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CURSO POLO/MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS TOTAL DE VAGAS OFERECIDAS

2.2 A UFBA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EAD

2.2.2 Implantação e Desenvolvimento da Educação a Distância na UFBA

A UFBA começou em 2000 o seu processo de implementação da EAD, sendo que esta modalidade veio a se configurar no ensino formal do Brasil, desde 1996,

com a aprovação da Lei nº – Lei 9.394, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

O primeiro projeto em EAD, talvez um dos empreendimentos mais audaciosos da UFBA, na época, foi a constituição do Núcleo de Avaliação Educacional - NAVE, em julho de 2000, pelo Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Público - ISP. O referido núcleo buscava construir metodologia e suporte técnico voltado à avaliação da qualidade de educação a distância, tanto internamente (UFBA), quanto em ações desenvolvidas por governos (Estado ou municípios baianos), através de parcerias com eles instituídas (ARAÚJO; VERHINE, 2005, p. 133 in ARAÚJO; FREITAS, 2005).

No ano de 2001, o NAVE/ISP passou a ser responsável pela implantação e a coordenação do Polo de Avaliação5 da Universidade Virtual Pública do Brasil

UniRede, de acordo com convênio firmado junto ao Ministério da Educação e o da Ciência e Tecnologia. Como parte de suas atribuições estava a avaliação dos cursos superiores a distância, os quais eram ofertados através da UniRede (ARAÚJO; VERHINE, 2005, p. 134 in ARAÚJO; FREITAS, 2005).

Em 2002, também coube ao NAVE/ISP prospectar, de modo pioneiro, as iniciativas em educação a distância existentes na Bahia, com ênfase para as licenciaturas. O mapeamento, encomendado pela própria UFBA, desenvolveu-se através da oficina “A troca de experiências do ensino superior à distância”, realizada em abril do ano em questão (ARAÚJO; VERHINE, 2005, p. 143 in ARAÚJO; FREITAS, 2005).

Em 2005, a partir do Seminário “EAD na UFBA: troca de experiências”, realizado pelo Programa de Formação Continuada de Gestores da Educação (PROGED) articularam-se, de modo estratégico, iniciativas visando à institucionalização desta modalidade de ensino na referida universidade. Em paralelo às ações do NAVE, um número considerável de iniciativas em EAD foi desenvolvido em várias unidades da UFBA, com destaque para o projeto “Sala de aula de EAD”, da FACOM; a introdução de componente curricular a distância, na graduação da Escola de Administração; as experiências realizadas no âmbito da

5 De acordo com Araújo e Verhine, enquanto a UFBA respondia nacionalmente pela avaliação dos

cursos à distância, competia à Universidade de Brasília (UnB) a assessoria de administração e comunicação da UniRede e à Universidade Federal do Mato Grosso a assessoria didático- pedagógica. (op.cit., p. 138-139).

FACED, nas áreas de ensino, pesquisa e a sua “Biblioteca virtual”. (VERHINE, 2005, p. 7 in ARAÚJO; FREITAS, 2005).

Desde este período, já se identificava enquanto entrave para o estabelecimento de uma cultura de EAD na universidade, o fato de as iniciativas serem conduzidas de modo isolado; além dos custos para a obtenção de suporte técnico e apoio multidisciplinar de relevância para o desenvolvimento da proposta, dependia de recursos extras em convênio com o MEC. (RICCIO, 2005, p. 127 )

Sobre a relevância da institucionalização da EAD na UFBA, Riccio (2005), em seu trabalho, apresentou a proposta de criação de um núcleo temático e interdisciplinar, com fins de apoiar as iniciativas em curso e fomentar a realização de novas; além de contribuir com o estabelecimento de bases metodológicas inovadoras e interativas, e com a flexibilização das grades curriculares das graduações através da semipresencialidade. (op. cit., p. 128).

Mais tarde, estas proposições viriam a ser adotadas para a implementação desta modalidade de ensino na UFBA. Sobre o modo de gestão, ela aponta o voluntarismo como o mais adequado para esta universidade, pois, através dele “a instituição deixa livre a adesão dos professores ao uso de atividades virtuais e somente aqueles mais motivados o fazem.” (MORAN, 2005 apud RICCIO, 2005, p. 129).

