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1.3 Políticas de formação de diretores da rede estadual de educação de Minas

1.3.1 A proposta da prova de certificação de diretores da rede estadual de educação

é requisito para pleito de indicação ao cargo de diretor pelas comunidades escolares. Nesse sentido, a analista educacional acima referida considera este programa como umas das únicas propostas da rede para formação do gestor escolar, viés também adotado nesta pesquisa.

Ademais, nos dois últimos anos a SEE/MG tem contratado vagas para que diretores escolares possam participar do processo seletivo e cursar o Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP) pela UFJF, assumindo todas as despesas provenientes desta formação.

Considera-se, portanto, o oferecimento de vagas de Mestrado Profissional no PPGP como uma importante política para os diretores estaduais mineiros e a Certificação Ocupacional como política particular da SEE/MG, haja vista ao fato desta ser desenhada e implementada no âmbito desta secretaria. As seções subsequentes tratarão destas políticas públicas de formação de diretores, indicando suas possibilidades e limites.

1.3.1 A proposta da prova de certificação de diretores da rede estadual de educação de Minas Gerais

Atualmente, um dos requisitos para a investidura no cargo de diretor de escola da rede estadual de Minas Gerais é que o candidato tenha sido aprovado no processo de Certificação Ocupacional de Diretor de Escola Estadual (MINAS GERAIS, 2015a), que é de responsabilidade da Diretoria de Gestão e Desenvolvimento de Servidores Administrativos e de Certificação Ocupacional (MINAS GERAIS, 2011). Este requisito foi criado e introduzido na rede estadual mineira de educação a partir de 2006 e foram realizados quatro processos de certificação de diretores desde então22 (MINAS GERAIS, 2014b). O Objetivo principal da SEE/MG para a certificação de diretores é

22 A atualização do sítio, fonte deste dado, data de 30 de outubro de 2014, 14:06. A SEE/MG

promoveu mais um processo de Certificação Ocupacional de Diretor de Escola Estadual em 2015, portanto, aconteceram cinco processos de certificação desde a instauração deste dispositivo.

indicar, objetivamente, se um profissional tem as condições para assumir determinado cargo/função e se corresponde aos quesitos técnicos, com suas respectivas responsabilidades e atividades. O processo não tem caráter classificatório, ofertando aos candidatos apenas dois status: certificado ou não certificado (MINAS GERAIS, 2014b).

Segundo dados da Secretaria os processos de Certificação Ocupacional, consideraram 28.901 servidores aptos a ocuparem o cargo de diretor de escola. As certificações vigoram por quatro anos, ou seja, os professores e especialistas da educação básica que forem considerados aptos nesta certificação ficam habilitados para a participação em processos de indicação de diretores durante este prazo de vigência.

O processo de Certificação Ocupacional de Diretor de Escola da rede estadual de Minas Gerais se constitui exclusivamente de uma prova objetiva que visa aferir capacidades básicas para possível ingresso do professor ou especialista da educação básica (pedagogo) no cargo de diretor. A obtenção de 60% de acertos na prova torna o candidato certificado e apto para participar do processo de indicação para diretores escolares pelas suas respectivas comunidades.

Nem a aprovação na certificação em si – que se limita a credenciar junto à SEE profissionais certificados e formar banco de potenciais candidatos ao cargo de diretor, não se constituindo em concurso público para provimento do cargo (MINAS GERAIS, 2015a) – nem a indicação para o cargo de diretor pelas comunidades escolares garantem nomeação como diretor, pois esta se concretiza por ato do Governador do Estado de Minas Gerias. Entretanto, em geral, aqueles indicados para diretores pelas suas comunidades são nomeados.

