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PARTE 3 O SISTEMA NARRATIVO EM TRÊS ATOS 82

3. ATO I ANTENARRANDO OS DADOS 82

3.2. Os softwares de mídia nas Redações 93

3.2.2. A plataforma aberta 100

Na palestra que ministrou em 2011 no Fórum de Estratégia de Conteúdo em Londres (Content Strategy

Forum), intitulada Levando estratégia de conteúdo para as pessoas que já pensam que têm um, o

especialista Martin Belam afirma que a publicação digital mudou radicalmente o tradicional ciclo de vida dos conteúdos, que, essencialmente, eram algo como 1) escrever jornal 2) imprimir o jornal impresso 3) embrulhar o fish'n'chips com o jornal.

87 Cf. http://www.poynter.org/latest-news/top-stories/160460/new-york-times-releases-code-to-help-journalists-collaborate-on-wordpress-other-platforms/ 88 Original em língua inglesa: "When you’re working in a collaborative environment as we and a lot of journalistic organizations are, you really need that

ability for multiple people to touch a piece of copy, and for those changes that everyone has made to be catalogued and archived and shown, so that there’s a record of who’s done what to who, when. No one on the web had such a thing, because most Bloggers, when you think about that, are smaller operations than most newsrooms."

89 Original em língua inglesa: “(...) as time went on and it became clear that we were doing more and more for the Web, we said, ‘Why don’t we reverse the

paradigm?’ … Instead of writing in the old newspaper CMS and trying to put links in and add metadata and do all these things for the Web, let’s do all of that natively and then transfer all that content into the newspaper CMS.”

Para o autor, uma das maiores mudanças de paradigma do impresso para o meio digital é que a publicação não tem mais um ponto final, um fechamento, não há como terminar embrulhando o peixe com o jornal. Os conteúdos online permanecem, ou deveriam permanecer, disponíveis aos usuários a qualquer tempo. Escreve o especialista: “No The Guardian, ainda temos nosso site Euro2000 em funcionamento desde há onze anos (…) isso significa que ainda temos que continuar mantendo servidores legados e também o CMS antigo” (Belam, 2011).

Se essa longevidade do conteúdo gera uma nova sobrecarga para o modelo de negócio jornalístico, ela também oferece novas oportunidades. O The Guardian percebeu isso e lançou uma série de e-books chamada Guardian Shorts, antologias curtas de notícias reaproveitadas do papel e depois vendidas em lojas de livros digitais.

Outra possibilidade identificada pelo The Guardian foi a abertura de sua plataforma de publicação. A visão do projeto é de que o jornal precisa se tornar parte intrínseca da rede – e não apenas "estar" na rede. A abertura da plataforma significa abrir seus conteúdos de forma a serem reaproveitados por sites, empresas e usuários externos à publicação. A Open Platform é um conjunto de serviços que permite aos parceiros do jornal, quais forem, desenvolverem aplicações com o The Guardian. No site do projeto, lê- se:

– “Nós nunca poderíamos desenvolver por nossa conta todas as ideias que as pessoas tiveram para usar a marca e os ativos do The Guardian no mundo digital. Nos últimos 12 meses, desde que a plataforma foi aberta em Beta, tivemos mais de 2.000 desenvolvedores solicitando acesso à plataforma e começando a construir uma ampla gama de aplicações com a gente. (...) Com esta crescente rede de parceiros, podemos então expandir nosso alcance, engajar os usuários dentro e fora de nosso domínio e nos tornarmos mais relevantes conforme as necessidades e os hábitos de pessoas evoluírem no futuro”

(Open Platform, 2013).

Os dois primeiros produtos lançados como parte da plataforma foram a API de conteúdo (Content API) e o armazenamento de dados (Data Store). Desde então, acrescentaram-se o World Government Data

Guardian. Outros sites e empresas podem acessar mais de 1 milhão de artigos da publicação,

os quais remontam ao ano de 1999 – além dos artigos, das tags destes conteúdos, imagens e vídeo.

— O armazenamento de dados (Data Store) é um diretório de dados importantes e úteis curados pelos jornalistas do The Guardian. A equipe de notícias The Guardian publica planilhas interessantes e visualizações de dados usando as informações que recolhem ou recebem no processo de geração de notícias através do Data Blog mantido pelo jornal.

— O World Government Data Store é um motor de busca para os dados publicados por vários departamentos governamentais de todo o mundo. A API Política, que inclui uma riqueza de informações sobre os resultados das eleições, candidatos, partidos e grupos de interesse, foi lançada a propósito das eleições no Reino Unido em 2010.

— Já o MicroApp permite integrar aplicativos diretamente na rede do The Guardian. Parceiros do jornal podem usar esse framework de aplicação para servir de conteúdo, dados e ferramentas diretamente os usuários de Guardian.co.uk.

Na figura a seguir (Fig. 3.7), temos a tela do que seria um aplicativo desenvolvido em Open Plataform no

The Guardian: um sistema de busca WhatCouldICook.com, executado dentro do domínio Guardian.co.uk. Na sequência, vê-se a imagem do Taptu, aplicativo gratuito e personalizável para iPad e iPhone alimentado com conteúdos sobre meio ambiente do The Guardian elaborado a partir da

plataforma aberta do jornal (Fig. 3.8).

Imagem colorida e em melhor definição neste link <http://goo.gl/qMaeE1> ou via QR Code:

Este exemplo também está analisado em: http://www.theguardian.com/open-platform/blog/recipe-

search-microapp

Figura 3.8 – Taptu, aplicativo criado com conteúdos do

Guardian.co.uk, 2013

Fonte: Tela capturada pela autora a partir do

endereço: https://play.Google

.com/store/apps/details?id=com.taptu.environ mentstreams&hl=en

Imagem colorida e em melhor definição neste link <http://goo.gl/M86dAF> ou via QR Code: