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Mapa 2 Mapa atual da cidade de Parauapebas

2 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA

2.3 SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR: ENTRE A PROTEÇÃO E O

2.3.2 A Intersetorialidade em xeque: a inexistente comunicação entre as Políticas de

Apesar dos esforços em executar uma Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador de forma intersetorial, ainda não é possível identificar na prática efetiva, a comunicação institucional entre a Política de Saúde voltada para Vigilância em Saúde do Trabalhador e a Política de Previdência Social voltada para os benefícios acidentários. As Tabelas adiante mostram os dados informados sobre os acidentes de trabalho no município de Parauapebas, Pará32.

Tabela 3 - Estatísticas de acidentes do trabalho dos seis municípios do Pará com maiores registros - 2012/2013

Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, ano 2013. (Adaptada pela autora).

Tabela 4 - Acidentes do trabalho notificados pela vigilância em saúde da SEMSA – Parauapebas (2013 a 19 de abril de 2016)

Mês da

notificação 2013 2014 2015 2016 TOTAL

32 Através de Ofício enviado a Coordenação de Vigilância em Saúde (VISA) da Secretaria Municipal de Saúde

de Parauapebas, os dados referentes às notificações de acidentes de trabalho foram fornecidos a pesquisadora.

CAPÍTULO 58 - ESTATÍSTICAS MUNICIPAIS

58.1 - Estatísticas municipais de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo - 2012/2013

Município Total Com CAT Registrada Sem

Registro de CAT

Óbito

Total Motivo

Típico Trajeto Doença do

Trabalho 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 Pará 12.530 12.149 9.544 9.344 7.828 7.580 1.575 1.619 141 145 2.986 2.805 89 68 Ananindeua 662 640 494 514 391 382 87 123 16 9 168 126 2 2 Belém 3.131 3.197 2.402 2.525 1.869 1.986 457 473 76 66 729 672 17 13 Marabá 609 696 400 487 321 402 74 82 5 3 209 209 2 3 Parauapebas 1.311 1.136 805 652 712 550 85 96 8 6 506 484 7 5 Santarém 547 519 358 383 285 304 69 73 4 6 189 136 – 1 Tailândia. 751 425 751 425 631 407 119 17 1 1 – – 3 –

Janeiro 0 2 0 0 2 Fevereiro 7 2 2 0 11 Março 1 1 0 1 3 Abril 4 0 0 - 4 Maio 0 0 0 - 0 Junho 3 1 1 - 5 Julho 4 1 0 - 5 Agosto 2 2 1 - 5 Setembro 2 4 0 - 6 Outubro 3 3 1 - 7 Novembro 2 1 0 - 3 Dezembro 0 0 0 - 0 TOTAL 28 17 5 1 51

Fonte: VISA/ SMS Parauapebas

Tabela 5 - Acidentes do trabalho envolvendo material biológico notificados pela vigilância em saúde da SEMSA – Parauapebas (2013 a 19 de abril de 2016)

MÊS DA NOTIFICAÇÃO 2013 2014 2015 2016 TOTAL Janeiro 0 0 1 1 2 Fevereiro 1 2 2 1 6 Março 0 4 3 1 8 Abril 1 2 1 - 4 Maio 0 1 1 - 2 Junho 1 0 1 - 2 Julho 1 1 0 - 2 Agosto 1 1 3 - 5 Setembro 1 2 0 - 3 Outubro 1 1 0 - 2 Novembro 1 0 0 - 1 Dezembro 1 1 1 - 3 TOTAL 9 15 13 3 40

Fonte: VISA/ SMS Parauapebas

A Tabela 3 trata dos dados divulgados pelo Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT) produzido pelo Ministério da Previdência Social com base nas informações da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) que possuem origem nos registros dos benefícios de natureza acidentária concedidos pelo INSS nos anos de 2012 e 2013. Esta Tabela 3 adaptada traz os seis munícipios do Pará com maior número de registros de acidentes de trabalho e, na comparação dos dados das Tabelas 3 e 4, é possível afirmar que existe uma subnotificação de acidentes de trabalho na região de Carajás, especialmente, no município de

Parauapebas, que ostenta o segundo lugar entre os municípios com o maior número de acidentes de trabalho no estado do Pará.

