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O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS

Os documentos acercada retomada da educação integral como política no Distrito Federal em 2007/2008 utilizados nesta pesquisa começaram a ser reunidos em meados de 2009. Antes que se discorra sobre os mesmos, ressalte-se que, por mais de uma vez, a SEDF foi consultada a respeito da existência de normas, resultados e relatórios de gestão do programa, ao que a resposta sempre obtida foi a de que toda a documentação oficial sobre o programa constava do site da SEDF20, na parte referente à educação integral.

Os textos constantes da referida página web neste ano de 2011, ano de fechamento desta pesquisa, consistiram em orientações pedagógicas (editadas em 2010), informações sobre a monitoria do Programa Bolsa Universitária e formulários a serem preenchidos pelas escolas participantes do programa e pelos alunos.

Dentre os documentos oficiais divulgados, não foram localizadas informações detalhadas sobre os resultados do programa como, por exemplo, o quantitativo de escolas aderentes e de alunos atendidos, total e por escola, melhoria no IDEB das escolas participantes, atividades desenvolvidas etc. Muitas informações específicas da SEEI e da SEDF foram veiculadas em notícias pela imprensa ou em informes do GDF, alguns deles publicados como matéria paga em jornais e revistas. A falta de informações mais detalhadas sobre o programa em documentos oficiais foi confirmada pelos entrevistados, conforme veremos mais adiante.

O ressurgimento de uma política de educação integral no Distrito Federal

Já no período que antecedeu as eleições para governador do Distrito Federal em 2006, e mesmo depois de eleito, José Roberto Arruda declarava que, em seu governo, a educação seria prioridade, ressaltando o fato de o sistema educacional público de Brasília já ter sido referência para todo o país e sua disposição em resgatar as ideias de Anísio Teixeira, das escolas-parque, das escolas-classe e da CASEB (BRASÍLIA EM DIA, 2006a, 2006b).

20<http://www.se.df.gov.br/?page_id=207>.

Apesar dessas afirmações, no Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Distrito Federal para o quadriênio 2007/2010, enviado pelo já governador Arruda à Câmara Legislativa e transformado na Lei nº 3.994, de 26 de junho de 2007 (DISTRITO FEDERAL, 2007b), a educação integral não figurou entre as diretrizes gerais, os objetivos e políticas globais e setoriais do seu governo.

Ainda assim, a ideia de retomar a educação integral como política no Distrito Federal prosperou. Para capitaneá-la, o governador Arruda escolheu um colega de partido, o deputado federal Alceni Guerra, que havia desenvolvido um projeto de educação integral em um município do interior do Paraná. Alceni Guerra foi prefeito de Pato Branco de 1997 a 2000, quando ganhou visibilidade com a implantação do Programa Educação Integral. O referido Programa conseguiu levar, em um ano, a educação integral a todas as escolas da rede pública de ensino daquele município, por meio da oferta de atividades extracurriculares no contraturno, paralelas àquelas pertencentes ao currículo básico, como língua estrangeira, informática, cultura e esporte, além de alimentação e atendimento médico e odontológico gratuitos. O destaque ao Programa deveu-se ao fato de, após quatro anos de sua implantação, o município de Pato Branco ter alcançado grande avanço no Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, passando a ocupar o segundo lugar no Estado do Paraná e um dos melhores IDH entre os municípios brasileiros (CIDADES DO BRASIL, 1999).

No GDF, o deputado Alceni Guerra foi convidado a assumir a Secretaria de Estado Extraordinária para a Educação Integral do Distrito Federal – SEEI, instituída em 4 de dezembro de 2007, por meio do Decreto nº 28.503 (DISTRITO FEDERAL, 2007a).Órgão de direção superior, diretamente subordinado ao Governador do Distrito Federal, seu objetivo era promover a articulação entre Estado, família e sociedade, visando à implantação da política de educação integral no Distrito Federal. O ato de sua criação deixava claro que o caráter da SEEI era provisório, estando o órgão vinculado orçamentária e financeiramente à SEDF. Outro ponto ressaltado no referido diploma legal foi que a criação da SEEI deu-se sem aumento de despesa, sendo sua estrutura administrativa formada a partir do remanejamento de cargos de outros órgãos do GDF. Estabeleceu-se, ainda, que os vários órgãos do GDF deveriam prestar apoio técnico e administrativo à SEEI sempre que solicitado por seu titular.

