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Equação 6 Nova representação da fotossíntese pela professora

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2 A PROFESSORA QUE PARTICIPOU DA PESQUISA

Em nossa pesquisa pretendíamos investigar as interações discursivas na sala de aula, e necessitávamos de um professor que tivesse uma prática dialógica, ou seja, que através do seu discurso criasse um ambiente favorável à construção do conhecimento em sala, o qual deveria levar em consideração as falas dos alunos e seu conhecimento prévio. Assim, buscávamos um professor que desempenhasse o papel de mediador do conhecimento entre os alunos, que os incitassem a pensar e não apenas a memorizar. Para encontrar esse sujeito buscamos no Centro de Ciências/UFJF9 elencar os professores mais atuantes naquele espaço e isso compreende um professor que:

• participa dos cursos oferecidos,

• utiliza dos recursos oferecidos para propor aulas práticas em sua escola, • leve seus alunos até aquele espaço a fim de promover aulas diferenciadas.

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O Centro de Ciências/UFJF é um espaço multidisciplinar de divulgação científica com atuações nas áreas de química, física e biologia, que oferece cursos de formação continuada para professores, dentre outras atividades e do qual fui monitora por 1 ano e meio.

Esse movimento de seleção do professor ocorreu através de conversa com a coordenação acadêmica do Centro de Ciências e também pela minha experiência enquanto monitora daquele espaço. Chegamos assim à professora Luana (nome fictício para preservar a identidade da professora), com 6 anos de atuação profissional na educação básica, até o momento da pesquisa, mestrado em ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), experiência com o ensino superior atuando na formação de professores. Sua relação com a área de pesquisa se baseava na participação em um grupo de estudo sobre ensino de ciências da UFJF, assinatura de uma revista voltada para o ensino e participante, quando possível, de eventos da área. Até aquele momento Luana lecionava na rede de ensino estadual, mas durante o período de seleção de professores para a pesquisa realizou processo seletivo para integrar o corpo docente de um colégio federal de Juiz de Fora e passou na seleção. Com isso queremos deixar claro que nossa opção não foi pautada pelo colégio, mas pelo perfil de professor que queríamos investigar naquele momento. Assim, mudamos nosso lócus de pesquisa da escola estadual para essa nova escola federal na qual ela lecionaria no 6° ano e trabalharia o tema dos Ciclos Biogeoquímicos no último trimestre letivo.

Escolhida a professora buscamos junto à escola autorização para a realização da pesquisa. De posse da autorização da escola solicitamos autorização das crianças e de seus responsáveis para participarem da pesquisa conforme um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE - responsáveis e alunos, apêndice 4) assinado por eles e a pesquisadora que se inseriu em classe, e outro termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE - professora, apêndice 5) firmado entre a professora pesquisada e a pesquisadora.

Após o contato inicial com a professora solicitamos que respondesse a um questionário (apêndice 1), e, analisando as respostas dadas percebemos que Luana utiliza para planejar suas aulas diversos livros, revistas especializadas, jornais para elaborar seu próprio roteiro, conforme resposta dada a questão 10. Quando foi questionada sobre quais as estratégias didáticas adotadas em suas aulas indicou como a mais relevante aulas dialogadas, seguido de trabalhos em grupo na sala de aula, experimentos seguidos de debates e exposições, elaboração de projetos e trabalhos extraclasse.

Conforme as respostas dadas pela professora, podemos notar que suas aulas poderiam ser interativas e haver o investimento e valorização na participação dos alunos. Percebemos que as estratégias adotadas são diversificadas, mas independente de qual estratégia seja adotada há sempre o viés de uma contrapalavra quer seja do aluno, ou do professor. Inicialmente, este campo se configurou como promissor para executarmos nossa pesquisa,

pois queríamos justamente um ambiente no qual os alunos se manifestassem, ou que fossem levados a se manifestar, a partir daí buscamos investigar qual era a compreensão que esses discentes tinham das ideias e termos químicos envolvidos na abordagem do tema Ciclos Biogeoquímicos. Ou seja, novamente, quais as contrapalavras que eles elaboravam acerca desse novo conhecimento.

Porém, para que pudéssemos fazer essa leitura da sala de aula, era necessário que a professora pesquisada valorizasse o ensino interdisciplinar, que contemplasse as diversas áreas da ciência. Conforme visto na resposta dada à questão 15 do questionário, ela acredita que esta forma de ensino é importante e sempre deve estar presente nas aulas. Mas, qual será a visão de ensino interdisciplinar dessa professora? Segundo ela promover um ensino interdisciplinar de ciências significa:

“Estabelecer relações e/ou levar os alunos a estabelecerem relações entre os conteúdos da área [de ciências] e entre estes e os das outras áreas de modo a propiciar uma

maior compreensão da realidade.” (Resposta à questão 16 pela prof.ª Luana)

Observando a resposta da professora, notamos que para ela o ensino interdisciplinar passa pela relação entre os conteúdos biológicos estudados com outros conteúdos de outras áreas. Novamente, essa resposta nos motivou a pesquisar em sua classe, pois revelou que em suas explicações não se prendia apenas a abordagem biológica dos fenômenos estudados, mas articulava discussões que levavam em consideração os conceitos de química e física envolvidos naqueles fenômenos. Talvez essa posição se justifique pela professora ter lecionado para o 9° ano e conhecer o currículo de física e química que é abordado no ensino fundamental, que costuma ser adotado apenas no último ano do mesmo.