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CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS: NEGLIGÊNCIAS

3.1 A questão social e a organização da sociedade civil

A desigualdade social do Brasil tem suas raízes históricas marcadas na construção de uma sociedade onde poucos tinham tudo e muitos nada tinham, ou quase nada. Foi assim no Brasil colônia, império, república, ditatorial e democrático. A história da educação brasileira apresentada no capítulo anterior deixa claro que nunca foi interesse da elite portuguesa ou brasileira oferecer educação de qualidade para todos os segmentos da população. Erros históricos que foram se amontoando e se agravando com o passar dos séculos e dos anos e que insistem em continuar mostrando sua face perversa. É importante lembrar que a abolição dos escravos, a chegada dos imigrantes e as revoluções que começavam a acontecer no cenário internacional acabaram contribuindo pelo menos para que a sociedade brasileira, nas primeiras décadas do século XX percebesse que estava diante de uma questão social. Entretanto, ao não saber lidar com propriedade com a questão social despertada, o Estado brasileiro acabou aprofundando ainda mais as distâncias entre os dois mundos: o dos ricos e dos pobres. Cohn (2005) aponta que esse período foi marcado por grandes movimentos de luta operária reivindicando um conjunto mínimo de direitos básicos no âmbito do mundo do trabalho. A síntese do teor das inúmeras greves que se verificam dessa época poderia ser esta: luta por melhores condições de vida e trabalho. É neste contexto que a concepção de “questão social” se consolida no país. Da ótica da responsabilidade pública por um patamar mínimo de bem-estar dos cidadãos, algo que passa a ser estreitamente associado ao trabalho.

Ao se falar da questão social no Brasil e nos demais países da América Latina, é preciso reconhecer que ela está totalmente vinculada ao processo de colonização e a todo o conjunto de

injustiças e desigualdades sociais imposto à população dos países latino-americanos nestes mais de 500 anos de colonização. A escravidão, a demora para a conquista e extensão dos direitos civis, políticos e, principalmente, sociais fez com que os problemas sociais se avançassem cada vez mais. Pastorini (2004, p.69) destaca que na América Latina a questão social “se funda nas formas e conteúdos assimétricos assumidos pelas relações sociais [em suas variadas dimensões: econômicas, políticas, religiosas, culturais, raciais, etc.] a partir do período de colonização”. A alternativa escolhida pelos governantes da América Latina, ainda que de modo diferenciado em cada país, foi aquela que lhes pareceu conduzir a região a uma integração no mundo capitalista ao preço da “desintegração” e degradação social em nível nacional. Essa alternativa contribuiu para o agravamento das manifestações da questão social, tais como: desemprego, fome, pobreza, desamparo, desproteção, perda progressiva de direitos sociais (id.ibid).

Castel (2003, p.30) salienta que “a questão social é uma aporia fundamental sobre a qual uma sociedade experimenta o enigma de sua coesão e tenta conjurar o risco de sua fratura”. Significa que uma sociedade não está conseguindo manter a coesão entre os grupos sociais que a compõe, mantendo alguns desses grupos à margem social, o que acaba gerando uma série de conseqüências para a vida das pessoas. Partindo do princípio do surgimento de uma nova questão social, Castel (2003) faz uma análise detalhada da reviravolta que ocorreu nas relações do mundo do trabalho desde a sociedade pré-industrial à pós-industrial e destaca que se na primeira a vulnerabilidade tinha sua origem nas coerções, na segunda elas passaram a serem suscitadas pelo enfraquecimento das proteções, alterando-se completamente a condição salarial, da tutela para o contrato. A sociedade capitalista se fundou em cima da relação com o trabalho e agora não tem empregos suficientes para sua população. O desaparecimento do emprego e instalação da precariedade dão origem então, a uma nova questão social que permeia o estatuto do salário, que estrutura a formação social atual, dando margem a uma nova identidade social. O núcleo da questão social passaria a ser o renascimento dos “inúteis do mundo”, dos desfiliados, dos invalidados sociais, que não são necessariamente fruto da periferia, mas dos centros. Ocorre então uma perda cada vez mais perversa e visível do sistema de proteção e de garantias vinculadas ao emprego e uma desestabilização, principalmente em relação ao mundo do trabalho, que tem provocado uma grave desagregação da esfera social.

