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C APÍTULO 5 – C ONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Este último capítulo apresenta as principais conclusões do impacto da inovação não

tecnológica, na inovação tecnológica e no desempenho empresarial, as limitações deste estudo e as recomendações para futuros estudos.

5.1. Principais conclusões e implicações do estudo

Os estudos recentes destacam a interação entre os vários tipos de inovação, onde as atividades de marketing e organizacional, consideradas como inovações não tecnológicas, assumem um papel fundamental (e.g. Schmidtt & Rammer, 2007; Mothe & Nguyen Thi, 2010).

Os objetivos principais deste estudo eram: (1) o de investigar o impacto das inovações organizacionais e de marketing, designadas de inovações não tecnológicas, na inovação de produto (tecnológica); (2) o impacto das inovações não tecnológicas no desempenho das empresas. Para concretizar o primeiro objetivo do nosso estudo, verificamos o impacto das inovações de marketing e organizacionais, na inovação de produto, utilizando para tal, os dados das empresas da indústria e dos serviços para captar tais efeitos, contribuído desta forma para uma melhor compreensão das relações entre os vários tipos de inovação. Destacamos o facto de estes dois tipos de inovação não tecnológica levarem a uma maior probabilidade das empresa inovarem, determinando, deste modo, uma maior propensão na introdução de novos e/ou melhorados produtos. Tais resultados são confirmados, particularmente no setor dos serviços e vão de encontro aos resultados obtidos em estudos prévios. (Schmidt & Rammer, 2007; Mothe & Nguyen Thi, 2010). Ao considerar o grau de inovação, como a percentagem de volume de negócio resultante da venda de novos produtos para a empresa, as práticas individualizadas de marketing têm um maior impacto nas empresas de serviços, do que nas da indústria. Relativamente à inovação organizacional de forma individualizada, as empresas do setor industrial têm um impacto positivo superior no grau de inovação, do que as dos serviços, indo assim de encontro aos resultados obtidos por Mothe e Nguyen Thi (2010).

Ao analisarmos o segundo objetivo principal, o impacto das inovações não tecnológicas no desempenho das empresas, verificamos que as inovações organizacionais influenciam positivamente o desempenho empresarial. Relativamente, às inovações de marketing não se verifica uma influência estatística significativa, neste estudo, no desempenho empresarial.

Os subsídios recebidos pelas empresas para desenvolverem as suas atividades de inovação, mostraram-se estatisticamente significativos para o desempenho empresarial, em contrapartida, a cooperação entre empresas ou instituições, no âmbito das suas atividades de inovação, não se revelou estatisticamente significativa.

Os resultados obtidos neste estudo conduzem a seis implicações teóricas na inovação tecnológica, não tecnológica e no desempenho empresarial, principalmente para o setor dos serviços. Primeiro, a confirmação da importância das inovações de marketing para as empresas de serviços, provavelmente devida à característica de inseparabilidade dos serviços. Segundo, os efeitos da inovação não tecnológica, na inovação tecnológica variam de acordo com o setor onde a empresa atua, embora não se possam descurar as semelhanças nalguns resultados, entre a indústria e os serviços. Terceiro, a dimensão das empresas de serviços não tem influencia estatisticamente relevante, na probabilidade de inovar e o grau de inovação. Quarto, quando analisados todos os setores de atividade, a inovação organizacional tem uma influência positiva no desempenho empresarial, em contrapartida, nas inovações de marketing, não verifica uma influência estatisticamente significativa, no desempenho empresarial. Quinto, ao analisar o setor da indústria e o dos serviços, individualmente, verifica-se que nem a inovação organizacional, nem a inovação de marketing, influenciam estatisticamente o desempenho empresarial. Por último, os subsídios recebidos pelas empresas para desenvolverem as suas atividades de inovação, mostram-se estatisticamente significativos para o desempenho empresarial.

Podemos concluir que nos últimos anos, o conhecimento sobre a inovação nos serviços progrediu substancialmente, assim como, o conhecimento dos diferentes tipos de inovação. No entanto, a relação entre eles, principalmente entre a inovação tecnológica e não tecnológica, bem como, o impacto que este último tipo de inovação tem no desempenho, ainda se encontra numa fase inicial. Deste modo, este estudo contribui

para o conhecimento e a para interação dos diferentes tipos inovação, na indústria e principalmente nos serviços.

5.2.L

IMITAÇÕES DO ESTUDO

Concluída a investigação, importa salientar as principais limitações com que nos deparamos ao longo deste estudo, podendo ter sido, de alguma forma, responsáveis por alguns enviesamentos dos resultados.

A principal limitação está relacionada com a origem da base de dados utilizada para este estudo, o CIS 2008 não comtempla atividades associadas à agricultura e pescas, bem como, outras inseridas no setor dos serviços, nomeadamente o turismo e a saúde humana.

Outra limitação está relacionada com a população-alvo do CIS 2008, que só considera as empresas, com mais de 10 pessoas ao serviço, relegando por completo as empresas com número de pessoas ao serviço, inferior.

Uma última limitação a referir, está relacionada com o período de tempo coberto pelos dados, nomeadamente no que se refere as inovações de marketing e organizacionais, dado que estas, só começara a se estudadas, de modo mais aprofundado, no CIS 2008. Será necessário um painel mais extenso, em termos de anos, para poder verificar se os resultados obtidos, neste estudo, se confirmam.

5.3.S

UGESTÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

As sugestões propostas para futuras investigações são consequência das limitações detetadas e identificadas, no processo de investigação e dos resultados obtidos, durante este estudo. Considera-se que estas sugestões podem trazer novas evidências sobre a relação entre inovação não tecnológica / inovação tecnológica e inovação não tecnológica / desempenho empresarial.

A primeira sugestão, determinada pelas principais limitações deste estudo, baseia-se em três pontos fundamentais: (1) a necessidade de futuras recolhas de dados do CIS incorporarem empresas do turismo, agricultura, pescas e saúde humana, considerados estes setores fundamentais, em Portugal; (2) a necessidade urgente de recolha de informação, sobre as atividades de inovação, nas empresas com menos de 10 trabalhadores ao serviço; (3) a recolha e análise de dados futuros sobre as inovações organizacionais e de marketing, permitirá avaliar o desempenho empresarial, em diferentes momentos no tempo.

Futuros estudos e pesquisas devem incidir sobre a articulação, o impacto e intensidade das inovações tecnológicas, nas inovações não tecnológicas, tendo em consideração o setor onde atuam, neste estudo observou-se a relação oposta. Será útil para uma melhor compreensão do processo de inovação, averiguar qual das inovações (tecnológicas e não tecnológicas) têm maior impacto, sobre a outra.

No nosso estudo, analisamos empiricamente a influência da inovação organizacional e de marketing, no desempenho empresarial. Será vantajoso para uma melhor entendimento do processo de inovação, averiguar a relação inversa, isto é, a influência do desempenho empresarial, nas inovações organizacionais e de marketing.

Por último, gostaria de acrescentar, que um seguimento possível da presente investigação, consistirá em efetuar análises quantitativas, com recurso a estudos de caso, no sentido de aprofundar o conhecimento sobre a inovação tecnológica/ inovação não tecnológica / desempenho empresarial.