.

No início de 2016, o Facebook revelou que o número de usuários brasileiros conectados a rede no último trimestre de 2015, era de 99 milhões, sendo que, desse número 89 milhões conectavam-se através de dispositivos móveis, celulares ou tablets. Assim, 8 em cada 10 brasileiros conectados encontram-se na rede social Facebook. (TECHTUDO, 2016)

No mundo, o número total de pessoas conectadas a rede social Facebook, no último trimestre de 2015, chegou a 1,48 bilhão, conforme a pesquisa apresentada por Ime Archibong, Diretor de

Parcerias Estratégicas da Rede (TECHTUDO, 2016).

Através do alcance da rede social Facebook, cada vez mais disseminado entre os brasileiros, responsável pela inserção entre as pessoas e pelo compartilhamento de ideias e notícias, o número de movimentos sociais criados com o objetivo de alcançar a luta pela igualdade de direitos, principalmente, igualdade entre gênero, está em constante crescimento e evolução.

Assim, a busca das mulheres vem consistindo no alcance de suas ideias e reivindicações na sociedade, através dos movimentos oriundos na internet, com o intuito de fortalecer e assegurar o alcance de seus direitos conforme será mostrado no próximo capítulo.