Cerqueira Filho (1982, p. 57) salienta que a questão social no Brasil e em outros países do mundo só passa a aparecer como um problema concreto a partir “[...] Do processo de industrialização e de implantação do modo de produção capitalista e do surgimento do operariado e da fração industrial da burguesia”. Na realidade brasileira, a questão social só passa a ser identificada a partir da década de 30, período em que se inicia e ganha força o processo de industrialização, dando margem às transformações em todos os seus segmentos: econômico, político, cultural e social. “[...] Antes de 1930 portanto, a ‘questão social’ não aparece no discurso dominante senão como fato excepcional e episódico, não porque não existisse já, mas porque não tinha condições de se impor como questão inscrita no pensamento dominante” (id. ibid., 1982, p.59). Até então, a questão social era vista como uma questão ilegal, devendo ser

tratada à luz da repressão e punição; era “caso de polícia”.

Na visão de Cerqueira Filho (1982) no Brasil a questão social assume três dimensões diferentes, duas sociais e uma econômica. Previdência social e justiça na área social e a organização e o aumento das nossas riquezas entre todos os povos, na dimensão econômica. Pastorini (2004) destaca que os problemas da sociedade capitalista brasileira, tais como pobreza, desemprego, falta de regulação da força de trabalho, analfabetismo e outros passam a ser imersos na arena política, transformando-se em problemas da sociedade que requer uma resposta por parte do Estado. O grande problema é que as políticas sociais, por não terem caráter de conquista, mas de paternalismo e clientelismo, passam a ser encaradas como concessões do Estado e do capital. Nesse contexto, crescem as desigualdades, a exclusão e a dependência. A população, principalmente a mais pobre, é reduzida de portador de direitos a beneficiária, requerente, assistida. População essa que será cliente de “políticas sociais e/ou programas compensatórios, paliativos e/ou auxílios temporários, emergenciais e focalizados” (PASTORINI, 2004, p. 93). O sistema capitalista acaba sendo reproduzido e reforçado pelo Estado, que ao invés de assegurar a cidadania contribui para o quadro de conflito, desigualdades e injustiças sociais.

Não podemos retroceder no tempo e encarar a questão social como caso de polícia, buscando seu enfrentamento por meio de coerção. Por outro lado, de nada adiantará a adoção de políticas sociais paliativas e assistencialistas, pois essas, ao invés de resolver o problema, acabam contribuindo para seu agravamento e para sua expansão. O enfrentamento da pobreza e da desigualdade no Brasil demanda a implementação de políticas sociais, mas políticas que visem à libertação da população da condição de dominação e de ignorância em que se encontra. Cohn (2005) denuncia que a questão social no Brasil, por estar desde seus primórdios marcada pelo crivo do vínculo do indivíduo ao mercado de trabalho, nunca teve como traço fundamental a cidadania que é a sua universalidade, trazendo consigo certos aspectos que se revelam ainda hoje determinantes do caráter perverso das nossas políticas sociais. Portanto, não há outra explicação para o fato dos direitos sociais no Brasil até hoje se traduzirem em políticas e programas sociais que se dirigem a dois públicos distintos: os cidadãos e os pobres. Os cidadãos correspondem àquela parcela da população que, por exemplo, está coberta por um sistema de proteção social ao qual têm direito porque contribuem para com ele. Os pobres são aqueles que, por não apresentarem capacidade contributiva, uma vez que nem sequer apresentam capacidade de formas autônomas de garantia de patamares mínimos de sobrevivência, são alvo de políticas e programas sociais de caráter filantrópico e/ou focalizado em determinados grupos reconhecidos como mais carentes e “socialmente mais vulneráveis”. As discussões acima colocam em cheque o pensamento de que Welfare State35 se consolidou um dia na sociedade brasileira. As medidas sociais adotadas pelo estado brasileiro para lidar com as questões sociais foram tímidas e limitadas no enfrentamento do problema. Além disso, a supressão de direitos