Durante o ano de 2008, primeiro de funcionamento da SEEI, não se divulgaram formalmente as diretrizes operacionais e orientações pedagógicas que norteariam o programa de educação integral. Desse período, as informações existentes são as que foram veiculadas pela imprensa e, eventualmente, pela agência de notícias do GDF.

No lançamento do programa, a expectativa era a de que as escolas oferecessem aos alunos do ensino fundamental atividades curriculares e extracurriculares, numa jornada de oito horas diárias, com intervalos para almoço e, no mínimo, dois lanches. Não houve determinação legal obrigando as escolas a ofertarem turno e contraturno, a adesão ao programa deveria ser espontânea.A ideia do Secretário Extraordinário para a Educação Integral era motivar as escolas para que aderissem ao programa e a implantação do regime integral deveria ser gradual, cabendo a cada escola determinar quantos e quais seriam os alunos atendidos, dentro de suas possibilidades. Cada escola desenvolveria o seu projeto pedagógico para a educação integral, dentro de suas possibilidades e características de funcionamento. À SEEI competia a tarefa de tentar encaixar os estudantes em atividades extracurriculares (música, esportes, artes cênicas, artes plásticas etc.), desenvolvidas no contraturno e fora de sala de aula, utilizando outros espaços do próprio GDF (ginásios, teatros, museus e outros) ou cedidos pela comunidade (CORREIO BRAZILIENSE, 2007; KLINGL, 2007; CAMPOS, 2008).

Não foi divulgado o cálculo de quanto a proposta custaria aos cofres públicos, pois dependeria do número de escolas participantes e de alunos atendidos. A partir da proposta apresentada por cada diretor, a escola receberia um valor por aluno na educação integral para que pudesse, a partir daí, planejar suas atividades. Paralelamente, a SEDF decidiu repassar diretamente às escolas os recursos referentes a despesas correntes (manutenção e conservação), de forma que cada diretor pudesse gerir melhor esses recursos – o que denominou “gestão compartilhada”. Gastos com reformas ou ampliação das instalações para adequação da estrutura física e administrativa das escolas às novas necessidades não estavam previstos no orçamento, cabendo a cada escola adaptar o novo modelo à estrutura existente. Segundo declarações do então Secretário Extraordinário Alceni Guerra, para manter todas as escolas de ensino fundamental no regime integral, seria necessário um acréscimo de cinco a dez por cento no valor do orçamento da educação no Distrito Federal – aproximadamente duzentos milhões de reais – o que seria, no seu ponto de vista, perfeitamente possível (CORREIO BRAZILIENSE, 2007; KLINGL, 2007; CAMPOS, 2008).

Relatou-se, ainda, a preocupação com a falta de professores para assegurar o funcionamento das escolas em horário integral. Segundo declarações do governador Arruda, à época, dos 28 mil professores da SEDF, cerca de cinco mil estavam cedidos ou licenciados. O governador esperava a volta desses professores para a sala de aula, e proibiu novas cessões de professores. Porém, a SEDF calculava que apenas mil professores retornariam às salas de

aula, já que grande parte dos servidores cedidos ocupavam cargos comissionados dentro do próprio GDF ou em órgãos especiais (KLINGL, 2007).

