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C APÍTULO 4 – A NÁLISES ESTATÍSTICAS E RESULTADOS EMPÍRICOS

4.1. A NÁLISES ESTATÍSTICAS

Para a nossa análise empírica, utilizamos os dados sobre as atividades de inovação das empresas Portuguesas, resultantes do inquérito CIS 2008, no período de referência de 2006 a 2008.

O período de recolha de dados do CIS 2008 decorreu, em Portugal entre 21 Maio e 12 de Abril de 2010. Após a conclusão do período de recolha de dados foram consideradas como válidas 6.593 respostas, correspondendo a uma taxa de repostas de 83%, de entre as 7.952 empresas da amostra corrigida.

A base de dados que foi disponibilizada só considerar 6512 respostas válidas, tal diferencial deve-se ao facto de as empresas inquiridas, pertencentes ao Código de Atividade Económica - CAE 867, não serem reportadas ao EUROSTAT, de salientar que este foi um CAE introduzido apenas a nível de Portugal.

Das 6.512 empresas, 63,18% enquadram-se no setor da indústria e apenas 36,82% no setor dos serviços. A Tabela 6 mostra que 59,15% das empresas não inovam e apenas 40,85% é que responderam que são inovadoras.8

7 Saúde Humana

Tabela 6 - Empresas inovadoras e não inovadoras classificadas por setor de atividade

Não inovadoras Inovadoras

Total % Total

n.º % n.º %

Indústria 2505 38,47% 1609 24,71% 4114 63,18%

Serviços 1347 20,68% 1051 16,14% 2398 36,82%

Total 3852 59,15% 2660 40,85% 6512 100,00%

Fonte: Base de dados CIS 2008

A Tabela 7 mostra as empresas inovadoras e não inovadoras distribuídas pelas várias atividades económicas de acordo com a CAE Rev3, onde 48% das empresas do setor dos serviços são inovadoras, enquanto na indústria, o valor situa-se nos 39%. De destacar que as empresas mais inovadoras, no setor dos serviços, são encontradas nas telecomunicações e na consultoria informática (73%), na edição, vídeo, rádio e televisão (51%) e na arquitetura, engenharia, I&D e publicidades (50%). Para o setor industrial, as empresas mais inovadoras, pode ser localizadas na informática, equipamentos elétricos e veículos motorizados (53%), na indústria petrolífera, química, farmacêutica e produtos minerais não metálicos (48%), e na indústria alimentar, bebidas e tabaco (46%). Por outro lado, as empresas menos inovadoras são as da indústria extrativa com 78%, e as atividades jurídicas, contabilísticas e sedes socias para o setor dos serviços.

Tabela 7 - Empresas inovadoras e não inovadoras classificadas por atividade económica

Atividades económicas de acordo com a CAE REV3 Empr. não inovadoras Empresas Inovadoras Total In d ú str ia Indústrias extrativas 102 78% 28 22% 130

Indústrias alimentares, bebidas e tabaco 134 54% 112 46% 246

Têxteis, vestuário e couro 456 72% 175 28% 631

Indústria madeira, papel e impressão 303 66% 157 34% 460 Ind. petrolífera, química, farmacêutica e produtos minerais

não metálicos

352 52% 322 48% 674

Metalúrgica e produtos metálicos 501 63% 292 37% 793 Informática, equipamento elétrico, veículos motorizados 216 47% 244 53% 460 Mobiliário, outras indústrias transformadoras 236 57% 181 43% 417

Eletricidade, gás e água 23 70% 10 30% 33

Captação, tratamento e distribuição de água. Águas residuais, resíduos e descontaminação

149 66% 76 34% 225 Construção 33 73% 12 27% 45 Total da Indústria 2505 61% 1609 39% 4114 S e r vi ç os

Comércio por grosso e a retalho, rep. de veículos 570 64% 322 36% 892 Transportes por terra, água e ar 204 65% 111 35% 315 Atividades postais e auxiliares dos transportes 102 63% 60 37% 162 Edição, vídeo, rádio e televisão 56 49% 59 51% 115 Telecomunicações, consultoria informática 63 27% 170 73% 233 Atividades financeiras e seguros 130 45% 162 55% 292 Atividades jurídicas, contabilísticas e sedes sociais 90 71% 36 29% 126 Arquitetura, engenharia, I&D e publicidade 115 50% 115 50% 230 Outras atividades de consultoria, científicas e atividades

veterinárias

17 52% 16 48% 33

Total dos serviços 1347 56% 1051 44% 2398

Total 3852 59% 2660 41% 6512

A Figura 7 representa a distribui as empresas inquiridas por dimensão, das 6.512 empresas, 65% têm menos de 50 trabalhadores, 27,3% entre 50 e 249 trabalhadores e 7,7% são consideradas empresas de grande dimensão com mais 250 empregados.