35 Estado do Bem-Estar Social, que teve seu apogeu após o período pós-guerra na maioira dos países capitalistas,Estado do Bem-Estar Social, que teve seu apogeu após o período pós-guerra na maioira dos países capitalistas, ampliando o acesso e os direitos de todos os segmentos da população aos serviços sociais básicos, como educação e saúde, que passam a ser obrigação do Estado, como garantia de proteção dos direitos de seus cidadãos.

políticos e civis durantes os períodos de ditadura enfraqueceram e reduziram as possibilidades de implementação e êxito de um Estado de Bem-Estar para todos.

Não se pode perder de vista a própria concepção de Estado, que não é algo monótono, neutro, apolítico, que é algo resultante dos modos de organização da sociedade. A necessidade de participação da sociedade civil no processo de construção de um Estado brasileiro efetivamente democrático é elementar, principalmente quando essas iniciativas ocorrem a partir de movimentos sociais, algo tão importante para a construção de uma sociedade mais democrática e justa. É a sociedade civil que deve controlar o Estado e não o contrário, mas para isso, torna-se extremamente importante a constituição de novos sujeitos políticos, de sujeitos emancipados, que sabem pensar, aprender a prender. Sujeitos capazes de se organizar e que consigam transformar as questões sociais em questão pública, o que só pode ocorrer a partir da sociedade civil. Silva (2001) salienta que a transformação social deve ocorrer por intermédio da organização do povo, da compreensão de que o homem é sujeito da transformação, ressaltando a importância da autonomia dos movimentos populares em relação aos interesses institucionais, partidários e religiosos, deixando de lado qualquer forma de instrumentalização dos mesmos e, por fim, a perspectiva de construção de uma nova sociedade baseada nos valores inerentes aos direitos humanos. Boscheitti (2003, p.278) em estudo realizado sobre a “Assistência Social no Brasil”, conclui que “a relação entre Estado e sociedade civil não foi (re) construída no sentido de assegurar a descentralização e a participação conforme estabelecido na Constituição Federal”. A autora denuncia que o Estado mantém sua hegemonia em relação à centralização na condução da política, na definição de normas e regras, no controle dos recursos financeiros a serem repassados, mas não assumiu ainda sua parcela de co-responsabilidade no enfrentamento da questão social, delegando para a sociedade civil a responsabilidade de enfrentar os problemas sociais.

Faleiros (2001, p. 64) destaca que “o ‘novo contrato social’, imposto pelo processo de globalização, consiste em tornar o indivíduo menos seguro, menos protegido, mais competitivo no mercado, com menos ou nenhuma garantia de direitos. É o sujeito desnudado de direitos”. Frente a esse panorama social, não faz sentido esperar apenas pelo Estado, a sociedade civil passa a assumir papel de destaque no momento em que se pretende promover mudanças que resgatem a cidadania da população mais marginalizada. A atuação e participação da sociedade civil pode ser determinante para a construção de um Estado mais ou menos democrático.

Pereira (2002, p. 26) define o Estado como um “conjunto de relação criado e recriado num processo histórico tenso conflituoso em que grupos, classes ou frações de classe se confrontam e se digladiam em defesa de seus interesses particulares”. O Estado deve zelar para que os direitos de todos os cidadãos sejam garantidos, mas a história tem sido prova de que para o povo conseguir manter seus direitos, tem que se manter em constante estado de luta e reivindicação, pois não é possível desprezar o fato de que a concepção de Estado vem sempre carregada do conceito de poder e de dominação. Coutinho (1980) destaca que Gramsci construiu uma nova teoria do Estado, diferenciando no interior das superestruturas duas instâncias fundamentais: a

sociedade civil e a sociedade política.

