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Professor da escola pública: contradições e limitações na sua prática pedagógica

CAPÍTULO IV – PROFESSOR PúBLICO: DESAFIOS E CONTRADIÇÕES EM

4.1 Professor da escola pública: contradições e limitações na sua prática pedagógica

O processo de enfrentamento da desigualdade social e de emancipação popular no Brasil mantém relações estreitas com o resgate da escola pública e esse resgate, passa, necessariamente, pelo resgate do professor da Educação Básica. Para o professor Armando Boito Jr. (2002), as condições de vida e de trabalho dos trabalhadores em educação se degradaram muito nos últimos anos. Não se trata, é claro, de um processo unilinear e que atinja a todos por igual. Os professores e demais funcionários em educação vivem, no Brasil de hoje, situações muito diferentes. A educação passou a ser encarada como negócio, do lado do aluno cliente, como um investimento privado do indivíduo e, do lado do empresário do setor, como uma área para a acumulação de capital. Nas escolas reservadas aos estudantes de alta renda, o aluno é o cliente, o professor, um prestador de serviço educativo remunerado pelo cliente e a relação entre ambos é um assunto para o Procon. O resto é discurso vazio. Nas escolas públicas da periferia, o professor e demais funcionários partilham, com a população local, todas as desgraças e violências oriundas do novo modelo capitalista periférico. Como é possível, nesse quadro, valorizar o profissional em educação? O autor afirma que talvez a valorização dos trabalhadores em educação está vinculada à necessidade de mudança do modelo econômico. É nesse quadro complexo que os trabalhadores em educação precisam inserir sua luta por um novo sistema educacional, democrático, público, laico e gratuito, e pela valorização profissional do professor da escola pública. Para tanto, precisam procurar unificar, em primeiro lugar, o seu próprio movimento. Superar os particularismos que ainda dividem o seu movimento sindical, buscar uma organização a mais ampla possível.

Por outro lado, o que se presencia é que a grande maioria dos professores da escola pública da Educação Básica brasileira encontra-se desestimulada, com baixos salários, sem o mínimo de organização com seus pares para lutar por melhores condições de trabalho e, conseqüentemente, por melhores condições de vida, abrindo mão de contribuir para a mudança social. Um professor que quase não estuda, que não interage com seus pares, que não pesquisa

e que não recebe apoio e estímulo institucional para dar continuidade à sua formação. Este professor acaba tendo uma visão limitada do poder da educação e do conhecimento frente à possibilidade de mudanças sociais. Trata-se de um professor politicamente ingênuo, que acaba comprometendo o processo de conquista da emancipação popular, uma vez que não consegue ensinar seu aluno a construir e desconstruir conhecimento, a pensar, a aprender, a ler, a escrever um texto com coerência e sentido.

Cabe destacar que a função de professor das séries iniciais do Ensino Fundamental no Brasil, assim como na maioria dos países do mundo, sempre esteve mais vinculada à figura feminina, que historicamente sempre gozaram de menos prestígio no mercado de trabalho que a figura masculina. Até o século XIX, grande parte dos professores que ministrava aulas no Brasil era oriunda de países europeus como França e Alemanha e que ensinavam, exclusivamente, os filhos da elite brasileira. Alguns desses professores ensinavam nas casas de famílias ricas ou nas poucas escolas de então. Com a expansão do sistema público de ensino na década de 30 e com sua acentuação na década de 60 do século passado, os professores presenciaram uma perda gradativa nas suas condições de trabalho, no respeito social e no seu salário. Além disso, ao invés de atrair pessoas de famílias ricas, a profissão passou a atrair pessoas de famílias de baixa renda que viam na profissão o meio mais provável de acessão social (FERREIRA JÚNIOR; BITTAR, 1999). Ser professor no Brasil já representou, até as primeiras décadas do século passado, sinônimo de respeito social, de conhecimento e de uma família abastada que dava suporte à sua formação acadêmica. Entretanto, com o avanço da escolarização pública, o professor foi mudando de classe social e foi perdendo seu espaço, de membro de famílias mais abastadas, ele passou para a classe média e hoje, a grande maioria dos professores da escola pública de Educação Básica no Brasil já faz parte dos segmentos menos privilegiados. O professor de outrora era uma das figuras mais respeitadas da cidade, da vila ou da comunidade. Pais e alunos o viam como conselheiro. O professor da escola pública de hoje, em sua grande maioria, é uma figura pouco respeitada pelos alunos e pela sociedade, cansada, desmotivada e abandonada. As reportagens citadas no texto de Ferreira Júnior e Bittar (1999), sob os títulos “Professores abandonam escolas do Estado45”, “Baixos salários esvaziam Magistério46” e “Cansei de ser professor47” mostram a realidade dos professores do país na última década do século XX. Veja abaixo trechos de algumas dessas reportagens:

