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A localização do TP: algumas especificidades

2.1 Localização: definição

2.1.1 A localização do TP: algumas especificidades

Se nos debruçarmos sobre a semelhança entre a tradução técnica em geral e a localização, surge o facto de os tradutores técnicos também terem de adequar os produtos e documentação a

14 «JPEG - Acronym for Joint Photographic Experts Group. An ISO/ITU standard for storing images in compressed form using a discrete cosine transform. JPEG trades compression off against loss; it can achieve a compression ratio of 100:1 with significant loss and possibly 20:1 with litde noticeable loss.».

<(GIF - Acronym for Graphics Interchange Format. A graphics file format developed by CompuServe and used for transmitting faster images on the Internet. An image may contain up to 256 colors, including a transparent color. The size of the file depends on the number of colors actually used. The LZW compression method is used to reduce the file size still further.» (Microsoft Bookshelf 98 ) .

15 «1. In programming, one or more characters containing information about a file, record type, or other

structure. 2. In certain types of data files, a key or an address that identifies a record and its storage location in another file. See also tag sort. 3. In markup languages such as SGML and HTML, a code that identifies an element in a document, such as a heading or a paragraph, for the purposes of formatting, indexing, and linking information in the document. In both SGML and HTML, a tag is generally a pair of angle brackets that contain one or more letters and numbers. Usually one p a r of angle brackets is placed before an element, and another p a r is placed after, to indicate where the element begins and ends. For example, in HTML, hello world indicates that the phrase "hello world" should be italicized.» {Microsoft Bookshelf 98 ).

outra cultura e têm igualmente de ser redactores técnicos16. Assim, a diferença entre a tradução técnica especializada e a localização de software propriamente dita centra-se, por exemplo, no facto de o localizador ter dificuldades em identificar o que realmente deve traduzir e aquilo que não lhe compete alterar, uma vez que corre riscos de danificar o software (Kano 1995). Uren et alii. (1993: pp. 36-37) referem que, num projecto de localização, normalmente é alvo de tradução o seguinte material textual: as séries de caracteres, os textos dos menus, as caixas de diálogo, as mensagens e os ficheiros de Ajuda. Para além deste, também se inclui outro tipo de documentação: manuais e suplementos, ficheiros Readme v, os hipertextos18 de Ajuda, as embalagens, os registos, as

etiquetas para os discos que contêm o software, as garantias, o contrato de licença e os panfletos promocionais, os tutorials19, os exemplos e a interacção com o software e o hardware.

O tradutor tradicional que transita para a área da localização de software não pode esperar que o texto a traduzir lhe seja facultado como até aí em formato de livro, de manual, de panfleto, de fax, de páginas soltas, de mensagem de correio electrónico, de documento guardado numa das aplicações mais comuns ao nível do processamento de texto. Na maioria dos casos, o texto a traduzir é fornecido sob a forma de um tipo de ficheiro específico, denominado base de dados de recurso {resourcefiles, com extensão .RC). Os enunciados a traduzir são compilados nestes ficheiros e, após os localizadores terem concluído e revisto o texto de chegada, os enunciados desse novo texto são introduzidos no software, nos «locais» anteriormente ocupados pelo texto de partida.

16 Consultar Hoft (1995) e Coe (1996) sobre questões de redacção de texto técnico que se destina a fazer

parte de produtos internacionais.

17 Fazendo uso de dados fornecidos pelo Windows 98, constatamos que «Os ficheiros Leiame contêm

informações de última hora que não estão incluídas na documentação impressa ou na ajuda online. Este browser descreve e mostra os ficheiros Leiame más importantes incluídos no Microsoft® Windows® 98. [...] Nota: Estão listados apenas os ficheiros Leiame mais importantes. O CD do Windows 98 contém mais ficheiros Leiame especializados, tais como os ficheiros .TXT nas diversas pastas de controladores.»

18 Segundo o Dicionário de Informática, «hipertexto [é o] Texto que não precisa de ser lido do princípio ao

fim, mas que pode ser consultado numa série de ordens diferentes, de acordo com a vontade do leitor, e segundo trajectórias internas chamadas ligações (links). Uma aplicação de hipertexto típica encontra-se em obras de referência como uma enciclopédia, por exemplo.» (Carmo 1998: 43). No caso concreto do TP que analisamos neste trabalho, o manual Getting Started Book Online Version (Introdução ao Windows ? í ) é u m exemplo de hipertexto.