A primeira refere-se ao conjunto de organizações responsáveis pela elaboração e/ou difusão das ideologias, compreendendo o sistema escolar, os parlamentos, as Igrejas, os partidos políticos, as organizações profissionais, os sindicatos, os meios de comunicação, as instituições de caráter científico e artístico. A segunda, constitui o conjunto dos mecanismos através dos quais a classe dominante detém o monopólio da violência; ela se confunde com os aparelhos de coerção estatal, em particular com as burocracias ligadas às forças armadas e à aplicação das leis. Para Gramsci, o Estado é formado por essas duas esferas, que servem para conservar ou promover uma determinada base econômica, de acordo com os interesses de uma classe social fundamental (COUTINHO, 1980, p. 51-52).

É a sociedade civil que deve controlar o Estado e não o contrário, mas para isso, torna- se extremamente importante a constituição de novos sujeitos políticos, de sujeitos globais emancipados, que sabem aprender, pensar, compreender, se organizar e mudar. Sujeitos capazes de se organizar e que consigam transformar as questões sociais em questão pública, o que só pode ocorrer a partir da participação coletiva organizada da sociedade civil. Oxhorn e Ducatenzeiler (1998) destacam que a extrema desigualdade sócio-econômica da América Latina acaba comprometendo o desenvolvimento de sua sociedade civil. Os autores consideram importante compreender a relação intrínseca entre política, economia e sociedade civil e consideram que se por um lado uma sociedade civil forte e organizada produz formas de inclusão social, por outro lado, sociedades civis fracas acabam produzindo formas de exclusão e segmentação. Os autores acreditam que o alto nível de desigualdade tem provocado o enfraquecimento da sociedade civil dos países latino-americanos, impedindo-os de mediar positivamente a relação entre economia e liberalização política. Oxhorn (1995) define sociedade civil como:

A rich social fabric formed by a multiplicity of territorially- and functionally -based units. The strengh of civil society is measured by the peaceful coexistence of these units and by their colletive capacity to simultanemously ‘resist subordination’ to the state and ‘demand incluion’ into nacional political structures. (OXHORN, 1995, p. 251-252)36.

Para os autores, se a sociedade civil é fraca, o mercado e sua economia assumem uma posição de exclusão, contribuindo para o enfraquecimento dos fundamentos de regimes democráticos. Portanto, é importante combater o populismo, o corporativismo e o clientelismo que corroem a sociedade civil dos países latino-americanos, uma vez que essas práticas impedem a redistribuição de poder e riqueza entre os grupos e aumenta a desigualdade. Esses fatores contribuem também para a fragilidade da democracia e da garantia dos direitos de cidadania para todos. Oxhorn (1995) defende a organização da sociedade civil como a chave para a defesa exitosa do interesse dos pobres e destaca a importância da autonomia no processo de ressurreição da sociedade civil nos países latino-americanos, após longos e duros períodos de

36 Uma rica fábrica social formada por multiplicidade de unidades baseadas territorialmente e funcionalmente. A força da sociedade civil é medida por meio da coexistência pacífica dessas unidades e pela sua capacidade coletiva de resistir simultaneamente à ‘subordinação’ ao Estado e ‘exigir inclusão’ nas estruturas políticas nacionais.

governos repressivos e autoritários. A sociedade civil precisa se organizar para exigir do Estado o cumprimento de seus deveres para com o povo, portanto jamais pode ficar distante do Estado, ignorando ou criticando de longe o que está sendo feito ou não (OXHORN, 2005).

Para o autor, apesar do conceito de democracia não se limitar à participação, é importante se levar em consideração que não é possível se falar em democracia em uma nação onde o nível de participação da sociedade civil é fraco ou praticamente inexistente. Oxhorn (1995) se refere ao trabalho de Schmitter, 1983, que entende democracia como a relação entre cinco dimensões contrastantes entre os que ditam as regras e os que obedecem, sendo elas: participação, responsabilidade, acessibilidade, reação e competitividade. O autor acredita que há uma similaridade em relação ao regime político democrático e a sociedade civil, e que muitas vezes algumas dessas dimensões acabam sendo favorecidas em detrimento de outras, o que pode interferir na sua qualidade democrática.

