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2.4 Efeitos constitucionais na tutela dos Direitos da mulher

2.4.3 A lei 13.150/2001

A Lei 13.150/02 é uma lei da cidade de São Paulo, de autoria do Vereador Ítalo Cardoso10, editada em 20 de junho de 2001, que diz:

Art. 1º. Fica introduzido o quesito violência de gênero no sistema municipal de informação em saúde. Parágrafo único - Para os fins do disposto na presente lei entende-se por violência de gênero qualquer ação ou conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher.

Com a regulamentação desta Lei a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo teve como objetivo conhecer as situações de violência que chegavam à Rede Municipal de Saúde, criando também o Sistema de Informação e Notificação de Casos Suspeitos ou Confirmados de Violência nos Serviços Municipais de Saúde (LIMA, 2004).

Através deste sistema tem-se uma estatística a respeito dos diversos tipos de violência, momento em que se pode tomar algumas medidas em relação ao ocorrido. Tal Lei tem como objetivos:

1 - Identificar usuários (as) dos serviços da Rede Municipal de Saúde que vivem em situação de violência nas suas mais diversas formas: doméstica, sexual, institucional, nas relações de trabalho, entre outras.

2 - Traçar o perfil epidemiológico da violência por tipo segundo, a idade, sexo, etnia/raça/cor, pessoa com deficiência, local de ocorrência e de atendimento.

3 - Planejar e executar intervenções coletivas de promoção da saúde e de prevenção da violência em áreas de maior risco e em asilos/abrigos/locais de trabalho, considerando a incidência de casos.

4 - Oferecer atendimento direto às vítimas de violência, bem como os encaminhamentos necessários.

3 Considerações finais

A teoria feminista do direito obteve grande avanço em toda sua trajetória. A mulher, antes destinada a satisfazer os desejos do marido ou do pai, agora tem seu espaço na sociedade moderna, trabalhando e produzindo para si e para a sociedade, sendo mais respeitada como indivíduo e tendo legislação que a ampara.

A análise apresentada de forma rápida neste trabalho nos dá a dimensão deste movimento, onde o sonho de deter as injustiças contra a mulher é o principal objetivo. Houve uma energia voltada unicamente para colocar fim à opressão sofrida pelas mulheres, que

durante muitos anos permaneceram caladas. A mulher conquistou seu espaço, no entanto é necessário que o mesmo seja consolidado, mantido e até mesmo alargado.

No entanto cabe salientar que apesar destes avanços ainda há muito para se fazer no sentido de verdadeiro respeito e aceitação, principalmente no que tange a violência doméstica, que apesar de ter amparo legal pela Lei Maria da Penha observa-se que ainda há muita falta de comprometimento das próprias autoridades em fazer valer o direito da mulher, além do silenciamento em torno de tal problemática.

Além da crítica feita à Lei Maria da Penha, é importante pontuar que o movimento feminista não é um movimento hegemônico. Portanto há de se reconhecer os limites da própria militância, que tem demandas heterogêneas como, por exemplo, as do feminismo negro.

Cabe dizer que há uma maior objetificação e sexualização da mulher negra, bem como menor espaço de trabalho e preconceitos estéticos que passam pelo crime de racismo até chegar no âmbito da moda e da representatividade. Elas ainda permanecem passos atrás das mulheres brancas em vários aspectos, na medida em que as demandas já alcançadas por estas, muitas vezes, ainda não abarcam tais.

Também há a discussão em torno da conceituação sobre o que é gênero, com o advento da teoria Queer que, muito sucintamente falando, é uma teoria desenvolvida nos Estados Unidos que afirma ser a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos, o resultado de uma construção social e que, portanto, não existem papéis sexuais essenciais ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.

Os desafios que o feminismo moderno tem que enfrentar superam a fronteira do Estado, estando prestes a iniciar uma quarta onda, onde o dinamismo é o fundamento para a luta.

É preciso que a mulher continue sua luta, para tanto necessário se faz um conhecimento das Leis que a amparam, bem como fazer valer seus direitos de forma responsável e corajosa.

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