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Capítulo 4 – Mudanças tecnológicas e precarização da condição de trabalho Um cenário de dúvidas para os jornalistas

4.5 A precarização sentida no dia-dia do trabalho

Sobre a questão da precarização, a questão colocada foi a seguinte:

Você concorda que há um processo de precarização da profissão de jornalismo? Porque?

As respostas são transcritas abaixo:

Michele Costa:

Então, precarização sempre teve. Naquela época, quando começamos nos anos 1990, já tinha muito frila e frila fixo. Esses casos começaram a chamar atenção poucos anos depois com a Folha (de São Paulo), com a criação das regionais, principalmente com a Folha de São Paulo em Campinas. Na época foi a maior notícia de precarização visível, extremamente visível, de jornalistas, porque realmente eles passaram a não contratar as pessoas, era o tal do frila- fixo, que não verdade não existia contratação, não existia nenhum vínculo trabalhista entre a empresa e o jornalista. Isso é muito grave. Nesta época, a gente não tinha contrato nenhum, nós estudantes. Claro que nas redações, em jornais pequenos devia ter um ou dois jornalistas contratados, mas a maioria era estudantes, nessas condições precárias, sem nenhum vínculo, sem nenhum direito, mas tendo que cumprir horário, tendo que cumprir pautas, regras e tal. O máximo que eles davam era uma marmita.

Tem um episódio engraçado, quando trabalhava no Tribuna de Indaiá78, comecei lá, foi o primeiro jornal que trabalhei. E lá eles não davam almoço. Tinha que levar, tinha que se virar. E eu lembro, minha vida era muita corrida. Não tinha condição, tempo, porque era o dia todo lá e a noite em casa com filha pequena, com faculdade a noite, depois chegava para dormir. Não tinha tempo nem de arrumar uma marmita e lavar e muitas vezes não tinha dinheiro também para comer. Então, realmente, chegava a passar fome no trabalho. Eu lembro que eu troquei de emprego, eu larguei o Tribuna de Indaiá pelo Diário Votura79, só pela diferença que o Diário Votura dava uma marmita, horrorosa, mas pelo menos não passava fome.

Havia uma expectativa com relação à profissão, havia bastante idealismo ainda com relação a profissão, no jornalismo. Então a gente tinha essa coisa de fazer muito sacrifício para estar na área, de aceitar uma série de situações ruins, visivelmente erradas, ilegais até, para poder fazer o jornalismo.

Então, de um lado, tinha essa coisa da dedicação da profissão, que era bom, mas pela questão trabalhista, da legislação trabalhista, da precarização era ruim, tipo de aceitar trabalhar até 14 horas por dia, direto. E já cheguei a ficar mês inteiro sem folga, sem uma folga, trabalhando no mínimo 12 horas por dia, até mais, principalmente no Diário Popular. Lá foi o período que eu trabalhei mais, puxado mesmo. Tanto que quando eu saí eu entrei com processo, por conta de receber as horas extras, adicional noturno, receber o que não era pago.

Teve muita situação, por exemplo, dirigir também. No Todo Dia tinham essa exigência, de dirigir o veículo do jornal e isso foi um dos motivos de eu sair. Você não ganha para dirigir, além do que atrapalha o desempenho das funções do jornalista, seja o repórter de texto ou o fotográfico. No Liberal já era um pouco diferente. Eles exigiam só que os repórteres fotográficos dirigissem. Mas teve algumas situações em que fui cobrada para pegar o carro, uma situação que não tinha outra pessoa, não tinha motorista, não tinha “fotorista” para dirigir e aí, eu neguei, eu me neguei várias vezes de pegar o carro. Na época, claro, essas coisas vão somando. Não era motivo para cortar alguém, uma situação dessa, mas são coisas que vão meio que vão desgastando um pouco a relação com o empregador, se você questiona as coisas.