Em Mato Grosso do Sul, o presidente da Federação dos Trabalhadores em educação [...] fez a seguinte denúncia: ‘[...] desde o mês de janeiro até junho [1995], 185 professores de todo o Estado pediram exoneração dos cargos. Todo dia no Diário Oficial sai uma lista com nomes de professores exonerados. O principal motivo continua sendo o baixo salário’. (CORREIO DO ESTADO, 1995 apud FERREIRA JÚNIOR; BITTAR, 1999, p.180).

No estado de São Paulo, a política salarial adotada nacionalmente para o Magistério

45 Correio do Estado, Campo Grande, 28 jun., 1995. Caderno 1, p.08. 46 O Estado de São Paulo, São Paulo, 20 fev. 1997. Caderno G, p.7.

tem espantado os futuros candidatos, oriundos das frações de maior poder aquisitivo das classes médias, a uma vaga de professor de Ensino Fundamental, pois: ‘[...] o Magistério já foi reduto de mocinhas endinheiradas nos anos 50 – o velho e bom ‘espera de marido’. Mas perdeu todo o glamour à medida que o ensino público de maioria desses cursos recebe apenas garotas de classe média baixa que, entre trabalhar de balconista em uma loja ou ensinar a cartilha no primário, optam pela sala de aula [...] São elas, mesmo sem grande preparo, que darão aulas na rede pública. (ESTADO DE SÃO PAULO, 1997 apud FERREIRA JúNIOR; BITTAR, 1999, p.180).

O depoimento de um ex-professor da escola pública do Rio de Janeiro após abandonar a profissão, publicado na Revista Veja, em julho de 1994 também dá uma idéia do problema que se iniciou há décadas atrás e continua cada vez mais presente na atualidade.

[...] Os baixos salários, a falta de interesse dos alunos e as péssimas condições de trabalho afastam os professores [...] do Magistério. No dia 10 de maio, eu fui um dos [...] professores a abandonar o Magistério. Quando comecei a dar aulas, em 1953, aos 20 anos, tinha orgulho da minha profissão. Era uma carreira difícil e concorrida. Até quem sonhava ser professor primário tinha de enfrentar os disputados concursos para o Instituto de Educação. O status de professor era elevadíssimo e muita gente não dispensava o anel de formatura, que significava reconhecimento imediato e paparicos em lojas e restaurantes [...]. Essa boa vida começou a ruir no final da década de 70. A migração para as grandes cidades gerou uma carência de colégios. O ingresso às escolas públicas, até então difícil, foi facilitada para atender a população mais pobre. Como a rede do governo passou a atender as classes menos favorecidas, as autoridades começaram a relegar as escolas a segundo plano e a diminuir cada vez mais o salário dos professores. A profissão ficou desprestigiada, gerando desinteresse nos jovens da classe alta e média alta. O nível do Magistério caiu social e economicamente [...] O despreparo cultural dos novos professores é estarrecedor. (SOUZA, 1994 apud FERREIRA JúNIOR; BITTAR, 1999, p.181).