Apesar de a UFBA possuir, desde 2001, expertise acadêmica para elaboração de instrumentos para a avaliação de cursos a distância, além da constituição de método e rotinas para este fim, internamente esta experiência não foi direcionada para uma atuação estratégica em EAD na instituição.

Assim, na UFBA, uma universidade com maior competência técnico-científica para aferir a qualidade de cursos à distância na Bahia; e com os instrumentos capazes de promover uma orientação satisfatória ao desenvolvimento deles, deixou o espaço de manifestação livre para a atuação voluntária dos docentes. Estabeleceu-se um voluntarismo amplo e democrático no desenvolvimento da EAD, com iniciativa livre dos professores no desempenho de cada unidade de ensino nesta área.

Em suas peças de gestão, mais precisamente no Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI vigente6 (quinquênio 2012 – 2015), consta que, desde 2002

(período da participação do NAVE/ISP na UniRede) a UFBA acredita na imprescindibilidade da educação a distância para “aumentar as oportunidades de inclusão dos amplos segmentos da população que tem dificuldade de acesso a níveis mais avançados de educação [...].” (UFBA, 2013, p. 31). Deste modo, as ações em EAD fogem do caráter da regularidade e se mostram enquanto medidas excepcionais, a atender uma demanda historicamente reprimida e de uma população socialmente vulnerável, a qual se encontrava, até então, afastada do ensino superior.

Outro ponto importante a ser analisado no contexto da institucionalização desta modalidade de ensino é que no regimento geral e no estatuto da UFBA só constem duas referências à EAD e, por sinal, bastante genéricas. São elas:

Art. 2º. As atividades essenciais da Universidade, impulsionadas pela sua administração institucional e acadêmica, são:

I - ensino;

II - pesquisa, criação e inovação; III - extensão universitária.

§ 1º São consideradas atividades de ensino, além das que vierem a ser definidas pelo Conselho Acadêmico de Ensino, aquelas de caráter formativo e pedagógico, realizadas em programas e cursos de graduação e pós-graduação, nas seguintes modalidades:

[...] IV - ensino à distância:

[...] Art. 61. O ensino será ministrado nas seguintes modalidades de cursos:

I - graduação; II - sequenciais;

III - pós-graduação stricto sensu.

Parágrafo único. A Universidade poderá instituir cursos nas formas presencial, semipresencial e à distância, respeitada a legislação em vigor. (grifo nosso) (UFBA, 2010, p. 51, 80).

No principal diploma normativo da instituição, não há qualquer referência à estrutura administrativa, aos aspectos da gestão ou da atuação finalística voltado à EAD. Esta lacuna, porém, encontra-se identificada por parte da atual Administração Superior da UFBA que, no PDI 2012–2015, apresentou algumas medidas voltadas ao seu saneamento.

6 O referido Plano de Desenvolvimento Institucional foi aprovado pelo Conselho Universitário

Entre elas, se encontrava a proposta de criação da Superintendência de Educação a Distância (SEAD), órgão executivo ligado à Reitoria e com atribuições de “desenvolver, coordenar, supervisionar, assessorar e prestar suporte técnico à execução de atividades na área de Educação a Distância estabelecidas no âmbito da universidade ou desenvolvidas em parcerias com outras instituições.” (UFBA, 2013, p. 32).

Na construção da reforma administrativa (2013), o Conselho Universitário aprovou novo regimento interno da Reitoria7 da UFBA, no qual constam a estrutura e

as atribuições da SEAD. Sinteticamente, o seu corpo organizacional conta com um superintendente, que capitaneia as ações da unidade; com um setor de gestão administrativa e financeira; com uma coordenação pedagógica e uma coordenação de tecnologia de informação. Os quatro cargos são comissionados, sendo o de superintendente de ocupação obrigatória por parte de docente efetivo da universidade. Até onde se pode investigar, não há previsão de cargos técnico- administrativos destinados ao atendimento das necessidades das unidades da SEAD.

Sobre as atribuições conferidas às duas coordenações da superintendência, frente aos desafios da institucionalização da EAD na UFBA, observe-se o quadro a seguir:

Quadro 5 – Atividades e Funções

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA COORDENAÇÃO DE TECNOLOGIA DE