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A mudança para estatuto de Disciplina e o cristalizar em Comunidade de Aprendizgem

O INÍCIO DE UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM DIRECIONADA À FORMAÇÃO EM TUTORIA VIRTUAL EM EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL

4. A mudança para estatuto de Disciplina e o cristalizar em Comunidade de Aprendizgem

E para fechar o círculo de nossa historia até aqui, ao longo dos primeiros meses de andamento das atividades do Grupo de Estudos (janeiro a março de 2008), em função dos resultados concretos que estavam sendo revelados, o Grupo de Estudos alcançou o status de disciplina de pós-graduação, modalidade EAD, que passou também a ser denominada “Instrução Programada e EAD em Educação Especial: Tutoria Virtual passo a passo”.

Em andamento no 1º semestre de 2008, a disciplina em questão preenche cada vez mais os requisitos básicos de uma Comunidade de Aprendizagem (Comunidade de Prática), apresentados por Etienne Wenger (2004). Atende aos três elementos que definem uma comunidade de Aprendizagem:

1. Domínio: Tem de haver um assunto sobre o qual a comunidade fala. Temos pela frente os desafios de encontrar respostas focadas em um tópico de interesse comum, a formação e prática para a Tutoria Virtual em EAD, no Ambiente de Aprendizagem Moodle, com especificidade para a educação especial, o que lhe dá uma identidade.

2. Comunidade: Os participantes têm de interagir e construir relações entre si em torno do domínio. A nossa comunidade emergente se caracteriza por ser um grupo que busca o conhecimento junto.

3. Prática: Tem de existir uma prática e não apenas um interesse que as pessoas partilham. A nossa comunidade tem na prática o levantamento de suas questões para o aprender uns com os outros, compartilhando experiências, trabalhando no Ambiente de Aprendizagem do Grupo de Estudos e trazendo para o mesmo as demandas encontradas em seus grupos experimentais para a prática da Tutoria Virtual. Temos agora que discutir os rumos desta “comunidade emergente”, com e entre os próprios participantes, assim como a oficialização da referida comunidade, o que já se encontra a caminho15 .

Este é o passo que vislumbramos para garantir que o Grupo de Estudos fosse transformado em Disciplina de Pós-Graduação prosseguindo agora na forma de uma Comunidade de Aprendizagem, onde possamos, nós os participantes mais antigos, e os que a ela chegarem continuar a compartilhar “o aprender fazendo”, buscando pelo conhecimento e fazendo acontecer.

Cumpre ainda ressaltar que integrantes do Grupo de Estudo/Disciplina agora já estão sendo convidados externamente para idealizarem e serem tutores de novos cursos vinculados ao PPGEEs. E a exemplo da estrutura atual de nossa prática, pretendemos garantir que os integrantes da Comunidade de Aprendizagem que se inicia possam continuar a ter, no Ambiente da Comunidade, um contexto central de aprendizagem coletiva. Este ambiente está sendo previsto para funcionar de forma articulada com grupos experimentais, para o apoio direto ao desenvolvimento de novos cursos idealizados por eles próprios, quer como professores, tutores ou pesquisadores, ao longo de sua futura caminhada.

Desta forma a Comunidade de Aprendizagem está sendo idealizada como uma espécie de incubadora para o apoio à geração de novas práticas em EAD.

5. “Aprender fazer fazendo” no ambiente Moodle

O ambiente de aprendizagem Moodle está sendo utilizado como principal ferramenta de interação entre os envolvidos com o grupo de estudos/disciplina/comunidade de aprendizagem.

As atividades desenvolvidas até agora foram de diversa naturezas, considerando sobretudo que a Plataforma Moodle foi utilizada para dar suporte às demandas de estudos e desenvolvimento de habilidades, para a Tutoria Virtual, aos alunos do PPGEEs.

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Neste sentido procurou-se utilizar o Ambiente de Aprendizagem Moodle da UFSCar16 buscando- se explorar a criatividade de cada aluno. Os participantes foram incentivados continuamente a se colocarem diante dos inúmeros desafios que surgiram a cada passo. Foram também introduzidos no universo do aprender as diferentes ferramentas existentes na medida em que elas foram sendo requeridas, na prática do próprio grupo ou no contexto do “Curso SEESP”.

