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CAPÍTULO III – Apresentação e discussão de resultados

5. A intervenção da escola no processo de escolha

5.2 A oferta formativa

Tabela 31 – Intervenção da escola – A oferta formativa (Análise de conteúdo)

CATEGORIAS UNIDADE TEXTUAL ENTREVISTADOS

A oferta educativa do Agrupamento é muito diversificada. A oferta educativa tem aumentado para atender aos recursos humanos disponíveis, para encontrar resposta a tantos alunos diferentes e pela vontade de

diversificar cada vez mais.

―A oferta neste agrupamento é das mais latas, tem o privilégio de estar a entrevistar o colega que está diretor de um agrupamento onde trabalhamos que é, a nível nacional, quer do continente quer das ilhas, o agrupamento de escolas, a escola secundária como escola sede, que mais lata a oferta formativa proporciona aos alunos.‖ (...)

―A evolução tem sido no sentido de, tanto quanto possível, adaptar a oferta às necessidades do tecido empresarial, industrial e comercial da região. De respostas que tenham, depois, taxas de empregabilidade elevadas, respostas e cursos que permitam, a quem os frequenta e termine, alicerçar no certificado um rumo. E, portanto, essa tem sido a evolução, agora com corresponsabilização do Ministério da Educação, do Ministério do Trabalho e, evidentemente, das autarquias, ligadas nas comunidades intermunicipais. (...) Portanto, escola, município, planta municipal, família, todos, e empresas.‖

Diretor do Agrupamento

―O objetivo é responder. A diversidade, o maior número de cursos tem um bocado a ver, primeiro, com as necessidades que eles sentem aqui no concelho, para responder ao local. Depois, porque há um número de alunos muito grande, porque isto é concelhio.‖(...)

―Há muitos alunos de fora do concelho que vêm para cá, por causa dos cursos.‖

Coordenador dos Diretores de Turma

―Nós já estamos perfeitamente na linha da campanha que estão lançar, em número de alunos que frequentam o ensino profissonal, já há alguns anos.‖ (...)

―É um objetivo e é uma necessidade. É uma necessidade porque, claro, há sempre a preocupação em criar uma certa harmonia entre os recursos humanos que temos e darmos continuidade ao exercício profissional de alguns elementos que aqui temos, que têm feito um excelente trabalho.(...) Há também a necessidade de encontrar respostas formativas para alguns alunos que são absolutamente essenciais, porque, caso contrário, seriam elementos de enorme desequilíbrio em algumas turmas. (...)

É um objetivo da escola também, porque a escola quer evoluir. Este é um agrupamento que não se satisfaz com o que tem, quer sempre superar-se, quer aproximar-se do ideal, quer aproximar-se o mais possível, e nós sabemos que esse ideal passa muito por um ensino diversificado, por um ensino que possa responder o mais possível à diversidade.‖

Psicóloga Escolar

―A primeira razão é garantir a assunção justa do termo investimento ao trabalho que desenvolvemos, a segunda é encontrar respostas adequadas às solicitações da comunidade, uma terceira dimensão é ajustar também a oferta à capacidade instalada, o que é normal também do agrupamento.‖(...)

Diretor do Agrupamento

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Constatamos, a partir dos dados obtidos em contexto de entrevista, que a oferta educativa do Agrupamento de Escolas X é muito diversificada, em especial na oferta de CP que apresenta. O número de alunos a frequentar estes cursos já corresponde, há algum tempo, como afirma a Psicóloga Escolar, ―à linha da campanha que estão a lançar, em número de alunos que frequentam o ensino profissional‖, isto é a necessidade de se atingir 50% de alunos a frequentar CP, a nível nacional, que o poder político e económico emanou.

Os motivos para esta realidade prendem-se, particularmente, com a necessidade que a escola tem em atender ao aumento de alunos no ensino secundário, originado pelo alargamento da escolaridade obrigatória para os 12 anos, que trouxe para a escola uma diversidade enorme de alunos com interesses e aptidões divergentes. Prendem-se também com a necessidade que tem em ir ao encontro dos recursos humanos existentes nos quadros do Agrupamento e com a vontade que esta instituição tem em inovar e diversificar, cada vez mais, a sua oferta educativa.