78 Jornal com sede na cidade de Indaiatuba, deixou de circular em outubro de 2018. 79 Jornal com sede na cidade de Indaiatuba

Mário Camargo:

Sim, concordo que houve uma precarização e ela começou definitivamente com uma redução drástica nas redações, eu acho que no começo de 2002, 2003, nós tínhamos a metade da redação da década de 1990 já. Uma precarização terrível né. Ai já não se pagava mais hora extra, fazia banco de horas e a partir daí só vi as redações murchando. As agências de notícias dominando, mandando a mesma matéria para todo mundo, você abre um jornal do Rio Grande do Sul, ou um jornal de São Paulo, ou um jornal de Brasília e a matéria é exatamente a mesma, quando não a foto, então não se tinha mais a apuração local. Isso foi muito ruim para a profissão, porque aí, junto com isso, a desregulação da profissão, a perda do diploma, eu sou um cara formado na faculdade, mas vejo muitos colegas hoje que conseguiram o registro no Ministério do Trabalho80 só com algumas matérias escritas e passaram a ser jornalistas. Então essa trajetória prejudicou demais a carreira do jornalista e também prejudicou demais o jornalismo em certo ponto de vista.

Cláudio Liza Jr.:

Sobre a precarização, puxando pela memória, faz uns dez anos que as redações vêm se enxugando, talvez mais do que isso. Era um processo de acúmulo de trabalho mesmo. Mas isso recentemente está muito visível, que inclusive está faltando dinheiro para pagar o número de funcionários correspondente ao jornalismo de qualidade. A qualidade do jornalismo, para mim, caiu. Tá muito mais reativo do que investigativo. Você está muito mais no declaratório, muito mais no factual, e as vezes até sem condição de cobrir todo factual que existe. Então, a precarização é uma realidade sim. Inclusive na foto, tá se apelando muito para imagem de internet, tá se usando foto de qualquer jeito, e os profissionais da foto estão muito incomodados com isso. Se usa captura de tela em internet, se usa captura de tela de televisão, leitor que envia, e isso não é o adequado né. O adequado é você ir lá no local, ver, ter sua apuração a respeito daquilo e ter uma foto mais realista, de maior qualidade, com um ângulo mais jornalístico.

Maurício Simionato:

Na questão da precarização, eu acho que sim, há uma precarização da profissão, muito complexa, mas acho que é por conta, em parte, do fechamento de vagas e crise dos veículos

80 Para o exercício da atividade de jornalista, mesmo com o fim da exigência do diploma, é necessário obter um

registro no antigo Ministério do Trabalho, que foi extinto e incorporado ao Ministério da Economia criado em Janeiro de 2019.

de comunicação. Então, isso gerou essa precarização da profissão, porque tem muita gente da nossa área que se formou comigo, que estudou, que trabalhou que hoje está desempregado ou partiu para outra profissão por conta do fechamento de vagas e apesar da explosão da internet, que foi uma bolha, que logo voltou ao normal né, então você tem hoje gente ainda se formando em jornalismo e as vagas não estão sendo ampliadas de acordo com a molecada que está vindo aí se formando. Então, há realmente uma precarização, os jornais oferecem menos e as pessoas por necessidade, é difícil julgar isso, mas por necessidade acabam aceitando um piso bem menor do que deveria ser pago né. É difícil julgar isso. As vezes a pessoa tá num desespero, precisa alimentar o filho, precisa pagar o aluguel e acaba aceitando ganhar menos. É complicado. A gente vê isso em Campinas, como a questão do jornal Correio Popular, você vê que tem gente ali de história no jornalismo, que aceitou ir para o jornal, que aceitou voltar para Correio Popular, com a incerteza de receber, de não receber, ou de receber menos, mas é difícil a gente julgar, porque são pessoas que tem uma história no jornalismo e estavam sem colocação no mercado e acabaram aceitando isso, é uma solução complexa e só o tempo vai dizer se vai ser retomado ou não.

