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Funções Respectivas do Espírito, Alma e Corpo

No documento Angelologia e Antropologia (páginas 114-116)

ANTROPOLOGIA Doutrina do Homem

6. Funções Respectivas do Espírito, Alma e Corpo

É através do corpo físico que o homem entra em contato com o mundo material. Portanto, podemos classificar o corpo como aquela parte que nos dá consciência do mundo. A alma inclui o intelecto, que nos ajuda no presente estado de existência e as emoções, que procedem dos sentidos. Visto que a alma pertence ao próprio ego do homem e revela sua personalidade, ela é denominada a parte de autoconsciência. O espírito é aquela parte pela qual temos comunhão com Deus e somente pela qual podemos compreendê-Lo e adorá-Lo. Por indicar nosso relacionamento com Deus, o espírito é denominado o elemento da consciência de Deus. Deus habita no espírito, o eu habita na alma, enquanto que os sentidos habitam no corpo.

Conforme já mencionamos, a alma é o ponto de encontro do espírito e corpo, porque lá eles são unidos. Por meio do seu espírito, o homem mantém comunicação com o mundo espiritual e com o Espírito de Deus, ambos recebendo e expressando o poder e vida da esfera espiritual. Através do seu corpo o homem está em contato com o mundo exterior e sensual, afetando-o e sendo afetado por ele. A alma permanece entre esses dois mundos e ainda pertence a ambos. Ela está ligada ao mundo espiritual, através do espírito, e ao mundo material através do corpo. Ela possui também, o poder do livre-arbítrio, sendo, por isso, capaz de escolher dentro do seu meio ambiente. O espírito não pode atuar diretamente sobre o corpo. Ele precisa de um intermediário, e este intermediário é a alma, produzida pelo contato do espírito com o corpo. Portanto, a alma fica entre o espírito e o corpo, unido-os. O espírito pode subjugar o corpo, através da mediação da alma, para que ele obedeça a Deus; da mesma forma o corpo, através da alma, pode atrair o espírito para amar o mundo.

Destes três elementos, o espírito é o mais nobre porque ele se une com Deus. O corpo é mais inferior porque tem

contato com a matéria. A alma estando entre eles, os une e recebe o caráter deles como sendo dela própria. A alma torna possível a comunicação e cooperação entre o espírito e o corpo. O trabalho da alma é manter esses dois em seu funcionamento próprio, a fim de que não percam seu relacionamento correto - a saber, que o mais inferior, o corpo, possa ser subordinado ao espírito, e que o mais elevado, o espírito, possa governar o corpo através da alma. O elemento principal do homem é, definitivamente, a alma. Ela assiste ao espírito para dar-lhe o que ele recebeu do Espírito Santo, a fim de que a alma, após ter sido aperfeiçoada, possa transmitir ao corpo aquilo que recebeu; então o próprio corpo pode também, participar da perfeição do Espírito Santo, tornando-se, assim, um corpo espiritual.

O espírito é a parte mais nobre do homem e ocupa a região mais interior do seu ser. O corpo é a mais inferior e recebe o lugar mais exterior. Entre estes dois habita a alma, servindo como intermediária. O corpo é o abrigo externo da alma, enquanto que a alma é o revestimento exterior do espírito. O espírito transmite seu pensamento à alma e a alma exercita o corpo a obedecer a ordem do espírito. Este é o significado da alma como intermediária. Antes da queda do homem, o espírito controlava todo o ser por meio da alma.

O poder da alma é muito grande, visto que o espírito e o corpo, unidos lá, fazem dela o centro da personalidade e influência do homem. Antes de o homem cometer pecado, o poder da alma estava completamente sob o domínio do espírito. Sua força era portanto, a força do espírito. O espírito mesmo não pode atuar sobre o corpo; somente por meio da mediação da alma. Isso pode ver em Lc 1.46,47: "A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito exultou-se em Deus, meu Salvador". "Aqui a mudança nos tempos verbais mostra que primeiro o espírito concebeu a alegria em Deus, e, depois, comunicando com a alma, levou-a a dar expressão ao sentimento por meio do órgão humano" (Pember's Earth's Earliest Ages).

Repetindo, a alma é o lugar da personalidade. A vontade, o intelecto e as emoções do homem estão lá. Como o espírito é usado para comunicar com o mundo espiritual e o corpo com o mundo natural, assim a alma fica no meio e exercita seu poder para discernir e decidir se deve reinar o mundo espiritual ou o natural. Algumas vezes também, a alma mesma exerce controle sobre o homem, através do seu intelecto, criando assim um mundo ideativo que reina. A fim de o espírito governar, a alma precisa dar seu consentimento; senão o espírito fica sem recursos para regular a alma e o corpo. Mas esta decisão depende da alma, porque nela reside a personalidade do homem.

Na verdade a alma é o eixo de todo o ser, porque a vontade do homem pertence a ela. Só quando a alma se dispõe a assumir uma posição humilde é que o espírito pode dirigir o homem. Se a alma se rebela contra tal tomada de posição, o espírito ficará sem poder para governar. Isso explica o significado do livre-arbítrio do homem. O homem não é um autômato que se move conforme a vontade de Deus. Pelo contrário, o homem tem pleno e soberano poder de decidir por si mesmo. Ele possui o órgão da sua própria vontade e pode escolher seguir a vontade de Deus, ou resistir e seguir a Satanás. Deus deseja que o espírito, que é a parte mais nobre do homem, controle todo o seu ser. Todavia, a vontade - a parte decisiva da individualidade - pertence à alma. É a alma que determina se o espírito, o corpo, ou ela mesma deve governar. Devido ao fato da alma possuir tal poder e por ser o órgão da individualidade do homem, a Bíblia chama o homem de "uma alma vivente".

No documento Angelologia e Antropologia (páginas 114-116)