Em Parauapebas, nota-se um quantitativo de acidentes de trabalho mil vezes menor comparado à tabela fornecida pelo Ministério da Previdência Social. O instrumento utilizado pela política de saúde para registro dos acidentes de trabalho chama-se Ficha de Notificação de Acidente de Trabalho. Segundo a Portaria Nº 777/GM de 28 de abril de 2014, são agravos de notificação compulsória: acidente de trabalho fatal; acidentes de trabalho com mutilações; acidente com exposição a material biológico; acidentes do trabalho em crianças e adolescentes; dermatoses ocupacionais; intoxicações exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados); lesões por esforços repetitivos (LER), distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT); pneumoconiose; perda auditiva induzida por ruído (PAIR); transtornos mentais relacionados ao trabalho e câncer relacionado ao trabalho.

Considerando por um lado, que esses agravos à saúde do trabalhador devem ser notificados compulsoriamente pelos serviços de saúde público e privado que atender o trabalhador através de Ficha de Notificação específica e, considerando por outro lado, as estatísticas fornecidas pelo setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Parauapebas, entende-se que os dados fornecidos pela SEMSA, além levar a um grande equívoco quando informam que o município de Parauapebas em quatro anos teve apenas 51 acidentes de trabalho graves e 40 acidentes de trabalho com material biológico, demonstra a baixa capacidade da vigilância em saúde do trabalhador, em nível local, em cumprir os objetivos relacionados à notificação de agravos à saúde do trabalhador, traçados pela Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do SUS. Segue o comparativo dos dados.

Quadro 3 - Comparativo entre os dados da Previdência Social e os dados da VISA de Parauapebas fornecidos ao sistema do Ministério da Saúde sobre acidentes de trabalho Dados da Previdência Social sobre acidentes de

trabalho no município de Parauapebas – PA Dados da VISA Parauapebas fornecidos Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde referentes

a acidentes de trabalho no município de Parauapebas - PA

Ano 2012: 1. 311 Ano 2012: Não fornecido

Ano 2013: 1. 136 Ano 2013: 37

Ano 2014: 477 Ano 2014: 32

Ano 2015: Ainda não divulgado pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social

Fonte: Elaboração Própria

Mais importante do que demonstrar a baixa capacidade de notificação dos acidentes de trabalho nos serviços SUS em Parauapebas – que pode estar relacionada, por exemplo, à falta de capacitação e/ou sensibilização para os profissionais de saúde notificarem os A.T –, este dado demonstra que não há comunicação entre as políticas.

Tais informações reforçam o pensamento de Coutinho (2015), ao dizer que as estatísticas oficiais de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, no Brasil, são estabelecidas desde o final da década de 1960 pela Previdência Social, por intermédio do sistema CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). Portanto, trata-se de um sistema de coleta de informações para efeito de processamento de benefícios, mas que autora avalia não ter capacidade de desencadear ações de vigilância em saúde.

Este sistema que existe há quase 50 anos não dialoga com os sistemas de informação em saúde. Mesmo porque, só recentemente, o SUS principiou a inclusão em seu rol de agravos de notificação compulsória alguns relacionados ao trabalho (BRASIL, 2004; 2011; 2014). E, mesmo assim, o nível de notificação é baixíssimo, comparado ao sistema CAT, ainda que ao contrário deste, todos os trabalhadores brasileiros sejam alvo de notificação perante o SUS. (COUTINHO, 2015, p. 17-18).

2.3.3 CEREST Regional – Marabá: insuficiência de recursos e inconsistência no