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Mapa 2 Mapa atual da cidade de Parauapebas

2 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR E DA

2.3 SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR: ENTRE A PROTEÇÃO E O

2.3.1 O Eixo Fiscalização na PNSST: a realidade da Gerência Regional do Trabalho e

A fiscalização dos ambientes de trabalho é um dos componentes estruturante da PNSST, sob responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego e direção da Secretaria de Inspeção do Trabalho. Este órgão fixa metas de fiscalização para as superintendências e gerências do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

No caso do estado do Pará, devido à dimensão territorial, além da Superintendência em Belém, existe quatro Gerências Regionais do Trabalho, localizadas nos municípios de Castanhal, Altamira, Santarém e Marabá. Esta última é responsável pelas fiscalizações dos ambientes de trabalho no município de Parauapebas.

Entretanto, para o representante da OIT, os problemas com segurança e saúde do trabalhador na região de Carajás estão relacionados à falta de fiscalização, em especial, dos fiscais do trabalho.

Então o que vemos em regiões como esta, assim como outras regiões, um

país que não tem a presença de uma fiscalização, não é que ela não exista, é porque ás vezes essas regiões são tão grandes e tão longínquas que você não consegue fazer essa fiscalização de uma maneira eficaz. Falta os fiscais do trabalho, falta estrutura, falta pessoal, falta recursos pra que eles consigam fazer a fiscalização do jeito que ela deve ser feita. A lei existe, mas não é fiscalizado de maneira apropriada. Isso faz com

que localidades que se encontram principalmente nessa fronteira de expansão da Amazônia acabam tendo problemas de segurança do trabalhador de maneira grave, assim como outras violações como trabalho escravo, exploração sexual, trabalho infantil. Isso tudo é um problema que deva ser visto de maneira integral, não só em um termo específico, mas como sendo um problema do mundo do trabalho que deve ser endereçado nessa região. (Representante da OIT no Brasil).

Os auditores fiscais do trabalho não fiscalizam apenas questões relacionadas à segurança e saúde do trabalhador, fiscalizam também as questões de informalidade do trabalho, jornada de trabalho, salário, fundo de garantia e os demais direitos trabalhistas. No entanto, a programação de fiscalizações, enviada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do MTE, parece não priorizar as fiscalizações em segurança e saúde do trabalhador.

O que a gente vê não é muito a prioridade na questão da parcela da segurança, o que a gente vê prioridade é informalidade, vê o trabalhador com carteira assinada, questão de levantamento de SPS que vai gerar uma

receita também pro Estado, então essa parte de saúde e segurança não

A receita, da qual o auditor se refere, está relacionada às multas pagas pelas empresas quando descumprem a legislação trabalhista. Quando uma empresa descumpre uma norma referente à formalização do trabalho, por exemplo, esta empresa será autuada e pagará multa. Contudo, nos casos em que se encontram irregularidades nas condições de segurança e saúde do trabalhador, a empresa recebe prazos para se adequar. Assim, a fiscalização no âmbito da SST tem um caráter mais educativo e corretivo do que punitivo. Para o mesmo auditor fiscal, as fiscalizações em SST são deixadas de lado, em prol das questões estritamente trabalhistas.

Exatamente é um investimento que você vai ver, não é assim um ou dois anos, é a longo prazo, já a informalidade - essa é uma coisa mais imediata, então como o Governo é imediatista agente geralmente a parcela de segurança você vai ver o retorno mais a longo prazo: redução de acidentes, redução de pagamentos de benefícios. Infelizmente o Governo não tem essa mentalidade, então a parte de saúde e segurança é muito deixada de lado, tanto que a maioria dos cursos que agente tem, tem alguns de saúde e segurança, mas a parte trabalhista é muito mais forte (Auditor fiscal do Trabalho, 2015).

Sobre as fiscalizações dos ambientes de trabalho no município de Parauapebas, o auditor relata, com pouca clareza, que ocorreu uma fiscalização, no ano de 2015, nos locais de trabalho do empreendimento S11D, da transnacional Vale S/A em Canaã dos Carajás. Para o auditor, a empresa se esforça para atender a legislação.

Então lá basicamente a Vale né, na questão de segurança tem o plano de saúde da Vale pelo menos dá a impressão que eles passam pra gente o que esse comprometimento existe até mesmo o pessoal fiscalizado terceirizado da Vale são constantemente cobrado e induzido a andar na linha nessa parte da segurança, mas essas questões de principalmente de notificação de acidente de trabalho é uma realidade que se apresenta no país todo, independente da empresa, algumas mais outras menos. A Vale pelo menos ela, à medida do possível se esforça para tentar é obedecer às leis, mas acho que nenhuma empresa no Brasil e ela também não é diferente, vai consegui é estar 100% nessa área de segurança e saúde do trabalho. (Auditor Fiscal do Trabalho, 2015).

No que diz respeito às condições objetivas para a realização das fiscalizações, foi identificado que a Gerência Regional do Trabalho não possui os equipamentos necessários para realização de fiscalizações em SST, como os aparelhos essenciais de medição de segurança do trabalho, como o decibelímetro que mede o nível de ruído.

É bem precário aqui a maioria dos recursos que a agente tem não vem do Ministério do Trabalho, vem do Ministério Público, o Ministério Público geralmente doa é: notebook, ar condicionado, cadeiras, papel, maioria da estrutura, a maioria dos recursos que a gente tem vem do Ministério Público agente tem uma parceria com eles, então geralmente é o Ministério Público que doa os recursos. Vem uma parte do Ministério do Trabalho

principalmente de Belém, mas é insuficiente para atender, pra dar uma estrutura razoável - a maioria vem do Ministério Público. (Auditor fiscal do Trabalho, 2015).

2.3.2 A Intersetorialidade em xeque: a inexistente comunicação entre as Políticas de