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O movimento da melhoria da escola tem-se desenvolvido paralelamente à investigação acerca da eficácia, dedicando particular atenção aos processos desenvolvidos nas escolas tendentes à sua melhoria.

As investigações sobre melhoria têm como objecto de estudo as actividades e processos que se desenvolvem no interior da escola, centram-se nas condições organizativas de cada escola como unidade essencial de mudança para se atingir a melhoria pretendida.

Ofsted, conduzido em 1997, apoia-se nas características das escolas que obtiveram bons resultados nos seus desempenhos para apresentar algumas ideias-chave para a melhoria nas escolas.

Os estudos que se integram no paradigma da melhoria (school improvement) têm como principais ideias-chave as seguintes: lideranças fortes; acções e estratégias vigorosas para melhorar a qualidade das aulas; maior investimento na planificação e produção de quadros de apoio; preparação de planos de acção e apoio por parte das autoridades a nível de escola ou a nível local.

Ofsted (1997) sintetiza:

A escola é o centro da mudança, sendo todas as escolas diferentes entre si; Dentro da escola não são só as actividades do ensino e aprendizagem que devem merecer atenção; há que ter em conta os procedimentos internos e a utilização dos recursos;

Os objectivos educativos reflectem a missão particular de cada escola e são determinados de acordo com aquilo que a escola considera desejável; Embora a escola esteja no centro da mudança, esta não age só; a identificação de caminhos para melhorar o seu desempenho passa pela necessidade de uma perspectiva multidisciplinar que abranja programas de formação para gestores e colaboração por parte dos investigadores e governantes, fazendo com que todos os actores se apropriem do processo de desenvolvimento da escola (Stoll e Fink, 1996, citado por Góis (2003)). No interior da organização escolar, a eficácia, a coordenação e as interacções formais e informais que se estabelecem no processo de planificação constituem importantes factores para manter os actores envolvidos no processo de melhoria.

Surge, deste modo, a necessidade de centrar a atenção nas dinâmicas internas da escola, privilegiando a pesquisa de processos e cultura organizacional.

Como afirma Fullan (1993), tem sido dada pouca atenção às estratégias de ensino, ao comportamento dos professores e às condições de ensino/aprendizagem nas salas de aula; é aqui que reside a chave para perceber o que os alunos realmente aprendem.

Os movimentos da melhoria e da eficácia deram importantes contributos para a mudança das escolas e da educação.

Ao longo das duas últimas décadas do século XX, foram muitos os estudos de investigação sobre o movimento da melhoria; todos se centram na importância dos processos e estratégias de actuação no interior da escola. Todas as estratégias inserem- se no que habitualmente se designa por cultura organizacional de escola. As preocupações centram-se sobre a cultura organizacional da escola e não tanto nos resultados.

Um relatório da OCDE (2000) chega a duas importantes constatações sobre a questão da qualidade escolar:

As motivações e os resultados dos alunos são profundamente afectados pela cultura ou espírito particular de cada escola;

As escolas nas quais os alunos obtêm bons resultados têm essencialmente as mesmas características.

As estratégias de aprendizagem e os factores de desenvolvimento dos professores são objecto de permanente atenção por parte da investigação, que acaba por privilegiar mais a recolha e tratamento de informação qualitativa. Também se considera importante que a pesquisa se faça ao longo do tempo, procurando abranger a multiplicidade de factores que interagem no contexto escolar.

Como refere Scheerens (2000), os estudos sobre a melhoria, ao privilegiarem a observação directa sobre os aspectos do funcionamento da escola, põem em destaque a participação dos intervenientes no processo escolar características como a coesão, cooperação, clarificação de objectivos e procura de apoios exteriores devem ser articulados no processo da sua implementação.

Como reconhece Fullan (1993), é no trabalho do dia-a-dia dos professores que reside o futuro da escola como sociedade aprendente. O percurso, as estratégias de aprendizagem e os factores de desenvolvimento dos professores são objecto de

permanente atenção por parte da investigação, que acaba por privilegiar mais a recolha e tratamento de informação qualitativa.

Tem sido dada pouca atenção às estratégias de ensino, ao comportamento dos professores e condições nas aulas; é aqui que reside a chave para perceber o que os alunos realmente aprendem, o que não pode ser visto através de resultados de exames. Outras formas de pressão e controlo não conduzem directamente à mudança de atitudes dos professores e ao seu interesse em mudar o seu desempenho.

A melhoria da escola é considerada por Stoll e Fink (1996) citado por Góis,2003) como um processo em que a escola:

• melhora os resultados dos alunos; • foca-se no ensino e na aprendizagem;

• desenvolve a capacidade para se apropriar da mudança; • define os seus princípios orientadores;

• analisa a sua cultura e investe no seu desenvolvimento; • define estratégias para alcançar os objectivos;

• tem em conta as condições internas necessárias à mudança; • mantém o equilíbrio nos períodos de turbulência;

• monitoriza e avalia os seus processos, progressos, desempenho e desenvolvimento.

Os movimentos associados à melhoria da escola, inicialmente, reflectiam uma orientação do topo para a base, baseada no conhecimento dos investigadores, incidiam na utilização de novos materiais didácticos produzidos fora da escola por grupos de investigadores ou equipas de especialistas. O facto de muitos dos processos de melhoria serem iniciativas exteriores à escola e de o papel dos professores na tomada de decisão acerca das áreas de melhoria ser reduzido terá estado na origem de muitos dos fracassos dos esforços de inovação.

Face ao fracasso de alguns dos programas de melhoria baseados nesta abordagem, foi perspectivada uma abordagem inversa: estreitou-se a cooperação entre investigadores e professores. As inovações e processos de melhoria surgem, assim, da base para o topo, são iniciados pelos professores que conhecem o terreno e procuram responder aos problemas concretos de cada escola.

3. Integração das teorias sobre a eficácia e a melhoria