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Etapa 4: questões fechadas, tipo Likert a análise do questionário do

5.2 MODALIDADES MAIS PROPÍCIAS, VALIDADE E A QUESTÃO DO MERCADO DE TRABALHO: ESTRUTURANDO A PERCEPÇÃO DOS

5.2.4 A perspectiva do Docente quanto à oferta da Graduação na EAD

Enquanto nas sessões anteriores apresentou-se um julgamento mais global acerca da oferta de modalidades de ensino sob a EAD, nesta etapa da apresentação e análise dos resultados explora-se o grau de concordância dos docentes em relação à oferta de EAD exclusivamente para os cursos de graduação. Para tanto, uma escala variando de discordância total até concordância total foi apresentada aos respondentes. Os resultados obtidos estão na Tabela 9:

Tabela 9 - Percepção Docente sobre a Oferta da Graduação em EAD Discordância total Discordância parcial Neutro Concordância parcial Concordância total UFBA 0 20% 3% 43% 34% UNEB 5% 18% 11% 30% 36%

Fonte: Questionário de Pesquisa Aplicado

Quando se analisam os dados contidos na Tabela 9 dois resultados importantes chamam a atenção. O primeiro deles refere-se aos pontos extremos da Tabela, a atribuição de concordância total significativa, em 34% na UFBA e 36% na UNEB. Praticamente nos mesmos patamares está a concordância parcial, nas duas universidades.

Outro ponto que merece destaque é que os docentes da UFBA não apresentam uma posição de discordância total, enquanto na UNEB este grau apresentou uma atribuição de apenas 5% dos docentes daquela instituição.

Após responder a escala, os professores também tiveram a opção de justificar a escolha, do grau de concordância, sobre a oferta de cursos de graduação em EAD. Por se tratar de uma questão aberta, a análise de conteúdo foi realizada com a categorização das respostas por frequência de ideias, que agrupadas apresentaram a seguinte estrutura:

Tabela 10 - Categorias Temáticas Representativas sobre a Oferta da Graduação em EAD

OFERTA DA GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA UFBA UNEB

Categoria % %

Flexibilidade de tempo e facilidade de acesso 21 8 Graduação a distância com normas de qualidade 18 24

Democratização da educação 18 8

Necessidade de encontro presencial (habilidades práticas) 15 10 Garantia de desenvolvimento de habilidades e

competências

11 19

Não adequada a EAD na Graduação (EAD para Cursos rápidos ou de atualização e semipresenciais)

11 8

Eficiente tanto quanto o presencial 7

Graduação EAD após uma graduação presencial (segunda graduação)

- 5

Desenvolvimento de novas habilidades e promissora no futuro

- 16

Fonte: Questionário de Pesquisa Aplicado

Nesta análise, quatro resultados chamaram a atenção. O primeiro destaque é alusivo ao contexto geral das respostas. As duas universidades pesquisadas tiveram resultados bastante distintos. Apenas em um aspecto houve similaridade de respostas, ou seja, o item referente à necessidade dos cursos de graduação em EAD possuírem normas específicas de qualidade.

A questão da flexibilidade de tempo e a facilidade de acesso foi um dos itens que marcaram a diferença entre os docentes pesquisados. Assim, enquanto na UFBA 21% dos docentes salientaram que a oferta de cursos de graduação por meio da modalidade à distância é desejável em função destas questões. Na UNEB, flexibilidade de tempo e facilidade de acesso não foram citadas de forma significativa para justificar a oferta de cursos de graduação à distância, talvez devido a distribuição espacial da universidade.

A terceira resposta foi a democratização da educação, que obteve na UFBA (18%) e na UNEB (8%), sendo mais um item que recebeu percentuais distintos entre as universidades. Assim, esta também é uma característica importante da EAD e que foi lembrada de forma diferente, destacando assim, posicionamentos que configuram características da representação de cada universidade, também distintas.

Na UNEB, respostas de 16% dos docentes justificaram a importância de oferta de cursos de graduação à distância devido à oportunidade que eles oferecem para o desenvolvimento de novas habilidades e de vir a ser promissora no futuro. Neste item foi comentado que a EAD contribui na formação de habilidades próprias no aluno e que pode vir a ser a principal via de formação superior no futuro. Contudo foi destacada a necessidade de possuir padrões referencias de qualidade e de haver mecanismos que deem conta das disciplinas de capacitação prática.

Dentre as respostas obtidas na UFBA, a maioria estava centrada no eixo de possibilidades positivas para EAD, e em algumas posições a perspectiva da EAD associada a alguns fatores de qualidade. Para ilustrar melhor o significado envolvido nas categorias é interessante apresentar o relato de algumas falas dos pesquisados. Assim, um dos docentes da UFBA afirma que: “A oferta de cursos de graduação a

distância é uma forma de democratizar o ensino, bem como de estimular a produção de conhecimento e transmissão de saberes com uso descentralizado dos meios de comunicação.” (Professor 1)

“Tudo depende de uma consistente política educacional que não se atenha ao faz de conta generalizado, mas procure resolver os problemas estruturais da educação nacional através de investimentos vultosos na formação e qualificação de

instituições e educadores, independente da modalidade de formação.” (Professor 2)

Em relação à UNEB, as observações foram mais concentradas na qualidade do curso a distância, na necessidade dos encontros presenciais para alguns cursos e na qualidade do curso ofertado independente da modalidade. Dentre as falas, foram destacadas duas que ampliam as perspectivas nesta questão: “Distância e

presencial não se opõem necessariamente. Seja uma modalidade ou outra o problema passa pela definição do que pode ser hoje um curso superior. O mais importante é uma definição, um eixo real pelo qual a relação ensino/aprendizagem

possa se desenvolver. Imagino que a EAD deve ter dificuldades inerentes ao processo, mas também sabemos que a nossa modalidade presencial tem.” (Professor 3)

“Não se pode tomar essa um posicionamento radical sobre o assunto. A EAD tem um valor inestimável para quem vive em locais muito longe de centros universitários, em fazendas, comunidades, quilombolas, assentamentos indígenas e de sem terras, etc. Penso eu que é um recurso dispensável em um rol de situações, inclusive algumas divergências das apresentadas, mas discordo totalmente de que seja tomado como realidade geral e usado indiscriminadamente. É preciso considerar várias nuances situacionais e que talvez, não seja aplicada para todos os cursos.”(Professor 4)

De uma maneira geral, portanto, observa-se que os docentes da UFBA tendem a avaliar a oferta de cursos por meio da EAD de uma maneira mais positiva do que os docentes inseridos na UNEB. Este resultado é interessante, uma vez que a UNEB apresenta uma experiência mais ampliada de oferta de cursos na modalidade a distância quando comparada com a experiência da UFBA. Talvez, pelo fato de conhecer mais profundamente as atividades, dificuldades e resultados obtidos, a UNEB consiga avaliar de forma um pouco mais crítica essa modalidade. A UFBA, por ainda se mostrar mais tímida em relação à oferta de cursos nesta modalidade, talvez não apresente condições de fazer uma avaliação mais completa de todos os fatores que podem gerar dificuldades.

Assim, reforçando as análises deste subcapítulo que investigou algumas características sobre a EAD, destaca-se a importância de se estudar estes conteúdos, pois não são exclusivamente as práticas coletivas que determinam as representações, mas, igualmente, as atividades ligadas a pequenos grupos, ou as reações a certas condições também são determinadas pelas representações sociais. No capítulo a seguir serão apresentadas e estruturadas as representações sociais das universidades.

5.3 AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA EAD ENTRE OS DOCENTES UFBA E