Tabela 32 – Intervenção da escola – O aumento dos alunos a escolher CP (Análise de conteúdo)

CATEGORIAS UNIDADE TEXTUAL ENTREVISTADOS

O aumento dos alunos a escolher os CP deve-se ao aumento da escolaridade obrigatória. O aumento dos alunos a frequentar o ensino profissional no agrupamento tem muito que ver com a procura do que é mais fácil por parte dos alunos.

―A evolução tem sido no sentido, em Portugal, de haver paridade entre os alunos que frequentam áreas que levam ao prosseguimento de estudos e os outros que permitem a integração no trabalho com formação secundária e outra com formação pós-secundária, enfim, de curta duração ou de menor duração.‖ (...)

―Os alunos nos ensino secundário têm vindo a aumentar; o número agora estabiliza, depois vai haver a redução que a demografia assim determinou. As ofertas formativas, que têm a ver com o prosseguimento de estudos, tendem a ter paridade com as ofertas para o ensino profissional e o mercado de trabalho tanto mais rápido quanto possível, portanto, logo terminado o ensino secundário, e a escola, enfim, tem-se adaptado.‖ (...)

―No profissional, não é tanto assim, é fundamentalmente em alguns casos a alternativa que parece concretizar mais rapidamente o cumprimento da escolaridade obrigatória com menor custo possível.‖

Diretor do Agrupamento

―Tem a ver com a quantidade de alunos que existem e com a quantidade de cursos, e também porque eles tendem a fugir dos cursos regulares.‖(...)

―Quando eles (alunos) chegam ao 9º ano, em termos de preparação para um 10º, a noção que se tem é que é mais fácil um CP. Também os encarrega um bocado a ir para ali. Tudo puxa, a lei do menor esforço.‖ (...)

―Isso tudo também dá uma ideia de facilitismo, que já não é assim tanto, já foi mais, no profissional.‖

Coordenador dos Diretores de Turma

O aumento dos alunos a escolher CP deve-se à forma

―A diversidade da oferta formativa e a forma como a divulga. E também naturalmente a forma como se abordam os EE.‖(...)

98 como se divulga a oferta formativa, destacando a Feira da Juventude, e às suas aptidões escolares.

―Há muitos alunos que escolhem os CP, porque não querem prosseguir estudos. Há outros que querem prosseguir estudos, mas fugindo aos exames nacionais, outros que realmente querem uma componente mais prática, e querem ver-se livre da escola; é um misto.

Há esses e depois há aqueles que gostariam de prosseguir estudos superiores, mas o seu aproveitamento escolar até agora tem sido frágil e eles começam a perceber que um curso científico-humanístico poderá ser algo que não se coaduna com aquilo que são enquanto alunos.‖ (...)

―Há também professores que também fazem um trabalho excelente. Aproveitam as visitas de estudo para se dirigirem a instituições de ensino superior, onde fazem a apresentação dos TESP.‖(...)

―E depois o facto de ter estágios, nem todas as escolas incluem estágios no primeiro ano do curso profissional e no segundo e, portanto, isto tudo contribui para o crescimento das inscrições nos CP.‖

Este aumento da oferta educativa baseia-se, essencialmente, numa grande quantidade de CP, para o qual as razões são similares, mormente o aumento da escolaridade obrigatória. Não obstante, destaca-se, a partir do discurso dos entrevistados, a procura dos alunos de um curso com menor grau de dificuldade e exigência, que lhes permita terminar o ensino secundário o mais rapidamente possível. De referir, no entanto, que os alunos e os EE não o fazem. Como verificamos nos resultados obtidos no ponto 1, do Capítulo III, estes apresentam como principais razões para a escolha dos CP, a procura de emprego e salário rápidos, levando-nos a concluir que há uma diferença de perspetivas entre alunos/EE e os agentes ―institucionais‖ relativamente à escolha de cursos com menor grau de dificuldade, por parte dos alunos dos CP.

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