Adotamos a Programação de Ensino - passo a passo - com a postura de colocar o alimento na hora da fome, incentivando a que os participantes buscassem um aprendizado pessoal contextualizado no aprendizado coletivo, o caminhar junto ao crescimento do grupo.

A seguir pode-se observar um exemplo de material instrutivo onde a metodologia “passo a passo” foi utilizada:

Figura 1: Exemplo de recurso de material instrutivo com instruções “passo a passo“ para configurar o perfil pessoal

Assumimos uma postura extremamente cuidadosa, para não mesmo escrever carinhosa, de forma a que os participantes se sentissem acolhidos em suas demandas. Nós, os responsáveis pelo grupo de estudos/ disciplina/comunidade emergente, nos transformamos literalmente em uma equipa de colaboradores17, zelando o tempo todo pela interação e incentivo à participação e comprometimento.

Pensamos que isto tenha sido e esteja sendo um diferencial importante na construção das relações necessárias à manutenção de um nível alto de motivação para a participação efetiva e comprometida com vinculação, bem representada pela fala de uma das participantes. Aqui um exemplo de uma mensagem postada por uma das participantes18:

“A cada instante que fui interagindo com o ambiente de estudos, fui me aproximando de seus contatos e confesso que às vezes até sentia vontade de me distanciar dele (moodle), mas não

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http://www.moodle.ufscar.br 17

Equipa de colaboradores, composta por Alberto Oliveira e Kátia Dugnani que assumiram a duplo papel de apoio técnico e participantes do Grupo de Estudos; Maria João Spilker como professora colaboradora e nossa “embaixadora” na comunidade internacional

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conseguia. Acho que a motivação é sempre aprender algo novo. É como um quebra-cabeça que te instiga a colocar as peças certas, no momento certo e oportuno”.

Inicialmente adotamos o “Ambiente de Aprendizagem do Grupo de Estudos” como apresentado aos participantes na condição de alunos, mantendo apenas os recursos apresentados no momento em que um curso é criado na Plataforma, no formato Tópicos.

Nesta fase inicial, mantivemos toda a interação com os participantes via Fórum de Notícias, utilizado tanto para enviar notícias como para atividades a serem realizadas, sem direito a que os participantes postassem mensagens iniciais, mas com direito a respostas. Isto foi adotando como estratégia para o “passo a passo”. Pretendíamos introduzir as demais atividades ou recursos quando fosse tempo de efetivamente “praticar usando e criando estas ferramentas”.

Figura 2: Fórum de notícias (FN) no início das atividades do grupo, quando era a única ferramenta de interação

Decidimos utilizar inicialmente apenas o primeiro tópico do bloco central, da tela de abertura do Ambiente, como um espaço reservado para “Biblioteca Virtual” do Grupo Estudo, onde começamos por postar as referências sobre Habilidades Básicas em Tutoria Virtual, e onde com o desenrolar dos trabalhos fomos postando outras referências de interesse, sempre atreladas às atividade e discussões desencadeadas.

Figura 3: Biblioteca Virtual

A sequênciação das atividades que iam sendo propostas foi sendo planejada com o enfoque de sempre partir das demandas apresentadas pelos participantes ou pelos grupos.

Assim o caminho trilhado foi realizar inicialmente o levantamento de habilidades já existentes no repertório dos participantes (Actual Performance), seguido por levantamentos de habilidades pretendidas individual e coletivamente (Ideal Performance) para serem desenvolvidas, confrontadas então com levantamentos de habilidades requeridas para a Tutoria Virtual definidas na literatura. Este passo baseou- se em levantamento inicial efectuado junto aos participantes, sendo importante destacar que sempre que adequado e oportuno tentámos colocar um desafio, aguardar as opiniões dos participantes, disponibilizar material de apoio ajustado ao grupo e manter discussões.