Figura 7 - Distribuição das empresas, por dimensão (número de empregados), em percentagem

A Tabela 8 apresenta as empresas inovadoras e não inovadoras, classificadas por setor de atividade e número de empregados. As percentagens por cada categoria de tamanho são relativamente semelhantes para os 2 setores, a maior diferença encontra-se nas empresas com menos de 50 empregados, com 33% para a indústria e 40% para o setor dos serviços. De destacar que, 61% das empresas do setor da indústria e 63% das empresas dos serviços, com um mais 250 de empregados, são inovadoras.

Tabela 8 - Empresas inovadoras e não inovadoras classificadas, por setor de atividade e tamanho (número de empregados) Indústria Serviços Não inovadoras Inovadoras Não inovadoras Inovadoras Número de empregados em 2008 < 50 1754 67% 845 33% 983 60% 648 40% 50-249 630 52% 572 48% 294 51% 285 49% >=250 121 39% 192 61% 70 37% 118 63% Total 2505 61% 1609 39% 1347 56% 1051 44%

Fonte: Base de dados CIS 2008

65% 27%

8%

No seguimento de Veugelers e Cassiman (2004), Love e Mansury (2007), Arvanitis (2008) e Mothe e Nguyen Thi (2010), iremos utilizar duas variáveis dependentes, para alcançar a primeira parte dos objetivos. A primeira é a probabilidade de inovar ou inovação de produto, obtendo esta variável através da resposta dicotómica (sim ou não) para a seguinte questão: ‘Durante o período de 2006 a 2008, a empresa introduziu bens ou serviços novos ou significativamente melhorados?’ Responderam afirmativamente, isto é, que são inovadoras, 2.660 empresas, o que corresponde a 40,85% do total das empresas inquiridas, sendo 24,71% da indústria apenas 16,14% dos setor dos serviços.9 A segunda variável dependente utilizada é o grau de inovação e obteve-se através da percentagem de volume de negócio, resultante da venda de novos produtos para a empresa. Na Tabela 9 pode-se visualizar os sumários estatísticos, das principais variáveis utilizadas neste estudo, classificadas por setor de atividade.

Tabela 9 – Sumários estatísticos das principais variáveis classificadas por setor de atividade

Indústria Serviços

Mean Std. Dev. Min Max Mean Std. Dev. Min Max

Inovação Probabilidade de inovar 0,39 0,49 0 1 0,44 0,50 0 1 Grau de inovação 0,06 0,14 0 1 0,06 0,15 0 1 Inovação de Marketing 0,31 0,46 0 1 0,44 0,50 0 1 Inovação Organizacional 0,38 0,49 0 1 0,51 0,50 0 1 Dimensão 0,44 0,63 0 2 0,40 0,63 0 2 Grupo 0,21 0,41 0 1 0,37 0,47 0 1 Intensidade I&D 0,05 0,02 0 0,29 0,08 0,03 0 0,30 Variação nas vendas 0,66 0,48 0 1 0,70 046 0 1 Produtos novos 0,10 0,20 0 1 0,11 0,22 0 1 Subsídios 0,18 0,39 0 1 0,15 0,35 0 1 Cooperação 0,35 0,48 0 1 0,36 0,48 0 1

Inovação de Marketing - individualizada

Embalagem do produto 0,19 0,39 0 1 0,25 0,43 0 1 Promoção do produto 0,19 0,39 0 1 0,32 0,47 0 1 Distribuição do produto 0,09 0,29 0 1 0,19 0,39 0 1 Preço do produto 0,12 0,32 0 1 0,21 0,41 0 1

Inovação organizacional - individualizada

Práticas de negócio 0,29 0,45 0 1 0,40 0,49 0 1 Tomada de decisão 0,29 0,45 0 1 0,43 0,50 0 1 Relações externas 0,16 0,37 0 1 0,28 0,45 0 1 Observações 4114 2398

As questões do inquérito, no qual as empresas responderam se introduziram novas práticas de inovação de marketing e inovação organizacional (inovação não tecnológica), foram de particular interesse para a elaboração deste estudo.