Nesse sentido, buscando superar a falta de pessoal que desse suporte à execução do programa de educação integral, o GDF lançou, logo em fevereiro de 2008, quase que simultaneamente ao início do ano letivo nas escolas de educação básica, o Programa Bolsa Universitária. Apesar da necessidade de apreciação da matéria pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (o Programa foi instituído por meio da Lei Complementar nº 770, de 15 de julho de 2008), seu funcionamento foi imediato ao lançamento, mediante assinatura de convênios entre o GDF e diversas instituições privadas de ensino superior do Distrito Federal. A exemplo do Programa Universidade para Todos – Prouni21, do governo federal, o Bolsa Universitária promove a concessão de bolsas de estudo a estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação ou sequenciais de formação específica em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, mediante a contraprestação, por parte do aluno, de estágio ou de serviços de interesse do GDF. São dois tipos de bolsas: de cem por cento e de setenta por cento de gratuidade. Em ambos os casos, as instituições abrem mão de vinte por cento do total da mensalidade devida pelo estudante. Nas bolsas de setenta por cento, o aluno arca com trinta por cento da mensalidade e o GDF com os cinquenta por cento restantes, com recursos do seu orçamento anual, ficando o aluno obrigado a prestar quatro horas semanais de serviços – preferencialmente nos fins de semana – em atividades de extensão universitária ou ações comunitárias de interesse do GDF. Nas bolsas de cem por cento, o aluno não paga nada e o GDF oferece uma compensação de crédito à instituição de ensino, equivalente a oitenta por cento do total da mensalidade devida, sob a forma de desoneração fiscal. Em contrapartida à bolsa integral, o aluno fica obrigado à prestação de vinte horas semanais de serviços de interesse do GDF, sob a forma de estágio. Estes foram os alunos designados como monitores da educação integral nas escolas do Distrito Federal. Logo no lançamento do Programa foram concedidas 3.142 bolsas, nas duas modalidades (integral e setenta por cento), sendo que a meta anunciada para o Programa foi a de beneficiar um total de dez mil estudantes carentes, três mil sob a forma de bolsa-estágio (DISTRITO FEDERAL, 2008a, 2008b).

21 O Programa Universidade para Todos – Prouni é uma iniciativa do governo federal que oferece bolsas de

estudo integrais e parciais a estudantes carentes em instituições privadas de ensino superior por meio de benefícios fiscais às mesmas.

Aspectos teóricos, pedagógicos e operacionais

Somente em 2009, segundo ano de funcionamento do programa, começou-se a pensar em sua organização em termos legais, de diretrizes e de orientações pedagógicas e operacionais para que as escolas e seus gestores, dentro de sua autonomia e liberdade de adesão ao programa, pudessem pôr em prática seu projeto de educação integral. Em abril daquele ano, foi divulgado o Documento Norteador para uma Construção Coletiva das Diretrizes para a Educação Integral no DF22, que não só trazia a perspectiva sob a qual deveria ser concebida a educação integral no Distrito Federal como a contextualizava no âmbito das ações institucionais da SEDF.

Apresentado pelo então Secretário Extraordinário para a Educação Integral Marcelo Aguiar, que buscou mobilizar a comunidade escolar em torno do tema, o documento serviria para orientar a produção das regras básicas para a educação integral no Distrito Federal, visando à padronização de algumas ações. O Documento ficou disponível para consulta no

site da SEEI, onde também foi criado um fórum de discussões para troca de experiências entre

professores, gestores e servidores (AGÊNCIA BRASÍLIA, 2009).

Ao reafirmar a educação como prioridade do GDF para o período 2007/2010, o Documento (DISTRITO FEDERAL, 2009a)destacou a qualidade da educação como principal meta da área, listando os objetivos e metas a serem alcançados pelo Distrito Federal até 2014, que incluíam: a redução da evasão escolar; a melhoria do índice de frequência escolar; a diminuição dos índices de repetência e de defasagem idade-série no ensino fundamental e no ensino médio; e o alcance do índice de 6, 5 no IDEB.

O Documento ressaltou a função da SEEI no sentido de implantar no Distrito Federal uma concepção de educação integral “que compreenda não apenas a permanência do aluno na instituição educacional, durante o dia todo, mas, também, a realização de atividades que possam reforçar e favorecer a aprendizagem, bem como [...] ao desenvolvimento da cidadania” (DISTRITO FEDERAL, 2009a).

Foram listadas ainda algumas medidas que o GDF adotaria para oferecer melhores condições aos estudantes beneficiados pela educação integral: garantia de coordenador pedagógico para a educação integral às escolas que aderissem ao projeto; ampliação do número de bolsistas; capacitação para os bolsistas que atuassem nas escolas; garantia de

alimentação escolar para todos os alunos da educação integral; construção de novos refeitórios; cobertura das quadras esportivas nas escolas; e garantia de recursos para as obras solicitadas em 2008 (DISTRITO FEDERAL, 2009a).