Santos (2003) assevera que para se manter e aprofundar a cultura da participação e da solidariedade em sociedades sob o domínio do individualismo possessivo e mercantilista oriundas do neoliberalismo, faz-se necessária a implementação de um projeto pedagógico ambicioso que envolva, dentre outros aspectos, o sistema educativo em sua totalidade. Nesse processo, não há como pensar a educação sob o ponto de vista da neutralidade, pois a educação é algo essencialmente político. Assim, não se pode pensar o processo educativo de modo ingênuo e utópico, acreditando que a prática educativa está sempre a serviço da igualdade entre os povos, sem ocultar interesses ideológicos das classes dominantes que pretendem manter parte da população como massa de manobra.

Apesar de críticas à omissão do Estado, são cada vez mais comuns os programas governamentais de combate à pobreza, programas esses que criaram um novo modelo de política de assistência social a partir da promulgação da Constituição de 1988, que reconheceu a assistência como direito social e política integrante da seguridade social. Entretanto, Simionatto (2003) chama atenção para o fato de que os programas de combate à pobreza, ao invés de possibilitarem a criação de novas liberdades, transformam-se em mecanismos efetivos de controle social das elites sobre os grupos sulbalternizados, que consentem e aderem ao seu projeto hegemônico, criando-se um conformismo social. Saúde, educação, assistência e previdência passam a ser vistos não como bens coletivos e necessários a todos, mas através de uma ótica excludente, afeita às regras de mercado (BARCELLONA, 1998 apud SIMIONATTO, 2003).

A solução da questão social brasileira, passa, certamente, pela revisão das políticas sociais e educacionais que estão sendo adotadas e demanda revisão tanto da instituição Estado, como da escola. Exige um investimento concreto em educação, atribuindo ao Estado o papel primordial de financiamento da educação, estabelecendo o controle social do Estado, tornando acessíveis todos os níveis de ensino, indistintamente à toda a população, rompendo com a dualidade secular entre ensino geral e ensino técnico ou profissional e rompendo, enfim, com todas as formas de manifestação na escola da divisão social do trabalho. Por outro lado, esses

são alguns dos princípios fundamentais dos quais os grupos mais marginalizados37 devem

jamais se afastar. O desafio maior é saber como manter um projeto de escola que incorpore estes princípios considerando as atuais circunstâncias econômico-políticas e sem que tome parte num projeto alternativo maior. Eis uma questão que merece ser discutida e cuja resposta pode contribuir para equacionar não apenas os problemas da educação, mas da sociedade.

A questão social é uma realidade que precisa ser encarada a partir de políticas sociais amparadas por um Estado forte e efetivamente preocupado em solucionar os problemas de seu povo. Um Estado que amplie e consolide os direitos sociais e não um Estado que retira do povo os direitos conquistados através de duros e longos anos de luta e reivindicações. O grande problema é que esse Estado parece estar cada vez mais distante e que o povo encontra- se cada vez mais desamparado e desassistido. A cidadania plena ainda é um sonho difícil de ser concretizado, pois a questão social instalada no seio das sociedades modernas só vem crescendo e crescendo com o plano econômico neoliberal adotado e endeusado. O capital parece ter mais valor que o próprio homem. Os valores estão sendo alterados e a degradação humana provoca perdas em todos os setores. O Estado, pelo menos numa perspectiva imediata, precisaria ser transformado em instrumento político de uma reorganização social a favor dos explorados. O grande problema é que tal transformação só ocorrerá se a sociedade civil conseguir se organizar no sentido de exigir e construir um novo Estado. Mas esse ideal fica mais distante no momento em que da população que compõe a sociedade civil é vítima de uma educação de péssima qualidade, enfranquecendo-se cada vez mais no processo correlação de forças, onde geralmente a classe dominante acaba sendo vitoriosa e os interesses da classe explorada omitidos e vencidos.

A escola pública atual está tão confusa quanto ao seu papel que não consegue atender nem as demandas do atual sistema capitalista neoliberal, pois não está conseguindo formar mão de obra competente e competitiva e nem aos interesses das classes menos privilegiadas, uma vez que não está conseguindo fazer com que seus alunos aprendam a pensar, a elaborar