Apesar das reportagens serem anteriores à criação do FUNDEF em 1998 e, conseqüentemente, da criação do Fundo de Valorização do Magistério, ao analisar os títulos de reportagens atuais sobre os professores brasileiros, como as que foram publicadas na Folha On-line, em maio de 2007, “Dificuldades na área afastam profissional” e “Como matar um professor”, é possível constatar com facilidade que a situação dos professores não mudou muito, na verdade, parece que o problema se tornou mais sensível, uma vez que com a divulgação dos desempenhos dos alunos nas avaliações nacionais e internacionais, os professores passaram a ser colocados no banco dos réus, como os culpados pelo fracasso escolar. Os professores são expostos constantemente na mídia, sempre que são divulgados os dados vexatórios do desempenho dos alunos da escola pública. As reportagens atuais denunciam que ainda são muitos os professores deixando a profissão, indo atrás de áreas com maior valorização. Isso acaba provocando a falta de professores nas escolas, principalmente dos professores de áreas específicas das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, que acabam preferindo estudar para passar em outro tipo de concurso público.

Mesmo com déficit de professores, especialmente de ciências [física, química e biologia] no Ensino Médio, e conseqüente excesso de vagas, são poucos os profissionais que decidem atuar no Magistério. A procura escassa se deve a baixos salários, longas jornadas e salas de aula abarrotadas.(COMO MATAR UM PROFESSOR. Folha on- line, 2007)

Na outra reportagem da Folha On-line, Dimenstain (2007) chama atenção para o grande número de estudos que têm sido divulgados sobre a situação de estresse à qual os professores têm sido submetidos, principalmente os professores da escola pública. Para o autor, se o professor perde o encanto de ensinar, ele morre enquanto profissional e fica apenas à espera de sua aposentadoria e, é justamente isso que está ocorrendo com muitos de nossos docentes. Essa ‘morte’ acaba sendo resultado de classes superlotadas, falta de estrutura das escolas, pais desinteressados, alunos violentos, poucos incentivos e valorização do trabalho realizado. Dimenstein destaca ainda, que por trás de todos esses fatores citados, que comprometem profundamente a prática docente, há ainda os casos relacionados às doenças psicológicas dos alunos ou dificuldades graves de aprendizagem, que muitas vezes acabam sendo ignoradas por gestores, famílias e Estado. O professor fica com uma grande responsabilidade, uma vez que geralmente, é ele que identifica e tem que lidar diariamente com esses problemas e limitações em sala de aula, ainda que não tenha a formação, preparação e apoios institucionais e familiares necessários.

[...] Os governos deveriam ajudar as escolas a enfrentar problemas que não podem ser resolvidos pelos professores, a começar pela saúde chegando até a assistência social; filhos de famílias desestruturadas tendem a ter problemas em sala de aula. Exige-se, assim, um olhar mais sofisticado diante da educação. Como esse olhar não existe e cada repartição do governo trabalha isoladamente, o professor acaba vítima de tensões que vão muito além da sala de aula. Esse é um dos fatores que explicam o enorme absenteísmo e rápida rotatividade em escolas públicas tanto de estudantes como dos professores. (DIMENSTEIN, 2007).

Todos esses fatores interferem diretamente na prática docente do professor da Educação Básica da escola pública e provocam uma situação de impotência, ansiedade e estresse, que muitas vezes leva-o a deixar a profissão ou a partir para um mestrado ou doutorado no intuito de exercer o Magistério no Ensino Superior e não na Educação Básica. Caso contrário, o professor mesmo continuando na profissão acaba se acostumando com os problemas, admitindo sua impotência diante da solução de alguns deles e reforçando a exclusão desses alunos.