A SEEI também manifestou, especialmente junto às 140 escolas que à época já haviam aderido ao programa, sua preocupação com a não redução do projeto de educação integral à simples ampliação da carga horária ou do tempo de permanência do aluno na escola, cabendo a cada instituição de ensino “incorporar um conceito mais abrangente de integralidade ao elaborar seu projeto pedagógico, procurando acrescentar conteúdos, experiências, informações e ampliação de conhecimentos para os estudantes” (DISTRITO FEDERAL, 2009a). E, assim, estabeleceram-se as primeiras diretrizes a serem seguida pelas escolas na elaboração de sua proposta pedagógica para a educação integral, ainda que sujeitas a alterações após o processo de discussão:

a. o entendimento de que Educação Integral pressupõe turno único de ações educativas, procurando evitar o tratamento de contra-turno ou turno contrário ou ainda, de atividades complementares;

b. a ampliação da jornada ou do tempo de permanência do aluno na escola deverá garantir uma Educação Integral que esteja em consonância com as Orientações Curriculares da SEEDF, uma vez que competências, habilidades e conteúdos oferecidos aos alunos devem ser contextualizados e integrados;

c. a promoção e a implantação de metodologias de ensino, nas instituições educacionais, que privilegiem a criatividade, a reflexão, a clareza de métodos e procedimentos;

d. a disponibilidade de inúmeras experiências, as mais diversificadas possíveis e adequadas ao conteúdo a ser experimentado, refletido e confrontado com os conhecimentos que estudantes trazem de fora da escola, já incorporados;

e. a aceitação das muitas formas de ensinar como parâmetro para a Educação Integral;

f. a criação de um clima acadêmico, seguro e frutífero ao desenvolvimento da curiosidade e do saber experimentado por parte dos estudantes;

g. a construção de Proposta Pedagógica com o envolvimento da comunidade escolar; h. a articulação, pela coordenação pedagógica, para a integração entre as disciplinas oferecidas e a conseqüente transversalidade dos temas tratados;

i. a busca de espaços escolares, juntamente com a comunidade escolar, sociedade civil organizada e o poder local para melhor aproveitamento dos espaços educativos e de aprendizagem disponíveis na região da instituição educacional;

j. criação das condições para que a comunidade escolar se aproprie do espaço da escola durante os finais de semana, como forma de combater a violência e promover a paz por meio da inclusão social;

k. a otimização do Projeto Escola Aberta da Unesco visando “a construção de espaços de socialização, em que crianças e jovens construam seus lugares de cidadãos na sociedade”;

l. a identificação dos estudantes talentosos e atendê-los na sua plenitude. (DISTRITO FEDERAL, 2009a)

Paralelamente a esse processo de discussão teórico-metodológica, pedagógica e operacional do programa ocorrida no ano de 2009, foi publicada a normatização do regime de monitoria do Programa Bolsa Universitária nas escolas de educação integral, por meio da

Portaria Conjunta Nº 3, de 14 de maio de 2009, dos Secretários de Estado de Ciência e Tecnologia e Extraordinário para a Educação Integral do Distrito Federal (DISTRITO FEDERAL, 2009c).A referida Portaria Conjunta estabelece que, em cada escola, um coordenador pedagógico acompanhe o aluno bolsista, auxiliando-o e orientando-o no planejamento e execução das atividades de monitoria. Ao aluno bolsista cabe a prestação de quatro horas diárias, num total de vinte horas semanais, de serviços em atividades definidas pela direção da escola ou acompanhando os alunos em atividades externas, além de participar das capacitações oferecidas pelo GDF e seguir as demais orientações da escola na qual estiver prestando o serviço. A bolsa poderá ser cancelada caso o bolsista tenha mais de uma reprovação no período letivo, acumule três faltas injustificadas ao estágio ou abandone as atividades na escola para a qual foi designado sem prévia autorização da Diretoria Regional de Ensino e da escola.