Figura 4: Planilha/ tabela de Habilidades atuais dos participantes (início das atividades do Grupo)

Após realizado esses levantamentos das habilidades atuais e ideais dos participantes, foi realizado um levantamento das habilidades em Tutoria Virtual encontradas na literatura sobre o assunto, a fim de que os participantes pudessem compará-las com seus próprios universos de habilidades.

Figura 6: Planilha de habilidades retiradas da literatura sobre Tutoria Virtual

Adotamos a apresentação dos resultados obtidos (individuais e em grupo) enviados via Fórum de Notícias e organizados no formato de tabelas (balanços gerais), postadas como anexos às mensagens. Este procedimento foi muito bem recebido e propiciou reflexões e discussões, assim como o repensar das próprias demandas, contextualizadas nas demandas gerais do grupo como um todo.

Tudo o que fizemos até agora, faz com que o grupo se sinta como grupo e se interajude.

Em algum momento todos fazem tudo, alguns se atrasam, alguns caminham no próprio ritmo, os atrasados voltam, o papel do moderador puxando e motivando, o caminhar de novo, a tabela periódica do que foi feito, o incentivo para retornar aos sumidos, o novo pique e por ai vai.

Figura 8: Balanço das atividades no FN (Fases 1, 2 e 3)

Por um longo tempo procuramos não alterar a forma já mencionada de apresentação das atividades propostas no Fórum de Notícias, até que entendemos que era chegado o tempo de avançar, agora no aprofundamento do conhecimento de cada ferramenta e recurso do ambiente Moodle.

Começamos a explorar e a realizar discussões aprofundadas sobre o perfil de cada um incentivando discussões sobre a sua elaboração e postagem no Ambiente Moodle, fizemos revisões dos mesmos baseadas e fundamentadas pelas discussões.

Figura 9: Habilidades retiradas da literatura sobre perfil no Moodle

Passamos pela análise da importância de elaboração de planejamento pessoal e em grupo, e chegamos então ao aprofundamento da identificação de temas de interesse de estudo no âmbito da EAD em educação especial, de forma a definir as características de interesses e contextualização dos grupos experimentais, a serem criados para o “aprender fazendo” ou o “fazer aprendendo”. Isto iria premear dali para frente as nossas atividades.

Almejávamos que, além de termos Ambientes de Aprendizagem voltados para a prática das habilidades requeridas para a Tutoria Virtual, os participantes também tivessem um tema a explorar nos referidos cursos experimentais, pois sentíamos que era preciso contextualizar e aproximar os interesses pessoais de estudo na constituição dos diferentes grupos.

Foram então abertos os chamados “Grupos Experimentais” denominados de “Tutoria Virtual:_Grupos Experimentais” (TV_GExp1 até TV_GExp5).

Era tempo de começar o desenvolvimento de habilidades técnicas em ferramentas e recursos específicos de tutores no ambiente Moodle, e para tanto criamos o primeiro tópico no Ambiente do Grupo de Estudo, denominado “Sala de Encontros Virtuais dos Grupos - espaço reservado para o trabalho dos Grupos Experimentais”.

Nesta sala abrimos links para os Grupos Experimentais denominados “TV_GExp 1.nome do grupo”, um para cada grupo criado, de forma a facilitar o acesso direto pelo próprio Ambiente do Grupo de Estudos, desenvolvimento de habilidades para trabalho em grupo utilizando ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas.

Abrimos no mesmo tópico fóruns específicos para interação de cada um dos grupos com o nome “Fórum SOS: trabalho no Grupo 1.nome do grupo” para o incentivo de discussões assíncronas. Criamos chats para cada grupo, denominados “Encontro Virtual – Grupo 1. nome do grupo” e incentivamos o uso de chats como ferramenta para discussão síncrona das demandas requeridas nas diferentes atividades/tarefas definidas para serem realizadas em grupo.

Figura 10: Sala de Encontros Virtuais dos Grupos

Nas primeiras fases as atividades consistiam em “desenvolver habilidades” para “usar os recursos postados”, ao mesmo tempo em que eram discutidas as habilidades requeridas para a Tutoria Virtual, sendo enfatizado, sobretudo, o desenvolvimento de habilidades de moderação e liderança de grupos.

