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2 A ABORDAGEM TEÓRICA

3.1 A natureza e o contexto da pesquisa

Este trabalho científico, no que se refere à pesquisa que precede a preparação da proposta de ensino, teve por objetivo observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos da linguagem abordados nele. Realizou, portanto, uma abordagem qualitativa de análise indutiva, tomando como objeto de estudo textos produzidos pelos alunos – colaboradores deste trabalho – em sala de aula de LP45.

A presente pesquisa realizou-se em uma escola municipal de educação infantil e ensino fundamental da cidade de Castanhal - Pará - Brasil, escola esta que atende a uma comunidade muito simples, mesmo que próxima ao centro da cidade. Mas nela se dispõe de muito boa e ampla estrutura física (uma das melhores entre as escolas municipais, estaduais e particulares da região), composta por ginásio esportivo coberto, laboratório de informática espaçoso e bem equipado, inclusive com uma lousa interativa digital, sala de leitura ampla que comporta toda uma turma de uma só vez (o que não é possível em muitas escolas da região), doze salas de aula, áreas arborizadas e gramadas, entre outros.

Nesta escola, durante os turnos matutino e vespertino, todas as salas de aula têm turmas ativas, que são distribuídas da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental. Em todas há um professor titular e um professor auxiliar, sendo que este último tem seu trabalho dedicado à educação dos alunos “especiais” de cada classe (entre os quais deficientes auditivos, autistas, alunos com deficiência intelectual, deficiências múltiplas, deficiência física de alto grau, baixa visão etc.). Esses alunos têm a assistência adequada do Atendimento Educacional Especializado (AEE), bem como há reforço escolar em contraturno para surdos e para aqueles que têm muita dificuldade de aprendizagem. A partir disso já se vê parte do compromisso e relevância do trabalho desenvolvido com as crianças enquanto escola

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inclusiva. O público infantil conta, ainda, com o desenvolvimento de projetos como aulas de violão, letramento, matemática, capoeira, rádio escola e outros que propiciam inclusive a participação dos pais.

No turno da noite apenas oito das doze salas de aula têm turmas ativas, que vão do 1º ciclo (2º e 3º ano) ao 4º ciclo (8º e 9º ano) da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Mesmo com algumas assistências especiais (como intérprete diariamente para cada turma com alunos surdos e professor auxiliar para alunos com deficiência no 1º e 2º ciclos apenas), este público, de minoria na escola, recebe menor atenção dos setores e órgãos responsáveis no que se refere ao desenvolvimento de eventos e projetos que os priorize tanto quanto têm priorizado as crianças. Portanto, tem necessitado ainda mais da atenção dos professores, se não com eventos e projetos diferenciados, mas minimamente com mais dedicação e atenção prestadas às suas necessidades de aprendizagem dentro da sala de aula. Também por esse motivo deu-se a organização deste trabalho para ser desenvolvido especificamente com estes alunos.

A pesquisa foi realizada com uma turma de quarto ciclo46 (ou 4ª etapa,

correspondente aos 8º e 9º anos do ensino fundamental) da modalidade de ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA), alunos cujo público é bastante heterogêneo. Tratava-se de uma turma composta por 38 (trinta e oito) alunos de faixa etária variada (de quinze anos até idosos) que, em sua maioria, estava em idade defasada para a série que cursam (68,66% em 2013 de acordo com dados do PPP da escola). Alguns se encontravam nessa condição por não ter havido oportunidades para estudarem anteriormente ou pela necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família; outros por terem perdido o interesse pelos estudos diante de suas dificuldades de aprendizagem e do trato sem atrativos que recebiam/recebem da escola. Havia, ainda, o entrave da falta de tempo e do desgaste físico e mental para realizar algumas tarefas escolares, tanto dentro quanto fora do espaço da escola (o que se reflete na diferença do número de textos produzidos de uma atividade para outra).

O fato é que, assim como ocorre normalmente com os alunos da Educação de Jovens e Adultos, o que mais incentivava o retorno da maioria desses alunos aos estudos, bem como a permanência deles na escola (indiretamente forçada e, frequentemente, relegada a segundo

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A série em que se deu realização da pesquisa teve como critério de seleção (uma vez que se percebia a mesma ocorrência nos textos de alunos do terceiro ciclo) ser a última série do ensino fundamental, após a qual, provavelmente, os alunos passariam a cursar no ano seguinte o ensino médio, o que, tomando por este ângulo, fazia suas necessidades serem mais urgentes que as da série anterior. Ainda assim, acredita-se que as abordagens realizadas aqui podem perfeitamente ser tomadas para o trabalho, diante do mesmo problema, com alunos de do 6º ao 9º anos do ensino fundamental.

plano diante da difícil realidade em que se encontra esse público), eram as exigências do mercado de trabalho.

Nessa realidade, havia nessa turma, alunos em ritmos muito distintos de aprendizagem, ou seja, havia os que tinham mais facilidade de assimilar a proposta da aula e aprender rapidamente, como também havia aqueles que precisavam de muito mais atenção do professor e tempo de dedicação aos estudos, o que ocorria, por sua vez, em alguns casos, também por terem ficado muitos e muitos anos fora da escola.

Consideradas essas condições, entende-se que a realização desta pesquisa foi de fundamental relevância por intentar tornar a aprendizagem mais acessível a esse público e fomentar o interesse e a curiosidade dele, visto que a falta desse investimento contribuía significativamente para acarretar a evasão nessa escola, a qual não ocorria somente com os alunos que tinham mais dificuldades de assimilação do conteúdo. Desse modo, pensou-se em colaborar com o desenvolvimento da competência textual de alunos com a mesma dificuldade, como uma forma de fazê-los encontrar mais sentido em frequentar a escola, a partir do que poderiam dar um passo importante no sentido da sua inclusão social e formação crítica enquanto público humilde que se esforça para estudar (a maioria pais de família em contraturno do seu trabalho).