Resumindo, há sim uma precarização, principalmente a questão de muita gente sendo contratada como PJ, muita gente sendo contratada como frila, na questão de assessoria de imprensa você também vê muito essa concorrência, ninguém mais paga o que é devido para um assessor de imprensa, para uma assessoria de imprensa num evento, por exemplo. A empresa acaba barganhando arruma gente que aceite receber bem menos pelo serviço, até por conta da necessidade mesmo né?

Alayr Ruiz:

Está havendo precarização, totalmente, principalmente nas poucas redações que ainda resistem. É muita coisa para a pessoa fazer, é muita cobrança, é muita coisa apertada. E acredito que tem muita interferência do comercial, é uma coisa que, a gente tem que trabalhar junto, mas ao mesmo tempo um não pode interferir no outro de uma maneira assim, muito descarada. E hoje eu acredito que uma das razões da precarização é isso. Eu não sei como estão os salários hoje em redação, mas muitos jornais estão com problemas de atraso de pagamentos. Mas eu acredito que eles devam respeitar o mínimo da categoria. Mas nas assessorias de imprensa, por exemplo, exige-se muito, que você tenha carro, que você fale inglês, que você seja um ‘xyz megamaster’ em redes sociais e os caras te pagam um salário de R$1,4 ou R$1,5 mil reais.

Nice Bulhões:

Concordo que há sim uma precarização. A prova maior disso é a falta de pagamento para muitos profissionais da ativa. E o pior é a falta de conscientização do próprio profissional por acreditar que possa ser responsável pelo fechamento da empresa se parar para cobrar os seus direitos.

Sara Silva:

Acho que os veículos foram diminuindo cada vez mais suas equipes porque eles foram perdendo a capacidade de investimento e sustentabilidade dos negócios. As equipes foram sendo massacradas, sempre foi um volume grande de trabalho, mas hoje em dia acredito que está pior. Eu não estou atuando em um veículo, mas a gente ouve os relatos de colegas, acho que os jornalistas também ainda estão tentando se situar nesse universo, porque a gente aprendeu um pouco isso. A gente aprendeu a ser jornalista, a prezar por isso, a ser um profissional funcionário, tanto é que a gente não faz greve, e quando faz não dá resultado. Somos uma categoria que não conseguiu se agrupar quando tudo isso estava acontecendo para tentar de alguma maneira entender todo esse universo, do ponto de vista do mercado de trabalho, como a gente ainda está patinando nisso nos últimos tempos. Houve uma precarização generalizada. Com as novas tecnologias as quantidades de informações vieram como uma avalanche, um tsunami de informações, a qualidade se perdeu muito. Os jovens profissionais de hoje provavelmente não leem tanto quanto a gente lia, e liamos de uma forma mais aprofundada. Houve uma superficialização generalizada, da vida até. Tudo é muito superficial. Então eu vejo que os jovens que chegam aqui, são pouquíssimos os que chegam com alguma bagagem, e mais, interesse. Eles são dispersos, não conseguem checar uma informação na profundidade. É tudo muito superficial e acho que essa precarização vem bastante dessa superficialidade. Talvez pela quantidade de informação.

Também teve aquele período que ficou a dança do diploma. A exigência do diploma ou não. Então teve um momento, que os veículos também se aproveitaram disso, do ponto de vista de contratação, isso também eu acredito que deve ter ajudado a dar uma precarizada no nível dos profissionais.

Luciana Almeida:

Eu concordo que estão havendo precarização e sinto muito isso. A gente recebe quase um jornalista por semana perguntando como fazer (empreender), a gente já atendeu muitos

amigos, pessoas numa situação de estar a até mesmo passando fome. A gente foi pioneiro nisso e inspirou muita gente.

