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Mapa 2 Mapa atual da cidade de Parauapebas

2 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA

3.3 O CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE PARAUAPEBAS E O (DES)

No que tange à atuação do CMS46 frente a negligência com a pauta da saúde do trabalhador, o conselheiro e a presidente justificam que há falta de interesse das entidades que representam os trabalhadores. Sobre a criação da Comissão Intersetorial de Saúde do

46 Segundo a Resolução nº. 333 de 4 de Novembro de 2003, cabe aos Conselhos de Saúde Nacional, Estaduais,

Municipais e do Distrito Federal, em outras competências: I- Implementar a mobilização e articulação contínua da sociedade, na defesa dos princípios constitucionais que fundamentam o SUS, para o Controle Social de Saúde; [...] XIV- Fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios de movimentação de recursos da Saúde, incluindo o Fundo de Saúde e os transferidos e próprios do Município, Estado, Distrito Federal e da União.

Trabalhador (CIST) dentro do CMS, a presidente relata que durante uma Conferência de Saúde o Conselho foi cobrado a criação de uma CIST e, que regionalmente se avalia que o sul e sudeste do estado do Pará estão aquém do que poderiam fazer em relação à saúde do trabalhador.

Presidente: E também falta de conhecimento, né, porque nós fomos em uma conferência de, de saúde do trabalhador e em Belém o pessoal de lá também cobrou que existe aqui, que aqui deveria existir uma força bem maior da, em prol da saúde do trabalhador e nós não temos, né. Então, acho que isso está, está, é sim, é referente a consciência, né, e é de comum acordo do estado de que a gente aqui na região sul e sudeste a gente tá muito aquém, né, de está se trabalhando alguma coisa em prol da saúde do trabalhador.

O movimento pela Reforma Sanitária brasileira, abordado no capítulo 2, defendeu a inclusão da participação da comunidade como uma das diretrizes para a organização do sistema público de saúde. Considera-se que a adoção desta diretriz pela Constituição Federal de 1988 se tornou uma das mais importantes inovações da história das políticas públicas no Brasil. Propiciou a criação de diversos mecanismos de articulação entre esferas de governo e de participação e Controle Social sobre as políticas públicas.

Ressalta-se que o Controle Social, defendido pela Reforma Sanitária, esteve sempre ligado à ideia da descentralização político-administrativa dos serviços e ações de Saúde, pois com o processo decisório descentralizado para as esferas estadual e municipal, enxergava-se claramente a oportunidade de se inserir na estrutura de poder, uma nova modalidade de gestão e participação popular.

Há duas instâncias de Controle Social no âmbito da política de saúde, as Conferências de Saúde, transitórias de caráter deliberativo e propositivo, e os Conselhos de saúde, de caráter permanente e deliberativo foram instituídos pelas Leis 8.080 e 8.142, ambas de 1990, que estabeleceram como requisito obrigatório para o repasse de recursos para os municípios, a existência do Conselho de saúde, do fundo de Saúde, do plano de Saúde e dos relatórios de gestão.

Nesse sentido, enfatiza-se a importância do Conselho Municipal de Saúde de Parauapebas na disputa pelos gastos estatais para execução das ações previstas pela PNSTT e PNSST, pois se acredita no potencial deste dispositivo para defender os interesses dos trabalhadores. Neste ponto, concorda-se com Correia (2005, p. 41):

Analisando-se a categoria ‘Controle Social’ a partir do referencial de Gramsci, pode-se afirmar que este é contraditório, pode ser de uma classe ou de outra, pois, como momento do Estado, a sociedade civil é um espaço de luta de classes pela disputa do poder. É a partir da sua concepção de Estado

ampliado- com função de manter o consenso além da sua função coercitiva-, quando incorpora as demandas das classes subalternas, a depender da correlação de forças existentes na sociedade civil. Na perspectiva das classes subalternas, o Controle Social visa à atuação de setores organizados na sociedade civil que as representam, na gestão das políticas públicas que permita controlá-las para que atendam, cada vez mais, às demandas e aos interesses dessas classes. Portanto, o Controle Social envolve a

capacidade que as classes subalternas, em luta na sociedade civil, têm de interferir na gestão pública, orientando as ações do Estado e os gastos estatais na direção dos interesses delas, tendo em vista a construção de sua hegemonia. (grifo meu).

Bidarra (2006) avalia que os Conselhos gestores podem ser ao mesmo tempo, arenas para a representação e para disputas entre propostas totalmente diferenciadas, mas também podem acabar se constituindo como espaços para a preservação do tipo da gestão política que melhor corresponda aos interesses dos gestores. Desse modo, pondera-se que CMS de Parauapebas, pela atuação tímida em relação à pauta da saúde dos trabalhadores está se constituindo mais em espaço para preservação da política do gestor municipal do que em espaço privilegiado de defesa dos interesses da classe trabalhadora.

Identifica-se que os Conselhos municipais não podem ser considerados como o principal instrumento de gestão das políticas públicas nem como o único canal efetivamente democrático, pois, como elucidam Junior, Ribeiro e Azevedo (2004), deve-se considerar que no sistema de governo, há uma espécie de combinação entre democracia representativa – eleições diretas e universais para o Executivo - e a democracia direta, os Conselhos e outros instrumentos de participação dos trabalhadores.

3.4 A ATUAÇÃO DOS SINDICATOS DE TRABALHADORES NO DEBATE POLÍTICO