Com o crescimento desordenado do número de matrículas na escola pública na década de 90, o país também assistiu ao crescimento do número de professores, ainda que sem a formação adequada e sem a devida remuneração. Na tentativa de apresentar respostas para o problema, a LDB de 1996 determinou que todos os professores da Educação Básica deveriam ter, no mínimo, uma formação de nível superior, o que ainda não se tornou uma realidade para todos os professores brasileiros, apesar de consideráveis avanços. Infelizmente, têm-se presenciado desde então o crescimento desordenado de cursos de formação de professores em todo o país, com objetivos e metodologias duvidosas, que podem estar contribuindo ainda mais para o comprometimento da educação no país. Para se ter uma idéia do problema, muitos dos professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, que têm como uma de suas finalidades, contribuir para que as crianças aprendam as noções básicas do conhecimento lógico-matemático, de ciências e de redação e interpretação, não tiveram acesso a esses conhecimentos em seus

cursos de formação. O que se percebe é que os atuais currículos dos cursos de formação de professores, em sua grande maioria, não exigem que o professor aprenda matemática, aprenda ciências, a fazer pesquisa, a produzir conhecimento próprio ou até mesmo, aprendam as noções básicas da língua portuguesa.

O desempenho dos alunos nas avaliações do SAEB e do PISA pode ser um indicativo claro de que é preciso mudar a formação dos professores brasileiros. Na verdade, seria interessante saber como os professores da Educação Básica se desempenhariam diante das provas aplicadas por esses programas de avaliação. Não é possível prever até que ponto o desempenho deles seria muito superior ao desempenho de seus alunos, mas talvez poderia ser interressante ter essa informação. É preciso rever até que ponto uma disciplina isolada de 60 horas, no seu curso de formação, sobre a metodologia do ensino de matemática, por exemplo, é suficiente para que esse professor contribua para que seu aluno aprenda matemática. Se o professor desse professor, tanto na sua formação básica quanto superior, também tem os conhecimentos e a formação necessários para o ensino da matemática. Será que as metodologias adotadas nos cursos de educação à distância para a formação de professores, estão sendo eficientes no enfrentamento do problema, conseguindo fazer realmente com que o professor aprenda? O que se percebe é que até agora, tanto no que se refere a cursos presenciais ou não presenciais nessa área, ainda hámuito por fazer. Nossos professores precisam de formação mais sólida, se a aprendizagem dos alunos está ruim em português, matemática, ciências ou outras áreas, é preciso saber como está a aprendizagem dos professores desses alunos também, é preciso cuidar disso com responsabilidade, não apenas com aplicação de provas ou testes, mas com intervenções nas instituições formadoras e também nas escolas onde se encontram os docentes que precisam aprender bem e continuar aprendendo.

Por outro lado, Avalos (2002) salienta que os professores têm sido colocados no banco dos réus para explicar os motivos dos alunos não estarem aprendendo, principalmente, quando se divulgam os estudos internacionais comparativos do desempenho de crianças e jovens. Acredita que um dos grandes problemas é que muitos professores em países pobres não têm a bagagem cultural necessária para propiciar ao aluno um ensino de qualidade. Nesse sentido aposta na necessidade de formação contínua desses docentes. Campbell (2003) divulga a pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) em dez estados brasileiros, que mostra que os professores dos níveis fundamental e médio não cultivam o hábito de ler, sendo que 25% dos entrevistados afirmaram que não lêem nunca, 34% que pegam no livro apenas eventualmente e 49% que não têm acesso à internet nem em casa e nem no trabalho. Trata-se de uma grande contradição: nossos professores têm acesso limitado ou quase inexistente às fontes de informação, mas, por outro lado, têm o desafio de manter seus alunos informados o tempo todo, quando eles mesmos estão cada vez mais distante do novos conhecimentos e da aprendizagem.

Oliveira (2003) revela que o último Censo Escolar apontou que o Brasil conta com 2,4 milhões de professores na Educação Básica, sendo 85% mulheres, mas revela também

que a situação do professor brasileiro da rede pública é de penúria, pois a média salarial dessa categorial era de apenas R$ 600,0048. Talvez essa realidade justifique, em parte, o fato do professor ler pouco, não acessar a internet e não ser detentor de uma cultura mais ampla, visto que os professores também são vítimas da pobreza e a grande maioria não tem condições financeiras para investir em livros, formação continuada ou outras formas de aprendizagem e aperfeiçoamento profissional. Levin (2002) destaca que a maioria dos professores nunca foi exposta às modalidades efetivas de ensino e aprendizagem, e precisarão capacitar-se e exercitar- se de forma mais intensa.