Mas a precarização não tem necessariamente um lugar do patrão para o empregado, é muito mais complexo e muito mais amplo. A gente está vivendo em um mundo em que a nossa área mudou com impactos da tecnologia e da Internet, a gente demorou muito para ver para onde estava indo a mudança e se apropriar dela. Os blogueiros, os youtubers e os influenciadores digitais foram muito rápidos e entenderam muito bem esse campo do “nichado”. A gente ficou com muito preconceito. Era até um território “os blogueiros” e “os jornalistas”, e nessa demora a gente perdeu espaço de mercado, na transição de canais de distribuição. A gente tinha que ter entendido que só a distribuição que mudou, a informação continuava. A necessidade de informação, a informação segmentada, boa, qualificada continua, vai sempre continuar. O que tem mudado são as plataformas. E de repente chegou novas plataformas e continua chegando, e a gente teve muito preconceito; preconceito com redes sociais, preconceito mesmo e isso atrasou a entrada dos jornalistas nesse universo.

Então essa precarização vem de uma mudança de canais de distribuição, de uma lentidão do jornalista entender que era só mais um canal de distribuição que a gente tinha que se apropriar, de um preconceito. Toda mudança gera medo, gera apego nos modelos antigos. Então a gente teve todo esse medo e esse preconceito; e a mudança econômica mesmo que vem com a tecnologia, com ferramentas de automação, com desafios de futuro e aí vem a automação de muita coisa, mudando o lugar das coisas. Então, eu acredito que não é só uma relação trabalhista, a precarização vem de todo esse contexto.

Por outro lado, mesmo com a perda do diploma, já em 1992 eu trabalhava na Folha, com o diploma não sendo reconhecido, eu era primeiranista de faculdade. Então é uma discussão que não é de agora.

Rose Guglielminetti:

Acho que está havendo precarização, mas não sei se é só na nossa profissão. Eu acho que todo trabalhador, tem sido exigido muito mais dele. Você pega uma área médica, da saúde, na comunicação, eu vejo minha irmã que é da área de recursos humanos. Então eu acho que a gente tem sido exigido mais. Agora, se a gente for comparar, por exemplo – eu amo ir para a rua, quando a gente ia para a rua, eu cobria a Câmara Municipal, passava a tarde toda lá, ficava até a noite quando tinha sessão legislativa. Só então eu voltava para a redação e escrevia a matéria. Isso exige um tempo. Na época a gente tinha uns seis repórteres de política,

entre repórteres e editores, que cobriam Câmara, Prefeitura e outros órgãos, era muito definido.

Com a internet, whatsapp e tudo mais, a gente deixou de ir para esses lugares, até porque as empresas não tem mais condições; até a forma de pagar anúncios está migrando para as redes sociais, então as próprias empresas de comunicação não tem mais aquela receita para bancar uma estrutura para poder ter vários jornalistas, com carro e tudo mais. Então eu consigo entender, assim, ao mesmo tempo que há uma precarização há uma facilitação no sentido de que você fica mais tempo na redação, não precisa se desgastar para ir para rua. Mas acho que não é só na profissão de jornalista, acho que são em todas. Inclusive, com a Reforma Trabalhista, a tendência é que essa coisa de carteira assinada, você ficar um tempo na empresa, isso está acabando. Por exemplo, hoje, se eu quiser entrar na televisão e no rádio da minha casa, eu entro. Eu não preciso estar aqui na redação e muitas vezes eu faço isso. Aí você pode dizer que é complicado, porque o profissional fica fulltime, e fica mesmo. Agora, médico fica fulltime, economista fica fulltime. Percebe que houve uma exigência maior do mercado de trabalho e não é só de nossa profissão, e aí ou você se adequa ou fica desempregado, não tem muita saída.

Das respostas obtidas pelos profissionais é unanime a percepção de que o trabalho no jornalismo passou por um processo de precarização a partir do final dos anos 1990, embora ela já fosse uma realidade já naquela época, principalmente através das contratações informais, dos freelances e frila-fixo. Também pode-se notar nas falas que com o advento das novas tecnologias houve uma grande redução no quadro de funcionários nas redações e muitos veículos deixaram de existir. Quem continuou empregado teve de assumir novas funções, inclusive não necessariamente ligadas ao jornalismo, como a de motorista, por exemplo. A percepção geral é que atualmente, trabalho regulamentado, com registro CLT é algo cada vez mais raro. Nota-se uma percepção que, com a diminuição dos profissionais na redação e acúmulo de tarefas comprometeu a qualidade do que é publicado.