O primeiro tipo de inovação não tecnológica é a inovação de marketing, distribuída graficamente na Figura , abrangendo quatro tipos de práticas:

1. Mudanças significativas no aspeto/estética ou na embalagem dos produtos (bens e/ou serviços), responderam afirmativamente, 21% das 6.152 empresas inquiridas;

2. Novas técnicas ou meios de comunicação (Média), para a promoção de bens ou serviços, 24% das empresas utilizaram este meio;

3. Novos métodos de distribuição/colocação de produtos (bens e/ou serviços), ou novos canais de vendas, apenas 13% das empresas responderam que utilizaram; 4. Novas políticas de preços dos produtos foram usadas por 15,4% das empresas.

Figura 8 – Distribuição das empresas inovadoras, pelas quatro práticas de marketing

Para efeitos do nosso estudo, uma variável composta designada de inovação de marketing também foi introduzida, tendo o valor de um (1), para as empresas que adotaram pelo menos uma das práticas de marketing referidas, e o valor zero (0), caso

21%

24%

13% 27%

15%

Mudanças aspeto ou embalagem Novas técnicas ou meios de comunicação Novos métodos de distribuição Nenhuma

contrário. 35,8% das empresas responderam que utilizaram pelo menos uma das quatro práticas de marketing.

O segundo tipo de inovação não tecnológica é a inovação organizacional que abrange três tipos de práticas (Figura 9):

1. Novas práticas de negócio na organização dos procedimentos, 32,9% das empresas utilizaram esta prática;

2. Novos métodos de organização das responsabilidades e da tomada de decisão, 34,3% das empresas relataram a sua utilização;

3. Novos métodos de organização das relações externas com outras empresas ou instituições públicas, 20,7% empresas aplicaram esta prática.

Figura 9 – Distribuição das empresas inovadoras, pelas três práticas organizacionais Para a nossa análise uma variável composta designada de inovação organizacional foi introduzida, onde se atribui o valor de um (1), para as empresas que utilizaram pelo menos uma das três categorias organizacionais referidas, e o valor zero (0), caso contrário. Das 6.512 empresas inquiridas, 42,8% responderam afirmativamente à utilização, de pelo menos uma, das três práticas organizacionais.

De forma a analisar o desempenho empresarial, e considerando as fases do processo de inovação, iremos utilizar a variável ‘intensidade em I&D’, para a fase de input, que é

33%

34% 12%

21%

expressa pelo somatório das despesas gastas em I&D intramuros, com a despesa I&D extramuros, a dividir pelo volume de negócio total de 2008. O setor dos serviços obtêm uma média de 8%, enquanto o setor da indústria apenas 5% do volume de negócio é gasto em despesas de I&D (ver Tabela 9). Assim, concluísse que as empresas do setor de serviços tem maior intensidade em I&D, do que as empresas da indústria.

As variáveis que iremos utilizar na transformação de input em output, designada fase througtput, são: os subsídios e a cooperação. A variável dummy ‘subsídios’ caracteriza- se pelo valor de um (1), se durante o período de 2006 a 2008, a empresa recebeu algum apoio financeiro público, para desenvolver as suas atividades de inovação, e o valor zero (0), caso contrário. Na Tabela 10 verifica-se que 83,3 % das empresas que tem atividades de inovação, responderam que não recebem qualquer apoio financeiro público, e apenas 16,7% responderam afirmativamente. Os resultados de forma individual, para ambos os setores, são muito idênticos, quer entre os dois setores, quer analisados de forma agregada. De destacar que 18% das empresas da indústria e 14,7% das empresas, do setor dos serviços, receberam subsídios públicos para as suas atividades de inovação.