É importante ressaltar que já houve casos nos quais os diretores indicados pelas comunidades escolares não foram nomeados pelo Governador, uma vez que o processo instaurado em Minas Gerais é baseado em duas ações: 1) nas escolas acontece o processo de indicação de diretores (e não eleição), que o fará através do voto direto de professores e demais profissionais da escola, alunos que tenham pelo menos 14 anos de idade e pais de alunos menores de 14 anos e 2) O Governador do estado nomeia o indicado a diretor pela comunidade ou, em casos fortuitos, outro nome, que julgue mais adequado para aquela comunidade naquele momento. Não se tem clareza sobre os motivos da não nomeação de um diretor indicado por sua

comunidade, mas são poucos os casos e parecem estar ligados a alguma irregularidade funcional na vida do candidato a gestor escolar.

Há um programa específico de referência de estudos (disponibilizado no Anexo A) para que o candidato se prepare para a prova de certificação (MINAS GERAIS, 2015a). Este programa versa “sobre conteúdos relativos à gestão escolar: pedagógica, de pessoas, administrativa e financeira, na perspectiva da gestão democrática, tendo como referência padrões de competência do diretor de escola estadual” (MINAS GERAIS, 2015a, p. 37). Pereira (2015) indica que esta

avaliação versa sobre conteúdos nas áreas de conhecimentos gerais em relação às temáticas: políticas públicas de educação de Minas Gerais, referenciais pedagógicos, bases legais da educação, interações sociais na sala de aula e na escola, competências, habilidades e conhecimentos específicos na área de gestão educacional e de gestão pública (planejamento e gestão de recursos orçamentários e financeiros, gestão de pessoas, gestão de compras e gestão do patrimônio) (PEREIRA, 2015, p.40).

A autora supracitada considera que ao instaurar o processo de certificação de diretores a SEE/MG junto à SEPLAG/MG pretende selecionar profissionais para este cargo que detenham visão sistêmica e holística das ações do governo no âmbito educacional, além de conhecimento sobre as políticas públicas vigentes no estado relacionadas à educação (PEREIRA, 2015).

O edital do processo de certificação para diretores publicado em 2015 indica que “a Certificação Ocupacional busca, por meio de prova, avaliar conhecimento pedagógico, técnico e as competências necessárias ao satisfatório desempenho do cargo de Diretor de Escola Estadual” (MINAS GERAIS, 2015b, p. 37). Dessa assertiva, pode-se depreender que, na perspectiva da SEE/MG, a certificação ocupacional de diretores proporciona que os profissionais que estão dirigindo as escolas estaduais mineiras sejam qualificados e habilitados tecnicamente para construir nas escolas as atividades atinentes às políticas públicas.

No que se refere ao foco desta pesquisa – a formação administrativa do diretor escolar, Pereira (2015, p. 39) menciona que a certificação de diretores “também procura identificar pessoas que sejam capazes de conciliar o trabalho pedagógico com o administrativo...” (grifos nossos).

Para o assessor do gabinete da Subsecretaria de Gestão de Recursos Humanos na SEE/MG23, o objetivo primeiro da certificação ocupacional é qualificar o perfil dos gestores que assumem as escolas estaduais. Utiliza-se para tanto a associação do critério da representatividade, a partir do processo de indicação pela comunidade, com o critério de competências mínimas exigidas no desempenho das atribuições do diretor escolar. Questionado sobre os ganhos desta política na rede, o referido assessor aponta para a pretensão de dispor de uma equipe gestora mais qualificada, além da possibilidade de utilizar os resultados de tal processo de avaliação como subsídio para elaboração de políticas públicas de formação e apoio ao gestor escolar.

Como se pode depreender a partir dos elementos apresentados pelo assessor da Subsecretaria, a SEE/MG considera o processo de certificação de diretores escolares como sendo seletivo, mas também formativo e que assegura que os participantes aprovados tenham as competências necessárias, tanto pedagógicas como administrativas, para o desempenho das atividades gestoras.

No âmbito das políticas-públicas estaduais mineiras, além da Certificação nessa seção descrita, há também o Programa de Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP), como formação stricto sensu oferecida aos diretores da rede pelo programa selecionados. A próxima seção visa apresentá-lo.

1.3.2 O Programa de Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação

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