Ainda com a relação a precarização, também foi entrevistado o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Paulo Zocchi, sendo formulada a seguinte questão81:

“De acordo com a FENAJ, a categoria enfrenta problemas trabalhistas crônicos, sendo que os principais podem ser resumidos no desrespeito à jornada de trabalho – a maioria das

empresas não pagam horas extras e sonegam o vínculo em carteira. Há a generalização do trabalho sem qualquer vínculo empregatício, os chamados de frilas e frilas-fixos, e a imposição da situação de Pessoa Jurídica para parte de categoria. Qual o panorama da categoria hoje, em relação as condições de trabalho?”

A resposta foi a seguinte:

As empresas de comunicação estão sob impacto gigante da internet, que é mundial, transforma a circulação de informação de maneira que uma parcela cada vez maior da sociedade, da qual a sociedade se apropria, circula na esfera da internet. Isso é geral no mundo todo hoje. Isso impacta os meios de comunicação de uma maneira profunda. No Brasil a questão tem uma dimensão particular porque tem uma legislação, que vem desde antes da ditadura que estabelece que os meios de comunicação têm que ser de brasileiros que a participação de estrangeiros deve ser limitada a 30%. A base dessa lei é uma ideia de soberania nacional. O setor de comunicação é estratégico numa sociedade e por isso tem que ser de propriedade de brasileiros. Mesmo sabendo que hoje em dia, devido a predominância do capital financeiro, isso tem ficado fácil de burlar, mas corresponde a uma ideia de soberania nacional.

Com o advento da internet e o fato de que as informações começam a circular cada vez mais no espaço da internet, tem uma subversão, porque as empresas de internet, para fins legais, não são empresas de comunicação. Na prática elas são, e elas são estrangeiras, norte- americanas no nosso caso específico. O Facebook e o Google são os principais atores. Essas empresas entram no Brasil, como se isso fosse uma porteira aberta, não tem barreira nenhuma, rentabilizam os meios em que atuam em boa parte com informação jornalística, da qual eles se apropriam a título gratuito, e fazem isso rentabilizar de maneira importante empresas deles, não geram praticamente emprego nenhum, e estão demolindo as empresas brasileiras.

Então, tem o aspecto que mostra o caos que a economia funciona num regime como o nosso que é o fato que os caras faturam horrores com a informação jornalística, mas através de uma mecânica que destrói a fonte dessa informação a longo prazo. E o pior da história é que as empresas jornalísticas, sobretudo as de mídia impressa, que estão sendo as mais atingidas neste momento, veem isso acontecer e não tomam medida nenhuma. Certamente não é por falta de deputados no Congresso que possam defender o interesse deles. Veja a situação da editora Abril. A família proprietária da Abril adota uma postura simplesmente de tentar preservar ao máximo o patrimônio bilionário deles. Blindam o patrimônio, estão vendo a empresa afundar e vão mudar para fora do país e acabou o assunto. Então os caras nem ao

menos resistem. Não tomam nenhuma medida, não fazem nada. A gente está num cenário de crise importante das empresas. A gente fala de “passaralho” faz tempo. Porque já nos anos 90, as empresas já estavam sob o impacto do que a gente chama de “era da globalização”, uma era no qual o capital financeiro vai tomando uma importância cada vez maior na roda geral da economia. As empresas começaram a se guiar cada vez mais por regras de rentabilidade bancária. A Globo é um exemplo absurdo. Ela tem uma lucratividade do tipo 30% sobre o patrimônio líquido todo ano. Isso é dado público. As demais empresas também tiveram altos lucros. Então isso fez com que elas passassem a ser gerenciadas por executivos estranhos à área editorial, adotando preceitos de governança que é o de reduzir violentamente as redações, expandir ao máximo a lucratividade, em detrimento do negócio em si, que é o jornalismo. Então a gente fala nas mesas de negociações “se você vai demitir sua redação