Por ser um agente tão importante para o processo de conquista da cidadania popular, o professor também precisa ser sujeito da aprendizagem reconstrutiva e do conhecimento, precisa aprender a pensar certo e manter-se em estado constante de aprendizagem. Além disso, necessita de lutar para manter sua dignidade, primando pela sua competência formal e política no desempenho de sua função social enquanto educador. Contudo carece também de maior reconhecimento social e institucional, de melhores condições de trabalho, melhores salários e condições de vida. Demo (2004b, 2004c) chama atenção para o fato de que se o professor básico fizer parte dos excluídos, não terá dignidade para incluir os excluídos. Neste sentido, defende um salário de “mil dólares” para que o professor possa viver dignamente, com auto-estima elevada e sentimento de valorização do seu mérito acadêmico e social. Assim, poderá realizar um trabalho com maior competência, tendo condições de dar continuidade à sua formação continuada, de adquirir livros, ter acesso à internet, viagens e à cultura de um modo geral. Além disso, seu salário lhe possibilitaria viver dentro um padrão básico de conforto, sem ter que dividir entre dois ou mais empregos para complementar a renda mensal. Diante do desafio de educar para a cidadania, o professor também precisa se envolver na luta pelo seu próprio direito de ser cidadão.

Rivero (2000) considera estranho o fato da formação docente não ter recebido até agora a devida atenção nas políticas educacionais, nem na distribuição de recursos. A importância dessa categoria profissional para o resgate da educação pública exige que esse quadro seja revertido, uma vez que investindo-se mais na qualificação dos recursos humanos, contribui-se diretamente para o processo de melhoria da qualidade da educação. O processo de qualificação precisa vir acompanhado do aumento de salários dos docentes. Por outro lado, Ioschpe (2004) defende que o investimento na formação dos professores, assim como o aumento de seus salários e a diminuição do número de alunos por professor não influencia positivamente na melhoria da qualidade da educação. O autor acredita que a idéia de que é preciso investir mais nos professores não contribui em nada para melhorar os índices de aprendizagem no Brasil. Para Ioschpe (ibid), o que realmente poderá ser positivo, segundo as pesquisas analisadas por ele, será o investimento na escolaridade dos pais dos alunos, na infra-estrutura das escolas, na disponibilidade de material didático e no status socioeconômico dos alunos.

48 Vide informação sobre o piso salarial para os professores da Educação Básica da escola pública, lançado pelo Ministério da Educação em 2007, no PDE.

Qualquer conversa sobre as dificuldades da educação começa e termina com duas constatações que têm de aparentemente óbvio tanto quanto o que têm de falso: que se investe pouco na educação brasileira e que o principal resultado desse pouco gasto é a baixa remuneração de professores que, achincalhados, não têm motivação para ensinar. O corolário desse raciocínio é que a solução do problema é gastar mais para melhorar o salário de professores. Ah, se fosse assim tão fácil.(IOSCHPE, 2004, p. 167).

Não há dúvida de que a escolaridade dos pais assim como a infra-estrutura da escola sejam elementos importantes para a qualidade da aprendizagem do aluno, mas desconsiderar a formação do professor, bem como a melhoria de seu salário, pode ser um caminho muito perigoso, na verdade, tendencioso em relação à percepção dos fatores que possam contribuir para a aprendizagem do aluno e para a melhoria da escola pública. São idéias nesse sentido que reforçam a influência do neoliberalismo nos caminhos da educação e das demais políticas sociais. O que se constata no setor público, por exemplo, é que os funcionários das áreas sociais têm presenciado cada vez mais a desvalorização de seus rendimentos em relação aos funcionários de outras áreas. Os trabalhadores em educação precisam se organizar para mudar sua situação, mais do que isso, precisam procurar unificar a sua luta com a luta dos demais trabalhadores contra o modelo capitalista neoliberal periférico. Por outro lado, o que se percebe é que os professores estão cada vez menos organizados e que os sindicatos que os representam estão sem rumo, sem metas que evidenciem preocupação efetiva com a qualidade da educação.