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Capítulo 2 – Formação em Sistemas de Informação

2.4 A Licenciatura em Informática de Gestão

A presente secção permitirá compreender de uma forma mais objetiva quais foram os principais fundamentos da criação da Licenciatura em Informática de Gestão (LIG) e da Licenciatura em Tecnologias e Sistemas de Informação (LTSI). Além disso, é possível também compreender de uma forma clara qual foi a forma de lecionação, os objetivos, os resultados de aprendizagem e o perfil de profissional idealizado nas referidas licenciaturas.

2.4.1. Abordagem Histórica

A Licenciatura em Informática de Gestão (LIG) nasceu depois de um pedido expresso pelo Reitor da Universidade do Minho em 1989 no sentido de dar satisfação a uma recomendação do Senado Académico para criar o referido curso [Machado 1989]. Na altura, era altamente aconselhável seguir uma política de criação de cursos diversificados no domínio das Tecnologias de Informação. Havia a comunicação de que a gestão da informação era cada vez mais vista como uma função essencial à eficácia e eficiência organizacional. Já em 1989 se acreditava que a informação tem que ser gerida com tanta

competência, empenho e cuidado como os recursos financeiros, materiais, humanos ou mercadológicos [UM 1989].

A LIG foi criada após a reestruturação da Licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática (LESI) uma vez que havia a perspetiva de que o mercado possuía necessidades às quais os profissionais formados pela LESI não conseguiam responder [UM 1987]. A referida reestruturação, com a criação de três novos cursos (incluindo a LIG), foi também utilizada para canalizar importantes apoios externos por parte da indústria e também por parte de programas Europeus de investimento. Havia a intenção da reitoria em dotar as licenciaturas com órgãos responsáveis pela sua gestão e financiamento com envolvimento direto de empresas e associações industriais. Importa referir que a LIG foi criada com base na lecionação de disciplinas já oferecidas na Universidade do Minho aos cursos de Engenharia, de Matemática e Ciências da Computação, de Gestão de Empresas, de Administração Publica Regional e Local e de Relações Internacionais [Machado 1989]. Ou seja, inicialmente, não havia a necessidade de contratar, inicialmente, novos docentes para a referida instituição. Importa referir que a LIG foi formada segundo um plano curricular de cinco anos, assente fundamentalmente em Unidades Curriculares (UC’s) anuais. Assim, o referido curso possuía inicialmente um total de 161,5 ECTS, distribuídos pelos referidos anos de formação [Machado 1989].

2.4.2. Objetivos da criação da LIG

A LIG foi criada com o intuito de ser uma licenciatura inovadora em termos do perfil do licenciado, qualificando os profissionais com uma formação sólida em Informática e também um conhecimento profundo da estrutura e processos organizacionais (a componente de gestão foi cuidadosamente planeada de forma a que o licenciado pudesse ter conhecimentos e pudesse compreender intimamente o funcionamento de uma organização) [Machado 1989].

No início dos anos 90, o mercado de trabalho possuía uma enorme carência de técnicos de todos os tipos de perfis no domínio das Tecnologias de Informação. Havia a necessidade de contratar profissionais que pudessem fazer a ponte entre as Tecnologias de Informação e a sua aplicação na gestão empresarial. Tendo em vista solucionar a referida necessidade do mercado, depois de aprovada, a LIG Iníciou a sua atividade no ano académico de 1990/1991.

2.4.3. Resultados de Aprendizagem

Os profissionais licenciados pela LIG possuíam conhecimentos em seis áreas cientificas obrigatórias (Matemática, Organização e Gestão, Informática de Gestão, Ciências da Computação, Engenharia de Computadores, Ciências Sociais e Humanas) e poderiam adquirir também conhecimentos na área científica de Produção e Sistemas. Importa referir que os Profissionais de TSI licenciados pela Universidade do Minho possuíam formação em matemática, estatística, cálculo numérico, investigação operacional, gestão e administração de empresas, processamento de dados, estudos de Sistemas de Informação, algoritmia, estruturas de dados, linguagens de programação, bases de dados, inteligência artificial, arquitetura de sistemas de computação, desenvolvimento de software, criação de redes e plataformas de comunicação, entre outras.

Após finalizado o ciclo de estudos na Licenciatura em Informática de Gestão, pressuponha-se que os profissionais tivessem [UM 1989]:

 Aptidões de comunicação pessoal, redação e comportamento adequadas à gestão organizacional e atividade de consultoria;

 Formação aprofundada para a análise, conceção e delineamento de sistemas de gestão de informação e comunicação de dados;

 Formação aprofundada nas áreas funcionais da gestão de empresas;

 Capacidade para delinear estratégias organizacionais para sistemas integrados de informação.

2.4.4. Perfil Profissional e Saídas Profissionais

Enquanto profissionais existiam duas grandes vertentes ligadas aos Profissionais de TSI licenciados pela Universidade do Minho, concretamente os mesmos poderiam executar tarefas de Profissionais de TSI e também tarefas de gestores [Machado 1989].

Por um lado, poderiam executar (entre outras) as seguintes tarefas enquanto Profissionais de TSI:

 Definir e planear Sistemas de Informação;

 Identificar os requisitos de informação para aplicações Informáticas;  Desenhar Sistemas;

 Implementar aplicações e sistemas informáticos;  Gerir projetos de desenvolvimento de sistemas.

Por outro lado, enquanto gestores, poderiam executar, entre outras, tarefas como:  Serem responsáveis por áreas funcionais de gestão;

 Serem gestores de topo;

 Serem consultores de gestão na área dos Sistemas de Informação.

Acreditava-se que os licenciados pela LIG seriam agentes de mudança, com capacidade para transpor as fronteiras internas e externas que existiam nas organizações humanas.

As saídas profissionais dos licenciados pela LIG eram principalmente como analistas de Sistemas de Informação, programadores de aplicações Informáticas, especialistas de Sistemas de Informação ou poderiam seguir carreiras nas próprias áreas funcionais da gestão empresarial.

Na sua primeira edição, a Licenciatura em Informática admitiu 45 novos alunos (em 1990). Apesar de ser um curso inovador em Portugal (e por isso com maior necessidade de melhorias inicialmente), a LIG foi sofrendo com o avançar dos anos algumas reestruturações, nomeadamente em 1992 e em 1995 em relação à forma como eram lecionadas as Unidades Curriculares Inicialmente, todas as Unidades Curriculares eram anuais, tendo posteriormente sido implementado o conceito de Unidades Curriculares semestrais.

Durante 16 anos de existência, a LIG formou 937 Profissionais de TSI. O Gráfico 1 representa a evolução do número de licenciados pela LIG em cada ano:

Gráfico 1 - Evolução do Número de formados na LIG

Pela análise do gráfico anterior é possível compreender que nos anos 90 havia uma capacidade limitada da LIG em fornecer ao mercado de trabalho os profissionais que tanto eram procurados. O valor mais alto do número de profissionais licenciados ocorreu em

24 24 54 70 68 75 52 66 64 86 78 74 74 69 59 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

2004. De 2004 até 2009 verificou-se um decréscimo constante do número de alunos que finalizaram a LIG. Dado em 2004 ter ocorrido uma reestruturação da LIG, tornando o curso mais completo com a adição de novas Unidades Curriculares, é expectável que a própria exigência no ensino tenha aumentado, explicando o decréscimo no número de licenciados entre os anos anteriormente referidos.