Tabela 10 – Recebimento de subsídios públicos para as atividades de inovação, por setores

A segunda variável analisada, na fase througtput, é a ‘cooperação’, em que se atribui o valor um (1) para o caso das empresas, durante o período de 2006 a 2008, terem cooperado com outras empresas ou instituições, no âmbito das suas atividades de inovação, e o valor zero (0), no caso oposto. Das 6512 empresas inquiridas, apenas 3770, responderam que existiram atividades de inovação, durante o período de 2006 a 2008, e apenas 1336 empresas afirmaram que cooperaram com outras empresas ou

Subsídios Freq. % Total empresas % empr. inovadoras Freq. % Total empresas % empr. inovadoras Freq. % Total empresas % empr. inovadoras Não 3139 48,2 83,3 1920 46,7 82 1219 50,8 85,3 Sim 631 9,7 16,7 421 10,2 18 210 8,8 14,7 Total 3770 57,9 2341 56,9 1429 59,6 2472 42,1 1773 43,1 969 40,4 6512 4114 2398

Todos os setores Indústria Serviços

Empresas sem atividades de inovação Empresas com atividades Total empresas

instituições, no âmbito das suas atividades de inovação, a que corresponde 35% das 3770 empresas, como se pode verificar na Figura 10.

Figura 10 – Cooperação com outras empresas ou instituições, no âmbito das suas atividades de inovação, durante o período de 2006 a 2008.

Na fase do output do processo de inovação, a variável ‘produtos novos’, corresponde ao somatório da percentagem do volume de negócio resultante da venda de produtos novos para a empresa, e da percentagem do volume de negócio resultante da venda de produtos novos para o mercado. Na indústria e nos serviços os resultados médios obtidos, na variável ‘produtos novos’, são muito semelhantes, com 10% e 11%, respetivamente (ver Tabela 9).

Para a última fase do processo de inovação, o ‘desempenho’, iremos utilizar a variável dummy ‘variação das vendas’, que se caracteriza pelo valor um (1), quando existe uma variação positiva no volume de vendas, e o valor zero (0), no caso de não ter existido variação no volume de vendas, ou a variação tenha sido negativa. Em 67% das empresas, existiu uma variação positiva do volume de vendas, durante o período de 2006 a 2008. No sentido oposto, em apenas 33% das empresas, não existiu variação no volume de vendas ou foi negativa.

A operacionalização das variáveis utilizadas neste estudo pode ser observada, em seguida, na Tabela 11.

35%

65%

Tabela 11 - Definição das Variáveis

Variável Descrição da variável Escala

Probabilidade de inovar ou inovação de produto

Durante o período de 2006 a 2008, a empresa introduziu bens ou serviços

novos ou significativamente melhorados 0= Não; 1= Sim Grau de inovação Percentagem do volume de negócio resultante da venda de novos produtos

só para a empresa

Percentagem Inovação de Marketing A empresa introduziu alguma inovação de marketing 0= Não; 1= Sim Inovação Organizacional A empresa introduziu alguma inovação de organizacional 0= Não; 1= Sim Dimensão Número de empregados em 2008

0 = Inferior a 50; 1= Entre 50 e 249; 2= Superior 250 Grupo A empresa faz parte de um grupo de empresas 0= Não; 1= Sim Intensidade I&D

Intensidade de I&D = Somatório das despesas gastas em I&D intramuros com a despesa I&D extramuros a dividir pelo volume de negócio total de 2008

Percentagem Variação das vendas Durante o período de 2006 a 2008, existiu variação no volume de vendas?

0=Variação negativa ou nula; 1=Variação positiva

Produtos Novos Percentagem do volume de negócio resultante da venda de novos produtos para a empresa e para o mercado Percentagem Subsídios Durante o período 2006 a 2008 a empresa recebeu algum apoio financeiro

público, para atividades de inovação? 0= Não; 1= Sim Cooperação Durante o período de 2006 a 2008, a empresa cooperou com outras

empresas ou instituições no âmbito das suas atividade de inovação? 0= Não; 1= Sim

Inovação de Marketing - individualizada

Embalagem do produto Mudanças significativas no aspeto/estética ou na embalagem dos produtos 0= Não; 1= Sim Promoção do produto Novas técnicas ou meios de comunicação (Média) para a promoção de bens ou serviços 0= Não; 1= Sim Distribuição do produto Novos métodos de distribuição/colocação de produtos (bens e/ou serviços) 0= Não; 1= Sim Preço do produto Novas políticas de preços para os produtos 0= Não; 1= Sim

Inovação Organizacional - individualizada

Práticas de negócio A empresa introduziu novas práticas de negócio na organização de

procedimentos 0= Não; 1= Sim Tomada de decisão A empresa introduziu novos métodos de organização das

responsabilidades e da tomada de decisão 0= Não; 1= Sim Relações externas A empresa introduziu novos métodos de organização das relações externas