Nesta Fase, criamos também, na Sala de Encontros Virtuais, um Fórum destinado ao apoio às demandas que os participantes estavam encontrando na prática da Tutoria Virtual do Curso SEESP19. Este novo Fórum foi denominado “Fórum SOS SEESP”, o que foi no transcorrer das fases seguintes um espaço intensamente interativo e rico em reflexões e contribuições.

Figura 11: Discussão no Fórum SOS SEESP

A partir das discussões que ocorreram no contexto do Fórum SOS SEESP, foi possível construir uma planilha com todas as dúvidas e demandas listadas pelos participantes, seguidas das soluções apontadas no próprio contexto do fórum em questão, como vemos na Figura 12.

Figura 12: Planilha de dúvidas e soluções levantadas no Fórum SOS SEESP

Esta planilha ilustra não só a relevância de uma Comunidade de Aprendizagem enquanto contexto que permite a concretização dos três elementos (domínio, comunidade e prática) propostos por Wenger (2004) para a definição de uma Comunidade de Prática, mas principalmente o papel de apoio que o Grupo de Estudos está desempenhando para o Curso SEESP. Este apoio exerceu influência na motivação e desempenho dos participantes tanto no Grupo de Estudos quanto no Curso SEESP.

Passamos então à exploração de possibilidades de alterações do layout no ambiente Moodle. Considerando que o layout da UFSCar é configurado como “forçar o tema”, foram criados Grupos Experimentais de Apoio ”em um outro servidor “(servidor 2) , de forma a que os participantes pudessem exercitar a configuração dos layout de seus grupos. Isto gerou discussões ricas e ampliou as possibilidades vislumbradas com a Plataforma Moodle, assim como o “encantamento“ de todos com a riqueza das possibilidades.

Para fechamento de cada uma das fases trilhadas os tutores trabalhavam na elaboração de planilhas de balanços, compilação e sistematização de dados, disponibilizando estes via Fóruns de Notícias, que até então tinha a função de suprir as demandas de postagens de Atividades.

Figura 13: Balanço de atividades (Fase 5)

A experiência de trabalhar dando “feedback via tabelas despertou discussões e motivou à revisão de atividades atrasadas ou deixadas para depois, dando impulso às interações síncronas e assíncronas.

Posteriormente os participantes foram estimulados a contribuir “aprendendo” a elaborar tabelas semelhantes, recebendo apoio para os ajustes sempre que requerido, trazendo contribuições interessantes para o grupo como um todo.

Os participantes foram também estimulados a realizar análises comparativas entre o Ambientes do Grupo de Estudos e de seus próprios Grupos Experimentais, iniciando então um novo tempo, a partir do qual foi iniciado o estudo das Atividades existentes no “Box Inserir Atividades” (Moodle 1.6.5).

Começamos pela atividade “Fóruns”, por considerarmos que esta atividade já permeava o nosso fazer e por ter sido uma das atividades de maior uso no Curso SEESP.

Discutiu-se então a atividade “Fórum” adotando-se a prática de exploração de conteúdos inicialmente via literatura/textos seguida de discussões, exemplos, prática no curso e avaliações.

Foi nesse contexto da discussão sobre possíveis utilidades da ferramenta Fórum que foi criado um fórum específico para desenvolvimento das atividades (discussões, reflexões e postagens de arquivos), o Fórum de Atividades (FA). Assim, o Fórum de Notícias voltava a ter sua função original reestabelecida, que é noticiar os eventos do grupo.

Figura 15: Mensagem no Fórum de notícias, agora com verdadeira função

A partir de então (fim da Fase 5), novamente solicitamos o que entendiam os participantes de demandas atuais para a seqüenciação das atividades a serem trabalhadas então.

A opção ainda está sendo norteada pelas demandas de desenvolvimento de habilidades requeridas na prática do Curso SEESP, ou seja, aprender sobre Tarefas, Questionários e Administração de Notas.