Ao fim de 2009, foram publicadas as diretrizes para a implementação da política de educação integral no Distrito Federal, em anexo à Portaria nº 01, de 27 de novembro de 2009, da SEEI (DISTRITO FEDERAL, 2009b). O documento, intitulado Educação Integral:

ampliando tempos, espaços e oportunidades educacionais, traz essencialmente as mesmas

diretrizes para a educação no Distrito Federal estabelecidas no Documento Norteador que lhe serviu de base, buscando uma definição mais aprofundada da política em termos de princípios, objetivos, atores e de organização curricular. Por exemplo, foram adicionadas mais algumas medidas que o GDF adotaria no sentido de oferecer melhores condições aos profissionais da educação ao aos alunos beneficiados pela educação integral, como formação para os coordenadores pedagógicos, formação para cozinheiros que atuarem nas escolas de educação integral, ampliação da parceria com o MEC no Programa Mais Educação, e criação dos Centros de Referência da Educação Integral, inspirados nas escolas-parque.

As diretrizes trazem toda uma fundamentação teórica que remete ao Plano de Construções Escolares de Brasília e a Anísio Teixeira e sua preocupação em adequar a escola às demandas da sociedade. Ressaltam, ainda, um dos grandes objetivos da educação que é o de formar sujeitos responsáveis da vida em sociedade, tornando-a uma estratégia para a melhoria da vida das pessoas. Segundo a SEEI, a elevação do IDEB “deve significar também uma elevação das crianças e jovens como seres humanos”, ao que ratifica a importância da experiência defendida por Anísio:

A implicação pedagógica é ressaltada por Anísio [...], quando diz que a escola não pode ser uma instituição isolada, onde se prepara para a vida, mas a própria vida como reconstrução permanente da experiência, ou seja, o lugar onde numa situação

real de vida, indivíduo e sociedade constituem uma unidade orgânica. Adicione-se que o processo educativo deve ser um processo de crescimento indefinido, pois a capacidade humana de aprender, ou seja, o poder de reter da experiência alguma coisa com que se poderá transformar a experiência futura, é de sua natureza indefinida.(DISTRITO FEDERAL, 2009b, p. 10)

O documento ressalta a adequação do Plano Educacional de Anísio Teixeira ao planejamento urbanístico de Lúcio Costa e a preocupação de que as escolas não ficassem distantes das áreas residenciais. Para Anísio, escola-classe e escola-parque deveriam trabalhar em conjunto, de forma que a segunda complementasse a primeira. A SEEI observa que muitos dos princípios defendidos por Anísio Teixeira “continuam atuais e se colocados em prática, devidamente contextualizados no tempo presente, poderão trazer ventos de mudança, rumo ao desenvolvimento de uma educação de qualidade e integral, necessária a nossa época” (DISTRITO FEDERAL, 2009b, p. 16).

A proposta enunciada no texto é construir uma escola que, ao lado da família e do Estado, responda às demandas sociais de seu tempo com base numa educação baseada em três eixos estruturantes: a reorganização do tempo em função de um projeto curricular que amplie as oportunidades formativas; um espaço escolar voltado para os saberes comunitários, para a vida além de seus muros, num projeto político-pedagógico que perceba a comunidade como participante ativa do processo educacional; e a ampliação de oportunidades educacionais na medida em que se ampliem a oferta e a diversidade de atividades aos alunos.

A grande contribuição do documento foi no sentido de, em meio a uma política iniciada sem nenhum direcionamento formal, nominar pela primeira vez seus atores e suas respectivas funções no processo educacional, estabelecendo objetivos e princípios norteadores da política.

As diretrizes relacionam os atores envolvidos no processo da educação integral e suas funções, reforçando o protagonismo do professor e a importância de seu envolvimento e postura profissionais para a melhoria da qualidade do ensino. Além do professor, participam do processo: os coordenadores pedagógicos, responsáveis por acompanhar e orientar todas as atividades desenvolvidas na escola; os monitores, parceiros dos professores na execução das atividades de educação integral; os agentes comunitários, valorizando os saberes populares e os talentos da comunidade; os parceiros, pessoas físicas ou jurídicas que contribuam de forma institucional para o desenvolvimento do projeto de educação integral na escola; e a direção da escola, fundamental na mobilização da comunidade educacional em torno do projeto.

O documento estabelece como objetivo geral da educação integral no Distrito Federal “promover uma Educação Integral que compreenda a ampliação de tempos, espaços e

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