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A PROPOSTA CONSTRUTIVISTA

No documento Educação Física (Saiba Mais) (páginas 41-44)

Na concepção Construtivista com ênfase na psicogenética, encontraremos como autor brasileiro JOÃO BATISTA FREIRE (Pedagogia do Futebol, 1998; De corpo e alma, 1991; Educação de corpo inteiro, 1989), com seus estudos baseados nas idéias de JEAN PIAGET. Iremos buscar, também, idéias da corrente psicomotora, que segundo GOMES DA SILVA (1996) a psico-motricidade faz parte das propostas de ensino da educação física, aqui estudada a partir das teorias de LE BOULCH, VAYER e FONSECA e tem como objetivo da educação "o de favorecer um desabrochar humano que permite ao homem situar-se, e agir no mundo em transformação através de:

- um melhor conhecimento e aceitação de si; - um melhor ajustamento da conduta;

- uma verdadeira autonomia e o acesso a responsabilidade no âmbito social. (LE BOULCH, 1983: 17).

Enfatizando ainda que "o ato motor não é um processo isolado e só tem um significado se estiverem relação com a conduta de toda personalidade” (Op. cit. 17).

Nesta compreensão, o ensino do basquete, assim como outras modalidades, não pode ser desenvolvida tendo como objetivo principal o esporte de rendimento, já que não é o rendimento o fim desta proposta, mas, a aprendizagem levando-se em consideração os aspectos psico-social-afetivo- motor, ou seja, o movimento realizado dentro de um contexto e tendo como base o estado psico-afetivo do aprendiz. Deste modo não se pode perceber e/ou considerar o movimento no sentido mecânico, como exige o esporte de resultados.

FREIRE (1998) coloca que o ensino do esporte deve fazer com que o aluno aprenda a "conviver em grupos, a construir regras, discutir e até discordar dessas regras, a mudá-las, com rica contribuição para seu desenvolvimento moral e social.” Afirma também que a pedagogia do ensino do esporte favorece uma conversa sobre os acontecimentos da aula em situações desafiadoras, estimulando a criatividade e soluções de problemas. Isso quer dizer que ao aprender a bandeja no basquetebol o aluno poderá fazer parte do processo pedagógico, através da interação com o professor e com o grupo, colocando suas dúvidas e sentimentos na execução do fundamento. Para FREIRE (1998) a importância não é na formação do atleta e sim no desenvolvimento da condição humana. O ensino técnico repetitivo também é negado nessa proposta, onde suas práticas deverão trazer prazer ao aluno.

Outro aspecto a ser considerado é a postura do professor. Por se tratar de uma proposta que procura dar ao aluno condições de desenvolvimento a partir de suas próprias experiências e descobertas, não condiz com uma atitude diretiva, definida mas, aberta e flexível.

Sobre este aspecto LE BOULCH (1983) diz: "O papel do educador não é ode administrar de modo diretivo, mas levando em conta os problemas particulares colocados pelo grupo de alunos, escolher nessa nomenclatura os meios educativos que parecem serem mais eficazes'(Op. cit. 18)

Para o ensino do basquete tendo como proposta pedagógica a Psicomotora os objetivos terão, portanto, que levar em consideração o ser em todos os aspectos já citados, e não apenas a realização do gesto mecânico, ou seja ao trabalhar o passe, por exemplo, é necessário antes ter como base a percepção do corpo e suas possibilidades, proporcionar o conhecimento do corpo, suas partes, o todo, o outro (o colega, a bola), a coordenação dos movimentos (coordenação dinâmica), o reconhecimento do espaço (percepção espacial, temporal e espaço-temporal), sendo estes, alguns dos conteúdos da proposta Psicomotora e essenciais para um desenvolvimento harmonioso do indivíduo e consequentemente na aprendizagem de qualquer modalidade esportiva.

O desenvolvimento da aula deverá assim, proporcionar ao educando a descoberta de suas possibilidades, a exploração do espaço, o reconhecimento de si em relação ao outro, aos objetos, e do seu corpo em movimento, oferecendo-lhe situações que desperte para as oportunidades e condições variadas do movimento e suas variações, procurando incentivar, já que o estímulo é fator de grande importância na aprendizagem, como também trabalhar a socialização, utilizando atividades em grupo.

Efetivamente, nos procedimentos metodológicos, podemos dizer que a linha de trabalho utilizado nessa proposta é a não-diretiva, podendo enfatizar a descoberta orientada e a resolução de problemas. FREIRE (1998) sugere conversas rápidas no início e final da aula, e sempre que necessário interromper aula para corrigir eventuais falhas. Especificamente, o autor delimitou o espaço da aula em 5 momentos. No primeiro o professor deve conversar com os alunos sobre a temática da aula (no caso explanará sobre o drible e a finta, e as atividades que ocorrerão na aula). No segundo momento o professor definirá atividades lúdicas (brincadeiras) sobre os fundamentos escolhidos, no caso drible e finta. A terceira parte complementará a anterior, com atividades em conjunto (duplas, trios) ou individualmente, mesclando "alunos mais fracos tecnicamente, trabalhando com alunos mais fortes. " O tema da aula (drible e finta) será objeto central da quarta parte, e o "professor insistirá com os alunos para que driblem", fintem e adaptará jogos que incluam a necessidade de driblar e fintar, interrompendo o jogo para realizar correções.

Na última parte, os alunos deverão sentar e conversar com o professor sobre as vivências daquele dia, não passando de 5 minutos. Dessa forma existe uma avaliação diária do processo ensino-aprendizagem.

Ainda sobre a avaliação, FREIRE (1991) relata que a mesma deve ser tanto qualitativa quanto quantitativa, não devendo privilegiar a técnica e levar em consideração aspectos psicomotores, dessa forma recorre a PIERRE VAYER e diz que a avaliação deve ser objetiva e contemplar os comportamentos intelectual, motor e psicomotor, aspectos afetivos, emocionais ou relacionais e a capacidade de adaptação social. Assim podemos verificar no basquetebol como o grupo se comporta, quem atua como líder, como interagem as temáticas de passar e receber, podendo utilizar testes existentes na literatura, como os testes psicomotores de VAYER, ou testes sociométricos como o de CAVASINIE OSSE, propostos na obra de MATSUDO(1983).

MODELO DE REPRODUÇÃO

No documento Educação Física (Saiba Mais) (páginas 41-44)

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