• Nenhum resultado encontrado

A Metafísica da Criação do Homem

No documento Angelologia e Antropologia (páginas 111-114)

ANTROPOLOGIA Doutrina do Homem

5. A Metafísica da Criação do Homem

"E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se uma alma vivente" (Gn 2.7). No início, quando Deus criou o homem, Ele o formou do pó da terra e depois soprou "o fôlego da vida" em suas narinas. Tão logo o fôlego da vida, que se tornou o espírito do homem, entrou em contato com o corpo do homem, a alma foi produzida. Portanto, a alma é a combinação do corpo e do espírito do homem. As Escrituras, por isso, chamam o homem de "alma vivente". O fôlego da vida tornou- se o espírito do homem, i.e., o princípio da vida dentro dele. O Senhor Jesus nos diz que "é o espírito que vivifica" (Jo 6.63). Este fôlego de vida vem do Senhor da Criação. Todavia, não devemos confundir o espírito do homem com o Espírito Santo de Deus. O último é diferente do nosso espírito humano. Rm 8.16 manifesta esta diferença declarando que "o Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus". O original da palavra "vida" em "fôlego de vida" é chay e está no plural. Isto pode ser uma indicação para o fato de que o sopro de Deus produziu uma vida dupla: a vida da alma e a vida do espírito. Quando o sopro de Deus entrou no corpo do homem, ele se tornou o espírito do homem; mas quando o espírito reagiu com o corpo, a alma foi produzida. Isto explica a origem da vida do nosso espírito e da nossa alma. Devemos admitir, entretanto, que este espírito não é a própria vida de Deus, pois "o sopro do Todo-Poderoso me dá vida" (Jó 33.4). Ele não é a entrada da vida não criada de Deus, no homem, nem tampouco a vida de Deus que recebemos na regeneração. O que recebemos no novo nascimento é a Própria vida de Deus, como tipificada pela árvore da vida. Mas, nosso espírito humano, embora existindo permanentemente, está destituído da "vida eterna".

A expressão "formou o homem do pó da terra", refere-se ao corpo do homem; "soprou em suas narinas o fôlego da vida" refere-se ao espírito do homem, conforme ele veio de Deus; e "o homem tornou-se alma vivente" refere-se à alma do homem quando o corpo foi vivificado pelo espírito e levado a ser um homem vivo e consciente de si mesmo. O homem completo é uma trindade - o composto de espírito, alma e corpo. De acordo com Gn 2.7, o homem foi feito de apenas dois elementos independentes: o corpóreo e o espiritual. Mas, quando Deus colocou o espírito dentro do revestimento da terra, a alma foi produzida. O espírito do homem tocando o corpo morto produziu a alma. O corpo separado do espírito estava morto, mas, com o espírito, o homem passou a viver. O órgão, assim estimulado, foi chamado de alma.

"O homem tornou-se alva vivente", expressa não apenas o fato de que a combinação do espírito e corpo produziu a alma, como sugere também que o espírito e o corpo estavam completamente fundidos nessa alma. Em outras palavras, a alma e o corpo estavam juntos com o espírito, e o espírito e o corpo fundidos na alma. Adão "em seu estado antes da queda, nada sabia dessas incessantes lutas de espírito e carne, que são coisas da experiência diária para nós. Havia uma perfeita combinação das suas três naturezas em uma e a alma, como fator de unidade, tornou-se a causa da sua individualidade, da sua existência como um ser distinto" (Pember's Earth's Earliest Ages). O homem foi denominado alma vivente, porque era lá que espírito e corpo se encontravam e através da qual sua individualidade era conhecida. Talvez possamos usar uma ilustração imperfeita: derrame um pouco de tinta num como com água. A tinta e a água misturar-se-ão formando uma terceira substância chamada tinta de escrever. Da mesma forma os dois elementos independentes do espírito e corpo, unem-se para formar alma vivente. (A analogia falha nisso: a alma produzida pela combinação do espírito e do corpo torna-se num elemento independente e indissolúvel, tanto quanto o espírito e o corpo).

Deus considerou a alma do homem como algo singular. Assim como os anjos foram criados como espíritos, o homem foi criado predominantemente como alma vivente. O homem tinha não apenas um corpo, um corpo com fôlego de vida; ele tornou-se uma alma vivente também. Por isso, mais tarde, nas Escrituras, encontramos Deus frequentemente referindo-se aos homens como "almas". Por quê? Porque aquilo que o homem é depende de como é sua alma. Ela o representa e expressa sua individualidade. É o órgão da vontade livre do homem, o órgão no qual o espírito e corpo estão completamente unidos. Se a alma do homem deseja obedecer a Deus, ela permitirá que o espírito governe esse homem, conforme ordenado por Deus. Se ela escolher, pode também reprimir o espírito e aceitar algum outro prazer, como dominadora do homem. Esta trindade de espírito, alma e corpo podem ser parcialmente ilustrados por uma lâmpada elétrica. Dentro da lâmpada, que pode representar o homem total, existem eletricidade, luz e fio. O espírito é como a eletricidade, a alma como a luz e o corpo como o fio. A eletricidade é a causa da luz enquanto que a luz é o efeito da eletricidade. O fio é a substância material para conduzir a eletricidade como também para manifestar a luz. A combinação do espírito e corpo produz a alma, aquilo que é singular no homem. A eletricidade, conduzida pelo fio, é manifesta na luz; assim, o espírito atua sobre a alma e a alma, por sua vez, se expressa a si mesma através do corpo.

Entretanto, devemos nos lembrar bem de que, enquanto a alma é o ponto de encontro do elemento do nosso ser nesta vida presente, em nosso estado ressurreto, o espírito será o poder governante. Porque a Bíblia nos diz que "semeia- se o corpo físico, é ressuscitado corpo espiritual!" (1Co 15.44). Todavia, aqui está um ponto vital: nós que fomos unidos ao Senhor ressurreto podemos, mesmo agora, ter nosso espírito no governo de todo o nosso ser. Não estamos unidos ao primeiro Adão, que foi feito alma vivente, mas, ao último Adão que é espírito vivificante (v 45).

No documento Angelologia e Antropologia (páginas 111-114)