19 «Tutorial [é um ]Módulo de ensino. Uma lição prática. Estes módulos de ensino podem ser apresentados

em quase qualquer meio: livros, fitas magnéticas, programs e CD-ROM. Muitos programas, incluindo os sistemas operativos Windows e Windows 95, incluem um módulo de ensino que permite praticar com o software antes de o utilizar,» (Carmo 1998: 97). (Vide secção 3.3.2 em que se aprofunda a pertinência do uso em português do termo supra.)

Esselink (1998: pp.18-19), ao referir-se às bases de dados de recursos, salienta que o localizador não deverá traduzir todo o texto aí inserido, mas apenas o conjunto de enunciados que se encontra entre aspas. Contudo, registam-se excepções em que tal pressuposto não é aplicável, nomeadamente quando surge uma referência ao tipo de letra utilizado nesses enunciados. Normalmente o tipo de letra também surge indicado entre aspas, por exemplo, "Times New Roman", e não é passível de localização. Este autor refere ainda uma outra excepção: nos menus, quando surge o símbolo & antes de uma letra pertencente a um termo, o localizador não o pode retirar, uma vez que irá funcionar como tecla de aceleração ou mnemónica. É o que se passa, por exemplo, no menu Iniciar do Windows 98 na opção «Documentos». O facto de a letra «D» estar sublinhada informa o utilizador de que, ao premir a tecla «D», se irá abrir o menu «Documentos». Tal significa que o localizador tem de estar atento a essas teclas aceleradoras para, quando estiver a trabalhar num menu específico, seleccionar só uma letra de cada vez para identificar a opção que se irá abrir, não podendo registar-se duplicações duma mesma letra dentro de um mesmo menu ou caixa de diálogo20. Acrescente-se ainda que só em último caso se devem seleccionar caracteres com diacríticos para esta função. Esselink (1998:19) adverte igualmente para a necessidade de consistência relativamente à escolha das mnemónicas válidas para várias aplicações que permitam abrir a mesma opção. Refere, por exemplo, que, na versão inglesa, nas várias aplicações, as mnemónicas S e 0 devem corresponder a Save e a Open, respectivamente (Esselink 1998: pp.18-19). Na versão portuguesa, surge G para Guardar e A para Abrir, mnemónicas válidas também para múltiplas aplicações da Microsoft.

Outro aspecto que o localizador tem de contemplar é o caso das teclas de atalho que funcionam em combinação com a tecla Ctrl. Esselink (1998:19) refere que essas combinações não devem ser alteradas aquando da localização: «It is preferrable to keep them identical to the original version.» Apesar de este autor não apresentar uma justificação para a atitude que

20 Sobre as especificidades dos computadores Macintosh, consultar, por exemplo, Guide to Macintosh Software

aconselha, ajuda-nos a compreender situações em que a combinação das teclas nos parece pouco adequada: é o caso, por exemplo, da combinação das teclas «Ctrl + P» no Windows 98, versão portuguesa, que corresponde à instrução Imprimi?1. Contudo, o que nos causa mais estranheza é

que a combinação das teclas que activam a opção «Sublinhado» tenha sido localizada - na versão inglesa a combinação é Ctrl + U e na portuguesa Ctrl + S.

Para além das bases de dados de recursos, há, ainda assim, uma parte do texto de partida que é fornecida ao localizador em formato tradicional: os manuais, o tutorial n e os ficheiros

Readme. O localizador terá, todavia, de fazer uso de ferramentas informáticas para localizar e recolocar esses textos no software no formato que o texto de partida ocupava. Julgamos que está subjacente a esta actividade um novo conceito de documento:

Quando pensa num "documento" é muito natural que visualize folhas de papel com palavras impressas, mas esta é uma definição muito limitada. Um documento poderá ser qualquer corpo de informação [...] Os documentos futuros, armazenados digitalmente, irão incluir fotografias, áudio, instruções de programação para interactividade e animação ou uma combinação destes e outros elementos. (Gates 1995: 143)

Hoje em dia, no que respeita à documentação, o tradutor moderno (incluindo o localizador) tem de saber manusear a informação registada em múltiplos tipos de documentos, fornecidos numa variedade de suportes digitais. Dentro desta perspectiva, quando se fala em tradução no mundo moderno exige-se aos tradutores em geral o manuseio eficaz desses novos formatos de suporte de documentos e a facilidade em trabalhar com ferramentas informáticas, que terá de ser acima da média.